Capítulo 4




 

 

Capítulo 4


 


 


Lily


 


Eu já havia comunicado minha decisão ao professor Dumbledore e como meus pais era falecidos só faltava a parte mais difícil: meus amigos.


Neste momento Marlene entrou no dormitório, com cara de quem tinha chorado. Eu não tinha coragem de perguntar o porquê, com o medo de a resposta me fazer me voltar atrás, o que eu não queria.


- Marlene, eu preciso te contar uma coisa. – Eu disse com os olhos marejados. A culpa por estar com as malas prontas embaixo da cama se alojou em minha consciência.


- Lily, pode me contar qualquer coisa, minha flor. – Disse ela.


- Marlene, isso que eu vou dizer pode te magoar, embora essa não seja a minha vontade. – Dei uma pausa. – Você foi minha amiga, minha irmã, minha anja da guarda. Obrigada por tudo isso, por tudo o que você me fez, por tudo o que você teve que aturar e escutar por minha causa. Obrigada por sempre me defender e correr em minha defesa. A nossa amizade foi o que eu conquistei de mais valor nesta vida. Você é a pessoa mais maravilhosa que eu já tive o prazer de conhecer, e que com certeza vou conhecer. Jamais poderia, teria a capacidade de te esquecer, você sabe. – Eu disse já chorando muito e ela com um sorriso bobo e lágrimas escorrendo pela face. – Agradeço todos os dias por eu, uma pessoa tão comum, ter recebido uma pessoa como você como minha melhor amiga e meu anjo da guarda. Quando era criança, eu não tinha amigos e ficava procurando no dicionário o significado da palavra “amizade”. Hoje eu sei que a definição verdadeira seria Marlene McKinnom. Você, e ensinou o verdadeiro valor da amizade, da felicidade, me apoiando sempre.


- Oh, Lily! – Ela disse chorando.


- Apesar de tudo, tudo o que eu agradeço, eu me magôo, por te magoar como vou fazer. – Eu olhei para ela, que me olhava confusa. – Marlene eu vou embora daqui. – Eu disse chorando e soluçando profundamente.


Ela parou de chorar de repente e o sorriso que estava em seu rosto foi sumindo.


- O que? Como? Para onde? Hã? – Ela estava visivelmente chocada.


- Eu vou para outra escola bruxa, amanhã depois do café, porque é domingo, concluir meus sete meses no sexto ano e meu ultimo ano. Queria que você entendesse meus motivos. – Eu disse chorando desesperadamente. Essa era a minha decisão, e por mais que fosse radical, eu não voltaria atrás. Minhas coisas já estavam arrumadas.


- Não Lily! Você não pode fazer isso comigo, por favor!! – Ela disse muito desesperada, me cortando o coração. Depois mudou de tom, passando para um mais melancólico, pausado e lento. -Eu fui sozinha por tanto tempo, por toda a minha infância e quando entrei aqui e te conheci, tudo mudou. Encontrei a felicidade verdadeira pela primeira vez, e motivos para sorrir. – Ela tinha inúmeras lágrimas escorrendo em sua face, e me abraçou apertado, como se o mundo fosse acabar. Para mim, ia. Não havia nada que eu pudesse fazer.


- Marlene... Oh amiga, vou sentir sua falta mais que qualquer e todas as coisas. Eu vou, mas jamais deixarei de lembrar os nossos momentos. – Aquilo me magoava e me apertava o coração. – Me perdoe, me perdoe! - Olhei para ela e ela pareceu cair na real.


- Te perdoar? Por quê? Por buscar sua felicidade? Pare com isso, Lily. Eu peço perdão pelo meu chilique, que dei agora. Peço desculpa também por qualquer erro que vim a cometer. – Ela começou a chorar silenciosamente, mas soluçando. – Já arrumou as malas? Quer ajuda? Oh, oh, oh Sirius vai ficar arrasado!


- Calma, Marlene, já está tudo pronto. Poderia pedir a Sirius para vir aqui, por favor? – Queria que ela fosse por que, primeiro: Sirius era seu namorado e segundo: eu não ir lá ao dormitório e dar de cara com Thiago. Ela saiu para chamar Sirius e eu, sabendo que ela iria demorar fiz o que tinha planejado.


 


Marlene voltou duas horas depois, com Sirius em sua cola, com uma cara intrigada, no entanto meio vermelha. Eu sabia exatamente que havia acontecido; ela foi até o dormitório e ele a viu chorando e foi consolá-la, depois rolou uns amassos pelo resto de tempo. Claro que alguma coisa ela desabafou com ele, mas Sirius teria que saber de mim um último fato. Ela também estava com a cara triste e confusa. Eu realmente tinha amigos ótimos. Fiquei feliz que pelo menos eu ia embora, e ia deixar minha amiga em boas mãos.


- Oi Lily. – Ele disse.


- Oi Sirius. – Respondi. – Hum... Não me agrada ter essa conversa, mas não tenho escolha. – Marlene sabe das coisas, pois disse que iria tomar banho e me deixou sozinha com Sirius.


- Marlene disse que você queria falar comigo. – Ele começou inseguro.


- É, eu preciso falar com você. Sirius, você já deve estar a par de certos fatos, e se não estava, usou a lógica para entender. – Ele assentiu, concordando com o que eu dizia. – Então, já que não preciso te explicar nada, pois você já sabe, vou direto ao ponto: Sirius, eu vou embora.


- O que? Desculpe estar usando esta frase batida, mas acho que não ouvi direito. Repete. – Disse ele surpreso. Tive que rir, em meio às lágrimas, de sua cara.


- É sério, Sirius. – Eu o repreendi. Tornei-me séria. – Te chamei para pedir que continue cuidando da Marlene como você tem feito, protegendo-a. Eu jamais confiaria esta tarefa à outra pessoa, porque ela te ama muito, e por você amá-la como faz. – Eu disse deixando lágrimas escorrerem. Estava chorando demais por um só motivo, em um só dia. – Espero que você consiga cumprir essa tarefa. E o outro motivo que o traz aqui é que eu quero muito agradecer. Agradecer o que fez, e o que faz por mim e pela Marlene. Obrigada de verdade, de coração. Não sei como agradecer do jeito certo, apropriado.


- Não precisa agradecer. Amigos servem para essas coisas. – Ele disse de cabeça baixa. – Você precisa mesmo ir embora?


- Sim, preciso. Não fique triste, por favor.


- Como não ficar triste? – Ele disse num tom melancólico, magoado. – Você vai embora, vai nos abandonar. Como posso não ficar triste com isso? Que tipo de amigos você acha que somos? – Ele disse ainda de cabeça baixa.


- Eu acho que vocês são o melhor, o mais especial tipo de amigos que existe na face da Terra.


- Quando você parte? – Ele me questionou.


- Amanhã de manhã... – Eu disse, e o abracei.


-... Aí ta aproveitando para me deixar um belo par de chifres. – Disse Marlene, saindo do banheiro. Depois sorriu, era uma  brincadeira. Para meu desespero, mas para a minha graça, Sirius disse:


- Claro, vínhamos mantendo um caso faz tempo. – Ele disse, enquanto passava os braços em volta da minha cintura. Eu gargalhei. – Brincadeirinha amor. – Ele disse ao ver a cara da Marlene. Ela sorriu também.


- Oh, o que faço agora? Acho que vou tirar o atraso com o Thiago. – Ela disse indo pegar um pijama, já que saiu só de toalha. Sirius, que até agora a olhava, principalmente nas pernas porque ela se inclinou, fechou a cara.


Eu olhei bem feio. Muito feio para ela. “Tirar o atraso com Thiago”? Essa menina está querendo morrer? Sirius também não sorriu.


- É brincadeira Lily! – Ela disse se virando para mim. Para desgosto de seu namorado, ela saiu de sua posição e foi se trocar atrás das cortinas fechadas da cama.


-Enfim, tenho que escolher minha roupa para amanhã. – Eu disse entristecida.


- Posso te ajudar? – Marlene disse com a voz embargada, como quem segura o choro. Ela estava de costas, então fui lá e a abracei. Ela começou a chorar, e eu, por instinto, comecei também. Vi Sirius saindo, de cabeça baixa.


- Oh Lily, vou sentir tanto a sua falta! Você mudou tanto na minha vida, e simplesmente vai sair dela, sem mais nem menos. Vai ser como um sonho, em que você sonha a sua vida quase perfeita e depois acorda e vê que tudo foi ilusão, que o principal não está ali para tornar seu sonho realidade.


- Marlene, não vou sair da sua vida. Continuarei em contanto constante e permanente com você. E você, com certeza, vai continuar sempre minha melhor amiga.


- Você sempre será minha “Best friend”! A pessoa que me traz mais alegrias na vida. Obrigada por fazer parte dela.


- Nem me agradeça. Eu te amo.


-Também te amo.


-Preciso falar com você. – Resolvi contar de uma vez por todas.


- O que é? – Ela parecia curiosa.


- Segredo!


 


Thiago


 


Eu estava me arrumando para sair com a Marina. Ok, admito, eu estava gostando de sair com ela, apesar dela ser um pouquinho fútil e exibida. Íamos jantar na Sala Precisa. Seria legal esta noite, mas com a Lily seria diferente... Thiago! Porque esta pensando na Lily?


Sirius também estava no quarto, já que Marlene estava com problemas pessoais e tinha ido desabafar com quem? Lily!


Lembrei-me que ainda perguntado a Sirius o que ele quis dizer com aquela frase.


- Sirius?


- Que?  - Ele disse secamente.


Então ouvimos batidas fracas na porta, e Marlene entrou (sem pedir licença) com o rosto lavado de lágrimas.


- O que houve, amor? – Sirius indagou e foi abraçá-la. Ela enterrou sua cabeça no peito dele e começou a chorar desesperadamente. Ele me viu olhando e a guiou para fora do quarto.


Terminei de me arrumar colocando uma camisa pólo preta com desenhos durados (lembrei da camiseta da Lily), uma calça jeans cinza com um All Star velho (charme) preto. Tentei pentear meu maior charme: meu cabelo. Preciso dizer que foi em vão?


Desci para esperar Marina no Salão Comunal. Lá presenciei a cena: Marlene e Sirius estavam no sofá, de frente um para o outro, mas de mãos dadas. Ela falava algo, mas chorava muito, soluçava. Nem me notaram, pois ela acabou de falar e ele a beijou. Ficaram no maior amasso, com direito a camiseta levemente levantada.


Sentei de fininho numa mesa de costas aos pombinhos, esperando Marina. Ela apareceu logo depois, e pareceu feliz. Muito feliz. Usava saia jeans curta, uma camiseta preta de alcinha, meia-calça preta e botas. Estava bonita, mas meio vulgar, pois estava friozinho. Ela me deu um selinho e me desejou boa noite.


- Amei as rosas! – Ela disse (lê-se gritou) feliz. Os pombinhos não ouviram, estavam ocupados demais.


- Vamos? – Perguntei.


- Sim! – Ela respondeu animada.


Fomos à Sala Precisa como planejado e tivemos um maravilhoso jantar, com sobremesa mais gostosa ainda e, é claro, beijos vorazes e aproximações perigosas, mas como sempre, faltava algo, alguém. Neste dia, particularmente, eu não estava animado para sair, mas não pude dizer não.


- Thi? Thiago? Thiago?! – Marina me chamou. Eu estava envolto em pensamentos, que envolviam... Deixe quieto.


- Oi, coração! – Peguei essa mania de chamar as pessoas de “coração” da Lily. Oooopaaaa! Sem pensar em Lily, Thiago.


- Você está tão longe! Está pensando em mim ou em outra? – Ela fez uma cara de falsa indignação, mas realmente achando que eu devia estar pensando em outra (não que fosse mentira).


- Estou pensando nos problemas. – Eu respondi. O que também não era mentira. Peguei um morango, mergulhei no chocolate e comi. Ganhei um beijo da Marina, mas foi meio vazio. Senti que foi culpa minha, mas esse beijo meio que espelhou o que eu sentia por dentro: um grande vazio na altura do peito. Um vazio, como se eu tivesse caído na real. Como se eu tivesse me tornado outra pessoa de um dia para cá. Foi o que aconteceu.


Há alguns dias eu era louco para sair com a Lily. Hoje eu saio com outras garotas para causar ciúmes na ruivinha.


Que tipo de ser humano eu sou? Ou melhor, que eu me tornei? Eu não falava com a ruiva desde que ela foi ao dormitório chamar Sirius. Isso estava me matando. Amanhã de manhã eu iria acabar com isso, ia pedir desculpas á minha melhor amiga, reatar nossa (possível mais que (bem que eu queria)) amizade.


- Thiago! – Marina gritou.


- Oh, oi! Desculpe, o que você dizia? – De novo não, sua besta!


- Eu perguntei “Que tal um beijinho?” – Ela fez biquinho. Eu não respondi. Só a beijei, querendo esquecer certas coisas (ou pessoas).


 


 


Ficamos até tarde na Sala Precisa. Não fizemos nada de mais. Já era madrugada quando voltamos para o Salão Comunal. Ela se despediu de mim com um beijo e um “Boa Noite”, e subiu para o dormitório.


Eu fiquei lá, pensando (adivinha em quem?). Cansei de ficar de pé e fui sentar nos sofás. Estava tão distraído que sentei em alguém, que estava dormindo. Sirius. Ele deu um berro tão alto (pulei longe) que até minha vovozinha querida, que mora em Hogsmeade, escutou.


- Caramba Thiago! Você não olha por onde senta, não? – Ele disse euforicamente junto com alguns pequenos palavrões.


- Não! – Então eu caí na gargalhada. Eu ria tanto que minha barriga doía. Há tempos que eu não me sentia assim.


Sirius me olhava com uma cara assassina, até que ele sorriu diabolicamente.


- Vai ter troco, meu caro amigo. – Ele disse esfregando as mãos, como se bolasse um plano.


- Ok, por mim, tudo bem. Nada que pague a sua cara1 – Só de lembrar, já caía na risada de novo. Não deixando barato, ele me socou no braço. Doeu.


- Nossa! Essa doeu! – Eu disse esfregando o local dolorido.


- Você ainda não viu nada!

Continua...

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Comentem se gostaram, se odiaram etc..

Gostaria imensamente de dedicar esse capítulo á minha amiga Luana Jóia, meu anjo *-*

Valeu Luh

Beijos

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