Capítulo 3
Capítulo 03
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Draco:
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Ser aprovado na melhor universidade do país, no curso de medicina e em terceiro lugar fazia de mim quase uma celebridade. Pelo menos para meus amigos e conhecidos eu me tornei uma. Fui o centro de qualquer conversa durante uma semana completa.
Mais um sonho realizado, mais alguns passos na longa jornada que havia traçado para mim.
Naquele pequeno cômodo que, às vezes, chamava de sala e outras de quarto, a coisa mais próxima que eu tinha de um abraço de felicitação ou um afago singelo que demonstrava orgulho, era uma foto dos meus pais cercados por outras pessoas, adultos e crianças, que eu nem sabia o nome, nem mesmo falava a mesma língua que eles, mas eram pessoas que meus pais amavam. Amor que os fizera perder a vida, mas, ainda assim, motivava a minha.
Há um tempo atrás havia uma outra foto ao lado daquela, a foto de uma garota. Eu até que gostava bastante dela, mas não era amor, o que facilitava bastante as coisas. Alguém que tem sonhos e metas como eu, não pode se dar ao luxo de apaixonar-se, não há lugar para um grande amor na minha vida, em cinco anos eu estaria longe daquele país.
É claro que isso não me impedia de curtir o tempo que me restava, se bem que nos últimos dois anos, tudo que eu fazia era estudar, não sobrava tempo para mais nada, absolutamente nada. E provavelmente, com a aprovação na faculdade, continuaria não sobrando.
Mas toda essa balela de não posso, não quero e não devo não conseguia impedir que eu pensasse nela, a chorona que gosta da morte.
Era impossível me concentrar em algo e estudar, só havia um corpo humano com todas as suas células, tecidos e órgãos que me interessava, o dela. E eu desejava intimamente que ela tivesse passado no vestibular, embora devesse desejar o contrário.
Naquela manhã eu decidi tirar um dia de folga, era mais do que merecido depois de tanto esforço, um presente de mim para eu mesmo.
Meus pais me deixaram uma boa herança, mesmo tendo aberto mão de dinheiro para fazerem trabalho voluntário, nunca se esqueceram do meu futuro e deixaram uma boa quantia em uma conta em meu nome. Minha avó que cuidou de mim até onde pode, nunca chegou a precisar mexer em tal dinheiro, então eu ainda o tinha e ele me permitia sonhar ainda mais longe com minha meta de vida. Seria útil e muito bem vindo.
A única coisa que me incomodava, mesmo sendo pouquíssimo, era o meu emprego. Eu não podia ter um emprego “normal”, pois ele consumiria muito do meu tempo, pois bem... Eu trabalhava como modelo fotográfico e minha especialidade eram pés e mãos, as pessoas podiam muito bem nunca ter visto meu rosto em lugar nenhum, mas minhas mãos e pés tinham lá a sua fama, mesmo que eu não pudesse aproveitar dela, pois ninguém sai reparando em mãos e pés por aí.
Fazer propagandas, anúncios e catálogos de marcas e lojas de relógios, calçados e alianças me rendiam um bom dinheiro no mês e eu não tinha vinculo empregatício nenhum, eram umas duas vezes no mês, raramente três ou quatro.
E enquanto eu caminhava ainda decidindo para onde iria e pensando na vida. Meu pensamento me levou até ela, sendo medíocre a ponto de desejar que ela já tivesse visto minhas mãos ou meus pés em algum lugar.
Ela que estava consumindo meu tempo e minha lucidez. Ela, a menina das munhequeiras coloridas.
Era óbvio que se nem em um dia onde eu me afogava nos livros ela saía da minha cabeça, no meu dia de folga ela não iria sair mesmo.
De repente decidi que ir até a locadora locar uns três filmes e voltar para casa para assisti-los, era um bom método de distração.
Não funcionou.
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No cômodo escuro nada se via, apenas se ouvia. Eram as minhas lamúrias e breves soluços e, embora estivesse um tanto quanto obcecado pela tal estranha, eu não chorava por causa dela. Ainda não estava beirando o limite da loucura.
Quem choraria por uma garota que viu apenas uma vez na vida tendo coisas piores pelas quais chorar?
Que tal um filho único, que perdeu os pais aos doze anos, e agora o parente mais próximo é uma prima de sessenta anos que mora do outro lado do pais. Que tem vinte e cinco anos, mas passou os últimos cinco estudando e passará os próximos cinco do mesmo jeito. Que não se envolve amorosamente com ninguém desde os dezenove anos e não faz sexo e nem beija desde os vinte e um. Que não tem amigos, nem mesmo colegas de trabalho e de bairro. Que odeia o trabalho que faz para conseguir dinheiro.
Sim, são muitos e bons motivos para chorar, mas naquele momento não chorava por nenhum deles.
Era saudade.
E não das coisas que perdi, mas das que nunca tive e sabia que nunca teria.
Eu não era muito de chorar, mas nos últimos dias as coisas estavam estranhas. Ter aquela garota absurda atazanando as idéias estava me fazendo questionar os meus ideais e aquilo acabava comigo.
Não era para ser assim. Tantas outras garotas haviam cruzado o meu caminho, tantas mais bonitas e interessantes. Por que ela?
Eu não parava de me questionar, mas já sabia a resposta.
Aquele olhar acostumado com lágrimas, as mãos trêmulas e a conversa absurda sobre morte.
Ela precisava de mim.
E não era difícil saber, que por causa disso eu iria até o inferno para encontrá-la e salvá-la, seja do que quer que fosse.
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O tão esperado primeiro dia de aula.
Eu fui preparado para tudo que pudesse acontecer. Sem essa de colocar a melhor roupa, eu sabia que teria trote, não seria tão tolo.
Não o temia como a maioria, eu o queria e esperava ansioso por ele. É parte do pacote. Meu sonho tinha que ser realizado em todos os pontos e o trote era um deles.
Tudo correu bem na primeira aula, quer dizer, não que aquilo tenha sido uma aula, foi mais uma apresentação de alunos e professores, mas quando o fim dessa primeira aula chegou, as coisas começaram a acontecer.
Quando parei para analisar um pouco a situação em que me encontrava, estava coberto de tinta dos pés a cabeça, enrolado a um outro garoto com papel higiênico e ouvindo as instruções de um grupo de veteranos.
- Escutem aqui, agora vocês vão pedir dinheiro no farol. Não importa o que vão dizer para conseguir dinheiro, todos têm que trazer uma quantia. – gritou um deles.
- Mas antes – continuou um outro – temos uma proposta. Vocês têm dez minutos para percorrerem todo o campus e trazer um bicho que tenha conseguido escapar. Quem conseguir essa proeza, não será liberado do farol, mas nos acompanhará até o bar quando formos gastar o dinheiro.
Era óbvio que nenhum deles acreditavam que seria possível encontrar mais alguém, mas como aquilo não deixou de ser mais uma ordem a ser cumprida, todos se soltaram do papel higiênico e saíram a procura de um bicho fujão.
Um pouco zonzo por causa da correria e bagunça, corri sem nem prestar atenção para onde estava indo, apenas fui.
Quando dei por mim, estava longe da área da medicina, passei pelo ECA que era o núcleo de arte e tive que rir dos bichos dali, tendo que imitar bichos inimitáveis. O caos era absurdo, cruzei vários veteranos tentando cortar meu cabelo e algumas mechas foram cortadas, tomei alguns banhos de tinta, mas nada daquilo me chateava, eu estava feliz e ria sem conseguir parar.
Sem saber como, cheguei a um lugar que estava praticamente vazio e percebi que se tratava de um corredor com bebedouros e portas de banheiro. Entrei no masculino e revistei todos os cantos, não havia ninguém, então, fui para o feminino. Era quase impossível alguém se manter trancado no banheiro só para fugir de um trote, era óbvio que os veteranos revistariam ali, mas ao mesmo tempo se havia um lugar para se esconder caso alguém quisesse tentar a sorte, seria no banheiro.
Entrei, assim como no masculino havia apenas um enorme silêncio, mas mesmo assim abri todas as portas, não encontrei ninguém e estava saindo, quando me toquei do armário de vassouras, geralmente eles ficam trancados, mas e se naquele dia alguém havia esquecido de trancar? Era uma possibilidade remota e, então decidi sair, mas quando dei uma última olhada no lugar, a luz da janela iluminou a porta do armário e pelas pequenas frestas na madeira foi possível ver o contorno de um corpo.
Era questão de esperar, seja lá quem estivesse ali dentro não ia agüentar muito tempo sem checar que a pessoa que estava ali tinha ido embora.
Encostei-me na parede em frente a porta e esperei.
Nem um minuto havia se passado quando a porta se abriu.
E ali estava ela, o fantasma que assombrava meus sonhos, a estranha de lábios trêmulos e olhos angustiados.
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Nota: Capítulo 3 postado, esse narrado só pelo Draco.
Obrigado Julyana Potter Malfoy, Comandante Yura (Dramione também sempre foi e sempre será meu shipper preferido, seja no mundo Hogwarts ou não *--*) e Srta. Rouge (seu comentário vale sim ;D) pelos comentários e por lerem, obrigado também aos fantasminhas hahah, que não comentam mas estão aí!!
Obs: Mil desculpas se vocês encontrarem algum erro, revisei rapidinho porque o tempo é curto.
Bj'Os e comentem ;)
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