Caçada



Ela estava correndo atravessando várias quadras sem olhar para trás. Qualquer um que a visse acharia que ela era louca: o cabelo vermelho tinha se despenteado, a roupa leve voava com o vento, a maquiagem estava borrada, ela levava a carta nas mãos. Ela passava a mão sobre as letras escritas firmemente. E imaginou o garoto escrevendo aquilo.


Quando chegou a porta da mansão dos Potter, ela apertou a campainha freneticamente. A Sra. Potter sorriu quando viu a garota


- Minha querida Lilly – disse a mulher sorrindo acolhedoramente – o James não está, mas me avisou que você talvez viesse. Ele pediu pra você subir ao quarto dele.


A garota correu para a escada. Pisava em cada degrau rápido e suavemente. Chegou ao quarto do garoto. Viu sobre a cama dele um grande ursinho de pelúcia, com a fita que ela tinha dado a ele sobre a cama. Embaixo da perna do urso, havia mais um envelope vermelho. Ela abriu.


É o tempo que não se pode voltar. Quando ainda brincávamos na grama, rolando. Mas o mais importante, era que não éramos apenas nós dois, tínhamos mais algum conosco.”


 O que ele quer dizer com isso? A gente passou por tanta coisa junto, tantos lugares, tantas lembranças – pensou Lilly. Ela olhou para a cama do garoto, e lembrou-se da cena que praticamente acabou com o seu namoro. No verso da carta tinha um número de telefone.


­


- Alô?


- Lilly?


- Sirius? – surpreendeu-se a garota


- Sim – confirmou - Seguinte, se já achou a carta né?


- Espera aí, você também está nesse joguinho?


- Todo mundo está – ele deu ênfase à palavra “todo’’ – desde a Alice te ligando pra ter certeza que você ia seguir a carta, até o James.


- Ta. Já que eu vou ter que jogar para reencontrar o amor da minha vida – Sirius fez um falso “awwwn” – onde eu tenho que ir?


- Se eu te contar não tem graça. Mas vou dar uma pista. “Uma toalha, uma cesta. Uma árvore, peixes. Uma piada sem graça, um riso forçado. Um beijo, as costas sujas de grama”


- Nossa, ajudou pra caramba – ironizou Lilly – quantos piqueniques eu e o James fizemos? E quantos lugares diferentes, como eu vou saber onde ele ta? – a garota perguntou mais para si mesmo.


- E quem disse que ele ta no lugar de um piquenique de vocês? Mantém o foco na terceira pessoa.


A garota desligou o telefone e desceu correndo as escadas. Murmurou um agradecimento por cima do ombro para a Sra. Potter. E correu para a rua.


Para onde ir? – pensou a garota parando no meio da rua – O que a carona tem a ver com piquenique com o James? – a garota forçava seu cérebro a lembrar, mas não obtinha resultados.


 


Lilly estava sentada na sua mesa, no meio de uma chata aula de química, quando um avião de papel pousou graciosamente em sua mesa. Ela procurou que tinha jogado. Do outro lado da sala James sorria para ela.


“Piquenique, hoje? 13h30min na minha casa?”


Ela sorriu como resposta.


Na hora marcada ela estava apertando a campainha da casa do garoto. Ele saiu carregando um grande cesta, e uma toalha xadrez


- Se for pra fazer piquenique, que seja à moda de Hollywood – disse o garoto brincando


Ele pegou a mão dela e entrou no carro que estava parado na calçada.


- Mas você ainda não tem carta para dirigir – protestou a garota


- E quem disse que sou eu que vou dirigir? – brincou o Potter – hoje nós teremos até um motorista particular. Enquanto o garoto falava Peter entrou no lugar do motorista e ligou o motor. O garoto sentou no banco detrás com ela, e a beijou.


 


- Peter – gritou ela dando um tapa na própria testa


A garota atravessou algumas quadras, se sentindo extremamente idiota por não ter pegado pelo menos a bicicleta. Ela chegou à casa do garoto poucos minutos e algumas gotas de suor depois. Apertou a campainha freneticamente, mas quem abriu a porta não foi Peter, mas Marlene.


- Aê, parabéns amiga – felicitou Marlene abraçando a ruiva – o próximo passo é simples e longo, você tem que


- Porque ele está fazendo isso comigo? – interrompeu Lilly, indignada – porque ele ta me fazendo dar a volta na cidade inteira? – acrescentou a garota, ao ver o olhar de espanto da amiga


- Simples. O Lupin disse pro James que você achava que ele não gostava mais de você. Então ele armou tudo isso, para provar que por você ele fez todos os nossos amigos virarem apenas pontos de informação. Alem do mais ele teve a idéia de tudo. Desde a fita até o... – ela tapou a boca com a mão – E nós como bons amigos decidimos ajudar – Marlene sorriu carinhosamente para Lilly – as meninas e eu contamos aos James quais eram suas partes preferidas da história de vocês, e os meninos colocaram em prática.


Lilly sorriu e abraçou a amiga


- Muito obrigado por tudo isso – agradeceu à ruiva – agora se você não se importar, tem alguém me esperando em algum lugar – brincou Lilly


- seu condutor será aquele que você aprecia, aquele que te consola – declamou Marlene dramaticamente.


- Ta, é um garoto. Peter já foi, Sirius também, ah, é o Frank – sentenciou Lilly


- Menina, como você pode ser tão burra? – perguntou Marlene parecendo verdadeiramente indignada – tem certeza que é o Frank?


- Ué, quem mais tem?


- Ah! – exclamou a garota – tem a segunda parte da pista – ela entregou à garota um ticket de cinema


- Cinema? – perguntou Lilly observando o papel – mas esse já foi usado. E a gente já viu esse filme.


- Preste atenção ao mais importante – disse a garota enquanto fechava a porta


O que é o mais importante num ticket de cinema? – pensou Lilly. O preço, tão óbvio. Não, a sessão do filme. A garota ficou olhando para o papel, enquanto tentava decifrar a mensagem.


- Nossa, esse jogo está acabando com meu cérebro, nem prestei atenção direito.


Ela jogou o papel para trás e correu em direção à casa do Lupin. Quando chegou, viu que o garoto usava uma grossa jaqueta de couro, e a esperava dentro do carro.


 


- Então você que vai me levar até o James né? – perguntou Lilly quando chegou perto do maroto


- Sim, sou eu gata – falou ele lentamente, a voz foi apenas um sussurro


- Porque tudo isso? – perguntou Lilly indicando como o garoto se vestia


- Ah, é pra ficar mais dramático – falou ele com a voz normal – to me sentindo dentro de um filme, ou um livro. Aí quis dar tudo de mim para o meu personagem – Lilly riu – isso soou extremamente idiota, não né?


A garota concordou com a cabeça.


- É. Entra logo, a viagem é longa – ele destravou a porta do lado do passageiro.


 


Quando eles já estavam chegando à rodovia, Lilly se lembrou


- Minha mãe, ela não sabe que eu saí.


- Sabe sim – tranquilizou-a – Lembra quando o Sirius te disse que todo mundo estava envolvido? É todo mundo mesmo. Porque você acha que logo hoje você ficou sozinha em casa? Porque o monstro da sua irmã, sem ofensa – acrescentou o garoto- não ia deixar o plano de o Pontas dar certo.


Lilly cochilou no banco do carro


Ela e James estavam sentados no banco, na frente da escola. Um fitava o outro sem dizer nada. Ele enrolava os cabelos da garota nos próprios dedos, enquanto ela brincava com a aliança na mão do garoto. A cena mudou. Eles estavam deitados na grama, olhando o sol se pôr. Nenhum dos dois tinha coragem de quebrar o silêncio daquele momento tão profundo. Ele beijou o rosto dela. Ela se sentiu extremamente feliz, um simples ato, como um beijo, poderia desconcentrar a mais concentrada pessoa. Era esse o efeito que ele provocava nela.


Ela estava sentada na mesa, junto com suas amigas, enquanto elas conversavam sobre alguma coisa fútil, Lilly admirava o Potter. Ele percebeu-a. Atravessou o pátio do colégio. Olhou a garota no fundo dos olhos, e a convidou para sair. Lilly não tinha outra resposta, a não ser sim. As amigas comentavam o mais novo assunto do colégio: James, o grande cafajeste que todas adoravam, tinha sido sincero o suficiente para olhar uma menina nos olhos, e a convidá-la para sair.


- Bom dia bela adormecida – brincou Remo quando a garota acordou – A gente já está quase chegando. Faltam só uns vinte minutos.


Eles estavam começando a subir uma serra, que Lilly conhecia como as costas de sua mão, uma fina chuva caía, e Lilly se arrependeu de não ter vestido um casaco antes de sair de casa. Remo viu que a garota estava com frio, e tirou sua jaqueta e entregou a ela. Pouco tempo depois de começarem a subir a serra, eles chegaram ao topo da montanha. Lilly avistou o grande chalé dos Potter. Era a única casa num raio de quilômetros. Remo parou o carro, desligou o motor.


- Muito obrigado por tudo isso – agradeceu Lilly com os olhos marejados – e quando voltar agradeça a todos por mim, o Sirius, o Peter, e principalmente, vá falar com a Marlene. Ela ficará muito feliz de te ver.


Remo puxou a garota para perto e lhe beijou a testa


- Mesmo com a sua vida amorosa em risco, você se preocupa com a dos outros – ele sorriu para ela – boa sorte – desejou ele enquanto ela saia do carro.

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