Confessions Of An Exceptional
Disclaimer: It's all yours, dear J.K.
Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin
Chapter 26: Confessions Of An Exceptional Wizard
Pronto. Já estava. O meu destino fora alterado com apenas uma frase. Seis palavras que iriam mudar para sempre a minha vida. Claro que eu, quando as pronunciei, não sabia disso. Sabia sim que, provavelmente, acabara de cometer um grande erro. Tinha desrespeitado a vontade da minha família, tinha ignorado tudo aquilo que me tinham ensinado e tinha ido contar o maior segredo dos Barclay a um Malfoy. O mundo estava perdido!
Eu estava completamente perdida, garanto. A razão dizia-me que eu era estúpida, que nunca deveria ter sequer dirigido palavra àquele ser humano e que lhe devia modificar a memória enquanto podia. Mas o coração, aquele orgãozinho manhoso que, em outras ocasiões, como aquela nos balneários, me tinha atraiçoado e deixado com dúvidas, batia tão depressa que quase me saltava do peito. Era como se estivesse perfeitamente feliz por eu ter feito o que ele queria. A minha razão repreendia-o a cada batimento, mas ele parecia não querer saber, batendo ainda com mais força. E eu tentava abstrair-me da minha luta interna e fixar ao semblante visivelmente espantado do rapaz lindíssimo (e cobarde assassino) que tinha à minha frente.
- Diz alguma coisa, Malfoy, estás a deixar-me nervosa. – admiti, enrolando-me ainda mais na sua capa. Subitamente, tinha ficado com muito frio.
- Não sei ao certo se devo dizer alguma coisa, Jones. Talvez te devesses explicar melhor. – sugeriu, sem me olhar, de cotovelos em cima da mesa e com a cabeça pousada nas mãos.
- O Dom dá-me umas capacidades extras.
- A invisibilidade sem um manto, suponho.
- E os feitiços sem varinha e sem palavras. – completei.
- Isso não é um extra. – disse ele, franzindo-me o sobrolho.
- É, na medida em que eu não preciso de dizer determinada palavra para enfeitiçar ou encantar qualquer coisa. Basta-me pensar naquilo que eu quero que a dita coisa faça ou se torne. Consigo fazer praticamente tudo.
-Demonstra.
Sem fazer qualquer movimento, coloquei os livros das duas estantes que nos rodeavam em 6 pilhas iguais e fi-las orbitar à volta do Malfoy. Ele olhava dos livros para mim, ligeiramente desconfiado. Suspirei e revirei os olhos.
- Não estou a dizer nada, Malfoy, já te expliquei que não preciso. E sim, consigo manter uma conversa perfeitamente normal enquanto ponho os livros a fazer o que me der na real gana. – acrescentei.
- Ganhaste, Jones. Agora tira-os da minha frente, já se está a tornar irritante. – respondeu ele, cruzando os braços. Acedi ao seu pedido, deixando apenas um livro a pairar à sua frente.
- O que é isto, Jones?
- Um livro, idiota. Olha para o título. - Ele obedeceu e olhou para a capa do livro, já bastante coçada, onde se lia 'Registo de F.E. do Ministério da Magia – Lista Completa'. – Só para o caso de ainda duvidares de mim, Malfoy… - fiz o livro abrir-se e as suas folhas passarem até pararem na página Daphne descobrira no nosso primeiro ano. – Isso prova que te estou a dizer a verdade.
- Jones, N.P.B. O que é isto? – ele era mesmo idiota. O que é que haveria de ser?
- Isso é o meu nome, imbecil – disse eu, exasperada, fazendo o livro fechar-se com violência. Ele tornou a olhar para a capa.
- E isto é uma lista de pessoas como tu, Jones? – Por Merlin, a falar assim até parecia que eu era uma espécie alienígena. Tinha sido muito idiota mesmo em ter-lhe contado.
- Sim, Malfoy, como diz no título, essa é a lista dos Feiticeiros Excepcionais. Pessoas que, tal como eu, possuem dons. – ele sorriu de lado.
- Eu sabia que eras convencida, Jones, mas daí a denominares-te Feiticeira Excepcional…
- Cala-te idiota, a cada palavra fazes-me arrepender de ter contado! - fiz uma pausa, tentando acalmar-me. Ele tirava-me indubitavelmente do sério. – Se fosse por mim, o meu nome nem apareceria nessa lista. Já tenho trabalho suficiente em esconder o Dom, não preciso de chamarizes. O que me vale é que ninguém se interessa pelas pessoas que são diferentes, muito pelo contrário. – terminei, fazendo com que o livro voltasse ao seu lugar na prateleira. – Queres saber mais alguma coisa ou é suficiente? – perguntei, depois de um bocado, fazendo menção de sair da mesa, passando por trás dele em direcção à porta.
- Onde é que pensas que vais, Jones? – disse ele, agarrando-me o pulso. – Ainda temos muito que falar. - Suspirei e, libertando-me dele, sentei-me na cadeira que encabeçava à mesa, ficando ele do meu lado direito.
- Pergunta o que queres saber, Malfoy. Estou cansada para expor todo o meu historial de uma só vez. – disse eu, colocando os joelhos junto ao peito e enroscando-me mais na capa. Reparei naquele momento que o perfume dele era mesmo bom.
- Se há mais pessoas como tu por aí, Jones, suponho que existam diferentes dons. – Bocejei.
- Obviamente. Mas vamos focar-nos na minha pessoa, se faz favor, antes que eu adormeça e tu depois me persigas o tempo todo para eu te contar o resto. – ele sorriu de lado, inclinando-se na minha direcção.
- Os tais extras. Há mais alguma coisa?
- Para além daqueles dois, possuo os sentidos um bocadinho mais apurados que as pessoas normais, mas nada por aí além. Só uso essa…'função' quando é preciso. Exige relativa concentração. – expliquei.
- E… - encorajou ele. Suspirei. Tinha de revelar tudo, não era?
- E leio pensamentos.
Com esta sim ele pareceu ficar chocado. A cara dele quase nunca mudava, mas eu conseguia ver pelos seus olhos que desta ele não estava à espera. E, tal como fizera com Daphne quando lhe contara, decidi ler-lhe os pensamentos. Estava tudo bastante confuso, ele pensava várias coisas ao mesmo tempo. Mas no meio daquela neblina, consegui descortinar um pensamento claro: 'Então foi isso que ela me fez naquele dia na cozinha!'
- Exactamente, Malfoy, naquele dia li-te os pensamentos. – disse eu. Ele afastou-se ligeiramente de mim. Idiota. Devia estar com medo que eu descobrisse alguma coisa humilhante naquela cabeça oca. – Eu não mordo, Malfoy, e não vou tornar a ler-te os pensamentos. Só estava a fazer uma demonstração.
- Como é que fazes isso? – perguntou, mantendo-se quieto e afastado. Estúpido. Mas espera lá, porque é que eu não o queria afastado?
- Não sei. Só sei que preciso de olhar a pessoa nos olhos. – respondi, olhando-o. Ele franziu o sobrolho.
- Estás a ler-me os pensamentos agora, Jones? – bufei.
- Não, doninha, eu disse que não faria mais isso. O facto de eu olhar as pessoas nos olhos não significa que lhes esteja a ler os pensamentos. Isso só acontece quando eu quero que aconteça.
- E o que é que vês? – encolhi os ombros.
- Depende das mentes. A tua é bastante organizada. Pelo menos, quando te li os pensamentos na cozinha. Ainda agora foi mais complicado descobrir um pensamento ao qual te responder. Pensavas muitas coisas ao mesmo tempo. Aí é como se estivesse nevoeiro.
Ele ficou calado durante uns minutos, talvez reflectindo naquilo que eu acabara de dizer. Aproveitando o seu silêncio, pus os pés para baixo, sentei-me melhor na cadeira e, ainda embrulhada na capa (eu estava mesmo com frio. Afinal, estávamos em Janeiro e o meu vestido era tudo menos quente), coloquei os braços em cima da mesa e deitei a cabeça neles, fechando os olhos.
- Consegues mesmo fazer qualquer coisa? Em termos de feitiços e afins.
- Sim. Mas claro, existe o limite da minha energia. – respondi, sem abrir os olhos.
- Então porque é que vieste para Hogwarts?
- Por Merlin, Malfoy, não sou assim tão diferente de ti. – retorqui, levantando a cabeça e olhando para ele, fazendo com que a capa escorregasse dos meus ombros. Arrepiei-me. Não só por ter ficado com os ombros desnudos e expostos à fria biblioteca, mas também porque tanto Daphne como o próprio Malfoy já haviam dito isso antes. – Vim para Hogwarts para aprender e controlar a magia. – continuei, tornando a colocar a capa sobre os ombros. - A minha avó ensinou-me algumas coisas, mas a maior parte do meu conhecimento sobre feitiços e afins, adquiri-o aqui. Além disso, e mesmo que os meus pais ou a minha avó me tivessem dado a hipótese de não vir para Hogwarts, eu teria vindo na mesma. – ele parecia confuso. – Malfoy, o Barclay no meu nome é só isso: um nome. Sempre fui uma Barclay sem o ser verdadeiramente. Nunca gostei daquela casa, os meus pais nunca foram meus pais, e o orgulho na família nunca foi um dos meus sentimentos. Ainda hoje, a maior parte das pessoas não sabe que Tom e Claire são meus irmãos. Eu sentia, e ainda sinto, que ninguém me compreendia e, ao contrário do esperado, esforçavam-se por não compreender. Além disso, tinha de mentir a toda a gente sobre o Dom, excepto à família do Jack. E a única coisa que a Narcissa de onze anos queria desesperadamente era sentir-se normal, aceite. – ele assentiu, como se compreendesse exactamente o que eu queria dizer. - Queria poder ser eu própria e fugir daquele lugar onde me obrigavam a usar uma máscara para ocultar o meu verdadeiro eu. Foi com todo o entusiasmo que entrei no Expresso há cinco anos atrás. E acredita que sinto qualquer coisa cá dentro a formar nós quando ponho um pé fora dele todos os Junhos. – Suspirei. – Mas algumas coisas mudaram desde o primeiro ano que passei em Hogwarts.
- Tais como? – perguntou, curioso, tornando-se a inclinar na minha direcção. Ficou perto o suficiente para que eu não soubesse distinguir se o perfume que invadia as minhas narinas vinha da capa que eu vestia ou do próprio Malfoy. E para dizer a verdade, eu estava com uma certa vontade de descobrir qual deles era a origem do agradabilíssimo cheiro.
- Percebi que tinha sido muito ingénua se achava que vinha para Hogwarts e podia sentir-me entre iguais. A verdade é que apenas Daphne, James e os meus irmãos me faziam sentir eu mesma. A máscara da qual me queria livrar nunca caiu. Pelo menos, não para o mundo. E além disso, as minhas notas em Herbologia são a mancha negra nas minhas classificações. – confessei, rindo. – Desde o primeiro ano que não tiro nada acima de Aceitável. E se não fosse o Dom, de certeza que já tinha chumbado.
- És uma cábula, Jones. – respondeu-me, sorrindo de lado. – Os professores sabem? – assenti. – E não se importam?
- Nos primeiros 3 anos nem por isso. Eu também só tinha metade do poder que tenho agora, só conseguia ler pensamentos e fazer magia sem varinha. A parte de eu poder, acidentalmente, ler-lhes os pensamentos, foi resolvida com alguma disciplina da minha parte e filtragem daquilo que pensavam na minha presença, por parte deles. Mas a partir do quarto ano, foi mais complicado. Eu já tinha mais dois 'extras' completamente desenvolvidos e Voldemort estava de volta, portanto, tinha de ser o mais discreta possível. Mas isso não era execrável com Horace Slughorn nesta escola. E desde que Dumbledore morreu, as coisas só têm vindo a piorar. – acrescentei, num tom mais triste.
- E vão ficar ainda piores. – disse ele, num tom também triste, mas profético.
'Doing everything that I believe in
Going by the rules that I've been taught
More understanding of what's around me
And protected from the walls of love
- Eu sei. Mas se houver batalha, eu vou lutar. – respondi, endireitando-me. – Tal como disseste, não quero viver num mundo governado por Voldemort. O único tirano que aceito neste mundo é a silenciosa e pequena voz dentro de mim. – olhei-o, rindo. – Aquela que me disse tantas vezes para ficar calada e não te contar absolutamente nada. – Ele sorriu.
All that you see is me
And all I truly believe
- Quer parecer-me que esse tirano também não aceitas. Tens algum problema com figuras de autoridade, Jones? – perguntou, aproximando-se perigosamente de mim.
- Não gosto de receber ordens, Malfoy. – respondi, levantando-me. Ele estava muito enganado se pensava que lá por me ter beijado no ano novo, quando eu estava extremamente vulnerável, ia ter alguma sorte agora.
- No entanto, há anos que manténs o teu Dom em segredo por ordem expressa da tua família. – Touché, minha cara doninha. Touché.
That I was born to try
I've learned to love
Be understanding
And believe in life
- Verdade. Mas talvez haja uma razão para isso. Talvez seja suposto descobri-la sozinha.
- Mas entretanto sacrificas aquilo que és. – retorquiu, cruzando os braços.
But you've got to make choices
Be wrong or right
Sometimes you've got to sacrifice the things you like
- Às vezes, Malfoy, temos de sacrificar aquilo que somos por aquilo que podemos vir a ser. Acho que tu sabes isso muito bem, ou então não te terias desassociado parcialmente dos teus amiguinhos assassinos. – argumentei, encostando-me à estante à frente dele. – E nós – eu, tu e o mundo mágico – podemos vir a ser livres. Livres da sombra de um feiticeiro megalómano e preconceituoso que decidiu que o mundo era muito melhor se todos fôssemos puro-sangue e nos submetêssemos à sua vontade. É nesse mundo livre que eu quero viver. É por isso que quero lutar.
But I was born to try
- Ideias bonitas, Jones, mas terrivelmente ingénuas. Não podes lutar contra ele.
No point in talking what you should have been
And regretting the things that went on
Life's full of mistakes, destinies and fate
Remove the clouds look at the bigger picture
- A minha avó costumava dizer que uma ave deve voar, mesmo que o céu esteja cheio de abutres. E a parte boa, é que não é só uma ave que voa entre os abutres, Malfoy. Não me parece que o Potter não tenha vindo para Hogwarts este ano para ficar simplesmente a vagabundear por aí. Ele vai lutar, Malfoy. E eu vou ser uma de muitos que vão estar ao lado dele.
And all that you see is me
And all I truly believe
- A Eve tinha razão. Tu és realmente masoquista. – disse ele, levantando-se e pondo as mãos nos bolsos. – Suicida, diria até. – Ri-me.
- Em primeiro lugar, o facto de dares razão a alguma coisa que sai da boca da Hammett é pura estupidez da tua parte. Em segundo lugar, para se ser feliz até certo ponto, é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto. Ora, eu gosto de pensar que quando os Carrow me tentam matar várias vezes por mês, eu estou a contribuir para a minha felicidade futura. E como quero que exista um futuro onde eu possa ser feliz, tenho de combater o mal. Embora me custe, embora não possa, embora rebente, embora morra. – respondi, inabalável na minha convicção de que tínhamos de ser nós a fazer alguma coisa, senão, estávamos condenados. Alguns minutos depois, tirei a capa dos ombros e estendi-lha. – Está a ficar tarde, acho que vou para a sala comum.
That I was born to try'
(Born To Try – Delta Goodrem)
- Fica com isso, Jones. Morres de hipotermia daqui às masmorras se não vestires a capa. – disse ele, aproximando-se. – Esse vestido é incrivelmente...fresco. – acrescentou, mirando-me dos pés à cabeça. Fresco! Pois sim. Na língua do Malfoy isso significava que era o tipo de vestidos que ele costumava arrancar dos corpos das raparigas que levava para o quarto.
'My head keeps saying "no"
But my heart keeps giving in
So hard to let it go
When it's there, under my skin.
- Ora, não gostas do vestido? E pensar que o escolhi propositadamente a pensar em ti, Malfoy. – retorqui, sarcástica. – E não me digas que estás preocupado com o meu bem-estar!
- Eu sei, Jones, foi por isso que decidi vir a condizer. – respondeu-me, sorrindo e apontado para a gravata, que era de um verde bastante escuro, parecido ao do meu vestido. – E sim, Jones, de certa forma estou preocupado com a tua saúde. - acrescentou , o que me deixou levemente espantada. E com esta conversa toda, já ele estava a dois palmos de mim.
Thought that I'd let it slide
But it's me that's slipping in
Thought that I'd go for a ride
Before this crash I'm dying in.
(Anybody There – The Script)
- Ah sim, Malfoy? Em que medida? – Oh Merlin, ele acabara de me prensar contra a estante.
- Na medida em que não quero que desmaies quando eu te beijar. – Gargalhei, não muito segura.
- Não me parece que isso vá acontecer, Malfoy.
- Queres apostar, Jones?
É escusado dizer que perdi a dita aposta.
N/A: Outro cap que eu considero uma espécie de premonição sobre o que aí vem :o ah, e uma coisa que eu já devia ter dito e tenho-me esquecido sempre: quando Narcissa faz menção a qualquer coisa que a avó costumava dizer, normalmente essas coisas são ditos verdadeiros ditos pela minha avó :D roubei-lhe uns quantos provérbios para escrever a fic :p
See ya tomorrow 8D
Love,
~ Nalamin
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