Oito.
Oito.
Lições do amor - o amor ensina mais do que se pode esperar.
O moreno ignorava a piada que Rony contava para os demais amigos ali na roda na porta de entrada do colégio. Era difícil concentrar-se em algo a não ser na morena que caminhava em sua direção. Sorriu, afastando-se dos outros e ignorando as brincadeiras e risos sobre seu olhar apaixonado. O fato é que não importava demonstrá-los na presença de quem fosse desde que estava com Hermione.
Entretanto algo naquele momento o deixou intrigado. Hermione virou a face, desviando seu percurso. Era como se ela o evitasse. Harry jurava que ela tinha visto-o para ali, esperando-a. Então porque ela fazia aquilo? Não tinha feito nada que a levasse agir assim.
- Hermione. - Harry correu para alcançá-la. - Hei. O que aconteceu?
Ela não parou, continuando a andar com os materiais apertados contra o peito. Não queria ter encarar Harry também, visto que tivera que fazer com algumas pessoas, as quais lhe olhavam curiosas, e com certa zombaria. Se pudesse teria faltado a aula, naquele dia e na semana seguinte também, mas não podia. Se quisesse ir pra universidade tinha que mostrar-se uma aluna exemplar.
Então encararia os olhares e comentários de todos, mas não podia encarar o namorado.
- Hermione. - Harry a chamou novamente, confuso pela atitude repentina da garota. Parou em sua frente, cessando os passos.
Hermione rapidamente despendera uma mecha de seu cabelo para o lado esquerdo de sua face. Mas fora tarde demais, ele já tinha visto. Harry tocou-lhe a face, retirando a mecha e colocando-a atrás da orelha. Pode ver claramente um hematoma no local. Estava roxo no local e alguns sinais vermelhos. Ele a olhou, preocupado com o sinal no rosto bonito da namorada.
- O que é isso?
- Eu bati... Bem... – murmurou nervosa, sem olhar pra ele. – Richard bateu a porta do armário em mim. Foi ontem à noite, mas não foi culpa dele, foi um acidente. – explicou.
- Como? - ele a olhou de cenho franzido. - É um hematoma grande demais pra ter sido provocado por uma porta de armário, Hermione. E porque me evitou quando te chamei?
- Eu não o escutei, desculpe. Estou um pouco atrasada. – mentiu, mordendo o lábio. – E foi sim a porta do armário, desde quando é perito em hematomas?
Ela estremeceu ante ao olhar dele, era intenso, e sabia que mentia. Mas não poderia dizer que aquilo era fruto da violência do pai. Ficaria imensamente envergonhada, e Harry nunca mais falaria consigo, porque tudo que os outros diziam era a mais pura verdade. Alan era um bêbado, desocupado, que descontava suas frustrações na família. A mesma que ele abdicara por conta de outras tantas coisas.
- Vai continuar mentindo? Não confia em mim? - Harry questionou impaciente. Era difícil demais acreditar naquela mísera desculpa que Hermione inventara para justificar aquele hematoma.
- Mas é verdade. Porque não pode acreditar?!- Hermione, indagou nervosa.
- Porque é mentira, Hermione. - replicou contrariado. - Eu não sou idiota. Agiu estranha quando fui deixá-la em casa ontem. E agora está inventando uma desculpa esfarrapada para um machucado que apareceu assim, do nada.
- Você não entende... – deixou escapar, e enxugou a lágrima que iria cair, rapidamente. – Tenho que ir pra aula, Harry.
- Então me ajude a entender. - disse, segurando-a pelo braço antes que ela se afastasse. Fitou os olhos castanhos marejados, controlando seu tom de voz. Estava sendo rude demais com Hermione. - Eu estou preocupado, Hermione. Eu quero te ajudar, mas não posso fazer nada se não confia em mim.
- Só foi um acidente, coisas assim acontecem todo o tempo! Porque você não pode confiar em mim? – despejou irritada. Não queria tocar naquele assunto outra vez, sendo que o ficara remoendo noite a dentro.
Harry revirou os olhos, irritado. Virou-se de costas, passando os dedos entre os cabelos. Já não era a primeira vez que Hermione o escondia algo. Ela o fizera dia antes quando Gina grudou chiclete em seu cabelo.
- Porque você não confia em mim. - estourou demasiado irritado. Porém controlava seu tom de voz, não queria que a discussão tornasse centro das atenções ali. - Porque eu sei que você está mentindo. Será que não entende?
- Não! Não entendo... – respondeu. – Não tenho que te contar tudo, Harry. E nesse caso, está dando importância demais a algo que não existe. Entenda isso, você!
Os olhares se chocaram, os de Hermione perderam as lágrimas abundantes, mas ainda marejavam. Alguns curiosos passavam e ficavam enrolando para ver o desfecho da pequena discussão.
Harry a olhou incrédulo, incapaz de acreditar no que Hermione dissera. Ele mordeu o lábio, tentando processar tudo o que acontecera.
- É o que acha? Ótimo. - Harry disse, respirando fundo. - Sinto muito se estou interferindo na sua vida, Hermione. E sinto mais ainda por estar preocupado com você. Mas não precisa se preocupar, não vou enchê-la mais de perguntas. - seu tom de voz era ríspido, sério. - Sinto muito por incomodá-la. - murmurou antes de se afastar, desviando de algumas pessoas e entrando no colégio.
Hermione ficou observando-o sair rapidamente dali. Então quando não o vira mais, deixou que as lágrimas inundassem seus olhos. Harry nunca iria mesmo entender, se contasse a ele. Nunca havia passado por nada disso, e não poderia ajudá-la tão pouco... Suspirou fundo, e dera meia volta, passaria no banheiro antes de ir assistir as aulas.
***
Deixou a sala de aula de biologia poucos minutos depois após ter certeza de que não conseguiria prestar atenção na aula. Já fora demasiado difícil concentrar-se nas aulas de matemática e trigonometria que teve antes, imagine uma matéria que não era de muito seu agrado. Seria inútil ocupar uma cadeira da sala e fixar seus olhos no professor, sendo que não entenderia nenhuma palavra.
Ainda estava irritado com o comportamento repentino da namorada. E mesmo que suas últimas palavras para ela tivessem sido frias, em nenhum momento disse que não iria descobrir a verdade. Hermione escondia algo, e muito grave. E apenas uma pessoa poderia ajudá-lo naquele momento.
E ficou aliviado ao encontrar o garoto saindo do banheiro. Porém ergueu uma sobrancelha ao vê-lo retirando pedaços de papel higiênico de suas roupas. Harry se aproximou, tocando-o no ombro. Richard recuou assustado.
- Hei, calma. - Harry disse assim que ele o olhara. - Sou eu, relaxa. Draco Malfoy fez isso com você?
- Como sempre. Eles e os amigos. – respondeu, jogando os restos que retirara no lixo ao lado da porta. – Pelo menos não me afogaram no vaso sanitário, nem me obrigaram a fazer algo pior.
- Idiota. - murmurou o moreno referindo-se à Draco. - Vou resolver isso depois, não se preocupe. Richard eu... Eu preciso ter uma conversa com você. Preciso de sua ajuda sobre algo, mas quero que me diga a verdade.
O garoto franziu o cenho, desconfiado. Era a mesma desconfiança compartilhada com a irmã. Deveria estar acontecendo mesmo algo para que ambos agissem assim.
- Sobre o que seria? – indagou hesitante.
- Hermione está com um hematoma do lado direito do rosto. Ela me disse que você a acertou com a porta do armário sem querer, mas não acreditei muito nisso. E a gente acabou discutindo. - Harry cruzou os braços, olhando-o. - O que aconteceu?
- Foi isso mesmo, eu sou um desastre de manhã. – falou caminhando ao lado de Harry.
- Eu disse sem mentiras. - lembrou-o, erguendo uma sobrancelha.
- Ela não quis te contar, e não sei se eu devo. – Richard disse com medo de ferir a confiança da irmã.
- Deve me contar. - exclamou tocando-o no ombro, parando no corredor. - Sou o namorado dela e tenho todo o direito de saber. E aquele hematoma é grande demais para ter sido provocado por uma pancada de porta de armário, não sou tonto. E dependendo do que aconteceu, posso ajudar. - Harry fitou Richard, que estava indeciso diante a situação. - Confie em mim, Richard.
- Tudo bem... – concordou depois de pensar por um tempo. Baixou a cabeça, parando numa parte do corredor onde não tinha ninguém. Harry notara a tristeza no olhar do menino antes que ele desviasse-os. Richard suspirou longamente. – Foi... Foi o nosso pai. Ele apareceu em casa ontem, e estava bêbado, brigou com a minha mãe, e Hermione foi ajudá-la, então ele... – cerrou as mãos. – Ele a esbofeteou!
Harry não soubera descrever o que sentiu quando Richard terminou de contar o acontecido. Mas a imagem de alguém esbofeteando a face de Hermione veio em sua mente, e trouxera uma fúria inimaginável para dentro de si. Fúria que apenas sentiu quando teve sua última discussão com o pai naquele jantar. E sentiu um ódio avassalador do pai de Hermione, do homem que nem conhecia.
Ele não tinha direito de fazer isso com nenhuma mulher, tão pouco com Hermione. Ela não merecia algo tão cruel, tão desumano e que deixasse feridas em seu rosto. Respirou fundo, passando a mão na face e tentando controlar sua ira. A vontade que tinha era de procurá-lo e surrá-lo, da forma que merecia.
- Por que ele fez isso?
- Porque ele é um covarde! – exclamou Richard. Seus olhos estavam marejados, mas tinha a mesma raiva que o outro possuía. – Eu o odeio... Odeio ele ser meu pai, e maltratar a minha mãe e minha irmã. Quando ele foi embora, foi à melhor coisa que aconteceu, mas ele sempre volta. – contava sem pudores. – Queria ser forte para poder protegê-las... Nunca ninguém iria bater nelas.
- Imbecil. - Harry murmurou entre dentes, voltando-se para o garoto. - Eu queria tanto quanto você dar uma surra merecida em seu pai. Mas essa não é a melhor solução para pessoas do tipo dele. Vou tentar resolver isso, não se preocupe.
- Como? – perguntou o menino.
- Ele vai sumir por algum tempo. Provavelmente ele tem medo da polícia, não é? - perguntou, vendo-o assentir. - Isso já ajuda bastante. Ele não vai incomodar vocês por um bom tempo.
- Espero que esteja certo, mas não conte para minha irmã que fui eu. Prometi que não iria contar nada, e acabei fofocando. – Richard repreendeu-se.
- Você não fez fofoca, Richard. Fez a coisa certa. Mas não irei contar se não quiser. - disse tocando-o amigavelmente no ombro. - Fique tranquilo.
- Obrigado... Bem agora se não se importar, tenho que ir embora. Fiquei de arrumar a casa hoje para Hermione. Ela disse que iria estudar na biblioteca.
- Claro. E vou resolver sua situação quanto ao Draco. Ele não vai atormentá-lo mais.
Richard sorriu agradecido para Harry antes de se afastar. O moreno encostou-se na fileira de armários do corredor. O que precisava agora era esclarecer tudo com Hermione, entender porque ela escondeu algo tão grave. Depois teria que procurar o pai, afinal precisava da ajuda dele para afastar o pai da namorada.
Teria que engolir seu orgulho naquele momento, já que não conversava direito com o pai desde a última discussão que tivera. E como sabia que James era orgulhoso tanto quanto ele, desejava imensamente que ele esquecesse todo o ocorrido naquele jantar e o ajudasse. Seria para o bem de Hermione, o que mais o preocupava naquele momento.
***
Escolheu uma mesa ao fundo da biblioteca, onde não seria alvo de olhares e comentários durante o tempo em que ficaria ali estudando. Sentiu que todos a observava não apenas pelo hematoma que tinha na face, mas também pela discussão que aconteceu entre ela e o namorado antes das aulas começarem. E teve que ser ríspida algumas vezes quando pessoas perguntavam o que tinha acontecido.
Sua vida não era um livro aberto. Ninguém tinha o direito de saber o que acontecia. Muito menos Harry tinha direito de ficar furioso por ela esconder o que aconteceu em sua casa no dia anterior. Seria melhor se ele não soubesse a vergonha que sentia do pai. Até ela mesma queria esquecer que ele existia.
Balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos, precisava concentrar-se nos estudos naquele momento. E assim o faria. Separou seus materiais na mesa, dando prioridades para os livros de exatas. Suspirou, lembrando-se de como desejava a ajuda do namorado ali naquele momento.
Ele se aproximou, lentamente. Fora inevitável seus olhos fixarem no ferimento ao lado direito do rosto de Hermione. E um misto de carinho e o compaixão o invadira. Todas as palavras que havia planejado em mente foram esquecidas naquele momento. Por mais que quisesse dizer algo que a fizesse sentir melhor, querer compreendê-la e de alguma forma retirar aquele hematoma de sua face, não poderia. O que aumentou ainda mais sua frustração para com o pai da garota. Ele o odiava.
Forçou um sorriso quando ela o olhou, porém rapidamente Hermione tratara de voltar seus olhos para o livro sobre sua mesa. Harry suspirou, esperava tal reação. E não tinha mínimas condições de ficar furioso com ela por sentir-se assim. A culpa não foi de Hermione, embora quisesse entender porque ela mentiu.
Sentou-se ao seu lado, retirando a mecha castanha que cobria o ferimento. Harry a beijou ali, carinhosamente.
- O que está fazendo? – perguntou com voz fraca, e confusa. Pensou que ele jamais voltaria a falar com ela, e de repente estava ali, carinhoso e apaixonado.
- Cuidando de você. - Harry sussurrou, acariciando a face ao lado onde não havia ferimento. - Eu já sei o que aconteceu, Mione. Por que não me contou?
- Já sabe? Como? – perguntou aflita. – Não deveria... – ela emendou trêmula. Encarou-o. – Foi Ricky, não foi?
- Não importa quem foi. - disse em um tom de voz calmo. - Por que eu não deveria saber?
Hermione meneou a cabeça, dispersando as lágrimas. Não desejava ter que falar sobre isso, mas deveria. Harry estava sendo gentil, não a criticava, nem zombava de sua situação familiar. E de todo, se não pudesse compartilhar seus problemas com o homem que amava, não poderia fazê-lo com mais ninguém.
- Porque eu tenho vergonha... – fungou sentida. – Todos sabem sobre meu pai, mas... Não sabem o que acontece de verdade... Desculpe-me por não contar a você, é que achei que deveria carregar esse encargo sozinha. Já que é um problema da minha família.
- Pensou errado, Mione. - Harry a tocou no queixo. - Desabafei com você sobre o meu pai. Deveria fazer o mesmo comigo. Ainda mais quando se trata de algo tão grave assim. Eu compreendo sua vergonha, imagino que não deve ser fácil passar por tudo isso, mas a culpa não é sua se seu pai é um... - mordeu o lábio, reprimindo a fúria que queria invadi-lo outra vez ao lembrar-se do homem. No entanto conseguiu controlar. - Se seu pai é um cretino. Ele não devia ter feito isso com você. Não merecia.
- Ele sempre fez Harry. Porque iria parar agora? – questionou triste.
- Ele fazia. - Harry replicou, irritado por saber que o pai de Hermione sempre agiu de tal forma. - Não fará mais. Eu sei que é seu pai, mas ele nunca mais vai tocar em você outra vez. Não vou deixar. E ele não vai perturbá-los por um bom tempo.
- Obrigada... Por cuidar de mim. – esboçou um pequeno sorriso.
- Não precisa agradecer. - sorriu, abraçando-a. - Desculpe pelo jeito que a tratei mais cedo. Mas eu sabia que era algo grave.
- É por isso que eu... Eu não queria contar. – disse envergonhada. - Sabe, Harry, meu pai nunca foi um exemplo de nada, mas pelo menos nos tratava com um pouco de respeito, mas quando conheceu algumas pessoas se tornou outro. É por isso que eu disse que não importa o quanto seu pai quer controlá-lo, no fundo se preocupa com você. É um pai de verdade... Um que eu nunca tive.
- Não é, Hermione. As coisas são diferentes. Se meu pai realmente se preocupasse comigo deixaria que eu fizesse o que quero. Ele está preocupado com a bendita empresa dele. Tanto que quer que eu me forme em Direito pra continuar com ela. - Harry suspirou. - E se ele realmente se preocupasse comigo não estaríamos a duas semanas sem se falar. Não conversamos mais desde o dia da discussão.
Ela meneou a cabeça, e sorriu fino.
- Você não entende mesmo... Bem, não vou mais insistir porque sei que fica irritado.
- Eu realmente não consigo entender. Sei que o seu pai é pior que o meu, mas é sufocante viver uma vida que você não pode planejar. - o moreno encostou-se na cadeira, abaixando a cabeça. - Mas não vou ficar irritado com você.
- Creio que só entenderemos quando formos pais, tivermos alguém sob nossa responsabilidade. Dizem que é dessa maneira. Aí sim, talvez, entendamos. – comentou Hermione, afagando o rosto dele.
- Espero que isso só aconteça daqui a alguns anos. - sorriu, olhando para a namorada. - Mal dou conta de cuidar de mim, imagine de uma criança.
- Eu sei bem disso... – concordou sorrindo marota, inclinando-se para beijá-lo nos lábios.
Harry sorriu, correspondendo ao beijo com a mesma intensidade. Suas mãos acarinharam a face de Hermione, em uma tentativa de remover o ferimento que tinha ali. E a única coisa que queria naquele momento, assim como ela, era esquecer o que tinha acontecido.
Cessou o beijo minutos depois, beijando-a levemente nos lábios e sorrindo. A morena suspirou com aquele gesto, mordendo o lábio.
- Precisa de ajuda? - Harry perguntou ao olhar os livros de matemática espalhados sobre a mesa.
- Tem um tempinho disponível, gênio da matemática? – indagou divertida. Parecia mesmo outra pessoa, ocultando todo o sofrimento, e deixando transparecer apenas as alegrias de estar com o namorado.
- Não sei, preciso consultar minha agenda. - disse pensativo, gemendo com o leve cutucão que ela lhe deu na barriga. Ele voltou-se para a namorada, rindo. - Eu tenho todo o tempo do mundo pra você.
***
Caminhava lentamente em direção ao escritório, após chegar em casa e perguntar se o pai havia chegado do trabalho. Várias vezes cogitou a idéia de que aquilo seria uma estupidez. Seu pai era muito orgulhoso, jamais o ajudaria depois do que acontecera. No entanto, não podia apenas cruzar os braços e não fazer nada. Precisava ajudar Hermione e a família dela, e apenas o poder do pai para fazê-lo.
Pensou que talvez James reconsiderasse o sentimento paterno que mantinha, mas riu-se diante de tal pensamento. Era difícil demais se o pai o tratasse com naturalidade. E Harry viu-se obrigado em engolir seu orgulho, o mesmo que herdara do pai, para lhe pedir alguma coisa. Algo que jamais faria se realmente não fosse importante. James tinha jogado em sua cara que um dia precisaria de sua ajuda.
E lá estava ele diante a porta do escritório, disposto em pedir sua ajuda.
A voz lá dentro autorizou sua entrada após bater na porta. Harry entrou, receoso. Definitivamente não fora uma boa idéia, mas fora a única que tivera. E já que estava ali não iria dar um de covarde e desistir. Viu seu pai lhe lançar um rápido olhar, voltando-se logo em seguida para os papéis em sua mesa. Ele ignorara sua presença, como vinha fazendo desde a discussão.
Harry se aproximou, colocando as mãos nos bolsos de sua calça para esconder seu nervosismo e sua frustração por estar ali, pedindo ajuda ao pai depois de tudo o que aconteceu.
- Será que... - começou temeroso. - Será que eu posso falar com o senhor?
- Do que se trata? – James perguntou ainda mantendo os olhos nos papeis. Tentou ser o mínimo seco, mas não conseguira, deixando isto ser fundamental em sua voz.
- Eu... - suspirou, vendo-se de que não teria jeito de não dizer a verdade. - Eu preciso da sua ajuda. É um problema um tanto sério.
- E você lá, tem problemas sérios? – tornou a pergunta, provocando-o no íntimo. Harry o fitou com raiva, pensou em ir embora, mas Hermione era mais importante que seu contragosto, por isso ficou, sustentando o olhar de James. – Diga, logo... O que é?
- Quero saber se pode dar um jeito do pai da Hermione sumir por uns tempos. Mantê-lo afastado da cidade para que ele não volte a perturbá-la. - disse Harry, cruzando os braços. - Eu sei que pode fazer isso.
James então o encarou, com o semblante fechado, mas o filho pudera observar que estava preocupado. Mas escondia tão bem a preocupação que logo Harry descartara tal possibilidade.
- Depende... O que acontece com o pai dela? – indagou.
- Ele é o tipo de cara desempregado, bêbado e covarde. Um vagabundo, no sentido da palavra. - Harry explicou com ódio em sua voz ao referir-se no homem. - Ontem ele foi até a casa da Hermione e agrediu a ela e a mãe. Hermione apareceu com um hematoma hoje no colégio, resultado de uma bofetada que levou dele.
- Bem, posso pedir que emitam um mandato de busca, mas só se uma das duas apresentar queixa. E se ele tiver alguma passagem pela justiça, será ainda mais fácil. – explicou em tom profissional, por mais que quisesse agir de modo paternal. Seu orgulho não deixava, e esperava que Harry baixasse a cabeça, primeiro.
- Qual é pai. Já vi o senhor fazer isso com vários bandidos sem precisar de uma folha em branco. - o moreno revirou os olhos, irritado. - Já não é a primeira vez que ele faz isso. O cara é um canalha. E se continuar solto ele pode fazer algo pior.
- Não é assim que as coisas funcionam, Harry. Não posso fazer nada, senão mediante a uma queixa formal. – explicou. – Mas... – hesitou em deixar o rancor de lado. -... Farei o que estiver em meu alcance, e vou resolver isso para você.
Harry suspirou fundo, assentindo. Era melhor do que nada. Esperava uma rejeição da parte do pai, mas ele propusera em ajudá-lo. E era melhor ter uma proposta de ajuda do que não ter nada.
- Obrigado. - agradeceu após os breves segundos de silêncio. - Vou deixá-lo trabalhar. Qualquer coisa me avise e desculpe o incomodo. - caminhou em seguida para a porta.
James sorriu brevemente, voltando-se outra vez para o trabalho. Faria o impossível para ver o filho feliz, e despreocupado, então se empenharia nesse caso. Harry ao virar-se pudera ainda ver o sorriso nos lábios do pai, e isso o atingira bem mais fundo que do imaginara a principio. E então pensara nas palavras de Hermione, as quais começavam a fazer um pouco de sentido.
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N/A: Depois de muitos comentários, mais um capítulo postado.
E esperamos que vocês comentem bastante dessa vez.
Deixem a preguiça de lado e faça as autoras de vocês feliz. Porque adoramos comentários. *-*
É motivador para nós que passamos horas na frente de um computador escrevendo pra vocês.
Não nos deixe fazer greve hein.
E por precaução, sugerimos que preparem os lencinhos.
Porque desse capítulo para frente, a fic fica cada vez mais emocionante.
Então você que chora com facilidade, se prepare. kkk
Beijo das autoras.
14-08-2010.
Comentários (1)
Participação especial de Tiago Potter!! \o/ Cenas de brigas e reconcialiação entre Harry e Mione... \o/ Tô adorando!!
2011-08-06