Chalé Na Montanha
Lilly pisou no asfalto molhado pela neblina, e fitou a casa. Viu o sol surgir de trás das montanhas, olhou as belas montanhas cobertas de árvores. Viu o carro que a tinha trazido fazer meia volta e descer a serra. Ela reuniu toda a coragem que tinha. A coragem que a tinha feito largar tudo para correr atrás dele. Nada mais importava. Agora tudo se resolveria.
Ela apertou o interfone.
- Oi – disse James ao atender o interfone
- James – sussurrou Lilly
- Entre – o garoto ordenou com voz apressada
Lilly empurrou a velha e pesada porta de carvalho. A sala estava como sempre: o fogo fino estalando na lareira, a luz entrava por grandes janelas de madeira que estavam abertas.
- Estou na cozinha – gritou a voz que Lilly mais queria ouviu
Ela foi a passos apressados. Quando chegou a sala de jantar, se surpreendeu com uma bela mesa para um almoço. James usava um avental, que estava muito molhado, e ele tinha acabado de tirar algo quente do forno, pois ainda usava uma grande luva em forma de pata de camarão. Ela não sabia o que falar, mas o maroto tinha planejado aquele momento.
- Eu queria lhe pedir desculpas, primeiro pelo jeito que eu tenho agido com você nas últimas semanas – ele engoliu seco, mas sustentou o sorriso – e segundo por te fazer dar a volta na cidade para chegar aqui. Mas era necessário.
A garota abriu a boca para falar, mas ele estendeu o dedo na vertical, e tampou a própria boca. Ele indicou a mesa redonda. Ela se sentou na cadeira que estava de frente para o corredor, e ele sentou na frente dela. Lilly notou que tinha um lírio em um vaso na mesa, aquela era sua flor preferida. O garoto serviu-se, e ela fez o mesmo. Lilly adorou a comida.
Quando ela já estava no terceiro prato de torta de frango, ela notou que ele a olhava, encantado. Ela terminou de mastigar, engoliu e abriu a boca para falar, mas ele repetiu o gesto, e ela se calou mais uma vez. Quando ela terminou de comer, ele a pegou pela mão e levou pra a sala. Sentaram-se no sofá, de frente para a janela.
- Lilly – começou o garoto – eu te trouxe aqui, para a gente poder conversar. Eu quero que primeiramente, você me diga se você realmente está gostando de outra pessoa.
- Sabe James – disse a garota com dificuldade, procurando as palavras certas – eu sinceramente nunca senti por nenhum outro garoto tudo que eu sinto por você. Acho que essa ligação que a gente tem, é uma coisa muito abstrata. Eu nunca vou conseguir me libertar totalmente de você. Acho que você está predestinado a me aguentar para sempre – brincou a garota, sorrindo.
- Será um prazer, ruivinha – ele beijou a mão dela. Ela deitou no colo dele, e ele começou a acariciar os cabelos dela.
- Agora, até parece que não aconteceu nada nessa última semana – concluiu Lilly.
- Mas a gente não pode fingir que não aconteceu – sentenciou James sombriamente – vamos ao que interessa? – ela concordou com a cabeça – Porque você terminou comigo?
Lilly respirou fundo, sabia que essa pergunta viria, e como conhecia o garoto, sabia que ele seria muito direto.
- É que, nesses últimos dias, a gente não estava mais se dando tão bem. Você parecia frio, distante. Eu achei que você não me queria mais, e achei que você era muito bonzinho, e para me poupar, não teria coragem de terminar nosso namoro assim.
- Eu concordo – a garota arregalou os olhos para o maroto – em partes – acrescentou – definitivamente nesses últimos dias, a gente tava muito diferente. E acho que a culpa é minha. Fui eu que me distanciei. Me perdoa Lil?
Lilly o beijou nos lábios, um beijo rápido, e suave, mas para o garoto, foi como ganhar um troféu. Eles ficaram mais algum tempo em silêncio, apenas ouvindo o barulho dos pássaros do lado de fora.
- Então está tudo resolvido entre a gente? – perguntou Lilly depois de longos minutos
- Quase – disse James se levantando. A garota não entendeu. Ele se ajoelhou – Lilly, você aceita o recomeço do nosso namoro e num futuro não muito distante, casar-se comigo?
A garota não conseguia responder. Apenas abraçou o namorado/futuro esposo. Ele retirou uma caixinha de veludo branco, e abriu para a garota. Ela se sentou no joelho do garoto, e colocou a aliança na mão direita. Ela o beijou como nunca tinha feito antes, não era pelo prazer da carne, era pelo que agora ela sabia que realmente sentia por ele.
Eles voltaram para o sofá, ficaram deitados: James encostado o braço do sofá, e Lilly deitada no meio das pernas dele. Eles assistiram televisão, conversaram sobre tudo, e o mais importante, ficaram ao lado da pessoa que eles realmente amam, porque é isso que importa: o amor. Nada além do amor.
Depois de muitas horas juntos sem fazer nada, Lilly lembrou-se da pergunta que a fizera escrever aquela trágica carta
- James, você ficou frio comigo por causa do que aconteceu naquele dia, no seu quarto?
- Sim – responde ele calmo, mas corando furiosamente – em partes é claro. Não foi por causa de você, é claro – ele argumentou quando ela ia começar a falar – foi por causa de mim – responde simplesmente – eu fiquei com vergonha de mim mesmo, por ter avançado a linha que nós colocamos entre nós tão brutalmente. Eu fiquei com vergonha de ficar perto de você, fiquei com medo de que você achasse que eu era um pervertido tarado, igual a todos esses meninos que a gente vê por aí, eu fiquei com medo de que você não gostasse mais de mim. Lilly compreendeu o lado do garoto, mas não pode deixar de se sentir ofendida
- Você realmente achou que eu ia mudar meus sentimentos por causa daquilo? – perguntou ela ofendida, enquanto se sentava de frente para o garoto. Ela segurou o rosto dele e fez o garoto olhar nos olhos dela – eu te amo James, e isso não vai mudar, mesmo quando eu já estiver velha, com os peitos caídos, e com três filhos e vários netos. Não importa o quanto você cruze a linha, eu sempre vou te amar. E eu espero que esse sentimento seja recíproco – brincou a garota enquanto sorria – porque eu não quero passar a vida inteira ao lado de alguém que me jurou fidelidade, na saúde, na doença e nessas coisas todas, só porque gostava um pouquinho de mim.
- Não Lils, eu te amo, e amo muito. Foi por isso que larguei toda a minha vida social, se é possível dizer isso sobre o meu passado, para correr atrás de uma garota que não me dava nem atenção. Definitivamente, eu te amo. Muito, mesmo.
Ela sorriu e o beijou.
- Como vão se chamar nossos três filhos mesmo? – brincou James
- Bom primeiro eles precisam de sexo – refletiu Lilly – três meninas?
- Não, jamais – brincou James – dois meninos e uma menina?
- É por mim está bom. A garota será Lacey – definiu Lilly
- Thomas?
- Sim. Eu gosto desse – a garota se aquietou por vários minutos
- E o terceiro? – perguntou o garoto depois do silêncio
- Que tal Harry? – perguntou ela hesitante
- É. Esse é bonito – concordou o garoto – Lacey, Thomas e Harry Potter – concluiu James
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