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Harry estava surpreso com a força e independência da mulher na tela, e logo concluiu que Gina era parecida. Não tinha idéia de como lidar com uma mulher como aquela. E, no entanto, conforme o filme ia passando, ele entendia melhor que tipo de perigo ela devia estar enfrentando.


 


Quando o filme terminou, voltou-se para Gina.


 


— Como aquela mulher, você acredita que não precisa de um homem para protegê-la, non?


 


— Exatamente — ela respondeu com firmeza.


 


— No entanto, estava com medo. Foi por isso que pediu ajuda ao livro de mágica.


 


— Eu... estava mais brincando. Não esperava que fun­cionasse e... certamente não esperava que um mosqueteiro aparecesse à minha frente.


 


Ela sorriu, e Harry percebeu que não era imune aos seus encantos.


 


— Acho que estava com medo. Ainda está, Ginevra?


 


Gina abaixou os cílios para esconder o olhar, e ele nem precisou da resposta para a confirmação de suas suspeitas. Porém, ela era teimosa demais para admitir.


 


— Diga-me qual é o problema que enfrenta — ele pediu. Concordando, Gina começou. Falou como tinha feito seu trabalho, como fora tola em confiar na sua cliente e como tinha sido enganada por ela. Contou também como até ago­ra havia conseguido enganar os bandidos, disfarçando-se de homem.


 


Harry admirou-se com sua coragem e ousadia. De­finitivamente, era diferente de todas as mulheres que ele conhecia.


 


— Você não precisa voltar lá — ele sugeriu. — Pode dei­xar para trás essa prova que encontrou e partir para mais longe daqui.


 


— Não posso fazer isso. Guido de Rocei é um assassino e não pode ficar fora da prisão. Vai matar outras pessoas, e eu não quero que isso aconteça.


 


Harry a observou por um longo tempo.


 


— Finalmente consigo entender alguma coisa sobre você — disse com suavidade. — Você age seguindo um código de honra, nonl


 


Gina o fitou pensativa.


 


— Sim, acho que sim.


 


— Então, eu vou ajudá-la a pegar essa evidência.


 


Ela arregalou os olhos, surpresa.


 


— Mas como? Eu lhe contei que eles estão vigiando o ban­co. Podem até me deixar entrar e pegar a fita, mas não há uma maneira de eu conseguir sair viva uma vez que eles re­cuperarem o que querem.


 


Oui, eles estarão vigiando. Mas estarão esperando uma mulher, lady Weasley. Não um homem.


 


Ela voltou a se surpreender.


 


— Está pensando em ir pessoalmente...


 


— Sim, claro. Irei a esse... esse banco e pegarei a fita para você. Simples, non?


 


Ela discordou.


 


— Parece simples, mas não é.


 


— Você está se preocupando à toa, ma chérie. Sou um mosqueteiro. Essa é uma missão fácil, pequena, e nem faz jus aos meus talentos.


 


Gina pensou por um longo momento. Levantou-se do sofá e se pôs a andar pela sala. Finalmente voltou-se para ele e concordou.


 


— Está bem, vamos tentar o que sugere. Mas tem de en­tender que será perigoso.


 


— Estou familiarizado com o perigo, Ginevra.


 


Ela pareceu não acreditar muito na afirmação.


 


— Bem, é melhor você dormir, já que amanhã será um longo dia.


 


— Sim, é uma boa sugestão — ele disse.


 


— Vamos, vou levá-lo ao seu quarto. — Impulsivamente, pegou a mão dele e se dirigiu às escadas.


 


Quando ele envolveu a mão pequenina, sentiu Gina es­tremecer. Estava claro o que ela queria.


 


— Preciso lhe dizer uma coisa, milady, antes de dormirmos.


 


Ela tentou se desvencilhar do contato, mas Harry le­vou sua mão aos lábios e beijou-a antes de soltá-la.


 


— Pode falar — Gina disse, com voz trêmula.


 


Ele suspirou profundamente.


 


— Sou um mosqueteiro e, nesse momento, preciso prote­gê-la e vencer seus inimigos. Esta é a minha missão, Ginevra, e até que eu a termine, toda a minha atenção deve se concentrar nela.


 


— Não tenho certeza de que entendo o que quer dizer.


 


— Serei mais claro, então. O que estou dizendo é que en­quanto eu a tiver sob minha proteção, não poderemos fazer amor.


 


Ela arregalou os olhos.


 


— O... O quê?


 


— Lamento, ma chérie. Faz parte do meu código de con­duta, entende? Não posso me distrair nem por um minuto. Não até que você esteja a salvo, e minha missão, cumprida.


 


Gina ficou boquiaberta por instantes, antes de conseguir responder:


 


— Oh, seu atrevido! Nunca conheci ninguém tão conven­cido, mulherengo, arrogante...


 


Harry sorriu, tomou-a nos braços e beijou-a, pois sa­bia que ela desejava que o fizesse. A princípio, ela se enrije­ceu, mas conforme movia os lábios sobre os dela, sentiu-a se entregar. Beijou-a até deixá-la trêmula.


 


Por fim, interrompeu o contato, e segurou-a até ter certe­za que ela não cairia. Os lindos olhos estavam arregalados, a respiração acelerada.


 


— Não fique brava comigo, minha pequenina. Eu também sinto muita dificuldade em esperar. Mas por ora, devo ir ao meu quarto sozinho, descansar ali... e sonhar com a hora em que minha missão esteja terminada e eu possa lhe dar o que ambos desejamos.


 


O rosto de Gina ficou vermelho de raiva.


 


— A única coisa que eu desejo Harry, é entregar a fita para a polícia, ver Guido de Rocei atrás das grades e você de volta ao seu tempo e fora da minha vida. Está me entendendo?


 


Harry sorriu.


 


Oui, ma petite. Eu entendo perfeitamente.


 


Ela soltou um grunhido parecido com o de um leão, virou-sé e subiu as escadas em direção ao quarto.


 


Pobrezinha, ele pensou. Tinha ficado brava por ele ter se recusado a fazer amor naquela noite. Também estava frus­trado. Pela primeira vez, sentiu-se tentado a esquecer seu código de conduta, a deixar de lado a honra e a entregar-se ao prazer que encontraria naqueles braços.


 


Mas não. Ele era um mosqueteiro.


 


Entrou no quarto, colocou a espada perto de seu alcance e deitou-se sobre as cobertas da cama para passar uma noite durante a qual certamente não descansaria muito.


 


 


(...)


 


 


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