Severus Snape
Capítulo 2
Severus Snape
Hogwarts nas férias era entediante para mim, por isso mesmo que eu sempre ia para casa nas festas. Se era para morrer de tédio, que fosse ao lado de meu irmão. Mas havia gente que discordava de mim. E um dos que realmente se empenhavam era meu primo, Severus Snape. Eu não o culpava, muito pelo contrário. Se eu tivesse um idiota como pai também preferiria ficar na escola. A mãe de Severus também não ajudava em nada.
Éramos primos em primeiro grau, Severus e eu. Nossas mães eram irmãs. Às vezes, depois que Arktos e eu viemos morar definitivamente em Londres, tia Eileen mandava Severus lá para casa durante o verão. Ele era estranho, ficando enfiado no quarto de hóspedes quase o tempo todo. Apenas há um ano, finalmente, ele pareceu se socializar comigo de maneira mais – digamos – aprazível. E foi do nada, sem me avisar ou prevenir. Foi estranho. Mas gostei. Severus era um bom amigo se não levasse em consideração seu fascínio por arte das trevas ou não ligasse para suas oscilações de humor – mas disto eu não podia culpá-lo muito.
Ele era da Slytherin também, mas não estava no salão comunal quando cheguei. Então, assim que tive oportunidade fui procurá-lo no lugar mais óbvio: a biblioteca.
Eu realmente gostava de estudar, mas Severus era viciado. Ele sempre procurava por mais e mais conhecimento, tanto é que tivera NOMs suficientes para fazer qualquer matéria no sexto ano. Ele até inventou alguns feitiços. Havia um que eu sempre usava quando alguém conseguia me tirar do sério. Era engraçado, depois que eu lançava o feitiço, ver a pessoa sair correndo para a enfermaria com as unhas dos pés crescendo sem parar e rapidamente.
Sei que Severus também inventava outros feitiços não tão engraçados. Quando o censurei por isso, uma vez, ele ficou uma semana sem falar comigo. Depois disso, não o censurei mais, mas não conseguia controlar minhas expressões desgostosas quando o via relacionado às artes das trevas.
Finalmente cheguei à biblioteca, indo logo para o canto que eu sabia onde ele gostava de estudar. E lá estava ele, rodeado de livros.
– Até que enfim te achei! – falei animadamente, mas com a voz um pouco baixa. Não queria que Madame Pince, a bibliotecária mal-amada de Hogwarts, viesse nos censurar. Aquele lugar era um santuário para ela.
– Olá, Dina! – ele sorriu para mim.
Os olhos de Severus pareceram brilhar quando me cumprimentou, mas acho que foi impressão. Sentei-me ao lado dele.
Além de Arktos, ele era o único quem me chamava de Dina. Os outros me chamavam apenas de Ari. Severus parecia gostar muito dessa exclusividade.
– O que você está fazendo? – perguntei.
Ele sorriu de lado antes de responder:
– Você não vai gostar de saber. – Minha expressão desgostosa apareceu automaticamente, e ele completou: – Brincadeira, Dina. Estou apenas estudando.
Torci meus lábios com isso.
– Muito engraçado, Severus.
Ele soltou um riso pelo nariz.
– Você está estudando o quê? – perguntei apenas para manter a conversa; estava com saudades dele. Puxei um dos livros que estavam sobre a mesa. Não me surpreendeu que fosse sobre poções, a maior especialidade de Severus junto com Defesa Contra as Artes das Trevas, outra disciplina nossa.
– Poções – ele disse enquanto anotava algo no livro dele.
Fiquei em silêncio, folheando alguns livros sem no entanto prestar muita atenção.
– Como foi de feriado?
– Legal – dei de ombros. – Passei na casa da tia Françoise e de Aimeé.
– Hum...
– E você? – Vi Severus fazer uma careta com os lábios quando perguntei. – Tão ruim assim?
– Não tão ruim. Consegui adiantar bastante a matéria. Não será difícil, se quer saber.
– Você ficou o tempo todo aqui dentro? – me espantei, embora controlasse o volume de minha voz para não chamar a atenção de Madame Pince.
– Aqui, no salão comunal...
Conviver com Severus me deu a oportunidade de conhecê-lo melhor. Ainda havia muitas coisas que ele me escondia, e eu sabia disso, mas também havia pontos que eu conseguia diagnosticar perfeitamente, convivendo há um ano com ele. E a indiferença na voz do meu primo, àquele momento, pareceu-me demasiada.
Poucas coisas conseguiam aborrecê-lo verdadeiramente também para que ele tivesse que forçar sua frieza em cada gesto e palavra. O tom que ele usou, é claro, mostrava que ele estava bastante aborrecido com o que quer que tivesse acontecido no período das festas.
– Você ficou apenas aqui e no salão comunal? – perguntei enquanto virava meu corpo na direção do dele.
Severus também me conhecia bem, portanto, obviamente ele percebeu o que eu notara.
– Não fui muito para os jardins. Lotado demais – ele resmungou, debruçando-se no livro que estava lendo.
Eu bufei. Minha memória automaticamente foi para os garotos que encontrei assim que cheguei em Hogwarts.
James Potter e Sirius Black eram umas perfeitas pragas na vida de Severus. Alguma coisa em meu primo – e eu realmente não fazia ideia do que pudesse ser – fazia aqueles dois se engraçarem com ele de todas as maneiras. Uma vez ouvi o Potter dizer que apenas a existência de meu primo o aborrecia. Bufei novamente. A existência do Potter me aborrecia, a dele e a do Black. Não sabia como Remus andava com eles e os aturava tanto, sendo uma pessoa tão legal.
– O que aqueles dois imbecis fizeram? – eu realmente rosnei quando fiz essa pergunta.
– Nada que eu não conseguisse resolver.
Severus olhou para mim ao me responder. Como sempre, ele se irritava com minha intromissão nessa situação. Porém, o que eu deveria fazer senão defendê-lo? Ele era meu primo! E por mais estranha que fosse nossa amizade, eu realmente me importava com ele!
– Ah, claro! – falei com sarcasmo e rindo. Ouvi Madame Pince soltar um “shh” de onde estava. Não liguei para ela. – Você resolveu tão bem que nem sequer se aproximou novamente dos jardins.
Severus levantou-se da cadeira e recolheu alguns dos muitos livros que ocupavam aquela mesa. Eu o irritara, mas ainda assim queria minha resposta. Não para aborrecê-lo, apenas para saber que feitiço usaria para lançar naqueles dois anormais.
Quando ele foi guardar os livros, fui atrás dele.
– Severus – comecei, mas ele me cortou com sua voz mais arrastada que o normal.
– Eu já disse que resolvi, Ariadne. Cuide dos seus problemas que eu cuido dos meus.
Fechei a cara, não querendo aceitar em ficar no meu canto. Virei-me para sair dali. Ótimo! Ele não me contaria. Então eu pecaria pelo excesso quando me encontrasse com aqueles dois mongóis.
Os dedos de aço de Severus fecharam-se em meu pulso, segurando-me, para em seguida virar-me para ele. Os olhos dele estavam cheios de raiva quando ele sibilou:
– Cuide dos seus assuntos, Ariadne.
– Mas Severus...
– Dos seus!
Ele então saiu, deixando-me sozinha. Sabia que ele estava indo para o salão comunal, mas não o seguiria. Não queria brigar com ele logo quando acabara de chegar à escola.
Não o vi novamente àquele dia e nem ao café da manhã do dia seguinte – quando as aulas se iniciaram. Fiz uma careta com os lábios ao notar que ele estava agindo infantilmente.
Tomei meu suco e comi os ovos o mais rápido que pude, apressando-me para sair do Salão Principal, mas alguém me chamou assim que me levantei.
– Hei, Ari, espere por nós!
Era Lily, e juntamente com ela vinham Clair e Remus.
– Bom dia – os três me cumprimentaram.
Eu respondi e fomos para a aula de Transfiguração. Não conversamos muito no caminho; Clair e Remus estavam ocupados demais com eles mesmos e com certeza Lily notara minha cara emburrada.
– Brigou com seu primo? – ela me perguntou. Dei-lhe um meio sorriso como resposta, como se a constatação dela fosse óbvia demais.
Depois que Severus e eu ficamos amigos, sempre íamos juntos para as aulas – salvo quando brigávamos. Claro que Lily não deixaria de notar isso e também comentar.
– Não foi bem uma briga – falei. Esperei um pouco para continuar, querendo escolher as palavras certas. Severus odiaria saber que contei a alguém o motivo de seu aborrecimento. – Ele não quis me contar uma coisa e eu o pressionei. Ah, você sabe como eu sou – completei, me defendendo, ao ver Lily rolar os olhos.
– É, eu sei. Você só parou depois do décimo “não”, e mesmo assim à contragosto. – Ela sorriu para mim.
Eu bufei.
– É que...
– O quê?
– Nada – falei, gesticulando com minha mão para ela também esquecer o assunto. Porém, dez segundos depois, eu continuei falando, sem aguentar. – É que ele não precisava reagir dessa maneira tão infantil, sem falar comigo, sabe? A situação não pedia tanto.
– Ari – Lily me chamou e eu a olhei –, você é insistentemente chata quando quer, sabia?
Eu torci meus lábios em uma careta. Não respondi à Lily como ela bem merecia, pois havíamos acabado de entrar na sala de aula. Como minha querida amiga em profetizara anos atrás, a Profa. McGonagall havia nos “marcado”. Ou talvez o olhar gelado dela tivesse sido apenas par a mim, já que nunca consegui controlar minha língua dentro da boca.
Sentamo-nos na terceira mesa. Eu me recusava completamente em me sentar na primeira carteira, mas como Lily não gostava da última, entramos num acordo: o meio. Eu procurara por Severus quando entrei na sala, e lá estava ele, sentado com Evan Rosier – um tremendo idiota, em minha opinião.
Quando a professora começou a encher o quadro-negro de teorias mais aprofundadas sobre Animagia, peguei um pedaço diferente de pergaminho e escrevi:
Eu não sou chata, nem insistente. A culpa é do seu namoradinho que importunou meu primo, nesse feriado. Ele e o Black.
Claro que em vez de dizer Potter, dizer namoradinho foi para descontar a provocação de Lily. Como sempre, ela bufou de raiva ao ver aquilo. A vi escrever algo irritadamente e tive que rir.
Não tenho NADA a ver com o imbecil do Potter! Mas o que aqueles dois fizeram?
Eu ainda não sei, mas vou descobrir, escrevi em resposta. Dessa vez, Sev ficou realmente irritado com minhas TRÊS insistências.
Só três? Bem, você está melhorando. Vi Lily sorrir depois que eu li. Eu apenas rolei os olhos ao ler aquilo.
Entretanto, eu ainda sentia raiva, tanto pela minha situação com Severus quanto pelo fato dos dois maiores idiotas de Hogwarts pegarem tanto no pé dele.
Olhei para trás, procurando por Potter e Black. Eles sempre sentavam ao fundo da sala de aula, independentemente de qual aula fosse. Eu os encontrei rapidamente, copiando o que a Profa. McGonagall continuava a passar no quadro-negro. Não sei por quanto tempo fiquei olhando para eles, porém acho que foi muito, pois senti o cotovelo de Lily em minhas costelas. Isso me fez pular na minha cadeira, o que chamou a atenção da professora.
– Algum problema, Srta. Lakedos?
– Não, senhora – respondi rapidamente.
Copiei algumas palavras e olhei novamente para trás. Potter sorriu para mim e depois Black. O Potter logo desviou o olhar, mas seu amigo não. Ele só voltou sua atenção para suas anotações um tempo depois, e parecia se divertir com algo.
– Srta. Lakerdos.
– Sim? – perguntei alto demais, e daquela vez eu saltei mais ainda de minha cadeira. A sala toda riu, embora eu tenha visto Lily menear a cabeça ao meu lado.
– Se quiser dizer algo ao Sr. Potter ou ao Sr. Black, sinta-se à vontade.
– Não quero falar nada, professora – resmunguei.
– Tem certeza? Fique à vontade, senhorita.
– Eu estou à vontade, professora, obrigada.
McGonagall crispou mais ainda os lábios finos ao ouvir aquilo. Obviamente eu já sabia o que estava por vir, então me afundei um pouco na cadeira.
– Menos cinco pontos para a Slytherin, Srta. Lakerdos.
Ouvi os outros alunos da minha casa resmungando, mas ninguém diria alguma coisa contra a professora. Eu não liguei para isso, entretanto. Recuperaria fácil esses pontos em outra aula. O problema foi conseguir ficar sem virar para encarar Potter e Black novamente até que eles percebessem que eu os mandava para o inferno apenas com o olhar.
Assim que foi indicado o fim da aula de Transfiguração, levantei-me rapidamente e disse para Lily que alcançaria Severus. Queria conversar com ele antes de chegarmos ás masmorras para a aula de Poções. Eu não consegui alcançá-lo com a velocidade que eu queria, uma vez que meu primo parecia o diabo fugindo da cruz.
Rolei os olhos, irritada mais ainda com essa infantilidade exacerbada.
No entanto, antes que virasse o corredor da sala de Poções, consegui alcançar Severus.
– Hei! – o chamei enquanto o segurava pelo braço. Ele se livrou do meu toque como se houvesse levado um choque. – Que foi? – assustei-me.
– Nada – Severus me respondeu com azedume. – O que você quer?
Esperei que Rosier se afastasse, então falei:
– Conversar com você, por um minuto. Podemos?
– Temos aula, agora.
– Eu sei, Severus. – Fiquei na frente dele para que não fugisse de mim. – Olhe, me desculpe se o irritei ontem, à esse ponto, ’tá legal? – disparei. – Não foi minha intenção, só queria ajudar.
– Então me ajude não tendo pena de mim, Ariadne. Não preciso disso, nem de você, nem de ninguém.
E ri, sem humor.
– Caso te interesse, Severus, nunca tive pena de você. A questão é que me irrita ver aqueles dois imbecis agirem feito dois covardes contra você! Eu só quero ajudar para que a situação se iguale, não por te achar incompetente!
Fiquei ofegante ao dizer tudo aquilo, tanto pela raiva quanto por ter praticamente corrido para alcançar o fujão à minha frente. Mas ao menos Severus pareceu acreditar no que eu disse.
– Vamos entrar logo, você já perdeu cinco pontos hoje. Não quer perder mais, quer?
Dei um leve sorriso enquanto o acompanhava para uma mesa vazia. Acenei para Lily, que já estava lá dentro, mostrando que não me sentaria com ela daquela vez. Ela sorriu em resposta, e logo o lugar ao lado dela era ocupado por uma aluna da Gryffindor.
– Quer dizer que você não está mais irritado comigo? – perguntei para Severus enquanto separava meus materiais.
– Eu não vou ficar se você não se intrometer.
Suspirei enquanto abria meu livro na página que o Prof. Slughorn pedira.
– Severus, eu gosto de você – sussurrei de modo que apenas ele me ouvisse –, e me preocupo também. Você é meu primo, pelo amor de Deus! – Peguei algumas raízes e cortei uma pequena parte para então continuar, quase exasperada. – O que você quer que eu faça enquanto aqueles dois anormais te perseguem gratuitamente? Coma Feijõezinhos de Todos os Sabores?
Porém ele não respondeu à minha pergunta, mais concentrado em cortar suas próprias raízes. Eu resolvi fazer o mesmo. Pelo visto, Severus não responderia às minhas perguntas decentemente àquele dia.
Somente quando alcançávamos o fim da aula, nossas poções praticamente prontas, que ele conversou comigo.
– Por que você ficou encarando aqueles dois na aula da McGonagall?
A voz dele me assustou e eu quase errei a dosagem, colocando duas patas de morcego ao invés de uma.
– Primeiro porque eu queria saber o que havia acontecido, nem que fosse por osmose. – Mexi minha poção, com uma careta nos lábios. Não estava gostando do resultado.
– Por osmo... Como?
– Osmose – eu ri. – Do mais concentrado para o menos concentrado. Coisa de trouxas – emendei, ao que ele fez uma expressão desgostosa.
– Por que não estou surpreso...
– Só que depois eu fiquei olhando para ver se conseguia desintegrar os dois apenas com o olhar – dei de ombros. Então suspirei. – Por que sua poção está mais clara do que a minha?
– Porque a minha está correta – Severus respondeu como se fosse óbvio. – Sabia que o Black não parou de encarar você um minuto na aula de Transfiguração?
– Verdade? – perguntei um pouco entediada. – Eu senti mesmo que alguém me encarava, mas não me virei por causa da professora. Só não sabia que era um idiota que me olhava tanto...
– E ele está olhando para cá agora.
– Como você sabe? Ele está ao fundo da sala – espantei-me.
– Eu apenas sei – Severus resmungou. Ele não parecia estar gostando daquela atenção toda que o Black me direcionava. Bem, eu também não achava nada boa.
Sem me segurar ou sequer disfarçar, virei-me rapidamente para trás, vendo que Black realmente me encarava. Eu esperava um olhar petulante quando me virasse e não um olhar tão perscrutador. Aquilo me desconcertou e incomodou, mesmo que três segundos depois ele tenha assumido sua pose irritantemente arrogante. Ele piscou um olho para mim e sorriu de lado. Senti minhas faces corarem de raiva.
– O idiota estava mesmo olhando para cá – falei com uma careta quando me virei para frente.
– Eu disse a você.
– Aposto que ele está planejando aprontar alguma coisa junto do Potter – falei óbvia.
Severus, entretanto, não concordou comigo.
– Eu não teria tanta certeza disso – ele falou entre os dentes.
– Por quê? O que você sabe?
– Nada.
Severus recolheu uma amostra de sua poção e levou para o professor Slughorn, que o elogiou, entusiasmado. Velho puxa-saco. Eu fiz o mesmo antes que desse o final da aula, e quando voltei, vi que Severus já terminava de ajeitar todas as suas coisas.
– Espere um minuto que arrumo as minhas, assim vamos juntos para o salão comunal.
– Tudo bem.
Preferi não perguntar sobre o que ele quis dizer com o “Eu não teria tanta certeza disso” e pelo lapso de mau humor. Primeiro porque eu sabia que brigaríamos novamente. Segundo porque Severus realmente não me diria nada. E, finalmente, porque ele parecia verdadeiramente chateado com o que quer que tivesse acontecido. E eu realmente acertei em não questioná-lo, pois a companhia de Severus tornou-se bem melhor depois.
No decorrer dos dias, eu quase não tive tempo para lembrar em perguntar a ele sobre essa situação também. Isso se devia por minha mente estar muito ocupada com o monte de deveres que os professores passavam. As aulas por si só já eram puxadas, ainda tínhamos que fazer trabalhos e mais trabalhos. Além de tudo isso, ainda havia o quadribol.
Eu era apanhadora do time da Slytherin. Consegui esse posto a muito custo, pois o tentava desde o meu quarto ano na escola, e o consegui apenas no sexto porque o último apanhador se formou ano passado. Porém eles não pareciam arrependidos em ter-me no time, ao fim de tudo.
Semestre passado nós jogamos contra a Hufflepuff. Não foi um jogo difícil no geral, mas o apanhador deles era bom. Porém, o jogo foi ganho quando eu peguei o pomo de ouro, dando para minha Casa uma vantagem de 170 pontos. E o melhor era que Ravenclaw perdera de Hufflepuff por 20 pontos. Como eu disse: apanhador bom. Neste semestre ainda jogaríamos contra as outras duas casas.
O capitão do time, Maxwell Parkinson, era um dos artilheiros. Era também um tremendo grosseiro, mas, devo admitir, sabia comandar um time. Ele era um carrasco também. A sorte era que a neve havia cessado há alguns dias, mas o vento gelado ainda castigava.
Estávamos treinando naquela tarde gelada de sexta-feira de janeiro havia duas horas, e por mais que eu adorasse quadribol, ansiava o quanto antes meu quarto quentinho. Mas Parkinson continuava gritando estratégias a torto e a direito, não parecendo que intencionava o fim do treino tão cedo.
Eu havia pegado o pomo apenas uma vez e estava querendo muito pegar na segunda para dar a desculpa de terminarmos logo com aquilo. Os dedos das minhas mãos estavam quase duros e congelados.
– Hei, Johnson, seu idiota! Olha para onde você mira a porcaria do balaço! – ouvi um dos artilheiros gritando. Dave Crosmwell.
– Foi mal, Cros! – Paul desculpou-se.
Eu apenas meneei a cabeça. Contudo, nesse movimento consegui vislumbrar o pomo de ouro que usávamos para o treino.
– Parkinson – gritei.
– Quê? – ele retorquiu, a alguns metros de mim, com mau humor.
– Se eu pegar o pomo agora, a gente termina o treino? Estou congelando aqui!
– Se você pegá-lo em pelo menos cinco minutos...
Eu quase não dei tempo para que ele terminasse a frase e já mergulhava em direção à bolinha alada que estava parada perto das arquibancadas que os professores costumavam sentar. Porém ela fugiu de mim, e eu quase passei dos cinco minutos que Maxwell propusera.
– E Slytherin vence! – gritei para ele, rindo, e mostrando o pomo seguramente em minha mão direita.
Ele pareceu dar um suspiro resignado e então encerrou o treino, mas dizendo que terça-feira era para estarmos no campo novamente e no horário de sempre. Eu logo coloquei o pomo de ouro no lugar dele, dentro da caixa de bola, e fui para o castelo, uma vez que eu nunca esperava pelos outros. Como eu disse, eles não apreciavam minha companhia, me aturando apenas dentro do campo de quadribol por seu ser uma boa jogadora.
Por isso mesmo que me surpreendi quando, assim que entrei no castelo, Paul Johnson me alcançou.
– Lakerdos!
– Oi, Johnson. O que foi? – perguntei, diminuindo um pouco meu passo apressado.
– Bem, é que... Daqui duas semanas temos uma visita a Hogsmeade.
– Sim, eu sei. O que tem? – perguntei, dando de ombros.
– Eu queria saber se você gostaria de ir comigo – ele perguntou calmo, mas sem me olhar.
Entretanto, quem não ficou totalmente calma fui eu. Oscilei, surpreendida, quase parando de andar. Porém recuperei-me rapidamente e voltei a andar em uma velocidade maior.
– Bom, eu... Eu não sei – respondi, sentindo meu rosto começar a esquentar, para minha frustração. – Achei que vocês gostassem de mim apenas dentro do campo de quadribol – falei, gostando da minha voz soar um pouco indiferente.
Johnson deu de ombros.
– Eu acho você legal, apesar de você ter a língua afiada demais para o meu gosto. – Ele sorriu. – Além de você ser bem petulante, às vezes.
Tive que rir ao ouvir aquilo.
– Isso que é elogio, não?
– ’Tá, eu também te acho bonita – ele pareceu sem-graça. – Mas, e aí? Você vai comigo ou não?
Quando percebi que ele me faria esse convite, meu primeiro pensamento foi dar um belo de um “não”. Contudo, Paul era um dos poucos que não me olhavam torto na Slytherin. Na verdade, ele estava em uma minoria bem limitada. Acho que foi isso que me fez hesitar em frente à pedra que dava entrada ao salão comunal.
– Sangue puro – uma voz me sobressaltou de leve, já que eu ainda estava muito concentrada em meus próprios pensamentos. – E aí, vão entrar ou não?
Sean White, o goleiro da Slytherin, perguntou como se quisesse nos chutar de sua frente.
Dessa vez não achei tão ruim essa agressividade rotineira, pois fez com que minha personalidade entrasse nos eixos. Ou eu muito me enganara – e, por Merlin, sim! – ou Paul realmente me deixou constrangida com esse convite.
– Por favor, oh, excelentíssimo – zombei fazendo uma mesura bem tosca.
White apenas rosnou uma coisa enquanto passava por nós. Fiz o mesmo caminho que o dele, mas sabendo que deveria responder logo a Paul. Por isso mesmo, eu logo parei de andar. Como eu bem dissera a Arktos antes de voltar do feriado, eu não era mais uma criança, então decidi enfrentar essa “situação” rapidamente.
– No próximo fim de semana, certo?
– Isso mesmo – confirmou Paul, com um sorriso insinuando em seus lábios. Gostei do sorriso.
– Bem... – Dei de ombros, querendo parecer indiferente. – Por mim tudo bem.
Paul sorriu, apreciando minha resposta. Ele tinha uma covinha na bochecha esquerda.
– Certo – ele ainda sorria. – Depois a gente combina o horário e um lugar para nos encontrarmos.
– ’Tá legal.
– Te vejo por aí, Ariadne.
Sorri quando ele falou meu nome muito à vontade.
– Até, Paul.
Mesmo sabendo que eu estava totalmente sã quando concordei em sair com Paul, algo me fez pensar sadicamente que sanidade não era bem uma de minhas qualidades. Porém, deixando essa sensação de lado, além do fato de alguns alunos ainda estarem encarando Paul e eu, fui em direção ao meu quarto. Ainda havia um relatório de Feitiços que eu precisava fazer.
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NB: Nossa, quantas emoções logo no segundo capítulo! E, apesar de todos saberem que eu não gosto nenhum pouco do Sev, tenho que admitir que você o escreveu muito bem. Beijos querida e parabéns!
N/A: Sim, cá está o segundo capítulo e, como manda o figurino, betado pela minha querida irmã de coração, Priscila Louredo.
Espero que todos tenham gostado e, se sim, comentem, sim? Pois é, eu sou carente e preciso de atenção! Rsrsrsrs...
Mando um beijo especial para as queridas Diana W. Black e Kelly, sempre me acompanhando enquanto eu também as acompanho. Um beijo também para a querida Naty L. Potter, que, segundo minha irmã mais velha, é uma fanática doida por HP por ter seu sobrenome no Orkut, hahahaha. E, também, à minha maninha Clara Isbela Black, obrigada pela sorte, querida!
Sem mais, até o próximo capítulo de Lembranças, ou O Mistério de Starta – que está quase saindo do forno e com muitas emoções no penúltimo capítulo.
Beijos a todos.
Livinha
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