Quebrando as regras
"Os outros pecados falam apenas; o crime grita."
- John Webster -
- Isto é... vergonhoso – disse o diretor Mackenzie com certa seriedade em sua voz que dava medo – Devonne e Hampton, duas belas moças – Ele se levantou e começou a caminhar vagamente em seu escritório. Celine e Mikaella ainda de cabeça baixa. –, inteligentes, criativas, umas das melhores alunas que Wiztron já teve... brigando nos corredores... – Ele balançou a cabeça em desaprovação.
- Mas foi ela quem começou – disse Celine apontando para Mikaella.
- Eu que comecei? – rebateu Mikaella – Foi você quem tacou um copo de vidro em mim!
- Meninas – falou Mackenzie tentando anteparar a discussão com toda sua calma e seriedade. Mas não adiantou de nada.
- Eu não pedi para você arrancar uma mecha do meu cabelo!
- E eu não pedi nenhum presentinho explosivo de você!
- Meninas! – gritou o Adam com firmeza – Detenção, para as duas, durante uma semana.
- Mas diretor – resmungou Mikaella –, e o torneio?
- As provas do torneio iniciarão semana que vem – disse Mackenzie agora um pouco mais passivo – Portanto, as senhoritas têm seis dias de detenção.
- Ótimo – murmurou Celine com indiferença – E o que vai ser?
Mackenzie voltou a se sentar em sua mesa e cruzou os braços, pensando.
- Trabalho comunitário – murmurou Mikaella contragosto.
- Provavelmente na cozinha – sussurrou Celine.
- Ou pior, nos banheiros – Mikaella estremeceu só de pensar em ter de lavar vasos sanitários.
- Até que não é má idéia – disse o diretor por fim – Os elfos vão adorar tirar férias.
Mackenzie sorriu.
O que começa mal termina pior ainda. Vocês deveriam saber disso, darlings Devonne e Hampton. Bom, como anjos não são santos, essa não é uma das primeiras detenções, num é Mika e Cely? Porém, com certeza solidariedade aos elfos é melhor do que ficar três longas, intermináveis e torturantes horas de cabeça para baixo, penduradas pelos calcanhares no teto. E aquelas correntes machucam tanto. Oh yeah baby, eu sei como é. Já fui aluna de Wiztron um dia...
Campeões!
Parece que a noite de segunda-feira foi bem tensa, para os mon cherries que não foram selecionados tudo que tenho a declarar é: só lamento. O torneio Óctubruxo não, e nunca seleciona apenas os melhores. Antes fosse dito assim, mas depois do que vi retiro o que disse. Nossos campeões foram selecionados delicadamente pelo convulso do zimbório. E, permitam-me dizer, foram selecionados os mais fortes.
Começando pela capitã do time da Forges Audrey Trish Halliwell e o nosso galã Mitchel Clark Widerler, pois é, ele não tem só um rostinho bonito; Celine Anne Hampton e Matthew Shane Dashwood os campeõs da Astren. Cá entre nós todos, o Matt é competitivo e ele é um dos mais fortes desse torneio; Depois os Valen que são o nosso idolatrado Peter Carson D’gonel e a Marina Hale Mackfield – que ligeiramente anda sumida dos meus leques. O que tem acontecido com mon cherri Marina que anda tão apagada? Chegou em Wiztron com a imagem de “anjinho” derretendo o coraçãozinho de todos, mas sabemos que anjinhos são bonitinhos até o segundo ano, depois disso se torna chato ser a boa moça, por exemplo, a nossa campeã da Bolts, Mikaella Fox Devonne, deixou de ser boa menina logo aos doze anos (Oh my God!), e por vez o nosso último selecionado, Alex lavousie Gallabriel. Todos ficaram surpresos ao ouvirem esse nome, inclusive... Ãnh? Sua melhor “amiga”? Amizade e benefícios, má petit, não é bom confiar.
Sinceramente, é mais difícil para mim não contar tudo para vocês. Porém, se contasse tudo minha vida seria chata, eu escondo todos os segredos comigo para a segurança de pessoas inocentes – eu. Portanto, eu sou, e sempre serei, com a graça de Merlin, apenas mais um segredo a ser guardado,
Beijinhos mon cherries, Swee Scan.
***
Foram, com certeza, os seis dias mais torturantes de vidinha de Devonne e Hampton. Ambas vindas de famílias prósperas, nunca lavaram o próprio prato. E para tornar as coisas piores ainda suas varinhas foram suspensas. Mas por outro lado, há quanto tempo elas não fazem alguma coisa juntas? Agora elas só tinham tempo para tomar café, assistir as aulas, almoçar e jantar, e depois de todas as refeições elas iam para cozinha lavar copos, talheres, pratos e panelas, ou então lavavam os banheiros.
Uma vez, depois do jantar, quando Celine e Mikaella estavam naquele silêncio cruel e monótono na cozinha lavando pratos. Porém, o silêncio desta vez durou pouco quando Mikaella começou a cantarolar alto o refrão de uma música dos Guns n’ Rose.
- Oooooh oh oh sweet child of mine; oh, oh, oh, oh sweet love of mine…
- Cala a boca! – exclamou Celine mirando o jatinho de água em cima de Mikaella, molhando seus cabelos e sua blusa.
Mikaella olhou para Celine boquiaberta e fez o mesmo lançando um jato mais forte iniciando mais uma guerrinha, não típica como as outras, apesar da água gelada elas riam divertidas.
- Sua idiota! Eu to toda molhada – disse Mikaella torcendo a pontinha da blusa depois de se recuperar do riso.
Mikaella e Celine continuaram a lavar a louça, o silêncio de antes agora substituído por breves risadas e sorrisos que não saiam de seus rostos. De vez enquanto Celine falava sobre seus planos maléficos – e fracassados – que fazia para Mikaella. Eram planos tão incoerentes que as duas davam gargalhadas.
Então, a amizade de Devonne e Hampton está se aflorando novamente? Digamos que essa é apenas uma rachadura na parede de hostilidade que elas construíram entre elas mesmas.
Na aula de transfigurações Mikaella havia chegado atrasada porque havia ficado mais tempo na cozinha conversando com Celine do que lavando louça, porém, não teve Alex como seu colega de classe. Quem estava sentada ao lado dele era a Heather Leverton, uma garota da Valen. Mikaella se dirigiu ao canto da sala, e se sentou na única carteira vazia.
Depois de alguns minutos tediosos de aula um pedaço de pergaminho dobrado delicadamente na forma perfeita de uma rosa pousou na mesa de Mikaella. Por instinto ela olhou para Alex e viu que ele lhe sorria por sobre o ombro. Ela abriu o pergaminho com todo cuidado e com medo de rasgá-lo. Como esse garoto fez isso? – pensou ela sorrindo.
E quando, finalmente, ela conseguiu abrir o pergaminho leu:
Eu sinto sua falta, como amante e como amiga. Te vejo na varanda do salão comunal hoje à noite?
Mikaella respirou fundo antes de responder, a caneta pairando sobre o pergaminho. Também sentia falta do Alex, como amante e como amigo.
À meia noite, ou depois que Michelly dormir. Também sinto muito sua falta.
Mikaella tentou dobrar de novo na mesma forma, mas não conseguiu, então enrolou a folha. O cabo da rosa, pensou ela irônica. Discretamente ela tirou a varinha da bota e mentalmente disse Wingardium Leviosa levando o pergaminho até a mesa de Alex sem que a professora visse.
Alex desdobrou o pergaminho e leu a letra miúda e delicada de Mikaella. Depois, por sobre o ombro, lhe deu uma piscadela.
Já eram 23h50min e Michelly ainda estava tagarelando. Aliás, elas ficavam o dia todo sem se ver e Michelly ainda estava evitando Alex na hora das refeições – e fazia questão de não vê-lo durante o tempo livre – e era horrível conversar com Michelly quando ela estava desse jeito.
Mikaella estava sentada na beirada da cama de Michelly dando atenção a tudo o que ela falava, ou pelo menos fingindo. Sempre respondendo com “hmmm”, “ah”, “é mesmo?”
00h05min e Michelly falando, falando e falando. Mikaella não queria fazer isso, mas no fundo no fundo desejava.
- Ah – exclamou Mikaella interrompendo Michelly quando ela estava falando sobre o caso de Steve e Chandler serem gays (isso com certeza ainda não caiu nos leques da Swee Scan).
Ela pegou sua varinha e voltou à Michelly.
- Num tem aquele feitiço, o... sponga...
- Spongify – corrigiu Michelly.
- Isso mesmo. Aquele feitiço que transforma coisas sólidas em coisas gelatinosas – dizia Mikaella balançando a varinha para lá e para cá, e Michelly tentava desviar de seus movimentos. – Da última vez que eu o usei a tal coisa se tornou uma massa grudenta. Eu queria que você me explicasse melhor... é para mover a varinha para esquerda diagonal o direita diagonal.
- Eu vou ver aqui – disse Michelly se inclinado para o lado e revirando sua mochila procurando o livro de feitiços.
Mikaella sorrateiramente sentou-se na beira de sua e apontou a varinha para Michelly, sem que ela percebesse e sussurrou:
- Dormire Beare – E Michelly caiu flácida de lado.
Mikaella a ajeitou na cama e a cobriu seguindo de um beijinho na testa. Apagou a lamparina, pegou seu casaco e saiu do dormitório com os passos leves e precisos de uma felina.
Ela deu uma espiada no dormitório masculino, a porta estava entreaberta, mas o Alex não estava lá. Pelo menos tinha uma cama vazia. Então Mikaella desceu correndo para varanda. Abriu a porta de vidro com todo cuidado para ela não ranger. Mas Alex também não estava lá fora.
Ela caminhou até a pilastra da varanda. Meninos são assim mesmo, sempre atrasam, pensou Mikaella. Ela cruzou os braços; a noite estava fria, porém o céu estava limpo como um véu negro e exuberantemente estrelado. Lembrava a noite em que ela meio que conheceu o Alex, e ela nem sabia o nome dele na época.
- É uma linda noite, não acha? – sussurrou a voz quase perto do seu ouvido.
Por extinto Mikaella se virou, Alex estava ali atrás dela, tão perto que as roupas de Mikaella roçaram nele quando ela se virou. Tão perto que ela podia sentir o magnetismo de seus lábios ansiando os dela. De tão súbito que seu coração acelerou ao encontrarem aqueles olhos, tão perto que ela podia decifrar todas as matize.
- Pensei que não viesse – sussurrou Mikaella.
- Eu estou na sala desde onze horas – cochichou Alex brincando com uma mecha do cabelo de Mikaella. Ela franziu o cenho. – Eu estava perto da lareira – explicou Alex – por isso não me viu.
Mikaella suspirou se virando para pilastra. Antes que ela pudesse piscar os olhos Alex já estava ao seu lado segurando sua mão e acariciando-a com o dedão.
- Como você foi parar na detenção? – perguntou Alex casualmente.
Mikaella explicou tudo o que aconteceu, os copos de vidro que Celine lhe tacou, e como, estranhamente, a professora Sasha Entwhist as encontrou naquele corredor deserto e as levou direto para a sala do diretor, era como se Sasha estivesse as seguindo. E depois como ela e Celine se entenderam bem na detenção...
- Parece que a detenção está meio que nos unindo de novo – disse Mikaella com o olhar distante.
Alex sorriu.
- Prometo que na próxima vai ser nós dois – falou Alex maliciosamente.
Mikaella riu e olhou nos olhos dele.
Com a outra mão Alex segurou delicadamente o rosto de Mikaella, e aproximou seus lábios sem tirar os olhos dos olhos dela. Ele sabia de alguma forma, que isso a deixava fraca e quase impotente, e fazia isso de propósito.
Ele a beijou lhe provocando a mesma sensação. Um leve frio na barriga e um desejo enorme ardendo em sua garganta. Seus lábios se descolaram, ambos ainad de olhos fechados, respirando pesadamente. Até que Mikaella sorriu e abriu os olhos. Os olhos verdes de Alex lhe fitavam com um leve sorriso no canto da boca.
Os olhos de Mikaella vagaram pela vista lá de baixo, o lago margeado de árvores, e havia alguém ali, cambaleante.
- Olha lá – disse Mikaella apontando o queixo para a figura na escuridão, pelo o que a luz fraca da lua deixava revelar, parecia ser um menino – Deve está bêbado – Mikaella soltou uma breve risada – A festinha desta vez deve ter sido na clareira... e nem nos convidaram.
Alex riu, mas logo ficou sério quando o garoto fez um movimento estranho e caiu no chão flácido.
- Ai caramba – murmurou Mikaella soltando a mão de Alex e apoiando-as sobre a pilastra, como se fosse pular.
Alex exalou um suspiro e quando abriu a boca para gritar Mikaella já tinha pulado de uma altura de 10 metros. Mikaella caiu de pé como um gato, flexionando as pernas. Alex desceu pelos galhos cheio de musgos e medonhamente retorcidos que cresciam rente à parede do castelo.
Mikaella correu até o garoto, ele não estava bêbado, ele estava ferido. Mikaela agachou até o garoto; sua camisa estava suja de sangue, e o sangue vinha de ferimentos bruscos em sua nuca, havia arranhões em seus braços – obras de unhas femininas, pensou Mikaella. Alex se aproximou, ele estava ao lado dela e observava o garoto com o mesmo espanto. Ele também se agachou perto do garoto para ver as feridas mais de perto. O corpo do garoto tremia e ele respirava com dificuldades. Seus olhos frenéticos tentavam identificar os rostos que lhe fitavam. Ele parecia com medo de alguma coisa.
- Vocês têm que sair daqui – ofegou o garoto – Saiam daqui!
- Calma, calma – disse Mikaella mais para si mesma do que para o garoto, suas mãos imobilizaram o braço ensangüentado do garoto que tremia pressuroso – Vai ficar tudo bem.
Mikaella olhou para Alex, um olhar de súplica. O que ele iriam fazer? Entrar no castelo com o garoto no colo dizendo que resolveram fugir de suas camas e ficar na varanda esperando alguém cair ferido? Seria o mais prudente a fazer, sem pensar nas conseqüências que isso lhes traria. Sem falar do interrogatório de Michelly.
Mikaella percebia que a cada segundo que passava sua garganta secava e ela sentia uma sede irrevogável, mas não era sede de água. Era uma sede diferente. Ela foi tomada pelo aroma doce e estranho, tinha cheiro de ferrugem, mas era irresistivelmente doce.
Ela levou sua mão ensangüentada até o nariz, fechou os olhos e inalou aquele aroma que por um momento a deixou tonta. Quando Mikaella tornou a abrir os olhos suas pupilas estavam dilatadas e ela conseguia enxergar cada detalhe sem fazer esforço com a vista. Ela percebeu as lágrimas de desespero que cintilavam no rosto do garoto, percebeu que a ferida em seu pescoço era bizarra demais para ser feita por um animal, ou uma mulher – isso se levar em consideração as marcas de unhas. A não ser que essa mulher fosse...
Mikaella teve um lampejo de lembrança.
Ela se lembrou de Lucas na noite do baile, da sua cicatriz semelhante à dela.
Mikaella se levantou decidida.
- Vamos levá-lo para ala hospitalar agora – disse Mikaella.
Alex a encarou confuso.
- Mas o que vamos dizer?
- Eu não sei! Dane-se tudo! – sobressaltou Mikaella – Mas não vamos deixá-lo aqui para morrer, certo?
Alex soltou um suspiro e se levantou ajudando o garoto a se levantar.
- Ainda consegue andar? – perguntou Alex ao garoto.
- Vou tentar – murmurou o garoto, sua voz era engasgada de dor.
Enquanto eles tomavam o caminho de volta para o castelo o garoto olhava constantemente para trás para ver a tal coisa ainda não o seguia.
- Quase uma hora da madrugada e vocês fora de suas camas? – exclamou a professora Entwhist – Sinceramente – Ela olhou para Mikaella com os olhos semicerrados – eu não sei mais o que fazer com você senhorita Devonne.
- Se há algo a ser feito a decisão é minha! – protestou a professora Scrimegeour batendo o punho na mesa dos professores – Lembre-se que eles são meus alunos, de minha casa.
As diretoras coordenadoras Sasha e Felícia estavam ali – Sasha estava de enxerida e porque ela adoraria ver Mikaella receber mais uma detenção –, inclusive o diretor Mackenzie. O garoto, identificado como Raphael Edwin Downford, já havia sido levado à ala hospitalar e já estava recebendo todos os cuidados precisos enquanto Alex e Mikaella foram levados para a sala dos professores para esse “tribunal”.
O diretor Mackenzie estava na janela, os olhos distantes e pensativos.
- Adam – chamou a professora Entwhist. Mackenzie desviou os olhos da janela e a olhou. – Então...
Mackenzie franziu o cenho.
- O que vai ser feito – disse ela apontando como queixo para Mika e Alex.
Mackenzi suspirou e olhou para aqueles rostinhos quase inocentes.
- Nada – disse ele sublimemente. Ele voltou a olhar para Sasha. – Nada a respeito da senhorita Devonne e do senhor Gallabriel deve ser feito, temos coisas mais graves a nos preocupar. E além do mais, eles merecem o crédito por ter salvado uma vida. Pela primeira vez considero sorte alunos quebrarem regras da escola – Ele voltou a olhar Mikaella e Alex – Só espero que isso não aconteça novamente.
Mikaella assentiu devagar e cutucou Alex com o cotovelo para fazer o mesmo.
- Devemos iniciar as buscas o mais rápido possível, diretor – disse Felícia determinada.
Mikaella a encarou por um momento, ela tinha um afeto por Felícia, e Felícia tinha o mesmo por ela, como por todos os alunos da Bolts. Simplesmente os tratava como filhos dela, e daria a vida por eles também.
- Claro, Felícia, irei informar aos guardas logo pela manhã – disse Mackenzie.
Inesperadamente começou a cair uma chuva fina do lado de fora, as gotas de chuva farfalhando no vidro da janela. Mikaella sentiu seu coração arder quando sua mente teve o repentino flash de algumas horas atrás. A sensação que o cheiro do sangue lhe provocara... era um desejo mais forte do que ela sentia pelo Alex.
Já pela manhã. Alex e Mikaella deram o máximo de si mesmos para agir como se nada tivesse acontecido na noite anterior. E ao invés de aproveitarem o café da manhã de sábado, eles pegaram apenas alguns biscoitos, um copo de suco kiwi com morango e ficaram perambulando pelo colégio em busca de Raphael Downford.
Eles conseguiram descobrir que ele era da Forges. E quem da Forges poderia conhecê-lo?
- Kyra! – disse Mikaella calorosa.
- Mikaella, meu bem – disse Kyra dando um breve e apertado abraço – Como você esta?
- Em detenção – respondeu Mikaella irônica – Hein, você conhece o Raphael Downford?
Kyra fez que sim com a cabeça, a expressão ficando séria.
- O que aconteceu ontem... – começou Kyra – Eu to com muito medo. Essa já é a terceira vez.
Mikaella franziu o cenho.
- Terceira?
- Quase ninguém soube, nem a Swee Sacan soube, mas logo depois do Lucas, o Jacob Paul Linster foi atacado. Mas não foi muito grave.
- O Jake – sussurrou Mikaella absorta. Ela nunca teve muito contato com o Jake, mas ela o conhecia e isso o tornava uma pessoa importante.
- E sobre sua pergunta – disse Kyra quebrando o silêncio que pairava entre elas – O Raphael deve estar na biblioteca. Ou no pátio interno, jogando pedras cuspideiras – completou Kyra sorrindo.
- Valeu então – Mikaella deu um beijo na bochecha da amiga, disse tchau e saiu correndo.
- Até mais – berrou Kyra antes de Mikaella sumir na esquina do corredor.
Depois de virar no terceiro corredor ela viu o Alex que ali a esperava. Sem parar de correr ela o pegou pelo braço e ele correu junto com ela até o pátio interno.
E lá estava Raphael, como Kyra dissera, jogando pedras cuspideiras com mais uma turminha de garotos em volta do circulo de giz.
O céu estava estranho neste dia. Estava completamente coberto de nuvens cinzas, como um vidro, sem nenhuma mancha ou algo que acusasse que estava de dia, como o sol que estava totalmente invisível pelas nuvens. Olhando o céu agora era quase impossível de se acreditar que a noite anterior – pelo menos até certa hora – havia sido estrelada.
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