Capítulo II



_Bom dia, Draco! – disse a voz calma e baixa de Astoria ao pé da escada.


            Ela desceu graciosamente os degraus até a sala de jantar de nossa casa, onde eu tomava meu café da manhã lendo o Profeta Diário.


            _Bom dia, Tory... – respondi olhando ainda para o jornal.


            _Passou bem a noite, querido? – ela perguntou carinhosamente afagando uma de minhas mãos enquanto me servia, com o auxílio da varinha, de mais café.


            Era isso que mais me desconcertava em Astoria. Ela demonstrava um afeto imenso mesmo quando eu não merecia isso, o que quer dizer a maioria das vezes.


            _Muito bem, obrigado. E você? Dormiu bem? – perguntei finalmente observando-a, e sendo obrigado a admitir que ela ficava ainda mais bela a cada dia que passava.


            _Mais ou menos... – ela abaixou os olhos para o prato que havia servido para si – Não consegui dormir direito. Que coisa estranha!


            _Estranha mesma, - sorri – justo você que dorme como uma pedra?!?


            Astoria riu cruzando as pernas em cima da cadeira. Rindo daquela forma ela ficava ainda mais parecida com uma menininha encantadora.


            _Eu não durmo feito pedra, Drakie! Durmo feito um anjo! – ela riu fazendo caras e bocas.


            _Mas, de verdade, você está mesmo bem? Precisa de um médico? – perguntei ligeiramente preocupado, afinal, Astoria nunca tinha adoecido antes, desde que nos casamos.


            _Não, deve ser só alguma coisa que eu comi... – ela fez um gesto displicente com uma das mãos.


            _Comeu? Você não come Astoria! – respondi apontando para o prato dela, que ainda tinha um waffle intacto.


            _Como sim, seu chato! – disse sorrindo e levando um pedaço do café da manhã até a boca.


            No momento em que engoliu o waffle, sua expressão mudou e ela saiu correndo da mesa indo até o suíte de hóspedes do andar térreo, indo direto para o banheiro e batendo a porta.


            _Astoria! Astoria, abre a porta! O que tá acontecendo? – perguntei batendo na porta com tanta força que seria capaz de arrombá-la se esta não tivesse se aberto naquele exato momento.


            Astoria, após abrir a porta, sentou-se no chão respirando fundo, pálida como eu nunca a havia visto na vida.


            _Tory... o que aconteceu? – perguntei agachando-me a seu lado e afastando os fios de cabelos loiros que se espalhavam pelo rosto de boneca.


            _Eu tô passando muito mal, Draco, me leva no St. Mungus... – ela choramingou me abraçando.


            _Ok... Dá pra aparatar? – perguntei, recebendo como resposta um aceno afirmativo de cabeça.


            Aparatei com Astoria na porta do Hospital St. Mungus e entrei com ela no colo indo direto até a atendente.


            _Pois não senhor, eu posso...


            _Ela precisa ver um médico agora. – respondi sem esperar que a mulher completasse o que viria a dizer.


            _Pois não senhor, você só precisa preencher alguns dos nossos protocolos e...


            _Não quero droga de protocolo nenhum! – disse aumentando o tom de voz, mas depois de olhar para Astoria, voltei a falar baixo – Eu exijo um médico agora.


            _Maddison, está havendo algum problema aqui? – disse uma mulher com seus quarenta e poucos anos e jaleco branco vindo até nós.


            _A senhora é médica? – perguntei.


            _Sim, eu... – ela começou a responder.


            _Por favor, atenda a minha esposa... – pedi.


            Ela parou por um instante e concordou com a cabeça indicando-nos um corredor mais vazio, onde conjurou uma maca para que eu pudesse deitar Astoria.


            _Senhor, posso fazer um feitiço para que ela durma? – perguntou – Parece estar extremamente abatida...


            _Claro, doutora... – respondi.


            _Não, Draco, eu... – Astoria tentou falar.


            _Shhhh... calma, calma... Eu vou ficar aqui... – tranqüilizei-a.


            Astoria fechou os olhos lentamente e a médica encostou a varinha em sua testa, fazendo com que saísse de lá uma luz arroxeada.


            _Senhor... – a médica fez sinal de que não sabia meu nome.


            _Malfoy, Draco Malfoy.


            _ Sr. Malfoy, meu nome é Dra. Corey Phillips. Agora me diga, por favor, quais foram os sintomas de sua esposa.


            _Ela acordou muito bem, mas disse que não havia passado bem a noite... Disse que estava estranha. Quando ela começou a tomar café foi direto para o banheiro e disse que estava passando muito mal, enjoada.


            _Enjoada?


            _Sim, eu acho que sim, ela fechou a porta. – respondi com imaciência.


            _Acalme-se senhor, farei alguns exames, mas creio não ser nada de ruim. Fique tranqüilo e espere no hall principal. Daqui a alguns minutos conversarei com o senhor novamente.


            _Não é nada grave, é? – perguntei antes de chegar ao fim do corredor.


            _Muito provavelmente não, Sr. Malfoy. – ela sorriu –  Sua esposa me parece bastante saudável. Não fique nervoso...


            Fiquei naquela sala de espera infernal por trinta insuportáveis minutos. Os ponteiros do relógio pareciam ter decretado feriado nacional e tirado o dia de folga, mas enfim a Dra. Phillips apareceu com uma pasta nas mãos.


            _Sr. Malfoy, poderia me acompanhar? – perguntou.


            _Não, imagina, acho que vou ficar sentado aqui mesmo... – respondi impacientemente – Onde está Astoria? O que ela tem?


            _Ela está muitíssimo bem. Já acordou. Podemos conversar no quarto?


            Confirmei e a médica me guiou até um quarto no fim de um longo corredor. Lá dentro estava Astoria deitada na maca com os olhos fechados, mas parecendo bem menos abatida.


            _Draco? – ela abriu os olhos ao ouvir o barulho da porta sendo fechada – Oh, Draco, que bom que está aqui! – ela abriu os braços e eu me aproximei beijando sua testa.


            _Então, doutora, - perguntei – o que ela tem?


            _Sr. Malfoy, primeiramente devo lhe dizer que sua esposa está extremamente bem – ela sorriu para nós – e que não há nada de errado com ela...


            _Mas então o que houve? Ela simplesmente sentiu-se mal por motivo algum? – não adianta, sempre que estou nervoso minha veia irônica aflora, e naquele momento eu estava apreensivo demais.


            _Ela está bem, senhor, o que houve é plenamente normal julgando pelas condições...


            _Que condições? – perguntei aflito.


            _Astoria está grávida, Sr. Malfoy!
            “Grávida...”. Aquela palavra ecoou na minha cabeça por alguns segundos. Eu, pai? Eram palavras incompatíveis.


            _Como assim, grávida? – perguntei num fio de voz.


            _De três meses. – respondeu Dra. Corey sorridente – Mas agora acho melhor deixá-los conversarem a sós.


            _Você sabia? – perguntei de costas quando estávamos sozinhos.


            _Não... não tinha certeza. – ouvi a voz de Astoria ainda mais baixa que o normal.


            Finalmente me virei de frente a fim de vê-la. Astoria tinha o olhar num misto de incredulidade e êxtase enquanto acariciava a barriga. Ela voltou seus olhos para mim e sua expressão mudou para frustração.


            _Você não está feliz? – perguntou com os olhos enchendo-se de lágrimas prateadas.


            _Não é isso... é que... Astoria... eu, pai? – respondi olhando pela janela do quarto.


            _Você não entende, Draco? – ela disse com a voz embargada apesar do tom alto – Este deveria ser o dia mais feliz para nós! Não estraga tudo...


            Voltei para perto dela sentando-me na beirada da cama.


            _Eu não sei ser pai. – respondi sem perceber o quão infantil aquilo tinha soado – Eu não vou ser um bom pai, porque eu nunca tive um exemplo disso.


            _Não fala assim... – ela afagou meus cabelos – Você sabe o que não quer ser, Draco. E, por favor, não subestime suas qualidades, pois sabe que isto é algo que me mata por dentro!


            _Que qualidades, Astoria? O que eu posso ensinar de valores a um filho?


            _Draco, é preciso muita coragem para admitir seus erros. – ela disse em tom muito sério olhando em meus olhos daquela forma que parecia estar lendo minha alma. – Agora, - seu olhar tornou-se suave e brincalhão – posso saber por que o senhor ainda não me deu um beijo por estar gerando a criatura mais perfeitinha do mundo?


            Soltei uma gargalhada. Que menina era aquela, por Merlim, que me fazia acreditar em uma vida completamente sem defeitos? Atendi a seu pedido e tive certeza de que o que quer que acontecesse, eu poderia enfrentar com ela a meu lado.


 


SEIS MESES DEPOIS


            _Draco, quer, por favor, largá-lo? – dizia a mãe de Astoria, Serenity – Você está com ele desde que chegamos! Deixe-me pegar o meu neto!
            _Sra. Greengrass, o seu neto é o meu filho! – respondi segurando o bebê ainda mais apertado.


            _Draco! – exclamou Astoria da cama do hospital – não aperte o pequeno assim, vai amassá-lo! – completou sorrindo.


            _Aqui, vai com a mamãe, meu filho... – eu disse quando o neném ameaçou a chorar – Deve ser fome Astoria, você não dá leite direito ao nosso filho? Ou será que ela está passando mal?


            _Calma, Draco! – ela sorriu novamente – Deve ser sono. Vem cá com a mamãe, meu amor... vem. – ela disse enquanto eu entregava-lhe o bebê.


            _Astoria, esse menino não vai ter nome? – perguntou meu sogro observando a filha enquanto Tory fazia o neném dormir.


            _Vai pai... – ela o colocou no bercinho e se levantou da cama – Podemos ir na varanda, Draco? Mãe, pai, vocês tomam conta dele? – perguntou docemente.


            Astoria pegou minha mão e fomos até a sacada do quarto, de onde pudemos ver o céu estrelado.


            _Sua família sempre nomeia as crianças com nomes de estrelas e constelações, não é, Draco?


            _Sim. – Respondi – É uma tradição, quer dizer que quem nascer nesta família tem um futuro brilhante pela frente, entende? Mas não acho que existam muitos nomes bonitos para darmos a ele se quisermos seguir isto...


            _Qual é aquela estrela? – ela perguntou apontando para uma delas.


            _É Sirius. – retorci os lábios ao dizer o nome – Dizem ser a estrela mais brilhante do céu.


            _E aquela? – apontou para outra.


            _Cassiopéia. – ri de leve – O nome verdadeiro da minha mãe.


            _E aquela outra ali?


            _Qual? A que tem um brilho esverdeado? É Scorpius.


            _Scorpius... – ela repetiu para ver como soava – Scorpius Hipéryon Malfoy. Nosso pequeno soserino.


 


 


N/A: Olá! =D


Então, esse é o segundo cap de Flashes! E é um dos que eu mais gosto, sem dúvidas. Here comes little Scorpy! Alguém imagina que criança mais fofa que deve ser o Scorpius??? Um bebezinho lindo, sem dúvidas. *-* O terceiro capítulo já está prontinho e finalmente saberemos o que impede Draco Malfoy realmente AMAR Astoria. Ou seria quem?


Beijudds! s2 sempre sempre.


PS: E só pra não perder o hábito: COMENTAR FAZ BEM AO CORAÇÃO (da autora que aqui vos fala). //auhsuahsuahsuahsuh//

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.