Largo Grimmauld 12
Quando Harry e Sirius saíram da estação King Croos procuraram um lugar seguro para aparatar. Surgiram, cerca de um segundo depois na entrada de uma rua parcialmente iluminada pela luz dos postes.
À medida que caminhavam iam viam várias casas, todas iguais, até chegar em frente a uma que tinha o número 12 escrito na frente. Durante anos a antiga sede da Ordem da Fênix esteve invisível para a maioria das pessoas, mas desde que a guerra contra Voldemort acabou, Dumbledore arranjou um jeito da casa aparecer.
Quando abriram a porta, um elfo doméstico com grandes olhos azuis foi recebê-los.
- Boa noite senhor Black! – ele disse, fazendo uma pequena reverência.
- Boa noite Dobby! – o homem disse – Já arrumou o quarto para o Harry.
- Está tudo arrumado! – respondeu, parecendo bastante prestativo – é muito bom tê-lo aqui senhor Potter.
- Também estou feliz! – ele disse, sorrindo – Acho que vou até o meu quarto, foi uma viagem muito cansativa.
- Eu acompanho o senhor! – Dobby disse, fazendo a mala flutuar com apenas um estalar de dedos.
- Não precisa Dobby! – Harry disse, segurando o objeto a sua frente.
- É último quarto a esquerda no fim do corredor! – Sirius disse para o afilhado antes que ele subisse a escada – No primeiro andar.
O moreno subiu as escadas, tudo o que queria naquele momento era ter uma boa noite de sono, havia comido muitos doces no trem, por isso estava sem fome.
O corredor era bastante logo, mas não demorou para chegar ao seu quarto. Na porta em frente a sua havia uma pequena placa de madeira onde se lia “Senhorita Potter”.
- Sirius! – gritou o mais alto que conseguiu para que o padrinho pudesse ouvi-lo, logo ele estava no local – De quem é esse quarto?
- Como eu não sabia nome que vocês escolheram para ela foi o que tive de colocar – começou a falar girando a maçaneta – Mas não se preocupe, pode mudar depois com magia.
Harry não estava entendendo nada, mas mesmo assim seguiu o homem. Dentro do quarto todas as paredes tinham um tom bem claro de rosa, um pequeno berço se encontrava embaixo da janela onde havia uma cortina bem fina, um armário da mesma cor que o resto do quarto ficava perto da porta, também havia várias estantes com bichinhos de pelúcia encima.
- Uau! – garoto disse, ainda mantinha a boca aberta enquanto olhava todos os detalhes do aposento – Tudo isso é...?
- Para a sua filha – completou a pergunta do afilhado como afirmação – Achei que você iria gostar dela ter o próprio quarto para quando vier passar alguns dias aqui.
- Sim! – continuava parado, sem nenhuma reação – É realmente maravilhoso.
- Agora você precisa convencer a Mione de deixá-la vir aqui de vez em quando – continuou a falar.
- Obrigado Sirius – disse, abraçando o homem – Nem sei como agradecer tudo que está fazendo por mim.
- Não precisa! – respondeu, com algumas lágrimas surgindo no canto do olho – Te considero como meu filho, já que nunca me casei e tive os meus. Sendo assim, a sua filha é praticamente a minha neta.
- Você também é, praticamente meu pai! – o moreno disse, também fazendo força para não chorar – Fico muito feliz em saber que você me considera da sua família.
Continuaram mais alguns minutos apenas se olhando, nenhum dos dois tinha coragem o suficiente para quebrar o silêncio.
- Você deve estar com sono! – Sirius disse, por fim – Vou deixar você descansar.
- Já nem quero mais! – respondeu, começando a caminhar até a porta – Vou ficar um pouco lá embaixo para conversarmos.
Dobby preparou chá para os dois e eles se sentaram um em frente ao outro.
- Como você e a Gina estão? –o homem perguntou, de repente – Ela reagiu bem a gravidez da Mione.
- A princípio sim! – respondeu, suspirando pesadamente – Mas não acho que ela esteja sendo a mesma com a Mione, embora tente demonstrar perto de mim.
- Embora as duas sejam amigas não deve estar sendo fácil para a Gina tudo isso – respondeu, olhando diretamente para o afilhado – Vocês dois são namorados e não estavam brigados quando isso tudo aconteceu.
Harry ficou refletindo em silêncio.
- Como a Mione está reagindo ao namoro do Rony e da Luna? – Sirius perguntou, mais uma vez.
- Muito bem! – respondeu, encarando o conteúdo da sua xícara – Imagino como ela deve ter sentido no começo, eles eram apaixonados um pelo outro desde o primeiro ano e o namoro estava bem sério, então o Rony chega um dia dizendo que está tudo terminado e que não a ama mais. É para enlouquecer qualquer um.
- Mas, por sorte ela tinha você – o outro disse, dando uma tapinha no ombro do afilhado – Que a fez esquecer o Rony e tudo mais a volta dela.
- Não foi bem assim! – o garoto disse, ficando extremamente vermelho – Tudo que aconteceu naquele dia foi um momento de fraqueza da Mione, ela havia acabado de terminar com o namorado que ela era apaixonada. Mas nada mudou entre a gente somos apenas amigos, como sempre.
- Pode dizer isso por você – respondeu muito sério, embora não sentisse muita confiança no que o moreno dizia – Mas não pode ter certeza se os sentimentos dela mudaram, ninguém manda no coração dos outros, nem a própria pessoas.
- Eu sei disso! – ele disse – Mas ela teria me contado se estivesse apaixonada por mim, nunca tivemos segredos um com o outro.
- Se você tem tanta certeza disso – disse, com um sorriso nos lábios – Não vou comentar mais nada.
- Acho que vou dormir agora! – terminou de beber chá que havia na sua xícara e se levantou – Boa noite Sirius.
- Boa noite! – o homem respondeu, tinha certeza de que antes daquele bebê nascer as coisas entre Harry e Hermione iriam mudar totalmente.
Assim que chegou em seu quarto, decidiu tomar banho. Não conseguia tirar da sua cabeça a conversa que teve com o padrinho. Mas logo decidiu parar de pensar nisso e não demorou muito para começar a dormir profundamente.
Hermione acordou extremamente cedo, desceu diretamente para a cozinha onde preparou duas torradas com geléia e um suco de laranja. Tomava seu café distraidamente quando sua mãe entrou na cozinha.
- Já está acordada! – disse, sentando-se em uma cadeira ao lado da morena – Pensei que fosse dormir até mais tarde hoje?
- Não dormi direito! – respondeu, olhando concentrada para o copo de suco – Como não tinha jeito, vim logo aqui para baixo.
A mulher se aproximou mais da filha e colocou o braço em volta dos seus ombros.
- Sei que você está preocupada com a reação do seu pai – disse, acariciando o cabelo da garota – Mas não se preocupe, tudo vai dar certo.
- Eu sei! – respondeu, tentando sorrir.
Terminaram de tomar café e ficaram algum tempo conversando na cozinha. Até que Hermione decidiu ir para o seu quarto.
Ao chegar no andar de cima, deitou em sua cama e ficou olhando para o teto. Não demoraria muito para seu pai chegar em casa e isso a fazia ficar ligeiramente nervosa.
Resolveu abrir sua mala que continuava da mesma maneira que havia deixado no dia seguinte quando chegou. Quando retirou alguns livros encontrou a caixa onde estava o presente que Harry havia comprado para a filha deles, pegou o objeto e sentou-se novamente na cama.
Retirou o pequeno macacão e ficou olhando para ele. Em poucos meses estará com o seu bebê no colo, não sabe o que tudo isso mudará na sua vida, mas tem certeza de que será uma experiência maravilhosa e já está valendo a pena. Ouviu uma leve batida.
- Pode entrar! – disse.
A porta se abriu e a mãe da morena entrou no local parecendo um pouco séria.
- Seu pai acabou de chegar e está louco para vê-la – respondeu, por fim – Queria vir até aqui, mas eu achei que era melhor você ir até lá embaixo.
- Está bem! – respondeu, dobrando, novamente, a roupa na sua mão.
- O que é isso? – a mulher perguntou, apontando para o objeto na mão da sua filha.
- Harry quem comprou! – respondeu, entregando o pequeno macacão para – Não é lindo?
- Sim! – respondeu, observando com mais detalhe – O Harry é mesmo uma graça, vocês deviam se casar.
- Mãe! – Hermione reprimiu – Eu já te disse que somos apenas bons amigos – explicou, embora quisesse muito que as coisas não fossem dessa maneira.
- Eu já estou indo – disse, entregando o presente de volta para ela – Venha logo.
- Está bem! – respondeu, vendo a mãe fechar a porta novamente.
Guardou a caixa novamente dentro da mala e saiu de seu quarto. Respirou fundo algumas vezes antes de caminhar em direção as escadas.
Na medida em que se aproximava da sala, podia ouvir a voz de seu pai. Ele estava de costas, por isso não a viu quando apareceu.
- Pai! – ela disse, tentando parecer o mais normal possível.
O homem se virou assim que a ouviu, estava com um sorriso nos olhos, porém ao ver a filha esse sorriso desapareceu.
- Hermione Jane Granger! – disse, extremamente sério – O que significa isso?
- Eu posso explicar! - começou, com a voz falhando, passava a mão pela barriga de forma protetora.
- Allan, por favor! – a senhora Granger disse, se aproximando do marido – Não vê que ela já está bem nervosa.
- Deixa que ela explique! – ele disse, impedindo a mulher de continuar a falar – Se ela soube fazer, vai saber explicar.
- Foi um acidente! – algumas lágrimas começavam a cair de seus olhos.
- Você já vai fazer 18 anos, sabe muito bem que isso pode acontecer – respondeu, parecendo um pouco mais tranqüilo – Será que era tão difícil assim se proteger?
- Eu sei que fui irresponsável! – estava chorando cada vez mais – Mas, por favor, não me expulse de casa.
O homem se aproximou da filha e a abraçou de maneira protetora, Hermione ficou bem mais tranqüila naquele momento, sabia que tinha apoio de todos que a cercavam.
- Eu nunca te deixaria abandonada com um filho para criar – ele disse, mexendo nos cabelos cacheados da morena.
Ela suspirou aliviada nesse momento, então se lembrou de um pequeno detalhe que poderia deixá-la em uma grande encrenca.
- Agora temos que falar com o seu namorado e a família dele – o senhor Granger disse, fazendo a garota engolir em seco – Sempre achei aquele garoto muito simpático, tenho certeza de que ele será um ótimo pai e um ótimo marido.
- Pai! – ela começou, encarando os próprios pés – Eu e o Rony terminamos.
- É uma pena, achava que vocês formavam um casal legal – o homem disse, se sentando no sofá – Mas tenho certeza de que vocês vão conseguir conciliar o fato de terem um filho e não namorarem.
- Rony não é o pai! – respondeu, respirando fundo algumas vezes antes de continuar – Ela é filha do Harry, o meu melhor amigo.
- Então vocês estão juntos agora! – ele continuou a falar, sem reparar nos olhares nervosos das duas a sua frente – Também fico muito feliz, sempre soubesse que essa história de melhores amigos era só fachada, você falava tanto dele durante as férias de verão.
- Nós não estamos juntos – estava voltando a chorar – Só vamos ter uma filha juntos.
- Como assim? – perguntou gritando e ficando extremamente vermelho – Você vai ter um filho com um cara não é e nunca foi seu namorado.
- Allan! – a mulher disse, ficando entre o marido e a filha – Ela já me explicou o que aconteceu, tenho certeza de que você vai entender.
- É claro que eu não vou entender! – gritou mais alto ainda naquele momento – Como você pode fazer uma coisa dessas.
- Eu sinto muito! – o rosto da morena estava extremamente vermelho devido ao choro – Mas, por favor, me perdoa.
- Eu não quero mais te ver na minha frente – ele disse, se virando para não olhá-la – Saia da minha casa, agora, junto com essa sua filha.
- A Hermione não vai a lugar nenhum! – a senhora Granger disse, abraçando a garota – Ela está grávida, precisa de um lugar para ficar.
- Ela pode procurar o pai dessa criança – disse, de maneira extremamente fria – Já que eles são tão amigos.
- Hermione! – a mulher disse, olhando para os olhos castanhos dela, que naquele momento estavam extremamente vermelhos – Minha filha!
- Está tudo bem mãe! – disse, enxugando o seu rosto, que estava todo molhado – Acho que ficarei bem melhor longe dessa casa – completou, saindo da sala e indo em direção as escadas.
Hermione pegou uma mochila e colocou algumas coisas suas que acha importantes, em seguida saiu do seu quarto e deixou a casa da família Granger.
O moreno estava sentado na sala do largo Grimmauld 12 lendo o profeta diário daquele dia, havia acordado e tomado o café da manhã preparado por Dobby fazia algumas horas. Nesse momento ouviu passos na escada e viu o padrinho terminando de dar um nó na gravata.
- Tenho uns assuntos para resolver no ministério – o homem disse (depois que foi perdoado de todas as acusações, Sirius começou a trabalhar no departamento de esportes mágicos) – Estarei de volta mais tarde.
- Está bem! – o garoto disse, sem tirar os olhos do jornal.
Assim que ele saiu, o elfo doméstico apareceu na sala.
- O senhor precisa de alguma coisa senhor Potter? – perguntou, parecendo estar com vontade de trabalhar – Pode pedir o que quiser que Dobby atende.
- Não obrigado Dobby! – disse – Quando eu precisar de você, te chamo.
- Está bem senhor Potter! – respondeu, fazendo uma pequena reverencia – Não tenha nenhum problema em chamar Dobby a hora que for – completou, antes de se encaminhar até a cozinha.
O moreno voltou a sua leitura, quando foi interrompido novamente, dessa vez, pela campainha. Foi imediatamente atender, e encontrou sua melhor amiga olhando para ele do outro lado da porta, seus olhos estavam totalmente vermelhos e inchados, era evidente que estava chorando.
- Mione! – ele disse, estendendo a mão para ela – Como você chegou até aqui?
- Aparatando! – respondeu, quando entrou na casa e se sentou no sofá.
- O que aconteceu? – perguntou, se sentando ao lado da morena.
Ela não respondeu, apenas começou a chorar novamente. Agora Harry teve certeza de que alguma coisa errada havia acontecido.
A morena contou tudo o que aconteceu desde que seu pai chegou em casa até o momento em que ela pegou suas coisas e foi embora.
- Eu sinto muito Mione! – respondeu, enxugando as lágrimas do rosto da amiga – Se você quiser eu vou lá falar com o seu pai.
- Não vai adiantar! – respondeu, parecendo bastante triste com toda a situação – Acho que preciso dar tempo ao tempo.
- Se você acha! – ele disse, passando as mãos pelo ombro da morena – Você parece com fome.
- Agora que você falou! – disse sorrindo – Estou começando a ficar com fome, faz algum tempo que tomei café da manhã.
O moreno sorriu para ela.
- Dobby! – disse, em direção à cozinha.
- O senhor chamou Dobby, senhor Potter? – o elfo perguntou, depois de aparecer quase que imediatamente na frente dos dois.
- Sim Dobby! – ele disse – Quero que você prepare um sanduíche e um suco de abóbora para a Hermione e leve para o meu quarto – explicou, vendo Dobby olhá-lo atentamente praticamente à beira das lágrimas.
- Imediatamente senhor Potter – fez um reverencia – Com licença senhorita Granger – repetiu o gesto antes de sair.
Harry a levou até o seu quarto e a fez deitar na cama, logo Dobby levou o lanche. A morena comeu tudo rapidamente.
- Harry! – ela disse, olhando um pouco preocupada – Como vai ser agora? Estou grávida de seis meses e não tenho para onde ir.
- Não pense nisso agora – respondeu – Tente descansar um pouco, você passou por muita coisa hoje e esse nervosismo não deve fazer bem para o bebê.
- Tem razão! – respondeu, antes de deitar e fechar os olhos.
O moreno ficou um tempo passando a mão pelo cabelo da amiga, até perceber que ela estava dormindo.
- Não se preocupe Mione! – o garoto sussurrou no ouvido dela - Eu vou dar um jeito em tudo, não vou deixar nada de mal acontecer nem a você nem a nossa filha.
Deu um beijo na testa dela, antes de sair do quarto, fechando a porta delicadamente.
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