The New Ability
Disclaimer: It's all yours, dear J.K.
Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin
Chapter 27: The New Ability
Teimosos raios de sol entravam na biblioteca pelas grandes janelas em arco. O dia já tinha nascido há algum tempo, solarengo apesar do mês frio, e já se ouvia a normal agitação dos animais matutinos. Abri os olhos e quase de seguida gemi baixinho. Tinha adormecido enrolada na capa, sentada no chão, com as costas contra a estante e a cabeça encostada ao ombro do Malfoy. Todo o corpo me doía devido à posição incómoda, mas ainda assim fiz um esforço para me levantar sem o acordar. Espreguicei-me lentamente, acordando todos os meus músculos. Quando achei que seria seguro andar sem tropeçar, passei por cima das pernas estendidas dele, contornando a estante e enrolando-me ainda mais na capa. Olhei para o relógio na parede. 8h23. Ainda bem que era domingo, senão Madame Pince teria dado connosco ali e certamente que faria um pequeno escândalo. De qualquer maneira tínhamos de sair dali rapidamente, a biblioteca abriria em breve. Voltei então para trás, disposta a acordar o Malfoy.
Mas ao olhar para o seu semblante adormecido, recordei-me imediatamente do que acontecera da noite anterior. Ele beijara-me e eu não tinha sido capaz de o afastar. Nem à primeira, nem à segunda, e muito menos à terceira vez que ele repetiu o feito. Simplesmente tinha-me sido impossível. E, depois de ele finalmente adormecer, eu passara horas sentada no chão a tentar descortinar os motivos que me levaram a tal impotência. Escusado será dizer que não cheguei a lado absolutamente nenhum, acabando depois por também eu adormecer ao lado da doninha.
- Malfoy… - chamei finalmente, abanando-o levemente. Ele não reagiu. – Doninha! MALFOY! – gritei, mas ele continuava profundamente adormecido.
Suspirando, tirei um dos ganchos que ainda sustentava o meu cabelo desalinhado e, com um aceno, transfigurei-o numa jarra, enchendo-a de água. Acho que não é preciso ser muito inteligente para descobrir o que fiz a seguir, pois não? Bom, de qualquer modo, eu digo: atirei-lhe toda aquela água à sua carinha pálida e, tenho de admitir, irritantemente perfeita.
- Bom dia, doninha! – disse eu, com um sorriso, pousando a jarra e afastando-me.
- Que óptimo começar o dia desta maneira, Jones. – resmungou ele, sacudindo a água dos cabelos e da camisa. – Encharcado e a ouvir a tua harmoniosa voz. – acrescentou, lançando-me um olhar zangado e erguendo-se.
-Ora, ainda bem que gostaste, Malfoy. Mas não te habitues.
Ele ia com certeza ripostar - ou não fosse aquela criatura Draco Malfoy -, mas, de repente, a porta da biblioteca abriu-se e por ela entrou Madame Pince, com o seu habitual uniforme de saia escura pelos joelhos, camisa imaculadamente branca, capa, sapatos e meias a condizer com a saia e o cabelo irrevogavelmente apanhado num coque apertado. Os óculos encontravam-se pendurados ao pescoço e na mão direita trazia a sua pasta coçada.
Era mais do que lógico que ela nos ia descobrir se não fizéssemos alguma coisa. Não podíamos sair dali, porque apesar daquele local em particular não ser visível da porta por estar ocultado pelas estantes mais perto da mesma, assim que tentássemos escapar-nos para uma das estantes mais recônditas, éramos imediatamente vistos. 'O que é que vamos fazer?'
A bibliotecária aproximava-se a passos pequenos, mas rápidos. Era mesmo uma questão de segundos até alcançar a mesa ao lado da qual nos dispuséramos quando ouvíramos a porta a abrir e deparar-se connosco, vestidos formalmente, com grandes olheiras e sabe-se lá a fazer o quê com os seus preciosos livros. Provavelmente teria uma síncope. O Malfoy dissera por duas vezes que não queria ser acusado de assassínio, o que, na minha opinião, era bastante irónico, porque ele tentara matar Dumbledore. Mas adiante. O que interessa é que naquele momento eu partilhava da sua opinião. Não queria ser responsável por uma possível maleita que Madame Pince pudesse vir a sofrer. Portanto fiz a única coisa que era capaz e que me levara, indirectamente, a estar na biblioteca àquela hora. Fiquei invisível. O único problema era que apenas eu estava invisível. O Malfoy continuava exposto. E eu não o podia deixar ser apanhado. Afinal, era por minha culpa que ele estava ali. 'Maldita consciência!'. Então, sem sequer saber se ia resultar, avancei para ele e segurei-lhe no pulso, concentrando-me em passar o meu estado invisível para ele.
- Jones, o que raio estás a fazer? – sussurrou.
Não lhe respondi e fechei os olhos, canalizando o meu poder para o Malfoy. Não fazia ideia se os meus esforços estavam a surtir algum efeito. Não fazia sequer ideia do que raio estava a fazer. 'Não custa nada tentar.' Bom, a verdade é que custava, mas eu estava tão concentrada em fazer com que não fôssemos apanhados, que nem notei que o facto de estar a partilhar o meu poder com outra pessoa, coisa que nunca experimentara antes, me estava a drenar por completo, tanto física como psicologicamente.
Abri os olhos no momento exacto em que a bibliotecária passou por nós, imperturbável, seguindo em frente para a sua secretária. Não nos vira. Aquela ideia maluca resultara realmente. 'Incrível!'. Sem esperar mais um segundo, prometendo a mim mesma uma análise mais profunda daquele acontecimento quando estivesse a salvo no meu quarto e agradecendo a Merlin por ela ter deixado a porta aberta, arrastei o Malfoy para fora da biblioteca.
Só parei uns corredores mais à frente, entrando numa sala de aulas vazia e largando finalmente o pulso do Malfoy. Mas assim que o fiz, percebi que era a pior ideia que podia ter tido: desfaleci imediatamente, caindo sem forças no chão e batendo com a cabeça na esquina de uma secretária.
A última coisa que me lembro é de levitar um metro acima do chão e de um cheiro bastante agradável que me invadiu o espírito e o serenou, fazendo com que eu deslizasse totalmente para a inconsciência.
Afinal eu não tinha levitado coisa nenhuma. Tinha sido o Malfoy a pegar-me ao colo (pode haver coisa mais humilhante?) e a trazer-me para a enfermaria, onde mais tarde acordei, rodeada por Tom, James e Daphne. Quando voltei a mim e Madame Pomfrey verificou que a minha cabeça estava normal, deixou que eu falasse com eles, de modo a descobrir como raio tinha ido ali parar. No entanto, avisou-me de que eu iria ficar sobre a sua alçada e olhar atento mais uma noite, não fosse dar-se o caso de ter um traumatismo mais grave, já que o corte que eu tinha na testa, do sobrolho até à linha dos cabelos, era bastante profundo. Concordei, obediente. Podia curar-me facilmente, mas naquele momento não dispunha da energia. E era exactamente por causa da perda de energia que eu suspeitava que ali estava.
Claro que nenhum dos presentes sabia que eu passara a noite com Draco Malfoy na biblioteca. Por isso, a primeira coisa que perguntei foi como é que tinha ido ali parar. Foi Daphne que me respondeu a esta questão.
- O Draco trouxe-te. Contou-me que te achou ao fundo das escadas da torre de astronomia. Deves ter tropeçado. Tiveste imensa sorte em não ficar com nenhum osso partido, Cissa.
Quase que ri. Ao fundo das escadas de astronomia? Então a história que ele vendera era a de que eu tinha caído das escadas? Por Merlin, como é que uma pessoa cai de umas escadas daquele tamanho e não fere nada a não ser a testa? 'Malfoy, és um idiota. E um péssimo mentiroso. Ainda bem que não foi com James que falaste'.
- E ele disse que tinhas vestido roupa formal, portanto, deve ter sido depois da festa do Slughorn. – continuou Daphne.
- Essa história está muito mal contada. Afinal, o que é que o Malfoy andava a fazer às tantas da madrugada na torre de astronomia? – questionou James, perspicaz, erguendo o sobrolho.
- Se calhar o mesmo que Narcissa. – alvitrou Tom. – Já lhe perguntaste o que é que ela andava lá a fazer? – acrescentou, cruzando os braços e sorrindo para mim.
'Estás a esconder qualquer coisa, Thomas. Não fosses tu meu irmão e já tinha descoberto o que era'. O problema é que eu não podia responder àquela pergunta, pelo menos, não sem mentir. E James estava na sala, logo, não o conseguiria fazer. Ele ia detectar a minha mentira assim que eu pronunciasse a primeira sílaba da primeira palavra. Mas também não podia contar a verdade. 'Só arranjas problemas, Narcissa. És um autêntico desastre'.
- Não, Thomas, não perguntei. – respondeu James, voltando o seu olhar para mim. – Então Ci, queres elucidar-nos sobre os motivos dos teus preâmbulos nocturnos? – 'Porra, Thomas!
- Bom, a verdade é que eu…
- Princesa! Caíste da tua torre? – questionou Blaise, dramaticamente, entrando na enfermaria e andando rapidamente até à minha cama, sentando-se a meu lado. Não pude deixar de sorrir. O timming de Blaise sempre fora perfeito.
- Sim, Blaise, e desapontou-me saber que não estavas lá para me salvar. – comentei, deixando-o beijar-me a bochecha.
- Sabes que eu sou um rapaz ocupado. – retorquiu, sorrindo maroto.
- Mas estava lá o Malfoy. Ele serviu bem para o gasto, não achas? – perguntou-me o meu irmão.
Franzi o sobrolho, mas parei imediatamente porque aquele corte começava agora a dar sinal da sua presença na minha testa. Ele estava muito estranho. Parecia até que sabia mais qualquer coisa que os demais. E estava a arriscar-se bastante, porque se me despertasse mais um pouco a curiosidade, eu não resistiria ao impulso de lhe ler os pensamentos. No entanto, Thomas sempre fora o mais cuidadoso dos irmãos, e poucos segundos de ter pronunciado aquela retórica, arrumou o seu caso.
- De qualquer forma, devíamos ir, a Cissa tem de descansar. – disse.
- Voltamos mais logo, antes do jantar, está bem, Ci? – disse Daphne, beijando-me a testa.
- Está bem. Eu estou óptima, não se preocupem.
E dito isto, os restantes despediram-se de mim e todos abandonaram a enfermaria. Recostei-me então nas almofadas e suspirei. Parecera-me que Tom sabia mesmo qualquer coisa. Controlara-me e não lhe lera os pensamentos, mas pouco faltara. Depois da doninha, Thomas era a pessoa que mais gozo tinha em me provocar. E sabia exactamente como fazê-lo. Fosse como fosse, conseguira escapar-me de ter de lhes contar a verdadeira história e isso era o mais importante.
A minha mente vagueou então rumo aos acontecimentos da noite anterior. Ia cobrar aquela promessa que fizera a mim mesma de analisar melhor o que se passara. Mas a verdade era que eu não tinha ideia nenhuma de como tinha conseguido fazer aquela ideia louca, formada no calor do momento, resultar. Nem sequer sabia que era capaz de tal coisa, propagar o meu poder de forma a abranger outras pessoas. 'Seja como for, será muito útil se houver batalha. Seria capaz de proteger bastantes pessoas'. Mas teria de treinar, definitivamente. Se deixar o Malfoy invisível por menos de 3 minutos me deixara inconsciente, imagine-se se tentasse fazer o mesmo a uma ou duas dezenas de pessoas por tempo indefinido. 'Morria. E morta não seria de muito uso.'
Fiz então a resolução de começar a praticar sempre que pudesse. 'Suponho que agora a sala das necessidades terá uma orquestra invisível'. No entanto, algo me dizia que seria muito mais fácil fazê-lo com objectos inanimados do que com pessoas de carne e osso, que respiram e sentem e que, inadvertida e inconscientemente, podiam drenar-me toda a minha energia. 'Mas talvez possa reservar a minha energia em alguma coisa, algum objecto.' Suspirei de novo, aconchegando-me mais nos cobertores. Provavelmente, tudo aquilo eram só teorias da minha cabeça dorida e cansada. 'Certo?'
E fechando os olhos, adormeci profundamente.
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