Capítulo 3
Capítulo 3
Lily
Passei a manhã inteira lendo um livro. Apesar de amar a leitura, foi um pouco monótono, pois não tinha nada para fazer. Dei graças a Merlin por finalmente o sinal do almoço bater. Em questão de pouquíssimos minutos, Marlene chegou. Ela me ajudou a arrumar minhas coisas, agradecemos a enfermeira e fomos almoçar. Ao chegar à mesa, infelizmente fomos nos sentar ao lado dos meninos. Marlene e Sirius se cumprimentaram e eu fingi que não via Thiago, e fui imitada por Marlene.
- Lily que bom que teve alta! – Disse Sirius – Sentimos sua falta nas aulas dando uma de sabichona e respondendo tudo.
- Haha! Muito engraçado! – Mostrei a língua para ele, que gargalhou. – Estou com fome vou comer, se me der licença.
- Claro, vamos todos comer.
Depois do almoço correu tudo bem. Quer dizer, mais ou menos. Eu e Potter nos ignorávamos.
Thiago
Merda! Eu sou um babaca, um idiota, um... Não acredito que magoei minha melhor amiga. O dia inteiro, eu fiquei procurando uma desculpa para puxar assunto com Lily, mas todos pareciam tolos.
Ela fazia questão de me ignorar, embora eu visse com freqüência a decepção em seu olhar. Aquilo estava me matando.
Finalmente chegou a hora de nos recolhermos. Eu me deitei e fiquei refletindo. Amanhã tinha o passeio, e eu ia com a Marina. O que poderia a aconteceria depois do passeio? Esse era o meu medo: o depois. Bom, deixemos rolar.
Acordei com o sol batendo na minha cara. Sirius estava se levantando também. Eu não dormi muito bem esta noite. Tinha pesadelos. Alguém, que eu não sabia quem era, mas que eu gostava muito me dizia adeus. Pela voz, achei que era minha mãe.
Levantei-me, tomei banho, escovei meus dentes e me troquei. Eu havia combinado com Marina que a encontraria ás 09h00min no Salão Comunal, tomávamos café juntos e íamos para Hogsmeade. Se ela não se atrasasse, deveria descer em 5 minutos. Resolvi esperá-la lá em baixo.
Desci e em cinco minutos ela chegou. Ela me deu um beijo no rosto e me abraçou, instintivamente passei os braços em sua cintura. Ouvi alguém prender a respiração bruscamente atrás de mim. Eu não havia notado ninguém nas poltronas. Quando me virei, vi com uma saia preta rodada e uma camiseta preta com desenhos dourados, Lily com os olhos brilhando.
Lily
Acordei mais disposta do que fui dormir. É claro que meu dia seria ruim, afinal passar o dia inteiro sozinha dentro do castelo, com Thiago saindo para namorar não é muito animador, mas estava disposta a esconder meus sentimentos e aprender a controlá-los, afinal, mais um ano e meio e eu estaria longe dele para sempre. Esse pensamento não agradou muito meu coração, que deu uma fisgada meio dolorosa. Para espantar as “más energias” me levantei a fim de tomar banho e me trocar (coloquei uma saia que havia ganhado de Marlene no meu aniversário e uma camiseta preta como a saia) e estar disposta quando tivesse que manter minha farsa. Foi o que fiz. Ainda eram 08h30min quando eu desci para o Salão Comunal, fiquei lá nas poltronas pensando em inúmeras coisas, entre elas as principais: Thiago, minha farsa, e o dever de Poções.
Eu estava lá quando ele desceu, fiquei o vendo andar de um lado para o outro, e ele nem me notou (outro motivo para esconder meus sentimentos, ele nunca me notou, nunca me notaria). Quando Marina chegou, lhe deu um beijo no rosto, o abraçou, eu agüentei o tranco, no entanto quando ele passou os braços pela cintura dela, eu não me contive mais. Prendi a respiração bruscamente e segurei as lágrimas que encheram meus olhos, mas ela ouviu e s virou. Não tive outra escolha senão:
- Bom Dia! – Eu disse coma voz dura e embargada. Depois saí correndo pela porta do Salão Comunal e corri até um corredor deserto. Novamente as lágrimas escorreram por meu rosto e um soluço subiu por minha garganta. Abracei-me sentando no chão.
Depois de me acalmar, fui para o Salão Principal tomar café. Nenhum dos dois (Potter e Marina) estava lá. Vi Marlene e Sirius. Ela olhava ansiosa a sua volta. Devia estar me procurando. Fui sentar perto deles. Ela suspirou de alívio e ele continuou comendo.
-Porque não foram ainda?- Perguntei.
-Porque eu acordei 15 minutos atrasada, aí você sabe como Sirius come, então unindo estes fatos, você ainda nos vê aqui. – Ela disse pausadamente.
-Você não vai a Hogsmeade Lily? – Perguntou Sirius com a boca cheia.
- Não, não vou. – Respondi sem querer aprofundar o assunto.
- Então, beijos, até mais tarde, pois nós já vamos indo. – Disse Marlene. – Eu te trago aquele chocolate da Dedosdemel.
- Oh, sim, obrigada. Bom passeio. – Eu tentei passar uma imagem animada, mas acho que funcionou, porque Marlene me olhou com uma cara tipo “conta-outra”.
Thiago
Depois do café, nós saímos em direção á estradinha que leva a Hogsmeade. Nem sinal de Lily. Será que um dia ela me perdoaria?
Nesta hora tive que desviar minha atenção para minha companheira, que entrelaçou nossos dedos. Eu sempre havia gostado disso, no entanto não me vi muito entusiasmado.
Seguimos nosso passeio indo até o Três Vassouras para tomarmos uma cerveja amanteigada. Na saída ela parou de frente para mim e eu de costas para a parede, e me beijou com fervor. Foi um beijo bom e tals, mas eu não senti aquele frenesi todo, ou meu batimento cardíaco acelerado, que ocorria com todas as garotas. Fique pensando que se fosse Lily, isso aconteceria (ok, eu estava pensando numa garota enquanto beijava outra). Isso me deixou um pouco chocado afinal Marina era bonita, beijava bem, mas algo deixava a desejar. Depois de finalmente nos separarmos ofegantes e vermelhos, ela disse:
- Finalmente consegui laçar você, né gato?- Disse ela me dando um selinho. – Não sabe quanto tempo esperei para estar aqui, namorando você. – Ela dizia com um mega sorriso no rosto.
O que? Estávamos namorando? Hum... Acho que sim. Ok, eu poderia agüentar só por algum tempo e depois largá-la. Na hora em que pensei nisso, vieram a s vozes dos meus amigos, me chamando de galinha. Eu sei, eu sei isso soa mesmo galinha, mas era minha única escolha, afinal eu não queria magoá-la e não gostava dela o suficiente para namorá-la por muito tempo. Se fosse Lily, quanto tempo eu agüentaria? De repente me imaginei de terno num altar (eu estava fazendo de novo)!
Lily
Que saco! Eu passei o dia todo fazendo lições, lendo e pensando no Thiago, eu só consegui pensar nele. O que será que ele sente por mim? O que ele sente pela Marina? Fato: eu tenho ciúmes da Marina. Fato dois: isso é muito normal, sentir ciúmes da pessoa por quem se esta apaixonada.
O que será que eles estavam fazendo agora? Minha pergunta foi respondida coma a porta do Salão Comunal sendo aberta e batendo contra a parede. Entraram Thiago e Marina no maior amasso. Confusão de mãos e corpos. Ele a prensou na parede, e desceu sua mão (antes na cintura dela) até a parte de trás do joelho da insuportável e elevou sua perna até encaixá-la na sua própria cintura. Ambos ofegaram. Eu estanquei. Sabia que deveria sair de lá, mas meus músculos estavam travados, eu não conseguia me mover. Eu senti algo quente e salgado escorrer por meu rosto e entrar pelo canto da minha boca. Percebi, enfim, que estava chorando.
Vi perifericamente, outro casal entrar discretamente para não ser notado. Eram Marlene e Sirius. Eles me viram. Ela em ajudou a subir as escadas para o dormitório e ele também, me deixando apoiar nele, enquanto me carregava escada acima. Minhas pernas estavam bambas, e minhas lágrimas não deixaram meu rosto em nenhum momento. Marlene era meu maior apoio, não apoio físico, apoio emocional.
Minha amiga me tomou dos braços de Sirius, se despedindo dele na frente do dormitório, com um acendo de cabeça e um olhar que eu não vi. Eu entrei no dormitório e me joguei na cama, desatando a chorar copiosamente, com soluços quase contínuos. Eu só pensava: NÃO! NÃO ACREDITO QUE ESTOU DE NOVO SOFRENDO PELO O QUE ELE ME FEZ! TENHO DE ESQUECÊ-LO!
Sentimentos de dor, de abandono, de rejeição, de ódio me tomaram.
Marlene, como sempre, foi fantástica. Entendendo meu recado (não tanto) silencioso de querer ficar sozinha, fechou as cortinas ao redor da minha cama e me deixou só. Eu deixei que aquele travesseiro fosse um colo acolhedor e uma mão que seca minhas lágrimas. Nestas horas eu queria ter pais, os meus eram falecidos desde meus 12 anos. Morreram num acidente de avião, quando eu estava no meu segundo ano em Hogwarts. Fiquei sabendo pelo professor Dumbledore, que me acompanhou no enterro. Nunca havia chorado tanto na minha vida, mas também me fortaleci com aquele fato, por ter de aprender a me cuidar sozinha, a não ter com quem desabafar, algum colo para chorar, até conhecer Marlene.
Após me acalmar (não disse que parei de chorar), saí de meu refúgio para agradecer a Sirius e Marlene. Bem na hora que coloquei meus pés fora cama, bateram na porta. Marlene foi atender após Marina (que eu não tinha visto que estava lá) alegar estar ocupada pintando as unhas.
Aquele mesmo garotinho pago por Marlene chamou a Srta. Marina Carter, quando a porta foi aberta. Marina foi até lá meio contrariada.
- Eu sou Marina Carter. – Disse muito orgulhosa.
- O Sr. Thiago Potter mandou lhe entregar esse buquê de tulipas com este cartão. – Ele disse como se tivesse ensaiado.
Foi como uma facada! Flores? Oh, não! Eu não podia acreditar. Certa vez estávamos conversando sobre a última briga de Marlene e Sirius, e como ele a havia reconquistado. Falávamos de nossas fraquezas amorosas e eu comentei que com um buquê de tulipas ou, principalmente, lírios eu me derretia todinha. Era algo tão romântico!
Foi a gota d’água, como um tiro no coração. Num rápido momento de raciocínio lógico, tomei uma decisão
Thiago
Caramba! Que namorada “quente” eu fui arrumar! Uau! No entanto ainda me parecia irracional ter mandado flores a ela. Algo me faz pensar que foi um ponto crítico ter mandado aquele agradinho a ela. Eu sabia que no fundo era só para saber da reação de Lily, mas nunca admitiria.
Por falar nela, não a vi desde a manhã, quando ela me viu com Marina. Este pensamento me trouxe uma sensação desagradável na boca do estômago.
Percebi que ultimamente tenho agido impulsivamente, sem me importar com os sentimentos dos outros, sem me importar com as conseqüências e principalmente, sem me importar com Lily.
Este era o ponto crítico, meus amigos. Qualquer coisa que lhes acontecesse, ou pior, que eu lhes fizesse me magoaria profundamente.
Notei que também vi Sirius desde que cheguei ao dormitório depois de passeio (e do mega amasso no Salão Comunal, que me deixou ofegante e cansado) e ele saiu sem nem mesmo olhar para mim. Uma vez isso ocorreu, quando brigamos (nem lembro o porquê). Calma! Será que lhe dei algum motivo para se magoar? Senti-me meio culpado, mesmo sem saber o motivo.
Decidi que já era hora de esclarecer as coisas. Desci para o Salão Comunal a fim de achar Sirius. Ao chegar, eu avistei-o em uma das poltronas, com a cara meio abatida. Ele me ouviu e me olhou. Vi algo como decepção em seus olhos, e não gostei deste fato. Então ele disse com a voz dura:
- “Antes de magoar um coração, veja se não está dentro dele.”- Eu ia interrogá-lo obre seu momento poeta do dia, quando:
- Amor! Amor! – Era a voz de Marlene, chamando Sirius lá do topo da escada, com a voz preocupadamente desesperada.
- Estou aqui, Marlene! Estou subindo, minha flor!- Ele disse subindo as escadas.
Subi atrás dele, com a intenção de voltar ao dormitório e ficar sozinho. Quando atingi o topo da escada, vi os dois abraçados e ela chorando no ombro dele. Quando me viu, ela parou e me encarou até eu entrar no dormitório.
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