A desconfiança




Rony saiu de dentro banheiro e encontrou sua esposa ainda dormindo. Sentou-se na cama e afastou os cabelos cacheados para olhar o pescoço dela e foi descendo o rosto até tocá-lo com os lábios. Foi subindo até a bochecha e depois para a boca, dando um curto selinho nessa região.


Continuou a beijar todos os cantos do rosto da mulher, a fazendo soltar leves suspiros e a dar um sorriso leve.


- Harry! – foi um suro quase inaudível, mas não deixou de ser percebida pelo ruivo.


Ele ficou apenas encarando um ponto qualquer da parede branca, não conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir. Não era a primeira vez que isso acontecia, conseguia se lembrar como se fosse ontem a sua lua-de-mel.


 


*Flash back*


Já estava escurecendo quando eles estacionaram em frente à casa da praia, aparentava um lugar simples e totalmente feito de madeira. Desceram do carro e caminharam até porta, quando Hermione fez menção em girar a maçaneta, sentiu a mão do marido sobre a sua.


- Espera! – disse logo em seguida – Ainda falta uma coisa.


- O que é? – perguntou achando tudo muito estranho.


O homem não respondeu nada, apenas a pegou no colo antes de entrar no local. A morena ficou rindo até que foi deixada no sofá.


- Agora sim! – Rony se sentou ao lado dela – Dizem que o casamento não é bem sucedido se o noivo não carrega a noiva para dentro do lugar onde vão passar a lua-de-mel.


- Nesse caso! – deu um selinho rápido em seus lábios – Parece que vamos ter toda a sorte do mundo.


Beijaram-se profundamente, até que o ruivo foi deitando por cima da mulher no sofá e passou a beijar o seu pescoço e passar a meu pela perna dela.


- Espera Rony! – se separou dele, ainda com a respiração ofegante – Não acha melhor nós comermos algo primeiro, eu estou com fome.


- Está bem! – se levantou rapidamente – Vai até lá em cima tomar um banho enquanto eu preparo alguma coisa na cozinha.


O ruivo preparou um sanduíche rápido para eles, não queria perder mais tempo, essa noite seria mais do que especial.


Quando a mulher desceu as escadas, estava vestindo um roupão rosa. Lancharam em silêncio e depois ficaram mais um tempo na mesa conversando.


- O que você acha de irmos lá para cima? - ele perguntou com um sorriso sedutor.


- É uma ótima idéia! – segurou o rosto do marido e deu um rápido selinho em seus lábios.


O homem resolveu entrar no banheiro para tomar um banho rápido. Quando voltou ao quarto Hermione estava deitada na cama usando uma camisola branca e ligeiramente transparente.


- Você está linda! – engoliu em seco ao vê-la desse jeito.


- Obrigada! – ficou ligeiramente vermelha com o elogio.


Ela não sabia de onde havia tirado forças para fazer isso, mas puxou o ruivo para cima da cama e começou a beijá-lo.


Rony a beijou profundamente até que passou para o seu pescoço, mordeu levemente um dos ombros enquanto ia descendo a alça da camisola. A mulher soltou vários gemidos inconscientes.


- Eu te amo Harry! – gritou um pouco alto demais – Eu te amo muito.


- O que você disse? – se afastou dela imediatamente.


- Nada! – tentou mudar de assunto, nem ela estava acreditando no que havia acabado de fazer – Eu não disse nada, você deve estar imaginando coisas.


- Eu ouvi claramente que você me chamou de Harry – ela começou a chorar nesse momento – Pensei que você e o Harry não tivessem tido tempo de dormir juntos, mas pelo visto vocês ficaram juntos bem antes da batalha final.


- É claro que não! – começou a gritar – Nós dois nunca tivemos nada a mais.


Continuaram a se encarar em silêncio durante vários minutos.


- Acontece que eu sempre imaginei como seria esse momento com o Harry – continuou – Foi inevitável pensar agora.


- Tudo bem! – concordou triste.


- Eu sempre fui apaixonada pelo Harry, nunca te escondi isso – encarou os próprios pés.


- Não posso te culpar por isso, me casei sabendo que você amava outro – explicou segurando as mãos da esposa – Mas acho que não há mais clima para nada.


- Está bem! – se virou na cama – Boa noite.


Rony foi novamente para o banheiro e ficou cerca de meia hora apenas encarando seu reflexo no espelho, não podia acreditar que a noite havia acabado dessa maneira, esperava que as coisas fossem diferentes nos dias seguintes.


A morena já estava dormindo profundamente quando ele deitou-se ao seu lado. Fechou os olhos e também adormeceu logo em seguida.


*Fim o Flash back*


 


O ruivo não pode deixar de pensar que a esposa poderia estar passando pela mesma situação que na ocasião anterior. Mesmo que aquele incidente nunca mais tenha se repetido, sabia que Hermione nunca deixou de pensar no melhor amigo, agora que ele está de volta deve pensar mais ainda. Isso não significa que os dois estão se encontrando escondidos.


Foi para frente do seu armário e começou a trocar de roupa, colocou uma calça jeans e uma blusa vermelha. Terminou de calçar o seu sapato e estava se preparando para sair quando viu que a morena havia acordado.


- Você vai trabalhar? – perguntou com a voz ainda falhando – Hoje é sábado.


- Preciso ir dar uma volta – respondeu um pouco frio – Preciso pensar em umas coisas.


Assim que o homem saiu, ela vestiu o roupão e foi atrás dele.


- Espera Rony! – conseguiu segurar o seu braço – Você não vai tomar café?


- Como qualquer coisa na rua! – respondeu andando mais rápido do que antes.


Ele chegou à sala e encontrou o amigo sentado lendo o profeta diário.


- Bom dia Rony! – sorriu para ele.


O ruivo não disse nada, apenas saiu pela porta a batendo com bastante força.


- O que aconteceu com ele? – perguntou quando viu a morena se aproximou.


- Não tenho a menor idéia! – balançou os ombros – Você acha que ele está desconfiando de alguma coisa?


- Acho meio difícil! – a puxou para perto de si – Somos bastante discretos.


Beijaram-se durante vários minutos de uma maneira bastante apaixonada. A cada dia que passa estão se entendendo melhor.


- Você tem razão! – deu um sorriso bobo – Eu devo estar imaginando coisas – voltaram a se beijar.


Rony dirigiu o seu carro por vários minutos, até que chegou ao centro da cidade. Estacionou o carro e foi andando até o lugar em que ficava o St Mungus, ao entrar no hospital, dirigiu-se até a recepcionista.


- Bom dia! – cumprimentou a mulher, que lia atentamente um pergaminho – Será que poderia falar com a doutora Weasley?


A bruxa não disse absolutamente nada, apenas pegou uma pena e começou a anotar alguma coisa.


- Será que você me ouviu? – perguntou, em um tom de voz um pouco mais alto – Eu preciso falar com a doutora Weasley;


Ela parecia ignorar completamente o homem, continuando a sua outra atividade.


- Você realmente não vai me atender? – gritou ainda mais alto.


- Meu horário de serviço ainda não começou – falou pela primeira vez – Só daqui a dez minutos.


- E onde está a recepcionista que deveria estar aqui? – estava começando a ficar bastante irritado – Ou vai me dizer que em algum momento essa recepção fica vazia.


- A recepcionista da noite teve que ir embora mais cedo – explicou – E como eu não recebo hora extra, só vou começar a atender as pessoas daqui a dez minutos.


O ruivo bufou de raiva e ia se sentou em uma cadeira próxima. De repente, a porta que dá acesso ao corredor foi aberta e uma pessoa bastante conhecida apareceu.


- Rony! – a loira se espantou em vê-lo ali.


- Bom dia Luna! – ele respondeu dando um sorriso para amiga – Eu vim aqui conversar com a Gina, mas essa recepcionista não quer ir chamá-la para mim.


- A Gina ainda não chegou! – ela explicou – O nosso horário só começa as nove, eu estou aqui porque tive plantão.


- Tudo bem, eu espero! – olhou para o seu relógio e percebeu que ainda faltava meia hora para o horário indicado – Eu não estou com pressa mesmo.


- Eu já estava inda para casa, pois estou morrendo de sono – a mulher levantou os braços para poder se esticar – Mas posso ficar aqui te fazendo companhia até a Gina chegar.


- Eu aceito! – sorriu a dizer isso – Pelo menos vou ter alguém com quem conversar.


- Vamos até a lanchonete! – pediu – Assim eu como alguma coisa.


- Ótima idéia! – se levantou – Sai de casa com tanta pressa que nem tomei café da manhã.


- Por favor! – ela se virou para a recepcionista – Quando a doutora Weasley chegar, diga a ela que eu estou na lanchonete junto com um irmão dela.


- Acho que ela não vai dar o recado! – o ruivo disse quando já estavam bem longe da entrada do hospital – Estou há bastante tempo tentando me comunicar com ela.


- Não se preocupe, ela via avisar sim – tinha bastante certeza no tom de sua voz.


Assim que chegaram ao local que queria, sentaram-se me uma mesa e pediram dois cafés, alguns pãezinhos com manteiga e duas fatias de bolo de chocolate.


Luna ficou observando o amigo, e percebeu que ele pegou uma colher e ficou mexendo, sem parar, o café, e não tocava na comida.


- O que aconteceu? – a loira perguntou – Você parece preocupado. É algo que eu possa ajudar.


- Sim, eu estou preocupado! – suspirou pesadamente – Mas não sei se você pode me ajudar.


- É algum problema com a Mione? – quis saber mais uma vez.


Ele balançou a cabeça afirmativamente sem conseguir encarar a mulher a sua frente.


- Foi por isso que eu vim aqui hoje – explicou – A Gina sempre foi amiga da Mione, talvez ela me faça entendê-la.


- Eu e a Mione nunca fomos grandes amigas – voltou a falar – Mas as mulheres em geral se compreendem, talvez eu possa fazer alguma coisa.


- Não quero te encher com os meus problemas – Rony pegou um pão com manteiga em cima da mesa.


- Você nunca vai me encher! – ela parecia bastante vermelha ao revelar isso – Sempre fico feliz em ajudar os amigos.


O homem respirou fundo e contou a ela, que ouviu com bastante atenção, todas as suas desconfianças a respeito da esposa e de Harry.


- Entendeu agora o meu problema? – a viu balançar a cabeça afirmativamente - Eu não sei mais o que fazer, preciso de um conselho.


- Acho que você devia dar um voto de confiança para os dois – colocou a mão sobre o queixo enquanto pensava – Ela é a sua esposa e ele é o seu melhor amigo, mesmo que ainda sejam completamente apaixonados um pelo outro, não vão querer te enganar.


- Eu quero muito confiar neles – passou a mão pelos cabelos fazendo com que despenteassem – Mas a minha desconfiança é muito mais do que tudo isso, preciso saber a verdade.


- Se você precisa mesmo da verdade, vigia os dois – sugeriu – Mas tem que estar preparado para qualquer coisa, pode ser um grande choque.


Ficaram se encarando em silêncio por alguns minutos.


- Ou você pode simplesmente dizer para si mesmo que isso é coisa da sua cabeça – continuou – E continuar a viver a sua vida normalmente.


- Está querendo dizer que eu tenho que me fingir que desentendido e deixar que os dois continuem a se encontrar embaixo do meu nariz? – achou aquilo tudo um absurdo.


- Eu não estou te mandado fazer nada, apenas aconselhando – respondeu de maneira bastante séria – E, além disso, você não tem certeza absoluta que eles tenham um caso, pode estar desconfiando a toa.


- Acho que você tem toda razão – disse, por fim – Não vou fazer nada, pelo menos por enquanto.


- Ficou feliz em ter ajudado em alguma coisa – estendeu a mão para cumprimentá-lo.


- Obrigado Luna! – se levantou, indo para o lado da amiga, e a abraçou com bastante força – Você é mesmo uma grande amiga.


A loira não disse nada, apenas ficou encarando a porta da lanchonete, por onde Gina entrou alguns segundos depois.


- Atrapalho alguma coisa? – a mulher pergunta, fazendo com os outros dois se separem imediatamente – O que você está fazendo aqui Rony?


- Vim aqui para nós conversarmos, te pedir uns conselhos – explicou – Mas agora não preciso mais.


- Então está certo! – concordou com a cabeça – Adoraria ficar aqui conversando – Mas eu tenho muito trabalho para fazer agora.


- Eu também já estou indo embora – Luna disse – Fiquei a noite inteira no hospital e estou morrendo de sono.


- Eu posso te dar uma carona – o ruivo sugeriu – Você parece cansada demais para aparatar e é muito perigoso ficar andando de ônibus por aí.


- Obrigado Rony! – sorriu – Eu aceito a sua carona sim.


Eles se despediram a foram cada um para o seu canto.


O apartamento de Luna ficava há cerca de vinte minutos do hospital, como o transito estava tranqüilo, foi o tempo aproximado que gastaram na viagem. O homem parou em uma vaga em frente ao prédio e desligou o motor.


- Obrigada pela carona – ficou olhando para as próprias mãos, que apertavam a alça da bolsa.


- Era o mínimo que eu podia fazer depois dos conselhos que você me deu – respondeu – Foram, realmente, de grande ajuda.


- Estou torcendo para que dê tudo certo entre você a Mione – disse com um sorriso torto nos lábios – Sempre admirei o casamento de vocês, estão juntos há nove anos mesmo ela sendo apaixonada por outro.


- Quando Harry voltou, pensei que meu casamento estava acabado e fiquei muito feliz quando a Mione disse que não ia pedir o divorcio – contou agora virado para a amiga – Mas se os dois estiverem mesmo tendo alguma coisa, vai ser melhor se eu me separar. Amo a Mione, mas sei que ela ama o Harry, e se eles estiverem juntos de novo não posso estragar a felicidade dos dois.


- E se isso acontecer – ela ficou vermelha novamente – Espero que você encontre uma outra pessoa que te faça muito feliz.


O ruivo passou uma das mãos pelo rosto da mulher, que fechou os olhos inconscientemente. De repente, se afastou dele.


- Acho melhor eu subir! – retirou o cinto de segurança e abriu a porta ao seu lado – Você precisa voltar para a sua casa ao lado da sua esposa, até que se prove ao contrário é com você que ela quer ficar, mesmo amando outro – parecia muito triste ao dizer essas palavras.


Segurou um dos braços da loira, a impedindo de sair. Depois foi aproximando seu rosto do dela, lentamente, até que seus lábios se tocassem. À medida que o beijo foi aprofundando, Luna foi aceitando melhor o contato, só se separaram porque precisam de ar.


- A gente se vê depois! – Rony disse, com a testa encostada com a dá amiga.


- Com certeza! – ela sorriu, mas logo se separou dele e fechou a porta rapidamente – Tchau.


Depois que a mulher sumiu do lado de dentro do prédio, ele ficou encarando o céu e tentando assimilar o que havia acabado de fazer, talvez fosse por vingança (já que Hermione poderia estar fazendo o mesmo), mas agora tudo parecia muito errado. Depois de alguns minutos, resolveu esquecer aquele beijo e prometeu a si mesmo que não comentaria isso com ninguém.


Dirigiu lentamente até em casa e quando chegou a sala, viu que ela estava vazia.


- Papai! – viu Julie descer correndo as escadas – Onde você estava?


- Fui até o St Mungus conversar com a sua tia – explicou a pegando no colo –Precisei ir cedo porque quando ela começa a trabalhar no hospital, não tem nenhum tempo livre.


- Tudo bem papai! – ela sentou-se no sofá – Senti saudades suas no café da manhã.


- Eu sei que nós sempre tomamos café juntos no fim de semana – se sentiu bastante culpado nesse momento – Mas amanhã eu vou estar aqui, eu prometo.


- Você me leva no parquinho hoje? – perguntou com um tom meloso na voz.


- Depois do almoço nós vamos! – prometeu – Onde está a sua mãe?


- Tomando banho! – respondeu.


- E o Harry? – também quis saber.


- Ele está trancado na biblioteca desde que terminou o café – parecia bastante impaciente – Disse que precisava treinar a magia, porque segunda-feira ele vai até o St Mungus fazer mais um exame.


- Você tem que entender meu bem! – a abraçou – O Harry precisa estar com a magia 100% para começar a trabalhar em agosto.


A menina balançou a cabeça afirmativamente. Pensou que quanto mais cedo ele estivesse recuperado, mais cedo ele iria embora da casa e sua família poderia ser feliz novamente.


Alguns minutos depois, Hermione apareceu. Eles ficaram na sala conversando pelo resto da manhã (como nos “velhos tempos”) e, depois, foram almoçar, juntamente com o de olhos verdes.

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