Lockeroom meet, classroom kiss
Disclaimer: toda a trama saiu da minha mente prodigiosa (e modesta! :p). O que já existia antes deste meu devaneio, pertence a tia Jo.
Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin
Chapter 10: Lockeroom meet, classroom kiss
Cissa caminhava calmamente rumo à sala comum. Fechara-se na biblioteca e não vira as horas passar. Eram quase quatro da manhã, mas isso não lhe fazia diferença. As suas horas de sono seriam as mesmas ou menos ainda se se deitasse a horas decentes. Dispensava os pesadelos e a roupa suada. Suspirou e seguiu para a direita, reparando aí que estava no corredor da sala das necessidades. Sorriu matreiramente.
' Ok, vejamos, preciso de um sítio para parar de pensar em tudo.'
Repetiu o seu desejo dando três voltas à parede e, subitamente, uma porta materializou-se à sua frente. Abriu-a cuidadosamente e deu o maior sorriso do mundo quando viu a sala repleta de instrumentos musicais. Um enorme piano mesmo no meio da sala, uma harpa a um canto, violinos e violoncelos encostados a uma parede, partituras num armário, um banco com uma guitarra a seus pés, perto da janela. Fechou a porta e correu para o piano. Passou a sua mão pelas teclas e fechou os olhos, curtindo a sensação. Já tinha tantas saudades! Sentou-se no pequeno banquinho e começou a tocar. Era uma melodia simples, solta, uma das últimas que a avó tivera oportunidade de lhe ensinar.
A guitarra acústica foi a sua segunda opção. Sentou-se no banco, pegou na guitarra e fez as suas cordas vibrarem. Oh Merlin, aquele som…era como gritar dentro de si que aquilo era como um orgasmo sucessivo. Ao reparar na comparação que tinha feito mentalmente, parou imediatamente de tocar e desatou a rir. Orgasmo sucessivo? ' Recorda-me qualquer coisa…Oh sim, o dia do meu décimo terceiro aniversário! Ah, Jack, como eras…eficiente.', pensou, gargalhando.
E foi assim que Narcissa Jones passou a sua madrugada de domingo. Ora no piano ora na guitarra, deixou a sua mente esvaziar-se até não restar nada a não ser o som das imensas músicas que tocara. Acabou por adormecer em cima do piano pensando que talvez devesse fazer aquilo mais vezes.
Domingo amanheceu negro e chuvoso, ao contrário do dia anterior. Seria alguma espécie de presságio? Daphne acordou e olhou a cama de Narcissa apenas para constatar que estava vazia e imaculada. Ela não passara a noite ali. 'Onde é que ela está? Oh Merlin, espero que não se tenha metido em nenhuma parecida com ela!'. Preocupada, Daphne levantou-se, tomou um duche rápido, vestiu-se e saiu do quarto, disposta a procurar a amiga.
Já passava das onze, portanto, era bastante improvável Cissa estar no salão. Estaria nos jardins? 'Duvido, por mais que ela adore a chuva, não me parece que tenha ido lá para fora. Chove a cântaros e deve estar a fazer um frio terrível'. Decidiu subir as escadarias e procurá-la nos andares superiores.
Depois de 40 minutos, Daphne começava a exasperar. Encontrava-se no sétimo andar, num corredor deserto, terminando a sua revista àquele andar. 'Narcissa Jones, onde é que te meteste? Preciso de te encontrar!'. Daphne deu um grito quando, à sua direita, uma porta emergia da parede. Quando recuperou do pequeno susto, lembrou-se da sala das necessidades e do desejo que exprimira mentalmente. Esperando vivamente encontrar Narcissa ali, Daphne abriu a porta e não pode deixar de sorrir com aquela imagem: Narcissa Jones dormia em cima das teclas de um enorme piano com um sorriso no rosto. Daphne aproximou-se devagar e tocando no ombro da amiga, sussurrou:
- Ci…Cissa, acorda.
- Mmmnshdbmm…. – Daphne riu.
- O quê? Acho que vais ter de repetir isso, Ci.
- Eu disse para me deixares dormir mais um bocado. – respondeu Cissa abrindo um olho e sorrindo à amiga.
- Como é que acabaste aqui? Eu perguntei por ti a Edwin quando o vi na sala comum, mas ele disse que tinhas ido dar uma volta.
- E fui. Fui para a biblioteca, ler. – respondeu, espreguiçando-se. – Mas perdi a hora e saí de lá perto das quatro. Quando vi que estava no corredor desta sala, entrei cá. – Daphne olhou em volta.
- Pediste uma orquestra?
- Não, Daph, pedi para deixar de pensar. A música tem esse efeito sobre mim. – Cissa olhou pela janela. – Está a chover?
- Está. Imenso. Tens fome? Não deves comer nada há horas.
- Muita, estou esfomeada. Vamos até à cozinha?
- Vamos.
Enquanto se dirigiam lá para baixo, Daphne olhou a amiga. Estava um pouco mais pálida que o normal. Provavelmente devia dever-se ao facto de não comer há algumas horas. Sim, devia ser isso.
- Daphne, pára imediatamente de te preocupar comigo. – Daphne 'acordou' das suas preocupações.
- O quê? Narcissa, leste-me os pensamentos?
- Não foi preciso. Quando estás preocupada, mais do que o normal, mordes o lábio. Estás a fazer isso desde que saímos da sala.
- Oh. Pois. Estava a pensar, sabes, estás assim pálida…
- Eu sempre fui pálida.
- Cissa, não tão pálida como estás agora.
- Daphne…
- Bom dia, meninas. Tudo bem? – interrompeu Edwin, aproximando-se das raparigas, vindo de um corredor à esquerda.
- Olá Edwin.
- Bom dia, Ed. Viste o Graham por aí? Preciso lhe de perguntar quando há treino, já que hoje o tempo está horrível. – Edwin olhou para Cissa tristemente.
- Vi, e ele vai dar treino na mesma, independentemente da chuva. – Cissa riu, mas Daphne parecia chocada.
- Ele é louco? Olha bem lá para fora! É um dilúvio!
- Calma, Daph, é para isso que serve o Impervius. – Daphne relaxou um pouco. – A que horas é o treino?
- Às três, porque vocês têm a festa do Slughorn mais tarde.
- Ok, lá estarei. – Olhou para Daphne. -Vamos?
- Sim. Acompanhas-nos até à cozinha, Edwin?
- Se não se importarem…
Os três amigos seguiram tranquilamente rumo às cozinhas onde Freya e os restantes elfos serviram a Narcissa um pequeno-almoço digno de rainha. Quando ficou satisfeita, Narcissa seguiu com Daphne para as masmorras, disposta a tomar um banho e trocar de roupa. Daphne esperou pela amiga deitada na cama desta, admirando a pintura que Narcissa fizera no ano anterior: um grande emblema de Slytherin rodeado dos nomes daqueles que Narcissa considerava especiais. Daphne, Edwin e Graham ocupavam lugares de destaque, juntamente com James, Tom e Claire. E o nome de Cecília elevava-se mais alto do que todos os outros, rodeado de filigramas e com um elegante V no fundo. Sorriu. Gostava de ter conhecido a avó da amiga. Devia ser realmente especial, para Narcissa lhe devotar tanto amor.
- Que estás a fazer, Daph? – perguntou Cissa, entrando no quarto de toalha. A loira não se ergueu.
- Estava a olhar para a tua obra-prima, artista. - Cissa apenas sorriu e começou a vestir-se.
Quando o relógio bateu as duas e meia, Narcissa deixou Daphne com Erika e seguiu para os campos, rumo ao treino de Quidditch. Entrou nos balneários dez minutos depois e, com um estalar de dedos, a sua roupa transfigurou-se no equipamento largo que usava para treinar. Pegou na sua Cleansweep e, colocando o Impervius sobre si, saiu lá para fora para a chuva torrencial. Graham já lá se encontrava, tal como James e Zabini. Narcissa voou em direcção a eles.
- O Edwin avisou-te? – perguntou James.
- Claro, James, senão não estava aqui.
- Onde é que passaste a noite, princesa? Ouvi dizer que não dormiste no quarto…- picou Zabini.
- Ouviste bem, Blaise. Mas onde passei a noite não é da tua conta. – O negro riu.
- Normalmente não perguntaria, mas como o Draco também não dormiu no dormitório… - Cissa gargalhou.
- Tu deduziste que tínhamos estado juntos? Por Merlin, Zab, pensei que fosses mais inteligente.
- Aqui o Zabini não anda muito bem desde que o melhor amigo lhe roubou a Eve. – alvitrou Graham. Cissa revirou os olhos. Malfoy já tinha feito das suas de novo. Como é que ele podia ser assim tão…tão…
- Idiota. É isso que o Malfoy é. – disse Zabini, cruzando os braços.
- E é por isso que me adoras, não é, Blaise? – Disse Draco, aparecendo ao lado de Blaise e dando-lhe umas palmadinhas na cabeça.
- Cala-te, senão arranco-te esse cabelo loiro à dentada.
- Então, Blaise, pensei que essa onda gay já te tivesse passado. – Todos gargalharam e Montague teve que segurar a vassoura de Zabini para que este não partisse para cima do loiro.
- Chega! – virou-se para Cissa. – Falta alguém? O Crabbe e o Goyle estão ali em baixo. – Cissa olhou em volta.
- O Edwin.
- Bom, vamos começar sem ele, senão não vamos conseguir treinar. O tempo está a piorar.
E dito isto, Montague deu a ordem e o treino começou. Edwin chegou quinze minutos depois, alegando que tivera de arranjar a vassoura.
Após uma hora de vários e complicados exercícios, Cissa tentava agora procurar a snitch que Montague largara à uns segundos atrás. No entanto, começara a trovejar e a chuva era tão abundante que a morena tinha dificuldade em ver os colegas. Achando que já não valia a pena continuar, Cissa evocou a pequena snitch e dirigiu-se ao capitão.
- Graham! GRAHAM! – Ele olhou-a. – É impossível continuar! Estamos encharcados e se apanhamos com um raio…É melhor pararmos por hoje. – Ele assentiu e Cissa desceu, rumo aos balneários.
Estava completamente encharcada, suja e enlameada. Precisava desesperadamente de um banho! Assim que avistou a porta, apressou-se a entrar. Pousou a vassoura em cima do banco e preparava-se para despir o equipamento quando, de repente, a porta se abre de rompante, entrando por ela meia dúzia de Ravenclaws. Toda a cena se passou em menos de segundos, pois quando Narcissa deu conta, só restava um deles do lado de dentro. Conseguia ouvir os outros rindo à socapa, lá fora. ' Mas que raio…?'
- Vá lá, rapazes! Eu sei que perdi a aposta, mas isto é demais! Moore! King! Tucker! – Gritava o rapaz que tinha ficado para trás, enquanto esmurrava a porta. Os risos ouviam-se cada vez menos. Os outros pareciam ter ido embora. – Abram esta porta! Cook! Eu juro que faço com que sejas expulso da equipa!
Narcissa olhava para ele com uma sobrancelha arqueada. A cara dele era-lhe familiar. E aqueles nomes também. De qualquer modo, ainda não se teria apercebido ele da sua presença? Suspirou e decidiu intervir.
- Olha, desculpa… - ele olhou para ela, assustado. Cissa riu. – Não tenhas medo, eu não mordo. Mas, caso não tenhas reparado, estás nos balneários das raparigas.
- Oh, eu sei, desculpa. Perdi uma aposta e suponho que eles acharam isto um castigo adequado. - Disse ele, esboçando um sorriso. – Eu queria sair, mas como vês, trancaram a porta. – Cissa revirou os olhos.
- Tens aí a tua varinha?
- Claro! – Respondeu ele.
- Então, faz uso dela. – Disse Cissa.
- Não achas que se eles tivessem encantado a porta para se abrir com um Alohomorra, eu já não tinha saído? Já tentei. Pelo que ouvi do plano deles, só abrirá amanhã de manhã. – Terminou ele com um suspiro. Cissa abriu muito os olhos, apanhada de surpresa.
- O QUÊ?
- Eu sei, desculpa. – Disse ele, olhando para a porta fechada.
- Eu não acredito! – Exclamou ela. – O Slughorn vai-me matar quando eu não aparecer para a sua festinha! – Ele olhou-a, solidário.
- Pois, suponho que o meu par também não vai gostar muito de ter de aparecer lá sozinha. - Cissa suspirou. O par dele. De repente lembrou-se do Malfoy. 'Outro que não vai deixar de me chatear, se eu não for.' Sabia que podia abrir a porta, mas o rapaz não a podia ver a fazê-lo. Teve uma ideia.
- Bom, já que vamos ficar aqui esse tempo todo, vou tomar banho. Estou imunda.
- Tudo bem. E não te preocupes, eu fico aqui. – Cissa virou costas e seguiu para os duches.
- É melhor que fiques.
O rapaz olhou-a, intrigado. Se não tivesse visto o emblema de Slytherin no equipamento dela, não diria que ela era uma deles. Parecia mais simpática, menos arrogante, uma pessoa de quem podia ser amigo. Qual seria o nome dela? Olhou para os compartimentos à sua frente. Havia apenas um com o emblema da equipa dela. Viu a placa: C. Jones. O que representaria o C?
- Catherine? Callie? Cindy? Connie? – perguntava-se, em voz alta.
- Cissa. - afirmou a morena, saindo do duche embrulhada num roupão. Ele olhou-a. – O C é de Cissa. Diminutivo de Narcissa. – Ele sorriu-lhe.
- Prazer, Narcissa. Eu sou o Adam. – Cissa reconheceu-o finalmente.
- Sanders! És chaser dos Ravenclaw, certo? – ele assentiu, espantado com o facto de ela saber o seu nome. – Eu dou-me bastante bem com a Liza, apesar de ela ser mais velha que eu. E com a Cho também.
- Bom, já eu não posso dizer o mesmo em relação à tua equipa. Embora o Solomon seja bastante correcto para comigo. – Cissa riu.
- O Jamie é correcto com toda a gente. É de família. – Cissa viu confusão no olhar do rapaz. – Somos primos.
- Ah bom. E disseste que a Liza e a Cho são mais velhas que tu? – Cissa assentiu. – És de que ano?
- Quinto. – Ele sorriu.
- Eu também.
- Óptimo. – Cissa olhou o relógio. 16h55. – Ouve, eu estou com um bocado de frio, preciso de me vestir. Achas que podes ir ali para dentro – apontou para uma das boxes de duche. –, por uns minutos?
- Claro, claro. – disse ele, prontamente. - Desculpa lá isto tudo.
- Esquece. Mais uma festa do Sluggy, menos uma festa. Não vai fazer diferença.
Ele sorriu-lhe fracamente e dirigiu-se às boxes, entrando numa delas em seguida. Cissa correu para a porta e, com um aceno, abriu-a sem problemas. Depois vestiu rapidamente as suas roupas e desembaraçou o cabelo molhado. Fez um rabo-de-cavalo simples, sabia que ainda teria de ir trocar de roupa ao dormitório. Calçou os ténis e colocou o equipamento encharcado no cesto da roupa suja.
- Adam! Podes sair. – O rapaz abriu a porta. – Desculpa se demorei.
- Tudo bem.
Houve uma pequena pausa em que nenhum dos dois falou. Adam sentou-se num dos bancos em frente a Narcissa enquanto esta arrumava a vassoura no armário.
- O que é que achas de tentarmos abrir a porta? – perguntou Cissa inocentemente.
- Podemos tentar, mas duvido que consigamos abri-la.
- Bom, não perdemos nada em tentar, pois não? – questionou Cissa, dirigindo-se à porta. Agarrou a maçaneta e, sem esforço algum, a porta abriu-se.
- Uau, és boa. – Cissa riu.
- O feitiço, se é que os teus amigos puseram aqui algum, devia ser de fraca duração. Parece que estamos livres!
- Óptimo. Acho que vamos mesmo ter que aparecer na festa do Sluggy. - Disse ele, saindo do balneário, sendo seguido por Cissa.
- Suponho que sim. Vemo-nos lá? – perguntou, alegre. Tinha gostado daquele rapaz. Era simpático, descontraído, uma lufada de ar fresco. Podia ser isso mesmo de que Cissa precisava. Ele sorriu-lhe abertamente.
- Claro. Até logo! – despediu-se ele, correndo em direcção ao castelo debaixo da chuva fria.
Cissa terminava de prender o cabelo quando Daphne entrou no quarto rindo.
- Mas que bela companhia que vais levar tu à festa do velho Sluggy. – comentou, sentando-se no divã, vendo a amiga revirar os olhos. – Ele já está lá em baixo, todo bem vestido.
- O teu primo está redondamente enganado se pensa que eu o vou levar como meu par à festa do Sluggy. Que horas são?
- Faltam 15 minutos para as seis. – levantou-se e dirigiu-se a Cissa, que estava a ter dificuldades em colocar um gancho. Tirou-lho da mão e fê-la sentar-se. - Vais-me contar como é que o meu primo acabou com tal ilusão?
- Resumidamente, fui um bocado…rude com ele e, como vi que ele ficou particularmente afectado, senti-me muito mal depois e tive de ir pedir desculpas. Mas sabes como é o Malfoy. O preço dele era que eu o levasse à festa. É claro que recusei. – Daphne suspirou, colocando os ganchos no cabelo da amiga.
- Falaste-lhe do Lord das Trevas, não foi?
- Devias chamar-lhe pelo nome, Daphne. E sim, por acaso falei. Como é que sabes?
- É meu primo, Cissa. Conheço-o bem. Acho que ele está profundamente arrependido daquilo que fez.
- Diz antes 'daquilo que não conseguiu fazer'.
- Cissa, não sejas má. – ralhou Daphne.
- É a verdade, não é?
- É, mas não precisas de o estar constantemente a lembrar disso. Como já te disse, penso que ele está arrependido.
Cissa não respondeu. 'Gostava mesmo de descobrir o que o levou a cometer aquela loucura. Será que Daphne sabe? Hum, não me parece. Ninguém sabe o que se passou naquela noite. Eu não lhe contei e não creio que o Malfoy fosse tranquilamente reportar a sua aventura à prima.' De repente, Cissa teve uma epifania. 'E se eu lhe lesse os pensamentos?'. Reflectiu por um momento. 'Nunca lhe li os pensamentos antes'. Quer dizer, o loiro era o seu 'arqui-inimigo', seria de esperar que ele fosse a pessoa a quem Cissa leria obrigatoriamente os pensamentos. 'Mas, no entanto, nunca o fiz.' Porque seria? 'Talvez por saber que a família dele é aliada de Voldemort, o meu subconsciente bloqueou essa acção. Ou então para não o deixar sequer suspeitar que eu tenho um Dom. O Malfoy, qualquer um dos mini Devoradores da Morte, ou qualquer outra pessoa que não seja da minha extrema confiança, não pode saber que sou invulgarmente poderosa'. Mas Snape sabia. Todos os professores sabiam. 'Será que ele contou alguma coisa a Voldemort? Bem sei que aquele assassino é um Occlumens extraordinário, mas não me parece que consiga competir com Voldemort. Talvez não tenha contado. Talvez…'
- Estás pronta. – afirmou Daphne, trazendo-a de volta à realidade.
- Obrigada. – agradeceu. Olhou o relógio. 17h58. – Vou descer.
Cissa ajeitou os caracóis e, ao levantar-se, o vestido vermelho que envergava caiu-lhe suavemente até aos joelhos, esvoaçando levemente e emoldurando o seu corpo bem feito. O decote era bastante razoável e encaixava perfeitamente no seu generoso peito. A morena optara por levar apenas uma larga e ornamentada pulseira de prata, presente do tio Aled pelo seu décimo aniversário. Daphne olhou-a, espantada.
- Bem, nunca te vestiste assim para uma festa do Sluggy. O que mudou desta vez? A companhia? – perguntou, piscando-lhe um olho. Cissa revirou os olhos.
- Não, Daphne. É possível que esta seja a última festa do Sluggy este período e então ele pediu para que nos vestíssemos formalmente. - Disse saindo do quarto com a loira atrás de si.
- Tenho a certeza de que te esqueceste de mencionar esse facto ao Draco. – Cissa riu. – Mas não te preocupes, ele ficava elegante nem que vestisse apenas um saco de batatas. – Cissa abanou a cabeça, descendo as escadas devagar, olhando para Daphne, que ficara no topo.
- Não percebo como é que alguém pode ser tão bonito e tão idiota ao mesmo tempo.
Ao chegar à sala comum, Cissa sentiu todos os olhares masculinos sobre si. Sorriu. Malfoy estava à espera encostado à parede, perto da entrada da sala. Aproximou-se.
- Estás atrasada, Jones.
- Se estavas com pressa, podias ter ido andando. Tenho a certeza que o Sluggy tem um cartaz na porta do gabinete que diz 'é permitida a entrada a idiotas sem acompanhante'. – E antes que ele pudesse ripostar, passou por ele e saiu da sala comum.
' O velho Sluggy esmerou-se, desta vez!'. O gabinete do professor fora magicamente aumentado e estava cheio de colegas seus e alguns professores. Assim que chegou, Slughorn apressou-se a dar-lhe as boas noites.
- Narcissa, minha cara aluna! Mas que anjo foste escolher para companhia, Draco! – comentou o professor, falando para o loiro que acabava de entrar atrás de Cissa.
- Na verdade, professor, foi o anjo que me escolheu. – respondeu Draco, educado. Cissa olhou mortalmente para Draco.
- Deveras, Narcissa? – Cissa forçou um sorriso.
- Foi uma espécie de aposta que eu perdi, professor. Vamos entrando? – perguntou, tentando esquivar-se daquela conversa.
- É claro, é claro! Estejam à vontade!
Cissa sorriu-lhe e seguiu para dentro da sala, mais uma vez suscitando olhares de desejo por parte dos rapazes e alguns de inveja, por parte das raparigas. Viu alguns conhecidos, mas antes de se dirigir a eles, virou-se para o loiro.
- Agora que já te pus cá dentro, agradeço que me deixes passar a noite em paz. – Draco sorriu de lado.
- Sabes, Jones, estou ansioso por conhecer os teus amigos.
Cissa revirou os olhos e, decidida a fingir que Draco não se encontrava ali, deambulou pela sala cumprimentando conhecidos e falando com alguns deles. Passada uma boa meia hora, reparara que Malfoy já não a seguia. 'Deve ter-se cansado. Felizmente!'
- Narcissa? – perguntou uma voz masculina, tocando-lhe no ombro.
- Oh, olá Adam! – olhou-o com atenção. – Estás bonito.
- Obrigado. – disse o rapaz, ruborizando. – Já não posso dizer o mesmo de ti. Bonita é uma palavra que não faz justiça ao teu aspecto esta noite. – Foi a vez de Cissa ruborizar.
- Ora, também não é preciso exagerar, Adam.
- Só estava a dizer a verdade. – Riram. – Vieste sozinha? Duvido. – Cissa revirou os olhos.
- Quem me dera ter vindo sozinha. – ele olhou-a confuso. – Digamos que perdi uma aposta e tive que trazer o Malfoy como companhia.
- Compreendo a tua dor, Narcissa. Tenho noção de que ele não é o furão, perdão, o rapaz mais simpático do mundo. – Cissa gargalhou.
- Então e o teu par? – Adam coçou a cabeça, envergonhado.
- A verdade é que eu só vim acompanhado porque uma amiga pediu-me ajuda para fazer ciúmes ao namorado. – Cissa sorriu.
- Bom, ela é que perde. Queres dançar? – perguntou, estendendo-lhe a mão.
- Claro, vamos a isso. Deixa-me avisar-te de que danço salsa como ninguém. – afirmou, enquanto se misturavam na multidão.
- A sério? Eu também lhe dou uns toques. Mas é uma dança muggle. Quem te ensinou?
- A minha mãe. E a ti?
- A minha tia-avó Elizabeth. Era campeã nacional de danças de salão.
- E danças tão bem como ela? – A morena riu, marota.
- A questão é se tu me consegues acompanhar.
Rindo, encaminharam-se para um pequeno espaço vazio na sala e começaram a dançar. Adam mexia-se elegantemente ao ritmo mexido daquela dança e Narcissa acompanhava-o, alegre. Passado alguns segundos, começaram a ser notados pelos colegas que rapidamente fizeram uma pequena roda em volta deles, para os observar. Até os professores se tinham aproximado. Flitwick movia-se ritmadamente ao som da música e, se alguém estivesse com atenção, conseguia ver a professora McGonagall a mexer os pés por debaixo do manto. Quando a música finalmente acabou, Adam enlaçou Narcissa pela cintura e inclinou-a suavemente para trás. A morena riu e quando voltou a sua posição normal, abraçou Adam e ambos foram entusiasticamente aplaudidos.
- Mas há alguma coisa que esta rapariga não consiga fazer? – perguntava Slughorn, para ninguém em especial, aproximando-se de ambos. – E quem é este nosso amigo, Narcissa?
- Adam Sanders, chaser da equipa de Quidditch dos Ravenclaw, professor. – respondeu a morena.
- Estou maravilhado com ambos! Foi um momento magnífico. – elogiava Slughorn, muito entusiasmado.
- Pois, professor, dançámos tanto que estamos um bocadinho cansados. Se calhar era melhor irmos buscar um sumo de abóbora, não era, Cissa? – disse Adam, claramente tentando livrar-se do professor. Cissa compreendeu a sua intenção.
- Sim sim, claro. Dá-nos licença, professor?
- Toda, meus caros alunos! Desde que prometam repetir! – Cissa e Adam sorriram forçadamente.
- Claro que sim, professor, claro que sim. – afirmaram, enquanto se afastavam rumo à mesa das bebidas.
- Mais um pouco e podes dizer que ele te persegue. – comentou Adam, entregando a Cissa um copo de sumo. Cissa riu.
- O velho Sluggy é mesmo assim, não há nada a fazer. – respondeu, sentando-se num sofá. Adam imitou-a.
- Quase que me faz ter saudades do Snape.
Cissa olhou para o professor de cabelo negro, conversando com um dos Carrow, perto da porta. Alguma coisa na expressão dele lhe dizia que Snape não estava muito contente com o novo posto de director. O professor, provavelmente sentindo-se observado, volveu o olhar a Narcissa.
- Ele está mesmo ali. Podes sempre ir dizer olá. – respondeu ela, sem deixar de o fixar. Adam riu.
- Eu disse quase, Cissa. – O rapaz olhou para algo por cima do ombro da morena. – O Cook está a chamar-me. Esperas um pouco? – Cissa olhou-o.
- Claro que sim. – Ele anuiu e afastou-se. Cissa bebericou o seu sumo de abóbora, relaxando. Infelizmente, não conseguiu fazê-lo durante muito tempo, pois Draco Malfoy sentou-se imediatamente ao seu lado.
- Então Jones, curtindo a festa?
- Estando tu presente? Impossível, Malfoy. – ele sorriu de lado.
- Ora Jones, não mintas. Ainda há pouco estavas toda contente a dançar com o teu novo amigo. – Cissa sorriu.
- Não tenho de te prestar satisfações, Malfoy.
- Ora, Jones, um bocadinho mais de educação não te fazia mal. – Cissa bebeu o resto do seu sumo de abóbora, recostou-se no sofá e olhou para o loiro.
- Sabes, Malfoy, não sou preconceituosa, mas tenho de admitir que um dos preconceitos que mais gosto é aquele que diz que os assassinos não merecem qualquer tipo de respeito. – Draco lançou-lhe um olhar furioso. Adam a aproximava-se a passos largos. – Então, de volta? – perguntou-lhe, enquanto ele se sentava à sua frente.
- Era a ele que a minha amiga queria fazer ciúmes. Parece que resultou. – comentou, sorrindo. Olhou para o Malfoy. – Interrompi alguma coisa?
- Obviamente. – disse o loiro, arrogante.
- Felizmente, sim. – respondeu Cissa. Draco olhou-a, irritado.
- Queres ir dar uma volta por aí? – perguntou Adam, um pouco confuso.
- Quero. – respondeu, pousando o copo e levantando-se. – Desfruta do resto da festa, Malfoy. – Ia afastar-se mas o loiro agarrou-lhe o braço.
- Então, Jones? Pensava que estávamos a ter uma conversa. – Cissa olhou-o.
- Estávamos? Então parece que essa conversa acabou. Larga-me, Malfoy. – Ele não se moveu.
- Ouve, acho que é melhor a largares. – Interveio Adam. Draco olhou-o com nojo.
- Não estou a falar contigo, pois não? – tornou a olhar para a morena. – Vais ficar, não vais, Jones? – Cissa começava a ficar irritada. Soltou o braço e olhou o loiro com raiva.
- Já te disse que não tenho medo de ti, doninha. Devias ter mais cuidado, sabes. Nem todos são tão benevolentes quanto eu. – Virou-se para Adam. – Vamos.
- Estás a ameaçar-me, Jones? – disse ele, erguendo-se. As pessoas começavam a aproximar-se para observar a cena.
- Interpreta como quiseres, Malfoy. – respondeu Cissa, sem se voltar. Ele começava a irritar-se.
- Achas-te muito boa, não é, Jones? – Cissa voltou-se.
- Acho-me melhor que tu, podes ter a certeza. – havia agora uma multidão rodeando a morena e o Malfoy. Se se prestasse atenção, poderiam até ouvir-se apostas a serem feitas.
- Nos teus sonhos, Jones. Eu sou superior, sou nobre, sou…
- Detesto interromper o teu monólogo egocêntrico, mas não há nada de nobre em sermos superiores ao próximo. A verdadeira nobreza consiste em sermos superiores ao que éramos antes. E está mais do que claro que nunca deixaste de ser um miúdo mimado que não se importa com os meios para atingir o fim que deseja. – disse Cissa, zangada, claramente referindo-se aos episódios do ano anterior. Aqueles momentos tinham realmente marcado Narcissa, e não de uma forma positiva.
– Que moral, Jones! Tu és igual a mim! Ou pensas que ninguém sabe que a careca do Smith foi obra tua? – Cissa riu.
- Ora, ele merecia. Mas isso foi um acidente isolado. Não é meu costume magoar as pessoas para conseguir o que quero. Considero-as um obstáculo e contorno-as. E chego ao fim sempre com uma lição qualquer, por mais ínfima que seja. – disse, com um encolher de ombros.
- Isso são balelas, contos de fadas! A realidade não é assim. – comentou ele.
- Se achas isso, só posso concluir que vivemos em mundos diferentes. – disse, tornando a virar-lhe costas.
- Então tu achas que é tudo assim tão fácil: tens um obstáculo e passas por cima sem dificuldades. – disse ele, sarcástico. Cissa estava realmente a ficar chateada com tudo aquilo.
- Não sejas idiota! Eu não disse que não era preciso trabalho, determinação, força de vontade. E muito menos disse que era fácil. Mas acredito que seja mais fácil para mim do que para ti.
- Ah sim? A grande Jones tem algum poder que os comuns mortais desconhecem? - perguntou ele, irónico. Cissa sorriu fracamente. Sim, tinha. Mas é claro que não lhe ia dizer.
- Não, Malfoy. Apenas não estou sozinha. E, apesar de tudo, não consigo ser miserável como tu.
E dito isto, Cissa beijou Adam na face, murmurou um pedido de desculpas a Slughorn e furou pela multidão, saindo rapidamente da festa.
Narcissa deambulava pelos corredores, pensativa. Como aquele rapaz a tirava do sério! Aquela sua mania de se mostrar superior, arrogante. Que raiva que lhe dava! Será que ele não percebia que havia coisas muito importantes em jogo? Ele era idiota ao ponto de não enxergar isso, estando mesmo à frente do seu nariz? Suspirou. Perdida nos seus pensamentos, não notou que era seguida. A sombra movia-se, ágil, de forma a não ser detectada. Narcissa, ainda sem se aperceber da companhia, entrou numa sala vazia, sentou-se em cima duma mesa e começou a retirar todos os ganchos que Daphne lhe colocara. Soltou então o cabelo e descalçou os sapatos. Olhou a noite que caía para lá da janela. Sorriu. A noite dava-lhe paz. Acalmava-a. Desceu da mesa e abriu a janela. O vento entrou para a sala, despenteando-lhe os cabelos. Adorava a sensação de liberdade que lhe transmitia. Era por isso que gostava tanto de voar. Algumas corujas pairavam lá fora, o Salgueiro Zurzidor mantinha-se calmo, viam-se Thestrals pastando, ao longe. Deixou que a sua mente se esvaziasse, contemplando apenas a paisagem.
Continuaria sem se aperceber de que não estava sozinha se a sombra não tivesse tropeçado e derrubado alguns livros, o que fez Cissa voltar-se assustada. Depois do susto, vieram as gargalhadas. Draco Malfoy jazia estendido no chão, coberto de livros que lhe puxavam os cabelos e mordiam. O loiro esperneava tentando-se livrar dos agressores, já que a sua varinha tinha rolado para perto de Narcissa, que continuava a rir-se da situação. Quando achou que era suficiente, e sem que ele visse, fez um aceno, ao que os livros obedeceram imediatamente, regressando às suas mesas e prateleiras.
- Sabes, não é da minha índole dizer obscenidades mas desta vez vou abrir uma excepção. A vingança do universo é fodida, Malfoy.
O loiro nada disse, limitou-se a olhá-la irritado. Ele levantou-se lentamente, ajeitando a sua roupa. Cissa pegou na varinha dele, esperou que ele terminasse de se compor e estendeu-lha. Ele olhou-a, pegou no que lhe era entregue, fez um encantamento básico para verificar o funcionamento da varinha e guardou-a no bolso, sem um agradecimento. Em seguida, virou costas e dirigiu-se para a saída. Cissa ficou irritada. Como poderia ele ser tão antipático? Tinha de dizer alguma coisa.
- A boa educação manda agradecer, Malfoy. – Disse, amarga. Ele voltou-se, sorriu de lado e dirigiu-se a Narcissa. Ficaram frente a frente. Ela, esperando um agradecimento. Ele, divertido com a cara de irritação dela. Aproximou-se. Cissa ia perguntar o que estava ele a fazer quando ele quebrou aquela distância com um beijo. ' OH MEU MERLIN, OH MEU MERLIN, OH MEU MERLIN! ELE ESTÁ A BEIJAR-ME!'
Quando conseguiu parar de pensar, Cissa retribuiu o beijo. Ele beijava bem, a pressão certa, os lábios macios, a língua pedido permissão para prosseguir, permissão essa que Cissa concedeu. As mãos dele apoderaram-se da cintura dela, as dela foram parar ao peito dele. Sentiu os seus músculos bem torneados, que vira algumas vezes nos balneários. Estava a gostar, e muito. Nunca pensaria que um rapaz como ele a fizesse sentir daquela maneira. Mas de repente, acabou. Ele afastou-se com um sorriso de escárnio e, sem mais, dirigia-se de novo à saída. Cissa não se conteve.
- O que raio foi isto, Malfoy!
- A boa educação, Jones. – Respondeu ele, sorrindo e saindo da sala, deixando para trás uma Narcissa muito confusa.
N/A: Their first kiss. Awwwwwwww *.*
Reviewss babesss :D
Love,
~ Nalamin
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