19 de setembro




Era aproximadamente uma da tarde do dia primeiro de setembro. Hermione estava sentada na cama do hospital, ainda se sentia incomoda devido a cesariana, mas isso era quase suportável. Não conseguia parar de olhar para a filha que estava deitada ao seu lado, não queria perder um movimento sequer dela, que, no exato momento, segura o dedo indicador do pai com uma das mãozinhas.


- Espero que ela seja uma grande bruxa – o moreno disse, também olhando atentamente para filha – Fico imaginando tudo que ela pode fazer de especial.


- O que, por exemplo? – ela perguntou, olhando para o amigo.


- Ela pode ser uma curandeira – pensou, dando um sorriso bobo para o bebe – Ou até uma auror.


- Quem sabe, ela seja uma grande executiva – a morena também entrou na brincadeira – Uma grande funcionária do ministério da magia.


- Ela vai ser a própria ministra da magia – continuou.


- Gostei da idéia – pegou a filha no colo, que soltou um pequeno sonsinho – Nicolly Lílian Potter, a primeira ministra da magia da Inglaterra.


- Eu não me importo com o que ela seja – o moreno voltou a falar – Só fato dela estar aqui com a gente já me deixa feliz.


- Para mim também – a garota estava sorrindo olhando para a filha que começava pegar no sono novamente.


Voltaram a se olhar, seus rostos começaram a se aproximar lentamente, à medida que seus olhos iam se fechando, até que seus lábios se encontraram. O beijo começou calmo, mas foram aprofundando de uma maneira que não pareciam que não iriam se separar tão cedo, foram interrompidos pela porta do quarto sendo aberta.


- Desculpa estar interrompendo – o curandeiro disse, sendo seguido por uma mulher que usava um jaleco branco (o comentário dele, fez os dois ficarem extremamente vermelhos) – Essa é a doutora Lewis, ela é pediatra.


- Oi! – Hermione respondeu, sorrindo para a curandeira.


- Senhorita Granger – apertou, levemente, a mão da garota – Vou precisar fazer alguns exames na sua filha, não se importa que eu a leve por alguns minutos?


- Pode levá-la sim! – respondeu, deixando a mulher segurar o bebê.


- Vou tentar ser o mais rápida o possível – completou antes de sair do local.


- Eu também preciso fazer alguns exames na senhorita Granger – o homem falou – Senhor Potter, o senhor se importa em sair por alguns minutos?


- Está bem! – concordou, se levantando – Estarei aqui fora, caso precisem de alguma coisa – completou, antes de sair do quarto.


Harry ficou alguns minutos apenas olhando o movimento do corredor. Várias pessoas passavam pelo St Mungus todos os dias, o hospital estava sempre cheio por causa disso.


Já estava há quase meia hora naquele lugar, quando o curandeiro apareceu e se aproximou dele.


- E então? – perguntou, parecendo um pouco preocupado, mesmo sem saber o porquê – Está tudo bem com a Mione?


- Sim! – o outro respondeu, sorrindo – Ela já pode ir embora para casa.


- Que maravilha! – o moreno disse, quase pulando no meio daquele local.


- Agora só precisamos esperar a doutora Lewis voltar – continuou – Dependendo do resultado do exame, a sua filha também poderá ir para casa hoje.


A noticia de que Nicolly também havia recebido alto, chegou cerca de cinco minutos depois. E isso trouxe muita alegria para os morenos, já que não queriam ir embora para casa enquanto a filha ainda ficaria no hospital. Era, aproximadamente, quatro da tarde quando os três saíram do prédio onde ficava o St Mungus.


- Vou tentar arranjar um táxi – ele disse andando até a ponta da calçada, enquanto a morena verificava se a menina estava bem agasalhada – Não é seguro que aparatemos com a Nicolly junto, ela ainda é muito pequena.


- Concordo – confirmou.


Chegaram ao largo Grimmauld, aproximadamente, vinte minutos depois. Harry abriu a porta e os dois entraram na casa.


A sala era levemente iluminada pela luz que vinha da janela, o local estava totalmente vazio. Forma até a cozinha, mas também estava vazio, Dobby provavelmente estava arrumando alguma coisa no andar de cima.


- Sirius! – o garoto gritou, quando voltaram para o outro cômodo – Você esta aí?


Ouviram alguns passos, de repente, o homem apareceu no topo da escada.


- Não esperava vocês aqui tão cedo – disse, se aproximando deles – Pensei que ainda fossem ficar no hospital mais alguns dias.


- Eu também pensei – foi a vez de Hermione falar – Mas o curandeiro disse, que eu me recupero muito rápido e seria melhor ficar em casa do que lá.


- É melhor levarem ela para o quarto – referiu-se a Nicolly, levemente preocupado. - Tem razão – a garota observou, indo para o andar de cima, sendo seguida pelo amigo.


O quarto de bebê estava totalmente arrumado, da mesma maneira que no inicio do verão. Quando Sirius chegou em casa no dia anterior, pediu para o elfo doméstico limpar todo local para que ficasse livre de poeira, também acrescentou a decoração uma poltrona, onde a morena poderia amamentar a filha.


Colocou a menina no berço, a ajeitou de uma maneira que ela não conseguisse se virar e ficou observando a pequena dormir. É como se o mundo fora daquele quarto deixasse de existir naquele momento.


- É melhor sairmos daqui Mione – Harry sussurrou, a puxando levemente pelo braço – Você também precisa descansar um pouco, fez uma cirurgia há menos de vinte e quatro horas.


- Eu não estou cansada – passou a mão, levemente pela cabeça da filha – Ela não é linda?


- É sim! – respondeu, com um sorriso bobo no rosto – Mas é melhor você ir descansar mesmo assim.


- E se ela começar a chorar e eu não ouvir? – perguntou, preocupada – É melhor eu ficar aqui.


- É para isso que serve a babá-eletrônica – apontou para dois objetos parecidos com rádios, em cima da estante – Deixamos uma aqui e você leva a outra para o seu quarto.


- Tudo bem! – se convenceu antes de sair do local e seguir para o seu próprio quarto.


- Vou lá para baixo – disse, quando a amiga já estava deitada em sua cama.


- Fica aqui um pouco – pediu, fazendo-o sentar a sua frente – Vamos ficar conversando, há tanto tempo não fazemos isso.


Passaram mais de uma hora conversando sobre várias coisas, principalmente sobre a época as aventuras vividas em Hogwarts. Riram bastante de algumas das histórias.


- Está vendo – começou depois de se recuperar de um ataque de risos – A Nicolly ainda não chorou, você ia cansar de ficar lá em pé – completou, a vendo sorrir.


- Posso te confessar uma coisa? – perguntou, vendo o garoto balançar a cabeça afirmativamente – Quando soube que estava grávida, a primeira coisa que eu pensei era que tinha acabado de destruir a minha vida, embora nunca tenha pensado na possibilidade de tirar o bebê. Com o tempo fui me acostumando, agora, depois eu tive a minha filha pela primeira vez nos braços, vejo como tudo isso está sendo maravilhoso e que eu não estraguei a minha vida, ela só está começando.


- Também penso dessa maneira – sorriu a acariciando no rosto – Agora estamos preparados para começar uma nova família: eu, você e ela.


- Uma família meio desfeita, já que nós dois não somos casados ou namorados – esse comentário de Hermione o deixou extremamente desconfortável – Mas mesmo assim, uma família.


Segurou mais uma vez o rosto dela e foi aproximando o seu. Os lábios se tocaram por um segundo, em um selinho leve. Quando estavam se preparando para aprofundar o beijo, ouviram um choro de bebê.


- É melhor eu ir até lá! – a morena disse, se levantando e saindo do quarto.


Harry ainda ficou mais algum tempo no local refletindo sobre algumas coisas. Depois, resolveu ir para a sala conversar com o seu padrinho.


Os dias se passaram rapidamente, logo chegou o aniversário de Hermione. O moreno estava na cozinha tomando seu café da manhã, quando ouviu passos de alguém entrando no local, era Sirius.


- Bom dia Harry! – deu um tapinha de leve no ombro do afilhado.


- Bom dia! – respondeu, sem muita animação.


- Mas o que aconteceu? – o homem perguntou, sentando-se em uma das cadeiras do local.


- Eu queria fazer alguma coisa especial para a Mione pelo aniversário dela – explicou – Ela está tão cansada por causa da Nicolly, acho que nem se lembra que dia é hoje.


- Acho legal que esteja se preocupando com isso – continuou olhando para o café dentro da xícara – Afinal, você tem uma grande parcela de culpa em tudo isso.


- Obrigado por me lembrar disso - lançou um olhar reprovador ao homem, que ria divertido – Eu estava pensando em levá-las ao shooping, o que você acha?


- Não! – falou, um pouco alto demais – Quero dizer, não acho legal levar um bebê recém-nascido para um lugar tão movimentado.


- Tem razão! – concordou, ficando pensativo – Acho que vou só pedir para o Dobby fazer um bolo. De chocolate, é o favorito dela.


Continuaram conversando durante algum tempo. Estavam indo para a sala, quando Hermione desceu as escadas, com a filha no colo.


- Bom dia! – disse bastante animada.


- Bom dia Mione – Harry a ajudou a descer o restante dos degraus, segurando Nicolly, que estava totalmente acordada – Feliz Aniversário.


- Obrigada! – respondeu sorrindo.


- Pedi ao Dobby para preparar uma surpresa para você – continuou sentando-se no sofá ao lado da amiga.


- Não precisava se incomodar – pegou uma folha do profeta diário que estava em cima da mesa – Sabe que eu não gosto de comemorar o meu aniversário.


- Mas esse é especial, só se faz 18 anos uma vez na vida – continuou a explicar – Sei que não é uma idade especial para os bruxos, mas para os trouxas sim.


Nesse momento a campainha tocou.


- Mas já? – Sirius olhou para o relógio – Ainda é muito cedo!


- Está esperando alguém? – o moreno perguntou intrigado.


- Não! – apressou-se me responder, sem convencer muito os outros dois – Mas está muito cedo para recebermos visitas.


- Deixa que eu atendo! – a morena de levanta e vai até a porta.


Era Rony, parecendo bastante animado. a garota se alegrou bastante com a visita do amigo.


- Feliz aniversário Mione! – a abraçou com bastante força, antes de entrar na casa.


- Vou deixar vocês três aí! – o homem se levantou – Devem ter bastante coisa para conversar.


Os três ficaram sentados no sofá. O silêncio se manteve no ambiente por alguns segundos, até que o ruivo pediu para segurar a afilhada.


- E então Rony! - Harry começou – O que traz você aqui.


- Tive que passar no ministério para ver o resultado do meu teste – explicou – Então resolvi vir dar parabéns para a Mione e para ver a minha afilhada.


Os outros dois sorriram, era muito bom saberem que ainda eram amigos, mesmo depois de tudo.


- E qual foi o resultado? – Hermione perguntou, parecendo muito curiosa – Você passou no teste? Qual animal você se transforma.


Rony não falou mais nada, apenas entregou Nicolly de volta para a mãe e se transformou em um coelhinho branco. Deu uma volta em torno da sala antes de voltar ao normal.


- Um coelho! – os dois morenos se espantaram, em seguida, começaram a rir.


- Qual a graça? – perguntou, cruzando os braços.


- É que estou imaginando o sucesso que você vai fazer na páscoa – o outro explicou.


- Acho até que vou te chamar para animar os aniversários da Nicolly – a morena completou ainda se divertindo muito com essa situação.


Riram mais um pouco, parando ao ver o olhar do amigo.


- Mudando de assuntos – continuou mexendo no bolso da calça – Para você Mione.


- Sabe que não precisava – disse, olhando o colar com um pingente de uma menina – Mas obrigada, é lindo!


 - Sei que você gosta muito de colar – explicou, lembrando-se de uma conversa que tiveram quando ainda namoravam – E quando eu vi esse, me lembrei de você.


- Será que você pode colocar para mim? – pediu, se virando de costas.


Rony prendeu o colar com bastante cuidado. Depois, ela ficou admirando o pingente.


- Espero que você possa ficar para almoçar! – o garoto disse para o amigo.


- Claro! – o outro confirmou.


O trio continuou a conversar animadamente. Depois do almoço, cantaram parabéns com o bolo feito pelo elfo doméstico. Eram duas da tarde quando o ruivo decidiu ir embora.


- Fica mais um pouco! – Hermione pediu, quando estavam na frente da porta.


- Não posso! – explicou – Ainda tenho várias coisas para fazer quando chegar em casa.


- Espero que uma dessas coisas inclua estudar para o teste de auror – disse, com um olhar ameaçador.


- Claro! – falou, mais sem convencer a amiga – Volto assim que puder.


- Está bem cara! – o moreno disse, dando um abraço no outro, que saiu em seguida.


Nesse momento, Sirius apareceu na sala, estava pronto para sair.


- Aonde você vai? – Harry perguntou.


- Preciso resolver uns assuntos – respondeu – Mas não se preocupem, logo estarei de volta.


Cerca de meia hora depois, a garota estava sentada no sofá da sala lendo um livro. A cada cinco minutos olhava para a filha que dormia em um berço portátil ao seu lado. O de olhos verdes apareceu, havia terminado de tomar banho e também se sentou no local para ler o jornal.


- Quando você pretende começar a estudar? – ela perguntou de uma maneira casual – A prova é no final do mês e ainda não te vi estudando.


- Estou dando uma lida nas matérias durante a noite – contou – É bem melhor, a casa não está tão barulhenta.


- Se você quiser? – continuou – Eu posso te ajudar.


- Está bem! – concordou – Vemos isso no final de semana.


A campainha toca mais uma vez.


- Será que Sirius esqueceu a chave? – Harry perguntou.


- É bem possível – a morena riu – Vou atender.


Foi até a porta e quando abriu, teve a maior surpresa da sua vida. A senhora Granger sorria parada no mesmo local.


- Mãe! – sua voz estava falhando.


- Achou que não fosse me ver no dia do seu aniversário? – perguntou, antes de abraçar que começou a chorar – Não podia fazer uma coisa dessas.


Levou sua mãe até o local em que estava há alguns minutos. O amigo também parecia bastante surpreso quando viu a "visita".


- Oi Harry! – cumprimentou o garoto – Como tem passado?


- Muito bem! – respondeu ainda em choque – Acho que vou lá para cima – se levantou, ainda com o Profeta diário na mão – Boa sorte! –sussurrou para a outra, antes de subir as escadas.


A mulher sentou-se no sofá, ficou algum tempo admirando o bebê, que ainda dormia tranqüilamente, totalmente alheia ao mundo a sua volta.


- Então essa é a minha neta! – sorriu mais uma vez – Ela é mesmo linda. Que nome vocês escolheram para ela?


- Nicolly! – respondeu ainda bastante emocionada.


- Ela se parece muito com você quando tinha essa idade – continuou – Com exceção dos olhos, é claro.


- Eu disse isso para o Harry! – ficou acariciando a cabeça da filha – Procurei uma foto minha para mostrar a ele, mas não tinha nenhuma.


- Posso pegar uma lá de casa – sugeriu – Tenho tantas.


- Mas mãe! – a morena a encarou de uma maneira muito séria – Como você soube que eu estava aqui? E que eu já tinha tido a minha filha? Ela só iria nascer no final do mês.


- Quando você brigou com o seu pai, tinha certeza de que você procuraria o Harry – explicou – Então mandei uma carta para o Sirius, pedindo que ele não te deixasse sair daqui. Continuamos a nos comunicar, ele sempre de dizia como você estava, e quando você foi para o hospital ele me avisou. Também deu a idéia que eu aparecesse aqui hoje.


Ela percebeu que tudo fazia sentido agora, achava que o homem estava agindo bastante estranho, principalmente naquela manhã.


- Como está o papai? – perguntou, mais uma vez – Ele continua com raiva de mim?


- Sim! – disse, parecendo bastante triste – Mas eu tenho certeza de que quando ele conhecer a neta, vai mudar de opinião. Será que você tem uma foto dela, para eu levar.


- Claro! – pareceu muito animada com o plano da mãe – Pego para você quando estiver indo embora. Vai ficar mais um pouco não é?


- Eu lamento! – respondeu bastante triste – Preciso voltar para casa.


- Está bem! – não gostou de saber disso, mesmo assim aceitou – Vou pegar a sua foto.


Harry estava esperando que ela subisse. Enquanto caminhava para seu quarto, ia contando tudo que aconteceu.


Quando os dois desceram, a mulher já estava de pé.


- Aqui está! – Hermione disse, entregando o papel.


- Obrigada! – agradeceu, sorrindo – Vocês dois se cuidem, espero voltar em breve, com boas noticias.


- Está bem! – responderam juntos.


Esperaram mais um pouco até Sirius chegar em casa. Assim que ele fechou a porta, a garota correu para abraçá-lo.


- Obrigada! – disse, voltando a chorar – Esse foi o melhor presente da minha vida.


- Sabia que você ia gostar! – confirmou, a olhando e sorrindo.


- Sim! – confirmou, balançando a cabeça afirmativamente – Adorei.


Todos foram jantar, depois ficaram conversando até bastante tarde.


A morena foi até quarto de Nicolly verificar se a filha estava dormindo direito e depois foi se deitar. Estava sorrindo abertamente, aquele foi, sem dúvidas, o melhor aniversário de sua vida.

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