Capítulo 4



Capítulo 04
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Hermione:
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Acho que eu esperava encontrar o Papa, mas ele não.
De uma maneira débil e ridícula, minha primeira reação foi sorrir. E não era porque ele estava coberto de tinta e com o cabelo cheio de falhas.
Eu estava feliz em vê-lo e também não era porque eu o conhecia, ele também era um bicho e não judiaria de mim, era um outro motivo.
Irritante talvez.
Confiante demais, eu saí totalmente do armário e arrisquei algumas palavras.
- Oi. – uma só para ser bem exata.
Ele descruzou os braços e deu passos em minha direção. O sorriso ainda no rosto.
- Oi estranha.
Não havia nada favorável a mim na maneira como ele me olhava, meus instintos me gritavam que era melhor correr, mas eu não queria.
- Sabe... Eu... Eu não... – estava tentando explicar o fato de eu estar dentro do armário de vassouras, mas estava sendo inútil – Eu não estava se... Me-me... Me escondendo.
- Ah não? – e o sorriso sarcástico se foi, mas a cara não ficou muito melhor não.
- Perdi minhas lentes.
- Dentro do armário? – mais um passo.
- Fui pegar uma vassoura para varrer a sala de aula e aí... Foi assim.
- Entendo.
E então ele estava perto demais. Ameaçou tocar meu ombro, mas percebendo a mão suja de tinta, recuou.
- Não precisa mentir para mim, você tem o direito de não querer passar pelo trote.
- Sério que você não liga de estar todo sujo assim e me ver toda limpinha e ilesa?
- Não. Se quiser sei uma maneira de te tirar daqui e fazer você ir para casa logo.
- É claro que quero.
E do nada eu esqueci que ele, há segundos atrás, estava com cara de quem tinha algo mal em mente, aquele sorriso sarcástico. De repente eu só via o cinza de antes.
E é por isso que a morte é a melhor saída para mim. É muita estupidez em tão pouca carne.
A mão suja de tinta estava estendida, esperando que eu a pegasse e me deixasse ser levada por ele, no primeiro instante eu recuei, mas o que era uma mão suja se comparado ao corpo inteiro?


Peguei em sua mão e trocamos um breve olhar. Ele me puxou e saiu correndo, não sei até hoje se era assim mesmo tão difícil me soltar da mão dele, o fato é que não soltei e ele me levou.
De repente estávamos no meio deles, um bando deles. Será que eles não percebiam que os bichos acabavam sendo eles?
Apertei forte a mão do estranho, esperando que ele olhasse para mim com aquela carinha bondosa, mas não, ele estava rindo, muito. Uma gargalhada que saía do fundo de sua garganta e fazia seu rosto ficar vermelho.
Quando parou, se virou para mim e disse quase aos berros:
- Você quase perdeu a chance de estar aqui. Por sorte fez a prova e por merecimento foi aprovada. É preciso aproveitar cada instante. Aproveite este.
E soltou minha mão.




***




Draco:
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É claro que eu estava feliz em vê-la.
Assim como desejei, ela havia sido aprovada. E agora seria possível estar por perto e descobrir porque ela precisava de mim e qual seria a melhor forma de ajudá-la.
Mas isso não muda o fato de que ela era um bicho e estava covardemente escondida dentro de um armário de vassouras.
Não era justo que eu estivesse imundo e ela limpa. Não era justo que ela fosse se lamentar futuramente de ter perdido aquela parte do sonho.
E justiça é algo que muito prezo.




***



Hermione:
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O tempo passou depressa algumas vezes e em câmera lenta em outras. O fato era que eu estava com o cabelo deformado e coberta de tinta.
A raiva subia à minha cabeça em ritmo frenético. Aquilo era muito humilhante.
Não que alguém tenha feito algo, além de me pintar e cortar meu cabelo. Eu com certeza não apareceria na manchete de nenhum jornal, mas eu não queria aquilo e isso bastava.
Quando, enfim, os veteranos me esqueceram, ele voltou. Os olhos cinzas de novo e um sorriso contido nos lábios.
- Viva? – perguntou.
- O suficiente para matar você. – foi ele quem começou.
O sorriso ganhou um som engraçado e abusadamente ele voltou a pegar em minha mão.
- Vem comigo.
- O que te faz pensar que eu vou te acompanhar para mais algum lugar?
- O que mais eu posso fazer?
E realmente não havia como ficar pior, então, o segui.
Não andamos muito e não falamos mais nada.
De repente estávamos em um lugar totalmente deserto.
- Aqui ninguém vai nos incomodar. – ele disse soltando minha mão e sentando-se em um banco de concreto.
- Se sabia um lugar para ficar em segurança porque não veio para cá?
Ele riu mais uma vez, quer dizer ele em nenhum momento deixou de sorrir e estava começando a me irritar, por acaso eu tinha cara de palhaça?
- Não queria me esconder.
- E por que seria tão doente? – me sentando ao seu lado.
- E perder a melhor parte? – ele não olhava para mim, apenas para frente.
- Melhor?
Não era possível que ele estivesse falando sério.
- Sim, uma das melhores.
- Olhe para mim. – Ele olhou e eu percebi que tinha falado besteira. Será que ele não percebeu que era só uma maneira de falar? Precisava mesmo me olhar daquele jeito?
Sentindo o rosto queimando eu continuei. – Cortaram meu cabelo, me sujaram toda.
- Cabelo cresce de novo, roupa se lava e banho existe para o resto. Se você imagina e espera o pior é assim que vai ser, mas se se rende e entra na brincadeira, fica divertido.
Calei-me por um instante e depois de um olhar estranho, ele voltou os olhos para frente. Talvez ele fosse louco, mas não era tão imbecil quanto pensei que fosse, tinha lá a sua razão.
- Hermione. – apresentar-me era uma maneira de dizer que quase o perdoei,
quase.
- Como? – o olhar confuso.
- Me chamo Hermione. Hermione Granger.
- Ah sim. – pausa para o sorriso escancarado – Eu sou  Draco Malfoy.
Mais uma troca estranha de olhares e de repente meu joelho parecia interessante.





***




Draco:
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Agora ela tinha um nome, agora não tinha volta.
Era constrangedor olhá-la nos olhos, era como se ela estivesse vendo coisas que não eram para ser vistas, coisas que nem eu mesmo queria enxergar.
Por mim eu ficaria naquele banco por horas, lhe fazendo perguntas, ouvindo calmamente cada resposta, tentando me convencer de que meu interesse era apenas no enigma que aquela garota trazia consigo e em nada mais.
Decidi que enquanto ela não saía correndo eu podia aproveitar para tentar alguns questionamentos.
- Quantos anos você tem? – e ela assustou-se, não com a pergunta, mas por ter o silêncio quebrado.
- Vinte e dois. – Ela mantinha os olhos em um ponto fixo entre os próprios joelhos e o chão. - E você?
- Vinte e cinco.
- Hum.
Era um silêncio chato. De repente ela não queria mais me matar e não estava tão matraca como no dia em que nos conhecemos, mas era óbvio que seus pensamentos estavam agitados, algumas palavras e idéias se amontoavam em sua mente e não era tão difícil notar. Os dedos impacientes tamborilavam no banco e os pés se arrastavam no chão, como se ela quisesse balançá-los no ar, mas não fosse pequena o suficiente.
Algo que provoca sons irritantes, mas por me dizerem algo sobre ela, eu não estava me importando.
Resolvi que era hora de arriscar mais uma pergunta.
- Mora longe daqui?
- Não.
E mais uma.
- A tinta não está incomodando?
- Do que te adianta saber? Você vai me lavar?
Ela mantinha o olhar fixo naquele mesmo ponto anterior e, embora a pergunta tenha sido boba e a resposta ignorante, nós dois sabíamos que eu estava tentando, sorri e mesmo sem olhar diretamente para ela e sua cabeça baixa, percebi que ela sorriu também.
- Não tem medo de perder-se neste lugar tão grande?
- Só me interesso pela minha sala, o resto do campus não me importa, então não tenho porque me perder. Não vou sair caçando macho por aí e nem vou dar bola para professor, então...
- E os amigos?
- Não estou aqui para fazer amigos, você como estudante de medicina, deveria estar muito menos. O negócio é estudar e nada mais.
- Nenhum amigo?
Meu tom soou entre o triste e o esperançoso, algo meio patético de se ouvir, mas conseguiu que ela, enfim, dedicasse décimos do seu precioso olhar a mim.
- Algum interesse pessoal na pergunta? – o sorriso contido trazia frio ao meu estomago.
- Eu poderia ter?
- Gostaria?
- Você se importaria muito se eu gostasse?
- Você se importaria se eu não gostasse?
- Devo temer a minha resposta?
Por fim, ela voltou-se para o ponto fixo e suspirou a única resposta a todas as perguntas. Era uma sentença. Uma certeza.
-
Você vai se arrepender.
Digeri as palavras por um certo tempo e quando achei que as compreendi, voltei a questionar.
- Quantos amigos tem, Hermione?
Os pés e dedos pararam. A mão esquerda ergueu-se e a munhequeira, que em algum momento daquela manhã havia sido rosa, esfregou o rosto pálido e quando a mão voltou ao seu lugar, pude ver a manha escura, uma mistura de tinta, lápis e lágrima. Ela estava chorando.
Não achei que fosse bom fazer ou dizer algo, apenas aguardei. E não demorou muito para que ela dissesse algo.
- Me ouça Draco. Siga o conselho de alguém que sabe o que diz: Não queira ser meu amigo, o arrependimento é coisa certa, mas se mesmo assim quiser arriscar, por favor, - e a voz embargou-se – não diga que eu não lhe avisei se em algum futuro próximo você vir a se arrepender de ter sequer pensado na idéia.
Meu coração batia acelerado, aquelas palavras cheias de amargura entravam pelos meus ouvidos e ficavam pairando em minha mente, me atormentando. Uma sensação angustiante de impotência.
- Por que eu me arrependeria?
O movimento foi lento, ela ergueu a cabeça e virou o rosto em minha direção. Acompanhei atentamente cinco piscadas, até que ela me respondeu.
- Eu arrasto as pessoas para a escuridão, Draco.
Aguardei que logo após as palavras ela fosse virar o rosto novamente, mas não, seu olhar prendeu-se ao meu e assim ficou, talvez esperando uma palavra minha, talvez aguardando e torcendo para que eu saísse correndo, mas eu não faria isso. Eu sempre soube onde era o meu lugar e naquele momento era ali.


Tirei minha jaqueta e a virei do avesso, não estava tão limpo, mas ia servir. Dobrei uma parte da manga, hermione assistia a tudo sem entender aonde aquilo chegaria, mas não disse nada, limpei minha mão no resto. Com uma das mãos segurei o rosto dela pelo queixo e com a outra, passei a manga dobrada em seu rosto. Não ia limpar cem por cento, mas ajudava.
Pensei que ela fosse recuar, mas ela não se mexeu, quando terminei, ela tirou a sua blusa de frio e fez o mesmo comigo. Apesar do cheiro forte de tinta, aquela blusa tinha seu cheiro, um perfume bom, algo que eu não esqueceria jamais.
Foi ali, mais do que em qualquer outra vez, que percebi e sei que ela também se deu conta, de que os dados estavam lançados.
- Talvez não seja tão escuro se eu levar minha lanterna e pilhas extras.
Ri das minhas próprias palavras e ela me acompanhou, mas meus olhos lhe mostraram que era sério e os dela me mostraram que ela tinha entendido.
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Nota:  Capítulo 4 finalmente postado!! *--*
Antes de tudo quero pedir desculpas pelo hiatus enoooooorme, mas ás vezes faz parte né!! =/
E bom, espero que gostem do capítulo porque particularmente esse é um dos meus favoritos.  Espero também que comentem sobre o que acharam, se estão gostando, se está muito ruim ou seilá... rsrsrs
AAAAH e Feliz 2011 atrasado ;)
Xx

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