Verdades
Rony passou as duas ultimas semanas pensando muito no que tinha acontecido naquela tarde. Não conseguia encarar a esposa nem a filha, por mais que as duas tentassem, e quase todos os dias recebia corujas de Luna, mas nem as lia, queimava os pergaminhos na mesma hora.
Será que tudo que dizia sentir por Hermione era apenas uma ilusão? Poderia dez anos de um casamento feliz e dois filhos como resultado serem apenas um erro? O ruivo não conseguia acreditar que isso poderia ser verdade.
Foi em uma manhã de sábado, enquanto tomava banho, que ele percebeu: amava Luna e queria viver o resto de sua vida com ela. Precisava admitir isso para a “amiga” imediatamente, então resolveu ir até a casa dela, mas quando estava passando pela sala de jantar, Hermione e Julie, que estavam tomando café da manhã, o viram.
- Rony! – a mulher gritou, fazendo com que parasse – Aonde você vai a essa hora da manhã?
- Recebi uma carta do ministério! – foi a primeira desculpa que veio na sua cabeça – Lupin quer me ver imediatamente.
- Então toma o café primeiro! – pediu mostrando a mesa bem a frente deles – Não vai conseguir se concentrar no trabalho sem se alimentar.
- É papai! – a garotinha disse, parecendo bastante animada – Esta tudo uma delicia.
- Obrigado! – balançou a cabeça negativamente – Mas eu não estou com fome.
Saiu rapidamente em direção a porta, mas não reparou que sua esposa foi atrás.
- Você não vai me dizer o que está realmente acontecendo? – perguntou, quando conseguiu alcança-lo e segurou o seu braço – Têm semanas que você está estranho. Sou sua esposa, pensei que confiasse em mim.
- Você tem razão! – não conseguia encarar a morena naquele momento – Mas essa não é a melhor hora, conversarmos sobre isso quando eu voltar.
- Está bem! – parecia um pouco desconfiada, mas mesmo assim aceitou.
Correu bastante com o carro e não entendia como não levou multa. Assim que chegou ao prédio da loira, não conseguiu esperar o elevador, subiu de escada mesmo. Tocou a campainha cerca de dez vezes até a porta ser aberta.
- Rony! – a mulher o olhava bastante espantada, parecia que havia acabado de acordar – O que você está fazendo aqui?
- Preciso conversar com você? – disse rápido demais – Será que eu posso entrar.
- Claro! – deu espaço para que o ruivo entrasse - Vou fazer café, que uma xícara?
- Sim! – balançou a cabeça afirmativamente – Para falar a verdade eu ainda não comia nada hoje..
Ela sorriu antes de ir para a cozinha.
Em menos de dez minutos, a mesa já estava cheia de torradas, algumas geléias e duas xícaras cheias de café.
- Agora você pode me dizer o que tinha de tão urgente para conversar comigo – começou enquanto pegava um pouco de geléia de amora - Mas eu peço que seja rápido, preciso estar no St Mungus em duas horas e ainda preciso me arrumar.
- Eu prometo que não vou demorar – sorriu – E se você quiser, posso te dar uma carona.
Ela não disse nada, apenas mordeu um pedaço da sua torrada.
- Está bem! – estava bastante nervoso naquele momento – Luna, eu pensei muito desde aquele dia e percebi que também te amo.
A loira não conseguia dizer nada, apenas o olhava chocada.
- Eu não sei se você ainda quer alguma coisa comigo depois de ter ignorado as suas cartas – continuou, agora bastante rápido – Mas eu estou disposto a lutar, a lutar para termos uma vida feliz juntos.
- Mas e a Mione? – perguntou – Vocês ainda estão casados e vão ter um bebê.
- Vou conversar com ela ainda hoje – explicou – Percebi que confundi meus sentimentos por ela. Amo-a muito, mas somente como minha amiga.
- Ainda acho melhor você esperar um pouco antes de fazer isso – tentava ser bastante racional, embora seu coração mandasse se atirar nos braços daquele homem – Da mesma maneira que você se confundiu seus sentimentos pela Mione, pode ter acontecido o mesmo em relação a mim.
- Eu tenho certeza de que não estou me confundido – segurou rosto da loira e deu um rápido beijo em seus lábios – Meu coração sempre bate mais forte quando te vejo e eu quero estar sempre ao seu lado, nunca poderia sentir isso por alguém que está destinada a ser apenas minha amiga.
- Eu também sinto o mesmo em relação a você – o beijo mais uma vez – Acho que podemos mesmo ficar juntos, tenho certeza de que isso vai dar certo.
- O que acha de comemorarmos isso então? – a puxou para mais perto e voltou a beijá-la – Podemos namorar um pouco e depois eu posso te deixar no St Mungus.
- Acho melhor não! – o empurrou levemente – Prefiro que você vá contar a verdade para Mione antes de qualquer coisa. Não vou sossegar antes disso.
- Está bem! – se levantou e foi caminhando em direção a saída – Tudo para te fazer feliz.
- Vai até o hospital conversar comigo assim que resolver tudo! – abriu a porta para o ruivo e deu um rápido selinho de despedida nele – Eu te amo!
- Eu também! – respondeu antes de ir embora.
Não demorou muito para chegar em casa. A sala de estar estava totalmente vazia, então subiu para o seu quarto onde encontrou a esposa lendo um livro.
- Como a reunião foi rápida! – ela observou sem retirar os olhos da sua leitura – Pensei que você só fosse chegar em casa na hora do almoço.
- Não era um problema tão grande e conseguimos resolver rapidamente – explicou – Onde está a Julie.
- Minha mãe veio buscá-la para que fosse almoçar com ela e com o meu pai – contou – Queriam que eu fosse também, mas estava um pouco enjoada e preferi ficar em casa – passou uma das mãos pela barriga.
- Ainda bem que ela não está aqui – tinha um tom de voz bastante sério – Preciso conversar algo sério com você.
- O que é? – ficou ligeiramente preocupada – Aconteceu alguma coisa?
- Na verdade sim! – sentou-se na beirada da cama e segurou as duas mãos da morena, que estavam geladas – Mione, você sabe que temos um casamento feliz de dez anos e dois filhos também? – a viu balançar a cabeça afirmativamente – E passamos por algumas dificuldades nesses últimos meses mais a nossa história juntos sobreviveu a tudo?
- É claro que sim! – sentiu-se mal a admitir isso, pois ainda continuava confusa a respeito de tudo que aconteceu – Mas aonde você quer chegar com tudo isso.
- Eu quero o divorcio! – disse de uma vez antes que se arrependesse – Você desistiu do Harry, o seu grande amor, por minha causa, e eu na fui totalmente sincero com você.
- Como assim? – quis saber.
- Eu te trai com a Luna! – respondeu, sem conseguir encarar Hermione naquele momento – E agora descobri que estou apaixonado por ela, que sente o mesmo, e queremos ficar juntos.
- Tudo bem! – ela o abraçou com muita força – Você é meu melhor amigo, tudo que eu quero é seja feliz.
- Fico feliz com isso! – se afastou um pouco dela – Vou procurar um lugar para morar com a Luna, enquanto isso, vou ficar na Toca e ela continua no apartamento dela. Não é justo tirar você e a Julie daqui.
- É claro que eu não vou te deixar fazer isso, você e Luna vão morar aqui – achou tudo aquilo um grande absurdo – Eu e Julie podemos ficar na casa dos meus pais, tenho certeza de que eles vão adorar ter a gente por perto.
- Está bem! – aceitou – Mas saiba que sempre que vocês quiserem vir aqui, serão muito bem vindas. Essa casa também é sua, nós a escolhemos juntos.
A mulher sorriu, mas logo se desmanchou ela começou e encarar os próprios pés, em seguida, começou a chorar.
- O que houve Mione? – abraçou bastante preocupado.
- É que você está sendo ta legal comigo – começou enquanto enxugava as lágrimas do rosto – Está me contando toda a verdade, enquanto eu não estou sendo totalmente sincera com você.
- Como assim? – ele a olhou – Você quer me contar algo agora?
- Sim! – balançou a cabeça afirmativamente antes de começar a falar.
Foi nesse momento em que ela contou toda a verdade ao marido. Uma verdade que estava presa em sua garganta há meses. Chorou muito por causa disso, mas tinha seu grande amigo para apoiá-la.
- Acho que você devia ir falar com ele agora! – sugeriu depois de alguns minutos – O Harry vai gostar de te ver.
- Tenho certeza de que ele deve estar muito chateado comigo – parecia bem mais triste nesse momento – Acha que eu já fiz a minha escolha, e foi você.
- Por isso mesmo que você deve ir falar com ele! – passou a mão pelos cachos da morena – Vai dizer é com ele que você quer ficar.
- Vou fazer isso! – se levantou rapidamente e bastante decidida – Mas, eu não sei para onde ele foi. Existem milhões de hotéis em Londres, nunca vou encontrar o certo.
- Lupin sabe onde ele está! – respondeu lembrando-se disso naquele minuto – Os dois têm conversado por causa do trabalho do Harry. Posso mandar uma coruja para ele perguntando.
E foi o que ele fez, em dez minutos já estava com a resposta na mão, o que alegrou muito Hermione.
- Eu vou até lá ainda hoje! – começou a retirar suas coisa de dentro do armário – Mas antes vou levar as minhas coisas e as coisas da Julie para a casa dos meus pais.
- Está bem! – Rony abraçou a amiga com bastante força – Espero que de tudo certo, vocês dois merecem ser felizes, já passaram por muitos problemas.
- Obrigada! – estava à beira das lagrimas novamente.
Não levou todas as coisas naquele momento, somente o essencial, sabia que não precisaria ter pressa com a mudança.
Assim que chegou a casa da família Granger, contou aos pais o que havia acontecido e eles disseram que elas poderiam ficar o tempo que fosse preciso, depois foi falar somente com Julie (e, é claro, escondeu alguns fatos).
- Que legal! – a menina exclamou de felicidade – Se nos vamos ficar um tempo aqui, poderei ir à pracinha sempre que eu quiser.
- Sim minha querida! – passou a mão pelos cabelos vermelhos da filha – Você vai poder sim.
- Papai vai vir para cá também? – viu a mulher balançar a cabeça negativamente – Por que não? Onde ele vai estar?
- Vai continuar na nossa casa – tentou explicar da maneira mais simples possível – É uma história muito complicada, quando você for mais velha vai entender.
A menina suspirou pesadamente, detestavam quando ouvia isso de alguém.
- Agora eu tenho que sair, vou resolver uns assuntos! – se levantou e pegou a sua bolsa – Estarei de volta antes do jantar.
Quando chegou a porta do hotel indicado por Lupin, o seu coração estava batendo mais rápido que o normal, mas sabia que precisava ficar calma. Entrou no local e caminhou até a recepção.
- Boa tarde! – disse para a mulher que estava sentada na frente do computador – Eu gostaria de falar com Harry Potter, quarto 1008.
- Quem deseja? – perguntou enquanto retirava o telefone do gancho.
- Hermione...! – pensou um pouco antes de falar o seu sobrenome – Hermione Granger!
Ela passou algum tempo falando com alguém do outro lado da linha (a quem estava chamando de Harry) e depois desligou, voltando-se para a morena.
- Está tudo certo! – sorriu ao dizer – A senhora já pode subir.
Agradeceu antes de se dirigir para o elevador. Quando chegou ao 10º andar, nem precisou tocar a campainha, o homem a esperava.
- Olá Hermione! – a cumprimentou de uma maneira muito fira – O que devo a honra da sua visita senhora Weasley.
- Por favor, não me chame mais assim! – pediu enquanto se sentava em um sofá que havia dentro do quarto – Eu e Rony vamos nos divorciar.
- Eu sinto muito em saber disso! – fingiu se importar – Mas e agora, como você vai cuidar dos seus filhos, principalmente desse bebê que vai nascer?
- Não seja sarcástico Harry! – também estava com um tom de voz bastante frio – Você sabe muito bem que esse filho é seu, sei que não consegui te enganar.
- Mas era o que você queria! – agora estava gritando – Era o que queria que todos acreditassem.
- Mas agora eles vão saber a verdade! – disse – Já contei a verdade para o Rony.
- Se foi só para isso que você veio aqui – foi até a porta e a abriu com bastante raiva – Pode ir embora.
- Mas quando ao nosso filho? – começou a passar a mão pela barriga – Não vai fazer nada a respeito disso?
- Não sou tão ruim assim – sentou-se novamente – Darei meu nome ao bebê e te mandarei dinheiro da pensão.
- E quanto a nós dois? – segurou a mão dele – Você não quer ficar mais comigo?
- Eu te amei muito, não deixei de pensar um minuto em você quando estava em Nova York – se afastou da morena – Eu ainda te amo, mas você já teve a sua chance, não estou a sua disposição para você me ter a hora que quiser.
- Mas agora é diferente! – estava começando a chorar – Eu quero você, estou disposta a construir uma vida ao seu lado.
- Mas eu não quero mais, é por isso que eu vou embora – viu a cara de espanto da mulher ao ouvir isso – Exatamente, vou voltar para Nova York e trabalharei no ministério de lá. Já acertei tudo com Lupin, viajo amanhã.
Hermione ainda queria falar mais coisa, mas foi expulsa do local. Durante o trajeto do elevador não conseguia parar de chorar e isso estava deixando um pouco enjoada.
Quando chegou ao saguão, começou a enxergar tudo preto, não tinha idéia do que estava acontecendo.
- A senhora está bem? – a recepcionista perguntou se aproximando dela.
Ela nem teve tempo de responder, pois desmaiou segundos depois. Foi então que a outra mulher reparou no sangue que escorria por sua perna.
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