Revealing The Secret



Disclaimer: é tudo da titi Jo :(





 



 


 Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin


Chapter 3: Revealing The Secret


Na manhã seguinte, Narcissa acordou muito cedo. Ao olhar pela janela, constatou que o sol acabara de nascer. Não iria dormir mais. Espreguiçou-se demoradamente e levantou-se, decidida a tomar um longo banho. Terminado o dito banho, vestiu o uniforme, penteou os seus caracóis, pegou na capa, na varinha e no saco e saiu do quarto. Quando fechou a porta atrás de si, verificou, com um sorriso, que esta desaparecera, dando lugar à tapeçaria que tinha visto na noite anterior.


Seguiu até às escadas pé ante pé, de modo a não acordar os colegas nas camaratas. Atravessou a sala comum e saiu. Olhou o relógio de pulso. Faltavam quinze minutos para as sete horas. Tinha uma hora para explorar Hogwarts. Colocou a capa nos ombros e seguiu até ao saguão da entrada, pelo caminho que fizera na noite anterior. Ao chegar lá, olhou as escadas que permitiam o caminho para os outros pisos do castelo. Sabia que teria muito tempo para as explorar, era lá que teria aulas. Portanto, virou-lhes costas e saiu pelas portas da frente, rumo ao pátio.


Estava um frio invulgar para o início de Setembro. Apertou a capa e seguiu em frente, sem rumo, querendo apenas explorar. Atravessou a ponte, parando a meio para absorver toda aquela paisagem. Olhou, de novo, para o relógio. 7h15. Os colegas deviam estar a despertar. Continuou pela ponte, parando no fim desta, pensando melhor. Não se queria atrasar para o primeiro dia de aulas. Voltou então para trás, lentamente, sentindo o vento frio despentear-lhe os cabelos. Inspirou fundo. Cheirava a Outono. Sorriu. Adorava aquela estação. As folhas, de cores quentes, a caírem, despedindo-se do Verão. O sol e o vento no equilíbrio perfeito.


Ao chegar ao pátio, já conseguia ouvir algumas vozes dentro do castelo. Entrou também e dirigiu-se ao salão. Ainda não tinha descido muita gente. Olhou para a mesa dos Slytherin. Estava vazia, à excepção de uma rapariga loira que Cissa identificou como sendo Daphne Rosier, que vira ser seleccionada para os Slytherin. Desapertou a capa e seguiu para a sua mesa, para junto da rapariga, sentando-se a seu lado.


- Bom dia. – disse a loira, sorrindo. Cissa sorriu também.


- Bom dia. És a Daphne, certo? – perguntou, após servir-se de um pãozinho.


- Sou sim. Daphne Rosier. E tu?


- Narcissa Jones, prazer. – disse. Daphne aproximou-se dela e deu-lhe dois beijinhos. Depois afastou-se, espantada. Cissa olhou-a.


- O que foi?


- Nada. É que, normalmente, os ingleses não são muito adeptos deste gesto. – respondeu Daphne, rindo. Cissa riu também.


- É verdade, mas eu não sou uma inglesa qualquer. A minha mãe educou-me segundo a etiqueta francesa. És francesa? – a loira anuiu.


- A minha mãe é. Eu nasci em Paris, mas viemos para Inglaterra logo depois. – explicou ela, servindo-se também de um pãozinho e barrando-o com doce. – A minha mãe queria que eu fosse para Beauxbatons, mas como tivemos de vir para aqui…


- Vieste para Hogwarts. E o que é que achas disto? – perguntou a morena.


- Acho fantástico! Nunca entrei na Academia de Beauxbatons, mas este sítio é incrível! Ainda não tive oportunidade de explorar. Já viste alguma coisa?


- Fui até ao final da ponte, depois do pátio.


- E então?


- A paisagem é muito bonita. Não vi muito mais, voltei para trás com medo de me atrasar. – disse, rindo. Daphne concordou.


- Eu também! Por isso é que vim para aqui tão cedo. Ainda tenho de procurar a sala da primeira aula.


Subitamente, Cissa apercebera-se de que o Prefeito não lhe entregara nenhum horário.


- Eu não tenho o meu horário! – exclamou, preocupada.


- Não?


- Não. Ontem, quando vocês entraram na sala comum, eu fui falar com o Dumbledore. Quando voltei, já não havia camaratas disponíveis. Estou num antigo quarto dos Prefeitos. É enorme.


- A sério? Que sorte! Eu acho que fiquei na pior camarata. – disse, desiludida.


- Porquê?


- As raparigas são um bocado esquisitas. A Erika é muito simpática mas a Shelly…parece uma hiena. – Cissa gargalhou com gosto.


- Não pode ser assim tão mau… - Daphne olhou-a, indignada.


- Não pode? Tu é que não viste as amigas da Shelly, a Kelly e a Debbie.


- Que têm elas?


- Sinceramente, acho que têm uma espécie de atraso. Elas comunicam por guinchos! – Narcissa ria a bandeiras despregadas. Olhou para o relógio. 7h45.


- Se calhar devíamos ir andando. As aulas começam daqui a 15 minutos e ainda não sabemos onde vamos ter aula.


- Sim, é melhor irmos.


Levantaram-se ambas, reparando apenas naquele momento que a mesa estava cheia de gente. Cissa acenou a James e procurou Tom na mesa dos Gryffindor, quando passou. Não o viu.


- Temos poções agora. Onde achas que é? – Cissa pensou por um momento.


- Acho que é lá em baixo, num dos calabouços. Podemos sempre perguntar pelo caminho. – Daphne assentiu e tornaram a descer as escadas rumo às masmorras.


- Com quem vamos ter esta aula? A Erika disse-me que normalmente temos aulas com outra equipa.


- Bom, pelo que sei, acho que é com os Gryffindor.


- Não conheço ninguém. – disse Daphne.


- Nem eu. Na verdade, só te conheço a ti e ao Prefeito que me acompanhou ontem. E nem sei o nome dele. – rematou, rindo.


- Não te preocupes, havemos de lhe tomar o jeito. Olha ali ao fundo! – exclamou Daphne. – Parecem-me do primeiro ano.


- Provavelmente são. Já viste o ar de confusão daquele Gryffindor? – Um rapaz andava atarantado de um lado para o outro. Daphne riu.


- Somos assim tão patéticas? – perguntou, a medo.


- Acho que não. Ao menos, estamos calmas. Vamos para junto deles ou tens medo que aquilo – Cissa apontou para o rapaz. - seja contagioso? – A loira tornou a rir.


- Vamos para junto deles. Faltam dois minutos.


Chegaram junto dos colegas para os encontrar a todos muitíssimo assustados. Ao perguntar a razão, todos responderam ' Professor Snape'. Cissa sabia que ele não era flor que se cheire, mas daí a ter medo do professor… Daphne também não compreendia o medo dos colegas porque não conhecia nada sobre Hogwarts. No momento em que Cissa lhe ia contar algumas coisas que ouvira do irmão, Snape chega e manda-os entrar rapidamente. Tendo sido as últimas a fazê-lo, apenas sobrava um lugar, mesmo em frente à secretária do professor Snape. Cissa olhou em volta. Naquela sala, o frio era mais intenso do que no resto do castelo e seria já suficientemente sinistro sem os animais (e partes destes) flutuando em frascos de vidro, ao longo das paredes. À sua frente e de Daphne encontrava-se um caldeirão, vazio.


Snape fazia a chamada rapidamente, enquanto a turma continuava no completo silêncio. Quando acabou, pousou o livro de ponto e tornou a falar, quase num murmúrio.


- Vocês estão aqui para aprender a ciência subtil e a arte exacta de fazer poções. Não espero que se apercebam da beleza do caldeirão que ferve suavemente em fogo lento ou do poder delicado dos líquidos que trepam vagarosamente pelas veias humanas, enfeitiçando o espírito, iludindo os sentidos…Posso ensinar-vos tudo isto se vocês não forem um grupo de broncos como os que habitualmente tenho por alunos.


Após o discurso, seguiu-se um enorme silêncio. Em seguida, Snape organizou os alunos em pares e distribuiu as instruções para a realização de uma poção simples para curar furúnculos.


- Ok, vamos dividir tarefas? – perguntou Cissa.


- Claro. Com que parte queres que fique? – retrucou, a medo. Cissa compreendeu e sorriu suavemente.


- Eu faço a poção. – a loira suspirou de alívio. - Tu copias as instruções e eu vou buscar os ingredientes.


- Certo. Obrigada.


Cissa levantou-se calmamente do seu lugar e chegou aos armários. Olhando alternadamente entre o quadro e o armário, trouxe duma vez tudo o que precisava, sem se aperceber de que, durante todo este tempo, Snape a observava, intrigado.


Depositou os ingredientes em cima da mesa com cuidado. Tirou do seu saco a balança e a faca de prata e esperou que Daphne acabasse de copiar as instruções.


- Já está, Narcissa. Vou acender o lume. – Usando um feitiço simples, Daphne cumpriu a tarefa. - E agora? – perguntou.


- Então, agora vais ler-me as instruções.


Daphne assentiu e Cissa começou a fazer a poção seguindo as directrizes da loira. Estava a correr tudo muito bem até que, depois de Daphne a instruir para por duas gramas de pó de asa de gafanhoto, Cissa achou que havia alguma coisa que não estava bem. Já usara pó de asa de gafanhoto numa poção da avó e não tinha aquele cheiro. Espantava-a lembrar-se do cheiro exacto daquele pó mas, ainda assim, tinha a dúvida, e não ia estragar a poção se tivesse razão.


- Daph, acho que este pó está estragado. – disse Cissa, em voz alta.


- Chiuuu, Cissa! Como sabes?


- Já o usei uma vez e lembro-me de que não tinha este cheiro. - respondeu, sem baixar o tom de voz.


- Mais baixo, Cissa! Tens a certeza? Não seria o outro pó que estava estragado?


- Não me parece. Era uma poção para curar a constipação. Assim que a tomei, fiquei óptima.


- Ci…


- Algum problema, Ms. Jones? – perguntou Snape, interrompendo a admoestação da loira.


- Penso que sim, professor. Este pó de asas de gafanhoto não está em condições. – Snape pegou no frasco e analisou o conteúdo.


- Parece-me completamente normal, Ms. Jones. – disse, devolvendo-lhe o frasco.


- Mas não está, professor. Tem um cheiro que não lhe é característico. – retrucou Cissa, voltando a entregar-lhe o frasco. Toda a turma tinha parado para assistir.


- E como é que a menina sabe isso?


- Já usei este ingrediente antes, professor. Poções básicas para a constipação.


Snape pareceu ponderar por um momento. Depois, abriu o frasco e cheirou. Contrariado, voltou a fechar o frasco, para em seguida o fazer desaparecer.


- Estou…espantado, Ms. Jones, por ter reparado que aquele ingrediente não estava em condições. – depois virou-se para a turma. – Usem asas de varejeira, o efeito será o mesmo. – a turma voltou rapidamente aos seus caldeirões. - Alguém me sabe dizer porquê? – silêncio total na sala. – Não? Talvez Ms. Jones, a nossa perita em poções, nos possa elucidar? – disse, ironicamente. Cissa riu. A turma tornou a parar para ver a reacção de Snape. Cissa olhou-o nos olhos, deixando a impulsividade tomar conta de si.


- Professor, eu sou do primeiro ano. E chamo-me Jones, não Gregory Knox. – Snape parecia espantado por Cissa saber quem era Gregory Knox, o famoso feiticeiro criador da poção Felix Felicis. - Com todo o respeito, professor Snape, não serei o seu próximo Harry Potter.


A sala estava no completo silêncio. Cissa retomou o que estava a fazer, utilizando as asas de varejeira. Daphne, atarantada, lia-lhe o passo seguinte, alternando o olhar entre o pergaminho e o professor Snape, que continuava a olhar fixamente para Narcissa. Passado alguns segundos desviou o olhar.


- Palmer, Carter, a vossa poção deveria estar de que cor? – perguntou a um grupo ao lado e Cissa e Daphne.


- Ve-ve-verde, pro-professor. – Gaguejou a rapariga.


- Então porque é que está AZUL? Sabes ler, Carter?


- Sim, professor. – disse o rapaz, assustado.


- Lê a última linha das instruções.


- Colocar o pó de asa de gafanhoto, mexer 3 vezes no sentido dos ponteiros do relógio, juntar 4 espinhos de porco-espinho e deixar 5 minutos em lume brando.


- EM QUE SENTIDO mexeste a poção, Carter?


- No sentido contrário aos dos ponteiros do relógio, professor. – Disse ele, cada vez mais baixo.


- Então esta mistela não serve para nada. Evanesco! Dez pontos a menos para os Gryffindor.


Mais ninguém se atreveu sequer a respirar alto no que restou da aula. Depois de deixar a poção o tempo necessário em lume brando, Cissa encheu dois frascos com a poção. Colocou um deles dentro do saco e outro na secretária do Professor, voltando depois ao seu lugar, visto que ainda faltavam 10 minutos para o toque. Ela e Daphne arrumaram os ingredientes que sobraram e limparam os instrumentos e a mesa.


- Cissa, como é que tiveste coragem de falar assim com o professor Snape? – Cissa olhou-a confusa.


- Assim como?


- ' Não serei o seu próximo Harry Potter'? – Cissa suspirou.


- Ouve, Daph, pelo que o meu irmão me contou, o Snape embirrava com o Potter apenas por não gostar do pai dele. Mesmo que o Potter fosse o melhor aluno em Poções, nunca lhe seria dada uma chance. E só porque, como o Snape não gostava do pai dele, descontava a sua raiva no filho. Eu não admito tal coisa! Ele pode não gostar de mim, mas tem de reconhecer o meu trabalho e o meu talento. Além disso, não lhe devo simpatia e paninhos quentes. Devo-lhe respeito. Acredita que tenho imenso por ele. Pelo que a minha avó me contou e me ensinou, arte de fazer poções é muito complexa e demora muitos anos para uma pessoa se tornar verdadeiramente boa. – Daphne estava abismada.


- Cissa, como é que tu sabes isto tudo? – Cissa sorriu tristemente e encolheu os ombros, preparando-se para usar a desculpa de sempre.


- Gosto de aprender, faço-o com bastante facilidade, e a minha avó é uma boa professora.


- E sobre o Potter? E o Gregory Knox? Quem é esse, já agora? – Cissa riu baixinho.


- Muitas coisas ouvi do meu irmão, outras, investiguei. Sempre gostei de ler e já que o Potter aparece em todos os livros de História da Feitiçaria do séc. XX…Quanto ao Mr. Knox, quando a minha avó me ensinou a fazer algumas poções mais simples, falou-me em alguns feiticeiros que criaram poções famosas. Gregory Knox é o orgulhoso e genial criador da Felix Felicis. – Daphne olhava-a confusa. – Uma poção para dar sorte, Daph. – A loira fez um esgar de compreensão e sorriu.


- És fantástica, sabias? Tive muita sorte em te dizer bom dia. – Riram. De repente, apercebeu-se de que encontrara em Daphne uma grande amiga. Sorriu intensamente. Lembrou-se que o seu quarto tinha duas camas e que Daphne não estava satisfeita com a camarata dela.


- Daph, tenho uma proposta para ti. – disse, sorridente.


- Que tipo de proposta?


Narcissa ia responder, mas o toque para a saída ecoou pela sala.


- Quero 40 cm de pergaminho sobre as semelhanças e diferenças entre o pó de asas de gafanhoto e as asas de varejeira para a próxima aula. Ms. Jones, faça o favor de ficar.


Daphne olhou-a assustada. Cissa riu.


- Não te preocupes. Espera por mim aí fora. – A loira assentiu e saiu da sala. Cissa pôs o saco ao ombro, esperou que o último Gryffindor saísse da sala e dirigiu-se ao professor.


- Sim, professor?


- Gostava de avisá-la, Ms. Jones, que não tolero insubordinações. Se se tornar a repetir, terei de tirar pontos à equipa e de a castigar. Entendido?


- Perfeitamente, professor Snape. Como estava a dizer à minha colega, professor, eu devo-lhe respeito, o senhor é mais velho e meu professor. – Snape olhava-a, não esperava esta resposta. Aliás, não esperava qualquer resposta. – Mas não lhe devo simpatia. O senhor tem todo o direito de não gostar de mim, mas terei de falar com o Director se me prejudicar as notas devido a esse facto. Por isso lhe disse, com todo o respeito, de que não seria mais um Harry Potter. Espero ter sido clara e que não tenha pensando que lhe estava a faltar ao respeito, porque não estava. Estava só a dizer o que penso. – rematou Cissa, olhando para o chão. Snape continuava a olhá-la, estupefacto. Recompôs-se rapidamente e falou.


- Podes ir, Jones.


Narcissa saiu sem olhar para trás. Encontrou Daphne sentada numa armadura, á sua espera. Quando a viu, correu na sua direcção.


- Então? Que te disse ele? Castigou-te?


- Calma, Daph, tivemos uma conversa e está tudo esclarecido. Não me castigou nem me tirou pontos. – a loira suspirou.


- Ainda bem. Bom, temos 10 minutos para achar a sala de Transfiguração. Temos de nos despachar.


- Vamos então.


Correram a subir até ao piso principal. A partir daí, seguiram a massa de alunos do 1º ano. Acabaram no 5º andar, num corredor largo. Cissa reconheceu-o como sendo o corredor onde estava o gabinete de Dumbledore. Desta vez, em vez de seguirem até ao fim do corredor, pararam numa das primeiras portas. A Professora McGonagall mandou-os entrar. Daphne e Cissa sentaram-se numa das filas centrais e esperaram. Assim que todos se sentaram, a professora começou.


- A transfiguração é uma das formas de magia mais complexas e perigosas que vocês vão aprender em Hogwarts. – disse. – Quem criar confusões nas minhas aulas é posto fora e não entra mais. Estão avisados.


Apôs a professora tê-los feito copiar alguns apontamentos bastante complexos, entregou a cada aluno um fósforo. O objectivo seria transformá-lo numa agulha. Cissa sabia que não teria dificuldade alguma com o exercício, mesmo tendo de utilizar uma varinha. Olhou para a professora, que certamente fora avisada em relação às suas capacidades. Esta devolveu-lhe o olhar e assentiu. Com a aprovação da professora e um trejeito tosco de varinha, Cissa transformou o fósforo numa agulha sem pronunciar qualquer palavra.


No final da aula, Cissa tinha sido a única a cumprir o objectivo do exercício, tendo sido por isso presenteada com 5 pontos para os Slytherin. Seguia agora com Daphne em direcção ao salão, visto ser hora de almoço.


- Como é que fizeste aquilo, Cissa? Eu fartei-me de tentar e só consegui tornar o fósforo pontiagudo!


- Puro talento, Daphne. – disse, brincalhona, fazendo a loira rir.


Chegadas ao salão, sentaram-se rapidamente na mesa dos Slytherin. Almoçavam calmamente, quando Narcissa é beijada na face. Vira-se rapidamente para encontrar James, sorridente.


- James, para a próxima diz 'olá', sim?


- E deixo de te surpreender? Nunca. – disse, sentando-se a seu lado. - Como foram as aulas?


- Óptimas! Tive uma conversa amigável com o Snape e… - Cissa hesitou, prestes a gargalhar.


- E o quê? – perguntou James, curioso.


- Transformei um fósforo numa agulha!


De repente, James e Cissa começaram a rir alegremente. Daphne olhava-os, confusa, e o mesmo se passava com Edwin Fowles, que acabava de se sentar à frente de Cissa.


- O que se passa com eles?


- Não faço ideia. – respondeu Daphne. – Daphne Rosier. – disse, estendendo a mão. Edwin apertou-a.


- Edwin Fowles, prazer. – disse sorrindo, olhando em seguida para James e Cissa que pareciam estar mais calmos.


- E ela sabe que… - perguntava James.


- Sabe!


- E deixou-te…


- Deixou! – respondeu Cissa, rindo.


- Mas que espécie de conversa é essa, Solomon?


- Oh, é uma coisa minha e de Narcissa. – respondeu James, começando a comer. Cissa imitou-o.


- Mais minha do que tua, James. A tua coisa é diferente. – respondeu Cissa, tornando a gargalhar, de novo acompanhada por James. Edwin e Daphne olhavam-nos estupefactos.


- Será que estão doentes? – perguntou Daphne.


- Mais importante: será que é contagioso? – retrucou Edwin.


- Por acaso... - disse James.


- ...até é. – completou Cissa. – Mas não te preocupes, és imune.


Edwin e Daphne encolheram os ombros e continuaram a comer, percebendo por fim que os amigos não iriam contar o motivo de tanta risada.


- E o que vais ter a seguir ao almoço? Não me digas que é Feitiços? – Cissa riu.


- Não sei. Daphne, que vamos ter a seguir? - A loira tirou o horário do saco e estudou-o com atenção.


- Hum…- disse, enquanto mastigava. – Defesa Contra as Artes das Trevas. E depois estamos livres.


- Óptimo! – disse Edwin. – Assim podem ir assistir ao nosso treino de Quidditch. - O rosto de Cissa iluminou-se.


- Conta comigo. Também vens, Daph? – a amiga pensou por um momento.


- Penso que não. Acho que vou ver a biblioteca. Como discutiste com o Snape, tenho de arranjar maneira de descobrir as semelhanças e diferenças entre o pó de asas de gafanhoto e não sei que mais. – respondeu, sorrindo.


- Ora, a culpa não foi minha. – Olhou em volta. O salão começava a esvaziar. Verificou o relógio. – Acho que temos de ir. Faltam 10 minutos. – Voltou-se para James. – Vocês também vêm?


- Não, temos a tarde livre. Depois encontramo-nos no campo de Quidditch.


- Ok. Ouve, James, já viste o Tom por aí?


- Sim, tive Herbologia com ele, há pouco. Porquê?


- Por nada, ainda não o vi hoje. – James riu.


- É melhor começares a habituar-te. Quando o Tom se fecha na biblioteca ou numa sala vazia a treinar um feitiço ou a ler qualquer coisa, nem o Director o consegue tirar de lá. Até se esquece de comer. – Cissa sorriu.


- Então está bem. Até logo, James, Edwin.


- Até, Cissa. – responderam ambos.


Cissa e Daphne saíram do salão rumo ao 3º andar, onde iriam ter aulas com o Professor Lupin, sendo seguidas por colegas do mesmo ano.


- Cissa? – chamou Daphne, enquanto esperavam que as escadas estivessem no sítio certo. Cissa olhou-a. – De onde é que conheces o James?


A morena olhou em frente. Se se soubesse que era uma Barclay, o dinheiro e o poder falariam mais alto e Cissa veria abertas muitas portas que era suposto ser ela a abrir sozinha, com trabalho e esforço. Posto isto, a solução seria não revelar a sua descendência. Ao contrário dos irmãos e do resto da família, raramente respondia ao apelido Barclay, preferindo utilizar o seu último nome, Jones. No entanto, poderia revelar a Daphne que James era seu primo, já que ele nem sequer partilhava o seu apelido. Além disso, e apesar de só conhecer a loira há algumas horas, sentia que ela era de confiança. Sorriu-lhe.


- James é meu primo. – Daphne fez um esgar de compreensão. Subiram as escadas.


- Por isso toda aquela afinidade. E já agora, quem é o Tom? – Cissa olhou para o chão. Não lhe queria mentir, não tinha razões suficientemente fortes para isso. Será que, se não lhe respondesse, ela se afastaria, como os outros? Bom, porque não arriscar? Não, não lhe podia contar. Talvez noutra mais tarde.


- Isso, Daphne, é uma pergunta que talvez te possa responder noutra altura.


A loira olhou-a e compreendeu que não deveria insistir. Ao contrário das expectativas de Cissa não se afastou, pelo contrário, chegou-se mais perto e entrelaçou o seu braço no de Cissa. A morena não pode deixar de sorrir. No seu íntimo, sabia ter encontrado uma amiga para a vida. De repente, lembrou-se que não fizera a proposta à amiga.


- Daph, lembras-te de te dizer que tinha uma proposta para ti? – perguntou, enquanto viravam à direita num corredor estreito. Daphne anuiu. – Então, como disseste que não gostas da tua camarata e como o meu quarto é demasiado grande para uma pessoa só…- a loira olhou-a, espantada. – Gostava de saber se te queres mudar para lá.


Cissa não esperava, de todo, aquela reacção. Daphne largou-lhe o braço e abraçou-a efusivamente ali, no meio do corredor. Cissa riu e abraçou-a de volta.


- Daphne, gostava de conseguir respirar. – disse, no meio daquele sufocante abraço. Daphne afastou-se.


- Desculpa! Oh Merlin, obrigada, Cissa! Obrigada! – ela parecia mesmo muito contente com toda a situação.


- Continuamos? Senão, vamos chegar atrasadas.


- Claro, claro. Vamos. – respondeu Daphne, apressando o passo. Faltava apenas um corredor.


- Aquele quarto tem apenas um problema.


- Qual?


- Ninguém pode lá entrar sem ser convidado. Eu já te convidei, eu sei, mas não tenho a certeza de que possas entrar lá se eu não estiver contigo. Teremos de experimentar.


- Porquê? Não tens palavra passe?


De repente, Cissa tocou-se. Convidara-a, mas esquecera-se do Dom! Tinha quase a certeza de que era a isso que Dumbledore se referia quando dissera que ela saberia como entrar. Como entraria Daphne no quarto se não possuía o Dom? Poderia falar com Dumbledore, é certo, mas e se ele não concordasse? Teria de desfazer o convite ou contar-lhe a verdade. E pela primeira vez na sua vida, Cissa estava indecisa.


- Não é bem isso. – respondeu. Nesse instante, o Professor Lupin entrou na sala, seguido dos primeiranistas dos Ravenclaw. 'Salva pelo professor', pensou Cissa. – Depois explico-te melhor. Temos de ir.


Entraram na sala e sentaram-se no final da fila da direita. Narcissa reparou que, ao contrário do que acontecera em Poções e em Transfiguração, os seus colegas estavam à vontade, talvez porque o professor Lupin tinha um ar maltrapilho e não parecia tão severo e assustador quanto a professora McGonagall e o professor Snape.


Lupin pousou a pasta em cima da mesa e olhou para os primeiranistas. Deu um olhar rápido pela sala e deixou, por momentos, o seu olhar pousar em Narcissa. Sem querer, Cissa tocou os pensamentos do professor. Deu um pequeno salto na cadeira e desviou os olhos dos de Lupin, assustada com o que acabara de ver. Quando tornou a olhar para ele, Lupin parecia aterrorizado. Certamente percebera o que Cissa acabara de fazer. Num olhar, Cissa tentou pedir desculpa e fazer Lupin perceber que não o fizera de propósito. Ele respirou fundo e sem olhar mais para Narcissa dirigiu-se aos alunos, começando a sua aula.


Cissa sentira que nunca tivera uma aula tão comprida. Lupin dera alguns apontamentos sobre a disciplina e deixara o resto da aula para conhecer melhor os alunos. Perguntava a cada um o seu nome e pequenas coisas sobre os seus tempos livres.


Faltavam 10 minutos para o toque e, sendo a última da fila, ainda não tinha chegado a vez de Narcissa. Felizmente que os Ravenclaws gostavam de falar, pensou Cissa, porque, se chegasse a sua vez, não saberia com que cara iria encarar o professor. À sua frente estavam apenas duas pessoas: um rapaz loiro e Daphne. O rapaz rapidamente despachou a conversa. Cissa arrepiou-se. Num murmúrio, pediu a Daphne que falasse devagar. Quando a loira perguntou porquê, Cissa disse que era um pouco tímida e que não gostava de falar de si. A loira não pareceu acreditar mas encolheu os ombros e acedeu ao seu pedido. Cissa olhou para o relógio. 5 minutos. Daphne falava alegremente do seu Verão em Itália, país pelo qual se apaixonara perdidamente. 'Com que então, Daphne é uma romântica! Talvez a devesse juntar com Tom.', pensou, sorrindo. A amiga continuou, falando da sua descendência francesa e dos seus pratos favoritos. 2 minutos. Cissa via a luz ao fundo do túnel quando, de repente, este desabou.


- Daphne, - disse Lupin, cortando-lhe a palavra. – temos pouco tempo. Talvez devêssemos deixar a tua colega falar também. Não que ouvir-te não seja agradável. – completou, num tom mais amigável.


- Eu tentei. – desculpou-se Daphne, baixinho. Cissa olhou-a.


- Não te preocupes. – voltou o olhar para o professor.


- Vamos lá, sem vergonhas! Como te chamas? – perguntou ele.


- Narcissa. Narcissa Jones.


- Então fala-nos de ti, Narcissa. – 1 minuto. 'Tenho de ganhar uns segundos.'


- Sou um livro aberto. O que vêem é o que eu sou. – respondeu. Só Merlin sabia como aquilo não era totalmente verdade.


-Vá lá, dá-nos uma característica tua que aches que gostaríamos de saber. – insistiu Lupin. 30 segundos. Cissa pensou por um momento.


- Sou a melhor pessoa para guardar um segredo. – Disse, olhando directamente para os olhos do professor. Um instante depois, tocava para a saída.


Cissa levantou-se e pegou no saco. Falava com Lupin? Ou ele tinha compreendido o seu olhar, a sua resposta? Suspirou. Vendo bem, o professor era bastante parecido consigo. Ambos guardavam um segredo que ninguém tinha conhecimento, excepto, talvez, o Director e os outros professores. Ambos suportavam um peso imenso nos seus ombros. Narcissa olhou para o professor, que arrumava a sua pasta. Dirigiu-se a ele e tocou-lhe no ombro.


- Professor? – ele voltou-se para ver quem falara e continuara a arrumar a sua pasta.


- Tens alguma dúvida, Narcissa?


- Não. – baixou o tom de voz. – Só queria que soubesse que não tem de se preocupar. Falei a sério quando disse que era a melhor pessoa para guardar um segredo. E quero pedir desculpa. Foi um acidente. – Suspirou. Lupin voltou-se para ela, pondo-lhe uma mão no ombro.


- Dumbledore falou-me das tuas potencialidades, assim como da pessoa que és. Nunca estive preocupado. Perdoa-me pela minha reacção, sabia que descobririas, apenas não pensei que fosse logo na primeira aula. – terminou, com um sorriso amigável. – Penso que é melhor ires. Daphne está à tua espera. – Cissa sorriu sinceramente.


- Obrigada, professor.


Voltou costas ao professor e correu até Daphne.


- Está tudo bem, Cissa? – perguntou a loira, preocupada.


- Claro que sim. Vamos? – Daphne continuava a olhar para ela, desconfiada. Preparavam-se para descer as escadas quando Daphne a parou, agarrando-a pelo cotovelo.


- Cissa, o que é que me estás a esconder? Eu sei que me conheces há pouco tempo, mas eu sou de confiança e sinto que vamos ser grandes amigas. Não tens por que me esconder nada.


Narcissa suspirou. Estava na hora. Ia contar a alguém o seu segredo. Sorriu. A sensação era boa. O vazio, a solidão, eram menores. Olhou para a amiga.


- Eu sinto o mesmo, Daphne. Muito bem, eu conto-te. Mas tens de me prometer duas coisas: que não te assustas e foges e que não contas a absolutamente ninguém.


- Prometo. Conta-me, então. – Cissa olhou em volta. Os corredores estavam apinhados de gente.


- Vens comigo ver os treinos de Quidditch dos rapazes? Lá estamos mais à vontade. Eu depois ajudo-te com o trabalho de Poções. – disse, com um sorriso.


- Ok, vamos.


Desceram rapidamente as escadas e saíram para o pátio. Percorreram os longos terrenos de Hogwarts, chegando por fim ao seu destino. James encontrava-se mais adiante, rodeado de rapazes. Cissa supôs que ali fosse a entrada para os balneários. Seguiu em frente, entrando no campo e sentando-se nas bancadas verdes e prateadas, sendo imitada por Daphne. Poucos minutos depois, os 7 jogadores içavam-se no ar, prontos para começar os treinos. Cissa observou-os por um momento, tentando procurar uma maneira fácil de contar o seu segredo à amiga. Sabia que havia a possibilidade de Daphne não acreditar e, por isso, decidir afastar-se. Era um risco que teria de correr.


Daphne olhava para a amiga enquanto esta fechava os olhos e respirava fundo, sorrindo levemente. Não fazia ideia absolutamente nenhuma do que a amiga lhe poderia estar a esconder. Apenas sabia que o escondia. E agora, ao vê-la assim, não lhe parecia que fosse uma coisa leviana que Narcissa pudesse contar assim, como se não fosse nada. Sabia que a morena tinha qualquer coisa de…especial.


- Se me perguntares o que queres saber, facilitas-me o trabalho. – disse Cissa, ainda de olhos fechados.


- Para começar, gostava que me explicasses em que consiste esse teu 'segredo'.


- Sabes que - principiou Cissa. -, alguns feiticeiros e feiticeiras, para além da sua magia e capacidades inatas, possuem outras características, outras potencialidades…outros Dons. Eu sou uma dessas pessoas. – Daphne abriu a boca de espanto. – Tenho o Dom de Victoria.


- Merlin! Não estás a brincar, pois não?


- Não, estou a falar bastante a sério. – respondeu, rindo levemente.


- Mas isso é fantástico! – A morena suspirou aliviada.


- Ainda bem que achas fantástico, apesar de não ser tão fantástico como tu achas que é. A maior parte das pessoas, quando sabe, afasta-se. Não sei se por medo ou por inveja.


'Some people are unkind
To those who see things different


- Bom, eu não sou como as outras pessoas, Cissa. Somos amigas. – Cissa sorriu. – E não te preocupes, a minha boca é um túmulo.


With a little bit of help from up above
And a sprinkling of love
We can break these chains
We will end these days'
(Lonely Road – The Red Jumpsuit Apparatus)


- Obrigada, Daphne. – a loira sorriu. Houve uma pequena pausa em que Daphne assimilava a informação e Cissa curtia a sensação de liberdade e alívio que a percorria.


- Que poderes adicionais te dá o Dom?


- Lembras-te do fósforo em Transfiguração?


- Sim, claro, foste a única que o conseguiu transformar em alfinete.


-Exacto. – Daphne ficou ligeiramente confusa.


- Exacto? – Cissa riu.


- O dom faz com que eu não precise de uma varinha para realizar feitiços. Nem sequer necessito de falar ou dizer determinada palavra. Basta-me exprimir o desejo mentalmente. Eu sei que me viste usar uma varinha. – Disse Cissa, prevendo o que a amiga lhe ia responder. – Faço-o por necessidade, para manter o segredo. Se tivesses visto o que eu fiz com ela…não tenho o menor jeito para a utilizar.


- E consegues fazer qualquer coisa? Qualquer feitiço?


- Até hoje, sim. – Daphne estava extasiada. – Não fiques assim tão contente. Não há bela sem senão.


- E qual é o senão?


- O meu poder parece ser ilimitado, mas a minha energia não é.


- O que é que isso quer dizer? – Cissa olhou em volta. Como explicar?


- Olha para ali. – respondeu, apontando para a torre dos Gryffindor. – Estás a ver a torre?


- Obviamente.


- Eu tenho poder para a destruir. – Daphne voltou rapidamente a cabeça para a amiga, chocada. Cissa leu-lhe os pensamentos. – Daphne! Como podes pensar semelhante coisa? Eu nunca destruiria parte de Hogwarts! Foi só um exemplo!


- Bom, disseste que tinhas poder para a destruir e eu…


- E tu não me deixaste a acabar a frase! – interrompeu Cissa. Suspirou. – O que eu quis dizer foi que tenho, efectivamente, poder para a destruir. Não o quero fazer, claro, mas mesmo que quisesse, não podia.


- Porquê?


- Porque a minha energia não seria suficiente. Daphne, eu sei que em muitas coisas não pareço, mas a verdade é que tenho 11 anos.


- Eu sei, mas pareces tão…não quero dizer velha, porque não é bem isso. – Cissa riu.


- O meu tio Aled chama-me 'A Que Tudo Vê', mas eu já desisti de arranjar uma palavra que me defina.


Houve um pequeno silêncio. Cissa olhou para Daphne e viu-a de olhos semicerrados, claramente concentrada em alguma coisa.


- Tenho duas perguntas.


- Dispara.


- Primeira: 'A Que Tudo Vê?' Não compreendo.


- Ele chama-me assim porque para além deste poder de que te falei, consigo ler pensamentos.


- O QUÊ? – Daphne gritou tão alto que os jogadores lá em cima olharam para elas, assustados. Cissa fez sinal a James para que não se preocupasse e os treinos prosseguiram. A morena olhou para a amiga, seriamente.


- Ora, não me podes dizer isso e esperar que não me espante! – defendeu-se a loira.


- Podias espantar-te um pouco mais baixo, não? – Repreendeu Cissa.


- Ok, desculpa. Mas explica-te, se fazes favor!


- Não há como explicar. É exactamente isso. Consigo ler os pensamentos das outras pessoas.


- Como? Como é que o fazes?


- Não sei. Só sei que preciso de olhar as pessoas nos olhos para o poder fazer.


- Então, ainda há pouco….


- Li os teus. Pensaste, e passo a citar: ' Oh meu Merlin, ela vai destruir a torre dos Gryffindor!' – Daphne corou levemente.


- Para isso, de ler pensamentos, não precisas de te preocupar com a energia, pois não? – Cissa riu.


- Nunca tinha pensado nisso. Mas não, penso que não. Terei de perguntar à minha avó.


- O que me remete para a minha segunda pergunta: mais alguém da tua família possui o Dom?


- A minha avó Cecília. O Dom de Victoria passa de avó para neta há muitas gerações, na minha família.


- Então nunca tiveste problemas em compreender o teu poder.


- Até agora não. Claro que a minha avó diz que sou muito nova, que o que compreendo agora, daqui a 2 anos já não será igual. Não acreditei nela, sabes, quando ela me disse isto pela primeira vez.


- E porque não?


- Porque achava que, apesar das circunstâncias mudarem, eu iria ser sempre a mesma pessoa e, portanto, ter sempre as mesmas crenças e convicções, as mesmas opiniões e os mesmos gostos. Descobri mais tarde que são as circunstâncias - o ambiente, o tempo, as pessoas que me rodeiam - que fazem de mim a pessoa que sou e portanto, pelo mesmo raciocínio, tudo aquilo em que acredito e gosto pode sofrer alterações. Causa, efeito. Compreendes? – Daphne não parecia muito esclarecida. – Queres um exemplo? – A loira anuiu. – Vim para Hogwarts. Vi-te a ser seleccionada para os Slytherin e, por seres da minha equipa, fixei o teu nome. Como fixei o teu nome, hoje disse-te bom dia. Devido a esse facto, conversámos, ficámos amigas. Por termos ficado amigas, contei-te o meu maior segredo, coisa que nunca tinha feito fora do seio da minha família. Por te ter contado, sinto-me menos sozinha. Percebes agora? Se não tivesse vindo para Hogwarts nunca te conheceria e, por isso, nunca te contaria o meu segredo e continuaria a sentir-me sozinha. Causa, efeito. As circunstâncias mudam, tudo muda. E se queres saber, acredito que o facto de te ter contado vai mudar muita coisa.


- Como o quê? – Cissa encolheu os ombros.


- Isso não sei. Teremos de esperar para ver.


Agora que já contara tudo a Daphne, sentia-se muito mais leve, mais livre, mais forte. Percebeu que já não se sentia tão sozinha. Tinha Tom e James por perto, e agora Daphne, que aceitara e abraçara o seu Dom sem qualquer problema.


- Narcissa! Narcissa! Queres vir voar um pouco? – Chamava James, lá do alto.


- Não tenho a minha Cleansweep aqui! – volveu Narcissa. James riu.


- Não creio que isso seja um problema para ti! – Cissa sorriu para o primo.


- Ok, dá-me uns minutos!


- Não te demores!


Cissa olhou Daphne, como que pedindo autorização. Daphne suspirou.


- Sabes que terei mais uma saraivada de perguntas para te fazer depois, não sabes? Mas suponho que adorarás responder a maior parte delas. – Cissa riu.


- Porquê?


- Porque vão ser sobre Quidditch. Temos a primeira lição de voo amanhã de manhã. – respondeu sem entusiasmo. Cissa olhou-a, espantada.


- Estás a dizer-me que nunca voaste? – Daphne corou. - Parece que a educação francesa não inclui lições de voo. – comentou, rindo.


- Narcissa, não me gozes. Sempre tive um pouco de medo de vassouras.


- Não devias. Voar é uma das melhores sensações do mundo. Sempre que voo sinto-me livre, como se neste universo só existisse eu, o céu e a minha vassoura.


- Cissa! Anda! – tornou a gritar James.


Cissa esticou o braço esquerdo na direcção do castelo. Daphne olhava-a com uma sobrancelha erguida.


- Cissa…que estás a fazer?


- Estou à espera.


- À espera de quê?


Poucos segundos depois de Daphne ter feito a pergunta, a Cleansweep Onze de Narcissa rasgara os céus e acabara na não esquerda da dona.


- Disto. – respondeu, alegremente. – Tens a certeza de que não queres experimentar? Eu ajudo-te. – Daphne levantou-se, recuando e dirigindo-se às escadas.


- Tenho a certeza absoluta. Acho que vou voltar para a sala comum.


- Então encontramo-nos depois. Até logo, Daph!


Após a despedida, Cissa montou a sua vassoura e, com um impulso, subiu pelo ar de encontro a James. Enquanto dava umas voltas de aquecimento, pensava no seu dia até ali. Tivera um pequeno desentendimento com Snape e transformara um fósforo num alfinete. Tudo isto antes da hora de almoço! À tarde, conhecera Lupin e descobrira a sua condição. Por fim, contara a Daphne sobre o Dom.


Se analisasse bem a situação, o que podia dizer? O seu conto de fadas tinha agora novos personagens. Sendo Narcissa a princesa, precisava de ter uma educação digna de tal, por isso viera para aquela prestigiada escola. Em Hogwarts conhecera a Preceptora Severa, que lhe mandara fazer uma colcha a partir de retalhos. Conhecera também o Homem-Lobo (porque nos contos de fadas não se diz 'lobisomem'), que tinha a capacidade de se tornar num lobo aquando da lua cheia; e o Conselheiro Malvado: assustador mas, lá no fundo, apenas triste. E é claro que, como em todos os contos de fadas, conhecera a sua aia, a sua amiga, uma espécie de fada madrinha de escalão inferior. E o que foi que dissera a Daphne? Causa, efeito.


Se as circunstâncias mudarem, tudo pode também mudar.



 


N/A: UM GIGANTE! Sim, eu sei. Mas nestes primeiros capítulos é necessário. Depois começam a ficar mais pequenos, prometo :D


Ah, Mr. Gregory Knox é uma completa invenção minha. Ainda fui procurar na Wikia, mas não é conhecido o inventor da fabulosa Felix. Portanto, aqui a je deu-lhe um nome (sem qualquer significado importante. Olhei para a estante dos livros aqui ao lado e tirei estes dois nomes de livros distintos. É só técnicas xD)


Lovee,
~ Nalamin







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