A conversa séria
Assim que o ruivo parou o carro no estacionamento do hospital trouxa saiu correndo em direção do prédio. Luna, que estava junto, o seguiu.
- Espero que ela esteja bem! – parou e frente da porta de vidro – Se alguma coisa acontecer com ela ou com o bebê, nunca mais vou me perdoar.
- A culpa não foi sua Rony! – ela segurou a mão dele com força.
- Mas fui eu quem sugeriu que ela fosse conversar com o Harry! – passava as mãos pelos cabelos, fazendo com que ficassem totalmente bagunçados – Não devia ter feito isso.
- Como você ia adivinhar que o Harry teria uma reação dessas – tentava acalmá-lo – Agra vamos entrar, precisamos saber como está a Mione.
Foram caminhando até a recepcionista, que digitava alguma coisa no computador a sua frente.
- Boa tarde! – cumprimentou a mulher que logo se virou para o casal – Eu gostaria de saber informações sobre uma paciente.
- Qual é o nome dela? – perguntou voltando a olhar para a tela.
- Hermione Weasley – disse rapidamente – Ela chegou aqui hoje a algumas horas.
- Está certo! – digitou alguma coisa antes de virar-se novamente – O senhor é o que dela?
- Sou o marido dela! – parecia ligeiramente irritado com o número de perguntas.
- A senhora Weasley está fazendo alguns exames nesse momento e eles podem demorar um pouco – explicou de uma maneira bastante monótona – Logo o médico irá autorizá-la a receber visitas.
- Está bem! – respirou um pouco mais aliviado – Vamos esperar ali – apontou para os sofás que estavam um pouco mais adiante.
Caminharam até lá e se sentaram, um lado do outro.
- Agora tudo o que nos resta fazer é esperar! – a loira deitou a cabeça no ombro do homem.
- É isso mesmo! – fechou os olhos por alguns minutos como se tentasse descansar – Temos que esperar e rezar.
Ficaram esperando por mais de meia hora, quando de repente alguém entrou pela porta principal e Rony se virou para ver quem era.
- Papai! - a garotinha saiu correndo em direção ao ruivo.
- Oi minha princesinha – pegou a filha no colo e deu um beijo rápido em sua bochecha – Você se comportou direitinho na casa dos seus avós?
- Sim! – parecia bastante feliz ao dizer isso – Eu brinquei muito lá.
- Que maravilha! – colocou a menina sentada entre ele e Luna e ficou passando a mão por seus cabelos.
- Onde está a mamãe? – ela quis saber – Vovó me disse que vínhamos aqui vê-la! Onde ela está?
- Logo você vai vê-la – explicou – Ela está um pouco ocupada agora.
Julie pareceu se convencer com essa resposta e não perguntou mais nada. Nesse momento o senhor e a senhora Granger se aproximaram deles.
- E então? - o homem perguntou para o genro – Como ela está?
- Ainda não sabemos! – suspirou pesadamente – Estamos aqui esperando.
- Foi nesse momento que um homem, vestindo branco, surgiu em uma porta de madeira que ficava do outro lado da sala, caminhou até a secretária e falou alguma coisa com ela. Depois caminhou até aquele grupo de pessoas.
- Vocês que estão esperando noticias da senhora Hermione Weasley? – ele aparentava estar bastante cansado.
- Sim! – Rony se levantou rapidamente nesse momento – Como ela está? E o bebê? Por favor, doutor, diga que eles vão ficar bem.
- Não se preocupe! – sorriu tentando tranqüilizá-lo – Eles estão bem. Ela só teve um pequeno sangramento, nada muito grave, mas precisara ficar em repouso o resto da gestação e não poderá passar por fortes emoções.
- Quanto a isso pode ficar tranqüilo! – foi a senhora Granger quem disse – Farei de tudo para que Hermione fique bem tranqüila.
O médico balançou a cabeça afirmativamente.
- Podemos vê-la? – o ruivo perguntou mais uma vez.
- Claro! – disse – Mas não todos de uma vez, ela precisa de descanso.
- É melhor vocês irem primeiro! – o homem virou-se para os sogros – Ela vai gostar de vê-los.
Os dois balançaram a cabeça afirmativamente, quando estavam seguindo o médico, Julie se levantou e foi atrás deles.
- Eu também quero ir ver a mamãe! – pediu enquanto puxava a barra da calça da avó.
- Ela pode ir também! – o homem falou enquanto voltaram a andar desaparecendo atrás da porta.
O outro casal ficou esperando por mais vinte minutos, até que os pais de Hermione apareceram novamente.
- Vocês podem ir até lá! – o senhor Granger disse – Ela quer muito ver vocês.
- Está bem! – o outro se levantou – Onde está Julie?
- Ficou lá com a mãe! – respondeu – Nós temos que ir embora, pois surgiu uma emergência em nosso consultório. Poderiam ler var Julie para nossa casa depois?
- Claro! – responderam ao mesmo tempo.
- Quando chegaram ao quarto em que os outros dois indicaram, abriram imediatamente. Encontraram Hermione deitada na cama e a menina ruiva estava sentada em uma cadeira em frente a ela e contando alguma coisa muito divertida.
- Oi Rony! Oi Luna! – a morena sorriu ao vê-los – Que bom que vocês puderam me ver.
- Não podia deixar de estar aqui! – ele se aproximou da esposa e segurou sua mão – Você nos deu um grande susto sabia?
- Desculpe-me – riu sonoramente nesse momento – Prometo que nunca mais faça isso.
- Acho bom mesmo! – fingiu-se de bravo para dar uma “bronca” nela – Todos nós sentíramos sua falta se algo te acontecesse.
O silêncio se seguiu dentro do aposento durante vários minutos.
- E o Harry? – finalmente, a mulher teve coragem de perguntar – Ele sabe o que aconteceu?
- Julie! – a loira se aproximou da garotinha e se abaixou para ficar na mesma altura dela – O que você acha de irmos até a lanchonete comer alguma coisa? Eu posso te pagar um sorvete.
- Eu posso? – lançou um olhar piedoso a mãe.
- Claro! – percebeu que a intenção era tirar Julie de dentro do quarto – Mas só um sorvete, se não você vai ficar gripada. E vocês duas, se comportem.
- Pode deixar! – disseram ao mesmo tempo enquanto saiam do local.
- E então? – começou alguns minutos depois de alguns minutos – O que você tem para me dizer sobre o Harry?
- Eu tentei ligar para ele assim que me ligaram do hospital – explicou enquanto se sentava na cadeira em que a filha estava há alguns minutos – Disseram que ele pediu para não receber nenhuma ligação.
- Eu já imaginava isso – pareceu bastante triste nesse momento – Já sabe que ele vai voltar para Nova York?
- Sim! – balançou a cabeça afirmativamente – Lupin me mandou uma carta dizendo isso um pouco depois daquela primeira. Não me importei porque pensei que você fazê-lo mudar de idéia, dizendo que esse bebê é dele.
- Isso me lembra que vou ter que cria-lo sozinho! – passou a mão delicadamente por cima de sua barriga – Ainda bem que eu tenho os meus pais e a Julie.
- Não se esqueça de mim! – colocou sua mão por cima da dela – Mesmo nosso casamento tendo acabado e esse bebê não sendo meu, saiba que sempre estarei aqui para ajudá-la.
- Obrigada Rony! – sorriu ao dizer isso – Fico muito feliz em saber que tenho um amigo como você.
Nesse momento ela começou a chorar, o que deixou o ruivo bastante nervoso.
- Por favor, Mione! – a abraçou de maneira protetora – O médico disse que você não pode passar por emoções fortes, pode fazer mal para o bebê.
- Eu sei disso! – enxugou algumas lágrimas que estavam em seu rosto – Mas é que eu pensei que tudo estava começando a se resolver e eu e o Harry finalmente seriamos felizes, só que deu tudo errado.
- Ainda tem uma maneira de essa história acabar com um final feliz – sorriu para ela de maneira carinhosa – Posso tentar falar com o Harry e dizer que ele está sendo teimoso.
- Eu agradeço Rony! – ficou muito contente por ele ter proposto isso – Mas eu duvido que ele te receba hoje.
- Eu não disse que iria lá hoje, ele ainda está de cabeça quente – explicou – Eu estava pensando em ir até Nova York daqui a alguns dias para podermos conversar.
- Você faria mesmo isso por mim? – ela voltou a chorar, dessa vez de felicidade – Iria até Nova York falar com o Harry?
- Mas é claro! – confirmou – Você e Harry merecem ser felizes e eu me sinto um pouco responsável por isso ainda não ter acontecido, é a minha maneira de me redimir.
- Obrigada Rony! – o abraçou com mais força ainda – Pode ter certeza de que eu vou me lembrar disso para sempre.
Continuaram abraçados, até que a porta do quarto foi aberta novamente e uma enfermeira entrou.
- Desculpe interromper – disse parecendo um pouco constrangida – Mas é que o horário de visitas acabou e a senhora Weasley precisa descansar.
- Então eu já vou, preciso mesmo procurar a Luna e a Julie! – se aproximou de Hermione e deu um rápido beijo em sua testa – Pode deixar que eu te aviso antes de viajar.
- Está bem! – sorriu antes de vê-lo ir embora.
Uma semana havia se passado desde aquela tarde no hospital. Rony estava sentado na sala e falava com alguém no telefone, no momento em que desligou o aparelho, a loira apareceu.
- E então? – se sentou ao lado dele e deu um rápido selinho em seus lábios – Como a Mione está?
- Ótima! – respondeu bastante animada – Ela voltou para casa hoje e vai seguir as recomendações do médico, isso é, se a Julie deixar.
- Você tem razão! – riu ao pensar nesse detalhe – O que acha de trazermos a Julie para ficar aqui em casa, pelo menos até o bebê nascer, assim a Mione não se cansa por causa dela.
- Acho uma ótima idéia – se levantou e pegou a pequena mala que estava ao seu lado - Quando voltar da minha viagem podemos conversar isso com elas.
- Está bem! – se levantou também – Tem certeza que não quer que eu vá com você até o aeroporto?
- Não se preocupe meu amor! – foi caminhando até a porta – Não quero que você tenha trabalho.
- Nesse caso! – riu antes de beija-lo – Boa viagem! E boa sorte!
A viagem até os EUA foi bastante cansativa, quando ele chegou à Nova York foi direto para o hotel dormir.
No dia seguinte, o ruivo pegou um táxi que o deixou onde ficava o ministério da magia americano e, logo, estava dentro do prédio. Foi até penúltimo andar, onde ficava a seção de aurores.
- Eu gostaria de falar com Harry Potter! – pediu quando avistou uma mulher sentada em uma cadeira em frente aos elevadores.
- Quem deseja falar com ele? – perguntou casualmente.
- Aqui é Ronald Weasley! – respondeu – Sou o vice-ministro da magia da Inglaterra.
Ela se levantou rapidamente e entrou na porta que ficava bem ao lado, retornou menos de cinco minutos depois.
- O senhor Potter vai recebê-lo! – disse assim que reapareceu – Por favor, pode entrar!
Seguiu por um imenso corredor até a encontrar o amigo que estava esperando por ele.
- Oi cara! – o cumprimentou com um aperto de mão – O que o trás aqui?
- Eu precisava muito falar com você! – entrou na sala e se sentou na cadeira indicada pelo moreno – É um assunto urgente.
- Foi Lupin que te mandou aqui – perguntou enquanto se sentava em frente ao outro – Deixei alguma pendência lá no ministério?
- Na verdade não tem nada a ver com o trabalho! – explicou parecendo bastante receoso – É sobre a Mione?
- O que tem a sua esposa? – se levantou e caminhou até a janela onde ficou observando o movimento de carros – Ou melhor, sua ex-esposa. Soube que vocês se separaram, realmente sinto muito.
- Não é para falar sobre o meu casamento que eu vim aqui! – pareceu um pouco irritado naquele momento – O assunto aqui é: Você e ela.
Os dois permaneceram em silêncio por alguns minutos.
- Soube o que aconteceu? – o de olhos verdes balançou a cabeça negativamente – Ela passou mal, teve até que ir para o hospital.
- E o bebê? – tinha um tom de preocupação nesse momento.
- Está bem! – disse fazendo o outro respirar aliviado – Mas ela quase o perdeu.
- Mesmo depois de tudo que aconteceu, esse bebê ainda é meu filho – voltou a falar depois de alguns minutos – Me preocupo com ele.
- Então deveria pensar um pouco mais na Mione! – seu tom de voz estava um pouco alterado – Tudo isso foi sua culpa.
- Como assim! – perguntou, também um pouco alto demais.
- Ela passou mal depois que conversou com você aquele dia no hotel – contou – Depois que vocês discutiram.
- Eu tive motivos para isso! – parecia um pouco envergonhado, mas mesmo assim não parou de falar – Você resolveu pedir o divorcio então ela acha que pode ir tentando voltar para mim como se eu estivesse somente esperando. Ela tem que saber eu a vida não pode ser só como ela quer.
- Não foi dessa maneira que aconteceu – seu rosto estava vermelho de tanto gritar – Ela sempre te amou, sempre quis ficar com você, mas acontece que ela estava pensando primeiro em mim e na Julie, pois era o que ela achava ser certo.
Harry continuou em silêncio pensando em todos os momentos que teve ao lado daquela mulher, a mulher que ele amava e que sempre iria amar. Deixou uma pequena lágrima cair pelos seus olhos, mas limpou antes que o amigo percebesse.
- Volta para Londres! – pediu pela última vez – Volta para perto da mulher que você ama e do seu filho que vai nascer daqui a alguns meses.
- Eu não sei cara! – estava encarando os próprios sapatos – Eu preciso pensar em algumas coisas antes.
- Ótimo, faça como você quiser – se levantou para ir embora – Mas depois, não diga que eu não avisei – saiu da sala batendo na porta com bastante força.
O homem se aproximou de sua mesa e ficou encarando um copo com água que havia ali em cima. Depois, segurou e tacou com bastante força na parede.
- Por quê? – sentou-se e colocou as duas mãos em cima do rosto enquanto deixava as lágrimas escorrerem livremente pelos seus olhos – Por que eu não consigo esquecê-la?
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!