A seleção





"O segredo mais difícil de ser guardado por um homem é a opinião que tem de si mesmo."


- Marcel Pagnol -


 


Mikaella estava tão absorta e pôs tanta força na base da pia que a mesma quebrou jorrando água para todos os lados. Ela recuou alguns passos, com os olhos vidrados no espelho e sua imagem, imóvel, que lhe sorria toda cortês enquanto a água lhe encharcava.


- Não era este o tipo de reação que eu esperava de você, Mikaella – disse a doce voz da menina no espelho – Prazer em conhecê-la também.


Havia um bolo na garganta de Mikaella que a impedia de falar. Sua boca estava aberta, mas não produzia som algum.


- Bom – começou Katherine já que pelo jeito que Mikaella estava ela num ia falar nada – Como você, obviamente, leu meu diário deve ter percebido que minha história é bem semelhante da sua. E não é à toa. – Katherine sorriu. – Me conta como foi mesmo que você me encontrou?


- Como você me encontrou! – corrigiu Mikaella.


Mikaella ainda sentia uma pontada de medo, e onde estava a porcaria do seu diário?


- Se quer saber, seu diário está seguro... – disse Katherine com um tom de tédio na voz, como se pudesse ler os pensamentos de Mikaella. – Sabe, eu adoraria conversar com você, mas aqui dentro é tão frio – disse ela afagando os seus braços, ou os braços de Mikaella, sei lá. – Sabe o feitiço anime? – perguntou Katherine, os olhos azuis brilhando.


Mikaella balançou a cabeça positivamente e recuou mais um passo.


- Então pode me tirar daqui? – Katherine encostou as mãos pálidas no interior do espelho.


Mikaella olhou para a porta do banheiro, hesitante. A qualquer minuto o dormitório estaria tomado pelas meninas. Ela tirou sua varinha de dentro de sua bota cano médio e apontou para a porta fazendo um movimento rápido, e a porta se trancou. Mikaella olhou para Katherine que sorria com os olhos brilhantes imersos de esperanças.


- E como posso confiar em você? – perguntou Mikaella girando a varinhas entre os dedos. A expressão de felicidade sumiu do rosto de Katherine, ou do de Mikaella. – Como posso ter certeza de que não está me usando?


Katherine bufou.


- É, você num é fácil mesmo... Mas tudo bem, eu me sacrifico!


Mikaella franziu as sobrancelhas.


- Vou tentar conquistar sua confiança – resmungou Katherine – Enquanto isso eu vou usar a sua imagem, okay?


Mikaella devolveu a varinha a sua bota e encarou Katherine, ou seu próprio rosto, no espelho. Porém, Katherine não sorria, seus olhos estavam fixos nos de Mikaella e os lábios franzidos. Aos poucos, Mikaella percebeu que Katherine não estava mais ali e ela estava olhando a si mesma.


 


Na hora do jantar, todos estavam apreensivos pela seleção para o torneio Óctubruxo. Mikaella tremia tanto que mal conseguiu segurar o garfo, tampouco tocou na comida. No meio do salão havia uma espécie de um pequeno zimbório de vidro virado de cabeça para baixo e dentro dele havia pedacinhos de pergaminhos se debatendo, agitados, como pipocas.


- Silêncio, por favor – disse Mackenzie num tom razoável para todos ouvirem. Todos do salão se calaram e os que se encontravam de pé se sentaram. – Agora o momento que todos esperavam.


Mackenzie sorriu e ergueu sua mão direita para os alunos, mesa por mesa, até chegar ao zimbório. Ele suspirou e um papelzinho saltou do zimbório. Mackenzie desdobrou o papelzinho devagar, com cuidado para não rasgá-lo.


- O primeiro campeão da Forges é – Ele olhou para os alunos da mesa da Forges – Senhorita Audrey Trish Halliwell.


A mesa da Forges vibrou em aplausos, alguns abraçaram Audrey, outros com apenas apertos de mãos, depois ela foi à frente do salão cumprimentar Mackenzie e Dominique Schults – a diretora/coordenadora da Forges.


Mackenzie ergueu a mão novamente para que os alunos da Forges se calassem.


Ele voltou a estender as mãos para o zimbório e mais um papelzinho pipocou de dentro.


- O segundo campeão da Forges é o nosso jovem Mitchel Clark Widerler!


A mesa da Forges voltou a explodir em aplausos e assobios, alguns apertaram a mão do Mitchel lhe dando tapinhas nas costas e depois ele foi cumprimentar Mackenzie e Dominique.


Depois foi a vez da mesa da Astren explodir em aplausos, uivos e assobios, e os escolhidos da Astren foram Celine Anne Hampton e Matthew Shane Dashwood.


Antes de cumprimentar Sasha Entwhist – diretora/coordenadora da Astren –, Celine rastejou seus olhos pela mesa da Bolts procurando Mikaella, depois lhe sorriu. Um sorriso mesclando triunfo e crueldade, e um aceno sutil. É claro que Mikaella retribuiu o sorrisinho nocivo.


Os campeões da Valen foram Peter Carson D’Gonel e a Marina Hale Mackfield, e a diretora/coordenadora da casa era a Meredith Glocheux.


Agora isso era óbvio para Mikaella, era um casal para cada casa. E já era a vez da Bolts. Seu coração batia tão rápido que só não saltou da boca porque ela estava se entupindo de água de tão seca que ela sentia sua garganta, e a cada dois segundos ela passava a língua pelos seus lábios umedecendo-os, seu pé não para de tamborilar debaixo da mesa, sua perna não parava de sacudir até que Michelly segurou sua mão com força e sussurrou “Fique calma”.


- O primeiro campeão da Bolts – disde Mackenzie desdobrando o papelzinho – é a nossa jovem... senhorita Mikaella Fox Devonne!


A boca de Mikaella se abriu involuntariamente, depois ela foi surpreendida com o abraço de Benjamim que estava ao seu lado e o sorriso – pela primeira vez – sincero de sua irmã. Os olhos de Mikaella cintilaram de lágrimas, mas nenhuma foi derramada. Ela abraçou Michelly e olhou para Alex por cima de seu ombro. Alex sorria, mas não com os olhos, e dava para perceber sua tensão.


Mikaella cumprimentou Mackenzie formalmente como fizera os outros alunos e depois Felícia Scrimegeur – diretora/coordenadora da Bolts – que também lhe surpreendeu com um abraço afetuoso.


Mikaella ficou ao lado dos outros alunos – para ser mais exata, ao lado de Marina que sorriu simpática quando Mikaella se aproximou.


- Agora... – começou Mackenzie quando os alunos se silenciaram – O último e segundo campeão da Bolts é Alex Lavousie Gallabriel!


Michelly ergueu as mãos para aplaudir, mas depois que ouviu o nome de Alex ela parou, a expressão perplexa, as mãos erguidas estateladas. Houve uma explosão de aplausos na mesa da Bolts. Michelly olhou para Mikaella que também apresentava a mesma expressão perplexa. Alex não havia contado para ninguém, ele nem sequer mencionou no torneio.


Agora Mikaella pôde ler em seus olhos o motivo de ele estar tão tenso.


Ele cumprimentou Mackenzie e Felícia forçando um sorriso e depois se dirigiu ao lado de Mikaella que desviou o olhar enquanto ele se aproximava. Alex parou ao lado de Mikaella e discretamente segurou a sua mão. Ela tentou desviar, mas a mão quente e macia de Alex era irresistível. Uma temperatura deliciosa para o frio que fazia. Ele apertou sua mão e depois delicadamente a soltou, mas não era um aperto qualquer, era um aperto de desculpas.


Mikaella suspirou e assentiu devagar.


- Agora nós temos os nossos oitos campeões... Mas no final, apenas um se tornará uma lenda, apenas um terá glória eterna, apenas um erguerá o Troféu Óctubruxo! – dizendo assim, Mackenzie fez um gesto repentino com a mão que fez o zimbório derreter dando lugar a uma pilastra colonial, e em cima dela um lindo troféu em forma de cetro, e dentro dele um cristal esculpido perfeitamente na forma de uma linda flor Hortência. Esta flor significa glória.


 


***


 


Terça-feira de manhã. Já havia se tornado um costume Mikaella acordar primeiro que todas, mas desta vez ela fez questão de acordar mais cedo. Ela acordou às 05h00min, então teria duas horas e meia de liberdade para fazer o que quiser. Ela estava pensando e voltar à mansão Hawgeoff e acabar com essa história de Katherine de uma vez por todas!


Ela vestiu o casaco de moletom de capuz, uma cala jeans e uma bota sem salto onde ela sempre guarda sua varinha. E saiu do dormitório feminino, os passos tão silenciosos como os de um gato.


Ela usou a porta da entrada leste para sair do castelo. Por que ninguém se importava muito com a entrada leste? Porque os corredores até lá são assustadoramente desertos, e, claro, é mais e mais corredores para andar. Nem o Colvin Clay fazia a ronda por lá.


Mikaella chegou à grande porta de madeira com 42 fechaduras de aço. Era um exagero!


Ela tirou sua varinha de dentro da bota e sussurrou:


- Alohomora.


As fechaduras estalaram, uma por uma, e depois Mikaella rompeu a porta.


O tempo estava frio e ainda garoava. O sol ainda não tinha nascido, era apenas uma mancha púrpura no horizonte azulado.


Ela se virou para a porta e disse:


- Colloportus.


E a porta, fechadura por fechadura, se trancou.


Ela seguiu a trilha do bosque que a deixava perto da mansão, ao invés de passar pelo vilarejo.


Depois de quinze minutos de trilha ela se lembrou da criatura que ela encontrou na margem do rio e sentiu um frio na barriga. Mikaella cruzou os braços contra ao peito e andou mais rápido.


Não demorou muito e logo à frente, por entre as árvores, ela avistava o lindo jardim colonial que ficava enfrente da mansão. Ela contornou o chafariz seco – desativado há séculos – e entrou na mansão. O mesmo cenário assustador, mas agora ela estava ali porque ela queria e não porque o lindo, maravilhoso e irresistível Gallabriel queria que ela fosse.


Ela subiu as escadas que ameaçavam a desabar a qualquer momento, mas chegou inteira ao segundo andar, onde ficava o quarto de Katherine. Na verdade, havia vários quartos, e curiosidade lhe tentava, mas ela respirou fundo e abriu a porta do quarto de Katherine.


O chão de madeira gasta, a umidade no teto, o leve cheiro de mofo que empesteava a casa inteira... Quando Mikaella chegou ao centro do quarto a mesma música começou a tocar. E mais uma vez ela teve aquela mesma sensação familiar...


Ela fechou os olhos e vasculhou em sua memória aquela música, deixando se inundar apenas com o som da música.


As imagens vieram como um flash...


“Isso não é Elber Luccioli”, disse Mikaella quando ele tocou a última nota.


“Não”, confirmou ele e pegou a mão de Mikaella “Isso é Alex Gallabriel” Ele beijou as costas da mão dela.


[...]


“Não sei, acabei de criar...”


Mikaella abriu os olhos de súbito. O coração disparando.


A canção de ninar, pensou Mikaella, mas, isso é impossível, ele deve ter ouvido essa música em outro lugar, tentava ela a convencer a si mesma.


Ela fechou os olhos e teve outro flash.


“É Michelly que esta fazendo todos esses efeitos em você?”, perguntou Mikaella irônica.


Alex soltou uma breve risada.


“Não sei”, respondeu Alex sério. “Pra falar a verdade...” Ele olhou nos olhos de Mikaella, mas foi como se todas as suas palavras tivessem se perdido de repente.


- ... é você que amo de verdade – sussurrou a voz completando a frase que Alex deixou inacabada.


E o sussurro parecia mesmo do Alex.


Ela abriu os olhos virando-se para trás. O quarto já não estava com umidades e o cheiro de mofo foi substituído por um delicioso aroma adocicado. O quarto de Katherine estava impecável e inteiro. O chão de madeira clara lisa e bem encerada.


Alex estava ali, parado diante Mikaella. Olhando nos olhos dela, tão perto que poderia beijá-la.


- Stefan... – sussurrou outra voz, mas essa não saiu da boca de Mikaella. – Você vai se casar com a Margareth amanhã, e é assim que deve ser – a voz falhou nas últimas palavras.


Mikaella se afastou para o lado e viu que Alex... Stefan não estava falando com ela e sim com Katherine, que, milimetricamente, era idêntica a Mikaella. Os olhos, a boca, o nariz, o rosto... Então Katherine não estava usando sua imagem, pelo menos não exatamente. A Katherine estava com um vestido longo rosa claro, típico da Itália Renascentista. Stefan usava uma camisa branca de mangas longas e uma calça social marrom. A única mínima diferença era que Stefan tinha os cabelos castanhos penteados para trás, não eram desgrenhados que nem o do Alex, já Katherine tinha os cabelos mais cacheados, os cachos perfeitos caindo em seu rosto arredondado de boneca de porcelana.


Mikaella não fazia parte daquela cena, afinal, nem fazia parte daquela época. Só estava ali assistindo de “camarote”.


- Então vamos fugir – disse Stefan delicadamente segurando os braços de Katherine e a puxando para mais perto dele.


Era uma idéia tentadora, Mikaella pôde ver isso nos olhos de Katherine que brilhavam como cristais. Tão azuis como duas pedras lápis-lazúli.


- Stefan – murmurou ela.


- Não tente bancar a prudente agora senhorita KatWood – disse Stefan sorrindo.


Ele ergueu o rosto Katherine com o dedo indicador, seus lábios roçaram no pescoço dela, depois contornaram a linha de seu maxilar, seu queixo, sua bochecha e depois, levemente, mordeu o cantinho de sua boca.


- Por favor – sussurrou ele. Seus lábios pedindo pelos dela.


Katherine não respondeu nada. Apenas o beijou.


Alguém rompeu a porta. Mikaella não viu nitidamente quem era porque foi sugada por uma neblina escura. Com um braço ela protegeu os olhos e quando tornou a abri-los ela estava de volta ao quarto mofado. A única coisa que ela conseguiu guardar da pessoa que rompeu a porta foi um par de olhos negros, pareciam poços sem fundo.


 


- Onde você estava? – perguntou Michelly à mesa do café-da-manhã, como sempre, sentada de frente para Mikaella e ao lado de Alex, mas ele não estava lá. – Quando acordei num vi você na cama – Ela deu mordida na torrada.


- Na biblioteca – respondeu Mikaella. Já estava se tornando um hobby mentir para Michelly.


- Já tão cedo? – indagou Michelly com um olhar desconfiado.


- É. Só para dar uma refrescada na mente antes da aula de Runas Antigas... Sabe como é o professor Eckhart – disse Mikaella dando a última garfada no bolo.


Quando ela ia se levantar da mesa Alex rompeu a porta. Ela voltou a se sentar quase enfraquecida pelo olhar de Alex. Michelly viu ele se aproximar, virou para Mikaella e disse:


- Já to indo – Michelly se levantou. – Te vejo mais tarde, Mika.


- Até mais – murmurou Mikaella.


Alex observou Michelly andar batendo o pé – como uma criança pirracenta – até sair do salão principal. Ele olhou para Mikaella que ainda estava ali sentada lhe condenado com os olhos.


- Mika... – sussurrou ele esticando a mão para pôr em cima da dela.


- Quer saber – disse ela tirando as mãos de cima da mesa –, eu já to indo também.


Ela se levantou da mesa e Alex levantou-se logo atrás.


Os passos de Mikaella eram largos e rápidos. Chegou a certo ponto que Alex teve de correr para chegar até a ela. Como ainda estava no café-da-manhã, a maioria dos corredores estavam vazios. Principalmente o que levava ao salão de música.


Mikaella abriu a porta e parou no meio da sala, logo se virando para porta sabendo que Alex a atravessaria a qualquer segundo.


- Mikaella – murmurou ele mais uma vez.


- Por que você não me disse nada? – Mikaella se surpreendeu ao ver que sua voz saiu trêmula.


- Eu não pude. Desculpe-me.


- Não pôde? – explodiu Mikaella.


- Michelly não aceitaria, do mesmo jeito que ela não aceitou com você – Mikaella ergueu uma sobrancelha, o que uma coisa tinha a ver com a outra? – Se eu te contasse...


- Achava mesmo que contaria para Michelly? – disse Mika antes que ele terminasse a frase que, conseqüentemente, diria a mesma coisa. – Então quer dizer que não confia em mim?


- Não é assim Mika...


- Quer dizer então que eu sou apenas um brinquedinho para você! E você faz o que quer a hora que quer? – sobressaltou-se Mikaella – Eu sou uma idiota!


- Mika...


- Eu pensei que fosse sua amiga – disse ela sobressaltada, a lágrima oscilando no canto do olho.


- Mas você é! – disse Alex quase aos gritos. Seus olhos intensos nos de Mikaella assumiam um verde escuro.


Mikaella travou o queixo reprimindo os lábios em uma linha reta enquanto Alex se aproximava em uma lentidão exagerada. Ele elevou sua mão até o rosto de Mikaella, e depois, com o dedão, pegou sua lágrima antes que ela caísse.


- Você é minha melhor amiga em tempo integral – sussurrou Alex – E minha amante em meio período – Ele sorriu.


Mikaella abafou uma risada, Alex sabia que ela sentia cócegas no cantinho da boca e havia feito isso de propósito.


- Desculpa? – insistiu ele.


Mikaella mordeu o lábio inferior hesitando, olhando naqueles olhos verdes e buscando alguma sinceridade – ou hipocrisia, mas seus olhos eram inocentes, quase irresistíveis.


- Promete confiar em mim? – disse ela por fim.


- Prometo – disse Alex com tanta convicção que não lhe deixou nenhuma mísera gota de dúvida.


Mikaella franziu os lábios. Alex sorriu e ergueu o dedinho mindinho, Mikaella fez o mesmo e entrelaçou seu dedinho no dele – laço de promessa. Depois os dois riram – aliás, isso era coisa de criança da alfabetização – e se abraçaram... como amigos e não como amantes.


Alguns segundos no silêncio daquele abraço era o suficiente para desculpar qualquer falha.


Quando eles saíram do salão de música, Alex foi para um lado e Mikaella foi para o outro.  O caminho que ele pegou dava para o salão principal, o caminho que ela pegou a deixava perto da sala comunal da Bolts.


Quando Mikaella estava vagando por um dos corredores ela quase foi acertada por alguma coisa de vidro – não deu para ver o que era porque quando Mikaella se virou ele já estava estilhaçado –, mas ela desviou tão perspicaz e tão rápida. Ela olhou para o lado de onde havia vindo a tal coisa de vidro. E adivinha...


- Cely Hampton, amor – cantarolou Mikaella sorrindo – Bom te ver.


Celine sorriu radiante.


- Ta me devendo uma mecha de cabelo, lembra? – disse Celine. Ela ergueu a mão esquerda deixando-a plainar sob a varinha e depois sussurrou bem baixinho: – Conjurius – E um copo de vidro pairou sobre sua mão.


- E como poderia esquecer?


Celine sorriu, agora um sorriso doce e cruel, e tacou o copo de vidro em Mikaella.


Ela desviou sutilmente, mas o impacto do copo com a parede fez com que um pedacinho cortante do vidro arranhasse o rosto de Mikaella.


Mikaella pegou sua varinha, e num breve movimento, apontando-a para Celine disse:


- Rictusempra!


- Tarantallegra! – retrucou Celine.


O corpo de ambas foi lançado para trás com a força de tais feitiços. Celine se contorceu no chão de tanto rir e Mikaella perdeu total controle de suas pernas que dançavam freneticamente.


- Sua vadia – engasgou Celine entre gargalhadas.


- Sua vaca – disse Mikaella entre dentes.


E Celine rolava de tanto rir, ria tanto que sua barriga doía e seus olhos lacrimejavam, e ela sentia falta de ar. E as pernas de Mikaella já estavam dormentes de tanto dançar, mas elas não paravam.


 


 


-Alohomora: Usado para destrancar portas, trancadas manualmente, por chaves, ou magicamente, por feitiços mais simples.


-Colloportus: Tranca portas magicamente. A força e duração do feitiço depende do bruxo e do tamanho da porta.


-Tarantallegra: Faz o alvo perder o controle sobre as próprias pernas, passando a dançar de forma interrupta durante alguns minutos.


-Rictusempra: Causa o efeito de fortes cócegas na vitima, deixando-a com uma incontrolável crise de riso, ainda que forçada.

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