draco desnudo.
capítulo 04
draco desnudo
-Bom dia. –comentou Gina, bocejando vigorosamente. A ruiva sentou-se no sofá da sala comunal ainda de pijamas.
-O que faz fora da cama? –perguntou Hermione, intrigada. A morena estava sentada perto da lareira, folheando um jornal trouxa.
-Insônia. –disse. –Você?
-Eu nem cheguei a dormir.
Um leve sorriso surgiu nos lábios de Gina.
-O quê?
-O que você fez de tão interessante pra não conseguir dormir? –ela questionou, ajeitando o corpo e aproximando-se de Hermione.
-Nada de mais. Fui andar pelo castelo e voltei uns 15 minutos atrás. Tomei um banho e, no momento, estou lendo.
-Você é estranha. Já te disse isso? –o sorriso murchou em segundos.
-Todos os dias. –a morena respondeu, sem tirar os olhos do jornal.
-O que está lendo?
-Corrupção, acidentes, mortes. –ela virou a página. Após uma rápida olhada, sua expressão tornou-se preocupada.
-Algum problema? –perguntou Gina.
Hermione encarou a ruiva.
-Assassinaram seis pessoas ontem, no Capitólio dos Estados Unidos.
-E?
-Uma delas era o conselheiro político de Warren Danson, Felício McFee. –afirmou.
-E quem é Warren Danson?
-Francamente, Virgínia, você não se informa?
-Eu não tenho muito tempo disponível no momento. Por que simplesmente não me diz?
-Warren Danson, o futuro presidente dos Estados Unidos. O querido da população. Tem fotos dele espalhadas por todos os cantos do mundo. –ela retornou seu olhar para o papel amarelado. –Até meus pais me disseram que pretendiam votar nele.
-Mas ele estava entre os mortos?
-Não. –a morena percorreu a matéria com o dedo, procurando mais informações. –Ao que tudo indica, o Sr. Danson está desaparecido.
-Desaparecido?
-É, o que é estranho. Quer dizer, por que alguém mataria o conselheiro dele e não o mataria?
-Ah, Mi, quando se trata de política, as coisas ficam meio complicadas. Pessoas começam a agir de determinada maneira por motivos que somente elas compreendem. –filosofou. –De qualquer modo, não há nada que nós possamos fazer. E, pelo jeito, não há nada que ninguém possa fazer.
-Eu sei. –continuou lendo. –Mas tem mais coisa.
-O quê?
-A perícia confirmou não ter encontrado nada nos corpos.
-Como assim, nada?
-Nada. Nenhum sinal de estrangulamento, esfaqueamento, envenenamento, ou mesmo balas. Aparentemente, o agressor nem chegou a tocar nas vítimas.
-Isso é impossível. –Gina ergueu-se para perto da morena. –Como alguém pode matar outra pessoa sem... –ela refletiu rapidamente. -...tocá-la? –encarou Hermione. –Você acha...
-Eu não acho nada. –ela respondeu. –Prefiro não achar. Ameaçar o futuro do governo americano é um assunto muito sério.
-E eles têm alguma ideia de quem seja o assassino?
-Nenhuma. Todas as câmeras foram inutilizadas e os seguranças e funcionários do Capitólio não viram ninguém entrando ou saindo do prédio. –a morena a encarou. –Disseram que não se lembram de nada.
-Não se lembram? –refletiu. -Ah, que droga. –Gina murmurou, colocando as mãos na cabeça. –Isso é muita informação antes das oito da manhã.
-Nós estamos num mundo louco, V. Em tempos loucos. –ela fechou o jornal.
-Claro, claro. –a ruiva tornou a se sentar no sofá.
Virgínia Weasley, 16 anos.
A impetuosa caçula dos Weasley sempre fora motivo de orgulho para eles. Conviver com um bando de homens em casa havia tornado Gina mais resistente às adversidades da vida. Apesar de possuir um belo corpo, olhos verdes e cabelos avermelhados estonteantes, eram comuns os comentários de que a garota agia praticamente como uma neurótica. Quer dizer, resolvia seus problemas no tapa, xingava, batia e tinha uma experiência absurda em arremessar e se desviar de objetos pontudos. Reúna vários irmãos, acrescente um convívio de 16 anos, e eu tenho certeza de que você também fará a mesma coisa, disse certa vez para Hermione. Tinha quase a mesma altura que a morena, apenas alguns centímetros mais baixa.
Harry surgiu no sopé da escada.
-Já são oito horas? –perguntou, num longo bocejo.
-Não. –respondeu Hermione.
-Então por que...
-Eu, insônia. –disse Gina. –Ela, falta do que fazer. –apontou para Hermione. –Qual o seu motivo?
-Ronald anda roncando alto demais ultimamente. –respondeu, com o olhar cansado.
A ruiva sorriu.
-Mais uma vantagem de se morar em Hogwarts. –ela disse. –Quartos separados.
-Que bom pra você. –o moreno sentou-se ao lado da garota.
-Vem aqui.
Harry esticou-se no sofá, enquanto Gina deitava levemente por cima dele, abraçando-o.
-Está melhor? –ele perguntou para Hermione.
-Por quê? O que houve? –a ruiva encarou a outra.
-Nada.
-Claro que houve. –continuou Harry. –Caminhar pelo castelo às três da manhã não é um salto de esperteza.
-Eu queria ficar sozinha, só isso.
-Poderia ter ficado aqui. Ninguém iria te incomodar.
-Bem, você me incomodou. –o encarou, triunfante.
–O que você estava fazendo acordado às três da manhã? –Gina encarou o moreno.
-Novamente, Ronald. –disse. –Eu tentei abafar a boca dele com um travesseiro, mas eu acho que o sufoquei.
-Ah.
Os dois voltaram a encarar a morena.
-Bem, casal, vocês me desculpem, mas eu vou me aprontar para a aula. –Hermione se ergueu. –Sugiro que façam o mesmo.
-Ainda falta muito tempo, Mi. –disse a ruiva.
-Não se você parar para contar o tempo perdido no café da manhã. Já devem ter servido.
-Você é neurótica.
-Não, você é que é.
-Ta bom, sou eu. Mas você tem que admitir que isso não é normal.
-Isso é organização. Cronograma. Além do mais, uma monitora precisa saber quando, onde e como agir.
-Uau! Vivendo perigosamente, hã? –ela suspirou.
Hermione, Gina, Harry e Rony caminhavam pelo corredor em direção ao Salão Principal.
-Vocês precisam aprender a acordar mais tarde. –comentou Rony, andando sonolento e de cabeça baixa.
Gina sorriu.
-Harry, o que você acha...
-Ótima noite, certo, Granger? –uma voz grossa emergiu de um corredor secundário.
O grupo se virou para encontrar um Draco Malfoy levemente alegre. O loiro deu um aceno.
-Potter, Gina, Ronald. –disse. –Sempre um prazer. –e continuou caminhando, desaparecendo por uma escada.
-Aquele garoto me chamou de... Gina? –a ruiva encarou Harry com incredulidade.
Tanto o moreno quanto Rony estavam com expressões confusas e, ao final de alguns segundos de silêncio, todos encararam Hermione. A garota, por sua vez, com a tez levemente corada, tentou desviar o olhar.
Droga, droga, droga.
-Eu pensei ter ouvido que você caminhou sozinha pelo castelo. –comentou Gina, sentada à mesa do Salão Principal, com um prato de ovos mexidos nas mãos.
-Na realidade, eu não disse exatamente isso. –respondeu Hermione.
-Então você mentiu. –concluiu Harry, ao lado da ruiva.
-Não, eu omiti. –ela disse.
-A questão é: por que você omitiu? –perguntou Gina.
-Não sei. Não achei que fosse grande coisa.
-Grande coisa? Mi, se você pensar com calma, esse acontecimento é mais perturbador que o assassinato daquele moço do governo lá.
-Moço do governo? –questionou Rony, com a boca cheia de comida.
-Warren Danson não foi assassinado, Virgínia. –disse a morena. –E não, não foi nada importante.
-O que vocês conversaram? –Harry a encarou. –Se não foi importante.
-Vamos nos atrasar para a aula se eu contar. –ela disse.
-Ótimo! –a ruiva remexeu os cabelos. –Pode começar.
3:15 da manhã.
-O que faz aqui? Não acha que é tarde demais pra uma monitora-chefe perambular pelo castelo? –perguntou Draco.
-Eu acho que sou uma das únicas que pode fazer isso, na verdade.
-Mas não faz sentido. Quer dizer, não há ninguém para você monitorar por aqui.
-É mesmo? E o que você faz acordado a esta hora?
-Falta de sono. –ele sentou-se ao lado dela. –Posso?
-Eu acho que já não faz diferença agora. –ela abriu um leve espaço entre eles.
Por longos segundos, um silêncio constrangedor pairou no ar.
-Você quer me ver pelado? –ele perguntou, encarando-a.
Hermione abriu os olhos envergonhada e o encarou de volta.
-Eu posso ficar pelado, se quiser.
-Hermione Granger, está na hora de definirmos a palavra importante. –rugiu Gina.
-Ele é louco. O que eu posso fazer?
-Não, obrigado. Você está bem do jeito que está.
-Tem certeza? Não é todo mundo que tem a oportunidade...
-Fico lisonjeada. –interrompeu, com ironia, revirando os olhos. –Mas eu passo.
-Tudo bem.
Passaram-se aproximadamente cinco segundos em que nenhum dos dois não disse palavra alguma.
-Eu posso te fazer uma pergunta? –Draco começou.
-Eu já disse que não quero te ver pelado, Malfoy. –ela respondeu, nervosa.
-Não é isso.
-Então, o que é?
-Posso te ver pelada?
Ronald começou a tossir compulsivamente. Harry tentou ajudá-lo.
-E o que ela disse? –questionou André, rindo.
-Bem, ela me perguntou se isso funcionava com todas. –Draco respondeu.
-Isso funciona com todas? –perguntou Hermione, arqueando as sobrancelhas.
-O quê?
-Essa cantada ridiculamente mal estruturada. Quer dizer, eu imagino o tipo de garota que cai numa conversa fiada dessas.
-Uau, você sabe mesmo o que um homem quer ouvir, não? –balançou a cabeça.
-Eu sei o que você quer ouvir, garoto, e pode ter certeza de que não vai sair da minha boca. –disse. –O ponto é: por que você está aqui?
-Falta de sono, já disse.
-Não. Por que você está aqui, conversando comigo?
-Porque você é uma amiga.
-Malfoy, a última vez em que eu me lembro de ter falado com você diretamente foi quando estávamos numa prova de História da Magia. Você tentou copiar minhas respostas e eu te mandei cuidar da sua vida.
-E não foi uma época divertida?
-Adorável. –revirou os olhos. –O que você quer?
-Conversar, ué.
-O que estamos fazendo?
-Não parece nada bom. –disse Abelardo.
-Não é nada bom. –corrigiu Gabriel.
-Ele é um imbecil. –comentou Gina, com desconfiança. –Conversando com você como se fossem velhos amigos.
-Talvez ele quisesse algo. –completou Rony.
-Foi o que eu achei. –disse Hermione.
-Eu posso cantar.
-O que foi, meu filho? Endoidou?
-O quê?
-Cantar? Ficar pelado? Fala sério, é desesperado demais até pra você.
Segundos de silêncio.
-Então você pensou em mim pelado?
-NÃO, eu não pensei. –respondeu, nervosa. –E vê se esquece essa história. Não é o momento nem a minha vontade.
-É o que a maioria diz.
-Felizmente, eu não sou a maioria.
-Mas você queria vê-lo pelado? –perguntou Harry.
-Harry! –Hermione o encarou com um olhar repreensivo. –Que pergunta!
-Ele tem razão. –completou a ruiva. –Você falou, falou e não disse nada.
-Vocês ouviram a parte em que eu disse que NÃO queria vê-lo nu?
-Você poderia estar mentindo. Não queria deixá-lo no controle da situação.
-Em primeiro lugar, não tinha SITUAÇÃO nenhuma. E, em segundo, eu não tenho motivo algum pra querer vê-lo pelado.
-E aquele corpo delicioso? –perguntou Gina.
Harry a encarou.
-Eu acho que eu vou vomitar. –comentou Rony.
-É o que as pessoas dizem. Eu não vi nada.
-É bom enfatizar isso de vez em quando. –Harry disse.
-Eu não quero saber de corpo delicioso. Eu não tinha cabeça nem pra mim naquela noite, quanto mais pra Draco Malfoy pelado.
-Você até que é ajeitada, Granger.
-Eu devo encarar isso como um elogio?
-Você meio que esconde seus encantos.
-Meu giro de autoestima. –rolou os olhos. –Fico feliz que tenha reparado.
-De qualquer modo, eu acho que já vou indo.
-Já? –ela se virou para olhá-lo. –Tão cedo? Mas a conversa estava tão boa.
-Eu sei. –ele aproximou-se dela, e a beijou na bochecha.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito...
-Ah, Draco?
-Hum?
-Eu acho que você já pode se afastar agora. –ela disse.
-Claro, claro. –ele parou o beijo e se afastou. Em poucos segundos, o garoto se levantou. –Vai ficar por aí?
-Provavelmente mais algumas horas.
-Amanhã você tem aula.
-Hoje, na verdade.
-Exato, hoje.
-Não tem problema. Essa não foi a primeira nem será a última vez que eu faço isso.
-Certo. –ele sorriu levemente. –Te vejo mais tarde?
-Realmente espero que não. –ela devolveu o sorriso. –Tenha uma boa noite, Malfoy.
-E você acha que deu, certo? –perguntou André.
-Vamos descobrir hoje. –respondeu o loiro.
-E agora? –perguntou Rony.
-Como assim? –disse Hermione. –Eu continuo achando-o nojento e desprezível, ele continua me ignorando. Tudo volta ao normal.
-Mas e esse momento? –perguntou Gina.
-Que momento? Nem sequer foi uma conversa. E chega dessa história. Já contei tudo que vocês queriam saber. Vamos pra aula?
continua .
As conversas são sempre perigosas quando se tem algo a ocultar.
agatha christie
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