Começando as mudanças




Quando o dia, finalmente, terminou eu sai da minha sala e peguei o elevador. Como de costume, Lizzie estava me esperando na saída do prédio.


- Mione! – ela me abraçou – Como foram as coisas?


- Está tudo maravilhosa mente bem! – respondi suspirando.


- Que bom! – sorriu – Vamos embora?


- Para falar a verdade! – não conseguia encará-la – Eu não vou com você.


- Não? – praticamente gritou – Você vai como?


Eu não precisei dizer nada, nesse mesmo momento, Harry entrou no local.


- Oi Lizzie! – ele disse enquanto andava na minha direção – Oi Mione.


Lizzie nos olhou de cima a baixo e deu um sorriso malicioso.


- Agora eu entendi! – ela balançava a cabeça afirmativamente.


- Nós precisamos conversar com você Lizzie! – ele avisou.


- Está bem! – deu de ombros.


- Logo depois saímos do prédio e cada um foi em direção a um carro.


- Será que a Lizzie vai gostar mesmo da idéia de eu ir morar na sua casa? – estava muito ansiosa enquanto estávamos no meio do caminho.


- É claro que ela vai adorar - garantiu pondo a mão no meu ombro quando paramos no sinal – Até parece que você não sabe que o sonho da Lizzie é que nós dois fiquemos juntos.


- Tem razão! – não pude deixar de rir.


- Então pode ficar tranqüila! – voltou a andar quando o sinal ficou verde.


- Tudo bem! – suspirei pesadamente – Será que a gente pode passar em uma confeitaria.


- Você sabe como a Lizzie não suporta doce – me lembrou – Isso não vai melhorá-la.


- Eu sei! – respondi – Mas é que me deu uma vontade enorme de comer torta de chocolate.


- Essa é a Mione que eu conheço – começamos a rir;


Cerca de vinte minutos depois chegamos em casa. Lizzie já estava nos esperando.


- E então! – começou se levantando e indo até nós – O que vocês têm para me contar?


- Bem! – comecei – Você sabe que eu já contei toda a verdade para o Harry!


- Percebi! – ela estava nos observando.


- Então! – isso não estava sendo fácil – Eu e Harry conversamos bastante e decidimos ir morar juntos.


Explicamos todas as nossas idéias para ela. No final, os olhos de Lizzie estavam brilhando de entusiasmo.


- Isso é maravilhoso! – nos abraçou com bastante força – E quando será o casamento?


- Lizzie! – dissemos ao mesmo tempo.


- Será que você não entendeu nada que acabamos de falar? – completei.


- Está bem! – levantou as mãos em sinal de redenção – Eu vou ter paciência até os dois teimosos admitirem que se amam.


Nós dois nos encaramos, extremamente vermelhos, e balançamos a cabeça negativamente ao mesmo tempo. Pensei que ela só falasse esses absurdos para mim.


- E quando você vai se mudar? – perguntou logo em seguida – Precisa de ajuda para arrumar as suas coisas?


- Desse jeito eu vou pensar que você está doida para se livrar de mim – me fingi de ofendida.


- Não é isso Mione – ela me abraçou – Só estou tentando ser prestativa.


- Eu sei disso Lizzie – comecei a rir – Eu só vou me mudar na semana que vem. Assim dá tempo de nós dois organizarmos tudo.


- Ótimo! – concordou.


A semana seguinte passou lentamente. Eu nunca imaginei que tivesse tanta coisa assim. Mas eu consegui arrumar tudo e já estava pronta para me mudar.


Na manhã de sábado eu e Lizzie estávamos levando todas as caixas para sala. Harry chegaria logo para me buscar.


- Acho que essa é a última – disse enquanto colocava a caixa no chão.


- Harry nunca vai me perdoar se souber que eu te deixei carregar essas caixas – comentou enquanto se jogava no sofá.


- Não precisamos contar para ele – respondi – E está tudo bem. Não se preocupe.


Coloquei a mão na minha barriga e fiquei com ela lá por algum tempo. Ainda não dava para ver nada, mas eu mal podia esperar por isso.


Logo depois a campainha tocou.


- Deve ser o Harry! – disse indo em direção a porta.


Quando eu abri a porta tomei um grande susto. Não era Harry quem estava sorrindo para mim.


- Comárco! – praticamente gritei quando vi.


- Oi Mione – disse simplesmente – Será que a gente pode conversar?


- Claro! – concordei deixando que ele entrasse no apartamento.


- Vou deixar vocês dois sozinhos para conversarem – Lizzie se levantou do sofá – Vou lá para o meu quarto, qualquer coisa você me chama.


- Está bem! – concordei com a cabeça.


Percebi que ele ficou observando todas aquelas caixas que estavam na sala, mas não comentou nada a respeito disso.


- Pode se sentar – indiquei o sofá para ele.


- Obrigado! – disse antes de sentar.


- Então! – fui para o seu lado – O que você quer falar comigo?


- Mione! – percebi que ele estava olhando para os próprios pés – Eu queria te pedir desculpas por ter brigado com você daquele jeito. Eu fui idiota.


- Não tem problema! – dei de ombros. Para falar a verdade, aconteceu tanta coisa comigo no último mês que eu nem me lembrava mais daquela briga.


- Que bom! – ainda parece um pouco envergonhado – Também acho que fiz a maior besteira terminando com você.


Fiquei quieta, sabia exatamente onde ele queria chegar.


- Sei que isso não vai ser fácil para nenhum de nós dois – segurou a minha mão – O que acha da gente voltar e fingir que nada disso aconteceu.


- Comárco! – larguei a mão dele imediatamente – Eu realmente fico muito feliz por você ter vindo aqui, mas eu não posso voltar com você.


- Por que não? – se espantou – Não me diga que você já está namorando outro.


- Não exatamente – não sabia como iria explicar isso para ele – É que...


O som da campainha interrompeu a minha fala. Suspirei aliviada enquanto ia atender a porta.


- Oi Mione! – Harry deu um rápido beijo na minha bochecha antes de entrar na sala – Já está pronta para irmos?


Nesse momento Comárco se levantou e ficou encarando o recém-chegado.


- Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo? – ele parece com bastante raiva nesse momento – Aonde vocês dois vão?


Revirei os olhos, acho que não devia mais nenhuma satisfação para ele. De qualquer maneira, não quero uma nova briga depois que já estava tudo resolvido.


- Eu estou me mudando! – disse sem conseguir encará-lo – E o Harry veio me ajudar com as coisas.


- Na verdade, ela está indo morar lá em casa – o Harry não estava ajudando muito – Eu a convidei para morar lá comigo.


- Agora eu entendo por que você não quer voltar comigo – ficou parado nos observando – Parece que você não demorou para você arranjar outro namorado.


- Não é isso! – sei que não devia explicação para ele, mas não consegui evitar falar.


- Nós vamos ter um bebê – tenho a impressão de que ele estava querendo provocar o Comárco – Na verdade, dois. E quero muito que eles fiquem perto de mim.


- E depois diz que não estão juntos. – comentou.


- Eu não vou mais discutir com você – suspirei pesadamente.


- Nós terminamos há pouco mais de um mês e você já está com o Potter e grávida dele! – colocou a mão no queixo pensativo – Isso tudo aconteceu rápido demais. Parece até que já estava acontecendo antes de terminamos.


- Você vai começar com isso de novo! – me sentei no sofá com a mão na cabeça.


- Você está me dando motivos Mione! – continuou.


- Acho melhor você ir embora Comárco! – Harry pediu enquanto se sentava do meu lado – A Mione não pode sofrer emoções fortes, isso pode fazer mal para os bebês.


Ele não disse mais nada, apenas foi embora batendo a porta com toda a força.


- Não se preocupe Mione – me abraçou a mais e beijou o topo da minha cabeça.


- Não estou chateada! – segurei a mão dele – Eu vou ficar bem.


- Eu espero que sim – seu tom de voz era bem bravo – Se acontecer alguma coisa com você ou com os bebês. O Newton vai se ver comigo.


Não pude deixar de rir. Era muito bom me sentir protegida.


- O que aconteceu? – Lizzie apareceu na sala um pouco – Eu ouvi uma barulheira.


- Não foi nada! – Harry respondeu por mim – Só o Comárco de novo.


- Eu não devia ter deixado vocês dois sozinhos – Lizzie disse para mim – Você está bem Mione?


- Não se preocupem comigo – me levantei – Vamos embora Harry? Já está tudo pronto.


- Então vamos! – ele concordou se levantando – Você ajuda a gente e levar tudo Lizzie?


- Claro! – balançou a cabeça afirmativamente.


Não demorou muito para tudo estar dentro do Volvo prateado de Harry. Eles não me deixaram carregar nada.


- Tchau Mione! – ela me abraçou antes de eu entrar no carro – Juízo para vocês dois – apontou para cada um.


Revirei os olhos e entrei no carro. Logo estamos andando em direção à casa de Harry, que agora também seria minha.


- Harry! – eu o chamei enquanto parávamos em um sinal – Será que nós podemos parar em um lugar antes?


- Claro! – respondeu – Aonde você quer ir?


- Eu estou com vontade de ir naquela sorveteria que fica lá perto da sua casa – eu não gostava de dar trabalho, mas não conseguia evitar – Será que a gente pode ir lá?


- Vamos sim! – respondeu em seguida – Afinal, eu não quero que os nossos filhos nasçam com cara de sorvete.


Não pude deixar de rir. Menos de cinco minutos depois chegamos ao local.


- Prontinho! – disse quando estávamos na frente de uma vitrine cheia de sorvetes – Qual é o sabor que você quer?


- De pistache com cobertura de chocolate e leite condensado – disse.


- Tem certeza? – ele fez uma careta – Não sabia que você gostava de sorvete de pistache.


- Para falar a verdade, eu nunca provei – admiti – Mas me deu uma vontade de repente.


Ele não disse mais nada. Apenas pediu o sorvete que eu queria e um de morango para ele. Quando os nossos pedidos foram entregues, fomos nos sentar em uma mesa perto da janela.


- Uma vez o meu pai disse que as grávidas costumam ter desejos estranhos – comentou algum tempo depois – Mas eu achava que ele estava exagerando.


- Eu também nunca acreditei nisso – disse também – Mas nessas últimas semanas eu tenho tido uns desejos estranhos. Outro dia eu quis comer manga com sal.


- Tudo bem! – revirou os olhos – Espero que os seus próximos desejos sejam um pouco mais normais.


Ficamos algum tempo em silêncio apenas tomando os nossos sorvetes.


- Sabe! – comecei – Nós temos que contar sobre os bebês para os nossos pais.


- Eu sei disso! – concordou com a cabeça – Eu estava pensando em ligar para os meus pais, acho que podemos falar com ele juntos.


- É melhor você falar sozinho com eles – pedi – Não sei se tenho coragem de falar uma coisa dessas com os seus pais.


- Deixa de bobagem! – colocou a mão no meu ombro – Os seus pais de adoram. Ainda mais quando souberem que você vai ser a mãe dos primeiros netos dele.


- Então está bem! – acabei concordando.


- E os seus pais? – perguntou logo depois.


- Não vou poder esconder isso deles para sempre! – suspirei pesadamente – Então acho que é melhor contar logo.


- Tem razão! – respondeu – Tenho certeza de que eles vão adorar.


- A minha mãe até pode ser, mas o meu pai – suspirei pesadamente - Ele ainda acha que eu sou um bebê.


- Você sabe que o seu pai sempre gostou de mim – riu levemente e eu revirei os olhos – Depois da Lizzie, ele era o maior fã da campanha “Harry e Mione juntos”.


- Na teoria é uma coisa, na pratica é outra – continuei – Lembra quando ele soube que eu estava namorando o Comárco?


- Mas é diferente! – disse – A única pessoa que gostava do Comárco era você.


- Acho melhor a gente parar por aqui – pedi – Mesmo depois de tudo, não quero falar do Comárco.


- Tudo bem! – ele me abraçou pelo ombro e me puxou para mais perto – Sabe que eu não quero deixar você estressada.


- Obrigada! – dei um beijo na bochecha dele – Podemos ir embora?


- Vamos sim! – concordou se levantando.


Não demoramos para chegar em casa. Harry me mandou subir enquanto levava todas as caixas para dentro do apartamento.


- Está tudo pronto! – avisou enquanto voltava para a sala – Quer conhecer o seu quarto?


- Claro! – disse sorrindo.


Ele segurou a minha mão e me guiou pelo pequeno corredor. O quarto não era muito grande, tinha apenas uma cama de casal, uma mesa de cabeceira, um armário e as várias caixas espalhadas pelo chão.


- Não é muita coisa! – avisou – Mas espero que se sinta confortável aqui.


- Eu adorei! – respondi enquanto me sentava na cama e encostava no travesseiro.


- Que bom! – percebi que ele suspirava aliviado – Se você quiser amanhã eu posso te ajudar a arrumar as suas coisas. Sei que você deve estar cansada.


- Acho que eu vou querer a sua ajuda sim! – disse. De repente, senti uma cosquinha na minha barriga e coloquei a mão lá.


- O que houve? – ele perguntou preocupado se aproximando – Está tudo bem.


- Estou ótima – sorri – Só senti alguma coisa se mexendo.


- Sério? – ele também estava sorrindo – Já dá para perceber?


- Eu sinto! – dei de ombros – Mas o médico disse que isso pode ser psicológico. A gravidez ainda está muito no inicio.


- Deixe-me ver – colocou a mão na minha barriga, ficou algum tempo naquela posição e depois me encarou – Eu não sinto nada.


- Está vendo! – suspirei triste – Deve ser coisa da minha cabeça.


- Não se preocupe com isso Mione – ele me abraçou a colocou a minha cabeça sobre o seu ombro – Logo vai ser muito perceptível.


Eu sorri. Então, Harry beijou de leve o meu ombro e foi subindo pelo pescoço. Quando percebi que ele estava chegando perto da minha boca, eu o parei.


- Espera Harry! – eu disse colocando a mão sobre o seu peito.


- Alguma coisa errada? – ele me olhou confuso.


- Eu sei que vamos ter dois bebês juntos e estamos morando na mesma casa – comecei, tinha que ser cautelosa para não magoá-lo – Mas eu não estou planejando ter um relacionamento com você.


- Está tudo bem! – concordou – Acho que você tem razão.


- Nós dois somos amigos há tanto tempo – continuei – Que não precisamos ficar juntos só por causa dos nossos filhos.


Ele deu um beijo no topo da minha cabeça e me abraçou. Ficamos assim por algum tempo, eu tinha certeza de que nada iria mudar entre nós, pelo menos por enquanto.

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