7



 


Gina sentou-se perto do fogo, que começava a aumentar. Pôs-se a pensar que estar ali ao lado dele à noite toda podia não ser algo tão terrível assim.


 


— Então, você acredita mesmo em tudo aquilo que disse a respeito das mulheres, ou é algo que usa para seduzi-las?


 


Ele riu, balançando a cabeça.


 


— Acredito mesmo.


 


— Você acha que uma mulher pode fazer qualquer coisa que quiser?


 


— Algumas mulheres, sim. Você, por exemplo.


 


— Isso é bom, porque quero pedir que faça uma coisa para mim. E pode não ser exatamente o tipo de pedido que costu­ma ouvir das mulheres.


 


Seus olhares se encontraram.


 


— Pode pedir o que quiser Ginevra.


 


— Quero que me ensine a lutar com a espada.


 


Harry arregalou os olhos, mas seus lábios se curva­ram em um sorriso.


 


— Por que deveria me surpreender, já que o pedido veio justamente de você? Se quiser aprender a esgrimir, Ginevra, eu a ensinarei.


 


A noite estava ficando cada vez melhor.


 


— Mas, primeiro — ele disse — , vou arranjar algo para comermos. — Avivou o fogo e se levantou. — Vi sinais de vea­dos por perto. Também de morcegos e codornas.


 


— Humm... Prefiro passar fome a comer carne de morcego.


 


Ele fez uma leve reverência.


 


— Então, eu não lhe trarei morcegos para o jantar, minha lady.


 


Harry não trouxe um morcego, e sim um enorme peru selvagem, o suficiente para alimentar uma dúzia de pessoas. Gina se ocupara em manter o fogo aceso, e depois tinha verificado se os cavalos continuavam presos. Havia come­çado então a se aborrecer e a se preocupar com a demora de Harry, o que era bobagem, pois ele certamente sabia como se virar em um bosque.


 


Assim que chegou, ele se afastara do acampamento para limpar a ave antes de levá-la para perto do fogo. Não se pa­recia com os perus consumidos no Dia de Ação de Graça. Era mais comprido e não tão macio e brilhante.


 


Gina surpreendeu-se quando Harry cortou o peru em pedaços, para que ficasse pronto mais rápido. Ele usou ga­lhos em formato de forquilhas para assá-lo.


 


Ao sentir o aroma delicioso, seu estômago começou a ron­car alto. Harry, educadamente, fingiu não ouvir. Ele foi girando a carne até que estivesse pronta, e então lhe esten­deu um pedaço de peito. Após uma mordida, ela sentiu-se no paraíso.


 


— Deus, isto está uma delícia! — ela exclamou.


 


Harry também parecia muito satisfeito com seu pe­daço de carne. Conforme Gina se satisfazia com a comida, começou a pensar em outros assuntos.


 


— Harry, como matou o peru sem uma arma?


 


Ele inclinou-se, tirou uma faca da bota e a colocou de vol­ta, como se tivesse respondido à pergunta.


 


— Mas... você não podia simplesmente se aproximar da ave e lhe enfiar a faca.


 


— A faca é afiada, e um bom golpe foi o suficiente.


 


— Você atirou a faca no peru? E o atingiu?


 


— Não valeria à pena atirar a faca e não acertar, Ginevra.


 


— Bem, que prático. — Ela terminou a carne, lambeu os dedos e se levantou.


 


— Agora vai me mostrar como usar a espada?


 


— Claro. — Ele também se levantou, com a espada presa ao cinto. Como estava sem casaco, à arma brilhava.


 


Gina deu um passo à frente para pegá-la, mas ele a im­pediu.


 


— Deverá aprender algumas noções de esgrima antes que eu lhe confie à espada.


 


— Como vou aprender sem a espada?


 


— Eu vou lhe arranjar uma... de mentirinha — ele disse, e apontou para uma árvore que havia atrás dela, com um galho longo e fino, já sem folhas.


 


— Você quer que eu use aquilo?


 


— Por ora. Confie em mim, Ginevra. Não quero que perca a mão ou um olho por dar um golpe errado. Isso será mais seguro.


 


— Você está parecendo minha mãe dando-me ordens para eu tomar cuidado.


 


— Uma senhora sábia sua mãe. Eu não me perdoaria se você ferisse esses seus lindos olhos.


 


Ela ruborizou ao ouvir o elogio, mas disfarçou pegando o galho.


 


— Eles são de um marrom aveludado — ele prosseguiu.


 


— São da cor da lama — ela respondeu.


 


Harry riu, e Gina sentiu algo diferente dentro de si. 0 riso do mosqueteiro era sensual, tinha de reconhecer.


 


— Bem, vamos à aula. O que devo fazer com este galho?


 


Harry levantou sua espada, mantendo a outra mão erguida para trás.


 


En garde, milady.


 


(...)




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