A Mestra em Criaturas
O dia amanhecera claro e límpido, perfeito para uma primeira aula de Trato das criaturas mágicas. O dormitório feminino da Corvinal era um cômodo amplo e abarrotado de camas com dossel e cortinas azuladas. A maioria dessas cortinas já havia sido aberta e suas moradoras já estavam em pé prontas para um novo dia em Hogwarts. Cada uma das camas era acompanhada por um baú aos pés e uma mesa de cabeceira iluminada pelo sol matutino.
Rose Weasley abriu os olhos devagar se deparando com uma imagem que a assustou. A primeira coisa que viu foi Cecília, com seus habituais óculos grossos e os cabelos puxados para trás com uma tiara de tecido esverdeado, numa evidente tentativa de deixá-los apresentáveis. Rose não gritou, mas arregalou os olhos, encarando o sorriso de orelha a orelha que a outra ostentava.
- Bom dia – Ela disse, com a voz fraca.
- Então? – Cecília estava sentada de joelhos aos pés da cama.
- Então o quê?
Rose sabia exatamente o que Cecília queria. Queria saber o que havia acontecido depois que ela os deixara. Queria saber se algum beijo rolara ou alguma declaração. Ela não precisava dizer nada. Estava tudo evidente em seu sorriso nervoso. Rose se perguntou se Cecília não poderia responder sua própria pergunta.
- Vocês ficaram sozinhos – Cecília cantarolou em uma frase ritmada.
- Ah, eu quase dormi naquele campo.
Rose se levantou e correu para se lavar e ajeitar os cabelos. Sabia que ao voltar para o quarto, Cecília a estaria esperando com mais perguntas e muitas suposições. Mas, o que ela esperava? Que Rose se jogasse nos braços de Scorpius e pedisse que ele a amasse, como nos filmes antigos? Ela não tinha essa coragem, pelo contrário.
- Você dormiu? – Cecília perguntou, cética, sem ter se mexido um centímetro de onde estava. – Com tantas coisas para fazer, você dormiu?!
- Tantas coisas para fazer? – Rose não conseguiu imaginar mais de duas coisas. – Eu quase dormi e houve mão na mão também.
Ela disse, fingindo não ver nada de mais no ato, mas na verdade via uma oportunidade de começo para alguma coisa. Cecília teria percebido, mas estava preocupada demais correndo até a amiga que se vestia. Seu sorriso ainda não tinha desaparecido do rosto, agora vermelho de excitação pelo resto da história.
- E?
- Nada – Rose atou o nó da gravata.
- Você me envergonha com isso. – Cecília encostou-se em um dos pilares da cama e baixou a cabeça, se mostrando devidamente decepcionada.
- Duvido que você faria alguma coisa diferente se estivesse em meu lugar.
- Eu não faria nada mesmo – Ela admitiu. – Mas vai mudar.
- O que? – Rose se virou.
- O que?
- Você disse que ia mudar... O que vai mudar?
- Eu disse? – Cecília estreitou os olhos. Será que ela não se dava conta mesmo que falava coisas que mais pareciam profecias a todo segundo?
As duas desceram as escadas para o salão comunal e o atravessaram quase correndo para não se atrasarem ainda mais para a primeira aula. Já tinham perdido o horário do café da manhã, então só lhes restava correrem até a orla da floresta. Lá esperava uma turma de alunos da Grifinória para terem uma aula conjunta com os alunos da Corvinal. Rose reconheceu seu primo, Alvo, por entre os alunos devidamente comportados.
Scorpius arregalou os olhos encarando uma pequena carta que estava largada em sua cama. Ela tinha um envelope escuro atado por uma fita também escura. O selo indicava um dragão envolvendo uma grande letra ‘M’. Ele sabia o que era aquilo e era exatamente por saber o que era que tinha tanto medo de abri-lo. Ele era o último garoto que ainda se vestia no dormitório. Estava atrasado, mas se permitiu sentar em sua cama novamente e largar a gravata de um nó quase atado por sobre a roupa. Ele segurou o berrador, puxando devagar o selo, se deparando com a voz grave do avô ecoando por todo o dormitório.
- Scorpius – Começou a voz, num tom paternal. – Você acha que eu sou algum tipo de idiota que não sabe com quem você anda compactuando na escola? Você acha que eu sou algum tipo de maluco que mudou suas opiniões com o tempo? Tudo bem que eu posso ser um velho patético pagando pelo que fez, mas você acredita mesmo que eu não sei que você anda com aquela sangue ruim? Talvez se você estivesse na Sonserina, nada disso estivesse acontecendo... O chapéu seletor só pode ter se enganado! Evite essa menina! – A voz do homem gritou, sendo seguida pela combustão espontânea do berrador.
Scorpius ainda tinha os olhos arregalados, mas agora eles eram de um cinza muito frio, alimentados por lágrimas de raiva. Ele passou a mão pelos olhos, num movimento muito forte, deixando seu rosto vermelho. Como o avô se achava nesse direito? Ele era apenas um homem amargo que estava pagando por ter tido uma cabeça fraca e inclinada para o mal. E quem estava pagando com uma fama não merecida agora?
O garoto terminou de arrumar a gravata, se olhando por uma última vez no espelho e secando por uma última vez os olhos antes de descer para sua aula. Aliás, a nova professora já devia ter começado sem ele.
Cecília pousou os olhos em Alvo e no instante seguinte estava sorrindo histericamente e tentando se esconder atrás de Rose, enquanto ele vinha cumprimentar a prima. Aquela era uma atitude muito suspeita.
- Prima – Ele saudou. Os olhos claros se estreitando para a luz. – E amiga da prima.
Cecília sorriu e estendeu a mão.
- Cecília Trelawney – Disse em uma voz fraca, mas audível.
Rose estava mais preocupada em encarar o campus da escola a procura de Scorpius. Ela não o vira durante o percurso até a orla da floresta e muito menos por entre os grupos de alunos que se formavam enquanto a nova professora não se apresentava. Scorpius era uma figura inconfundível.
A professora, que não estava em Hogwarts na noite passada, se apresentou em menos de um minuto, chegando perto dos alunos, carregando uma caixa lotada de pedaços de carne crua que umedeciam suas vestes roxas. Ela tinha cabelos loiros e compridos e olhos grandes, sonhadores. Rose a reconheceu na hora como sendo a excêntrica amiga de seus pais.
- Bom dia – Ela saudou, largando a caixa perto de um grande cercado em frente à turma. – Sou Luna Scamander, sua nova professora de Trato das criaturas Mágicas.
Rose revirou a cabeça mais uma vez pelo campus e num golpe de sorte, encarou Scorpius correndo até o grupo de alunos com as vestes batendo em seus braços. Ele era realmente uma figura inconfundível. Aquele movimento lhe dava ares de morcego.
- Bom dia – Ele sussurrou para que somente Rose o ouvisse, parando ao seu lado.
- Onde você estava? – Ela sussurrou de volta, encarando sem acreditar os olhos dele. Eles estavam inchados e avermelhados. Scorpius havia chorado?
- Depois...
Foi a única coisa que ele disse. Parecia atordoado e Rose sabia que tinha alguma coisa acontecendo. Aquele não era o humor habitual dele. Scorpius deveria estar rindo e fazendo algum tipo de piada sobre o cercado vazio ou as vestes úmidas da professora com cara de aluada, mas pelo contrário, estava sério. A boca transformada em uma linha, pressionada. Os olhos cinzentos estavam frios.
- Bom dia – A professora se virou para ele. – Sou a profª Scamander.
- Bom dia – Ele retribuiu, sem demonstrar nada. – Scorpius Malfoy.
Luna engoliu em seco e Scorpius rolou os olhos. Como uma professora, que provavelmente participou da guerra, mesmo que tenha sido como espectadora tem esse comportamento? Ele pensou, frio.
- Bom... Vocês já ouviram falar de trestálios, eu espero.
Todos balançaram positivamente a cabeça. A mão de Rose formigava dentro dos bolsos das vestes. Queria levantar a mão e responder alguma coisa que só ela sabia. E como sempre, ouvir o comentário de que parecia muito com sua mãe. Esse seria o provável comentário de Luna, já que era amiga de Hermione.
- Então sabem que eles podem muito bem estar dentro desse cercado, não sabem?
- Mas aí não tem nada! – Gritou um garoto com as bochechas grandes.
- É porque só podem ser vistos por alguém que tenha visto a morte. – Rose soltou finalmente, mantendo as mãos dentro dos bolsos. A resposta parecia tão óbvia.
- Já que é tão esperta, consegue vê-los? – Ele replicou, num tom duvidoso.
- Isso não tem nada a ver com esperteza, Tyrol. – Ela disse, olhando secamente para o menino ao pronunciar seu sobrenome. – Eu não tive a infelicidade de ver a morte de alguém, então não posso vê-los.
O garoto inflou as bochechas ainda mais, virando os olhos para Luna. Ela deveria estar com uma expressão irritada no rosto por ter sua aula atrapalhada por uma discussão ridícula, mas ela apenas sorria. Parecia satisfeita.
- Muito bem – Ela saudou, virando-se para o cercado. – Os trestálios são criaturas que só podem ser vistas por alguém que já tenha visto a morte. Alguém consegue enxergá-los?
Apenas uma garota da Grifinória levantou o braço. Ela era tão baixinha que seu braço levantado era da altura das outras garotas ao seu redor. Luna ergueu o queixo num evidente gesto de encorajamento.
- Eu vi meu pai morrer quando eu tinha 12 anos – Sua voz era tão difícil de ouvir quanto sua altura de ver, mas Luna parecia ter ouvido perfeitamente.
- Qual a aparência deles? – Luna perguntou para a turma, mas esperava ouvir a resposta da única menina que podia vê-los. Mas foi o braço de Rose que se ergueu no ar. Luna ergueu o queixo novamente, esperando.
- Diz-se serem como pégasus esqueléticos com feições draconianas.
- Muito bem – Luna saudou, apertando os olhos contra o sol para poder enxergá-la. – Mais alguma coisa que queira dividir conosco?
- Diz-se serem criaturas muito dóceis, apesar de sua aparência nos dizer o contrário. – Ela disse, encarando o rosto de Scorpius numa leve insinuação. – E para os que ainda não sabem, são eles que trazem as carruagens de Hogsmeade até Hogwarts.
- Eu conheço você... – Ela disse, quando Rose terminou de falar. Luna juntou as sobrancelhas e como se tivesse descoberto algo, sorriu satisfeita. – A Weasley sem cabelos ruivos, Rose. - Rose soltou um sorriso amarelo. Sabia o que viria a seguir. - Nunca conheci sua mãe dentro de uma sala de aula, mas imagino que ela tenha sido como você é agora.
Rose soltou outro sorriso amarelo, mas dessa vez ele era por não entender a comparação. Sua mãe parecer com ela? Era um modo um tanto estranho de fazer a habitual comparação. Teve que admitir que essa era uma forma diferente e original.
- Ok, peguem um pedaço de carne e venham até o cercado. – Ela disse. Sua voz foi abafada pelos alunos animados pegando os pedaços de carne e se colocando ao redor do cercado. Alguns com medo. – Está tudo bem... Lembrem do que a srta. Weasley nos contou, eles são dóceis.
Cecília se adiantou jogando o pedaço de carne para o cercado vazio, que foi pego no ar e sumiu em um segundo. Ela virou-se para Rose animada, com o sorriso de orelha a orelha. Scorpius também fez o mesmo, mas a expressão de seu rosto era totalmente diferente da expressão de Cecília, para não dizer a expressão contrária. Ele parecia distante.
- Scorpius precisa de você, Rose. – Cecília comentou, encarando o cercado com seus pedaços de carne que sumiam, enquanto Rose pegava seu pedaço de carne.
Ela resolveu nem perguntar o que Cecília queria dizer com aquilo. Primeiro porque já sabia que Scorpius precisava conversar ou precisava simplesmente de uma companhia silenciosa, e segundo, que ela nem sabia se Cecília dissera aquilo de livre e espontânea vontade.
A garota se adiantou até o cercado e estendeu a mão que não continha a carne. Esperava tocar em algum Trestálio. Queria sentir a textura de sua pele. Desejou ter visto a morte de alguém para poder enxergar a criatura. Depois de algum tempo com a mão esticada, ela a baixou, desistindo, mas o toque de alguma coisa quente a fez esticar a mão novamente.
Era um toque estranho. Era quente, mas gelado ao mesmo tempo. O animal tinha uma pele muito fina e lisa, o que dava a impressão de que ela tocava diretamente seus ossos. Luna chegou mais perto com um sorriso no rosto. Rose acariciou o que parecia ser o alto da cabeça do animal antes de lhe jogar o pedaço de carne e vê-lo desaparecer no ar, como todos os outros.
- Você tem jeito com eles. – Luna observou. – Pretende seguir essa carreira?
- Ainda não sei, mas acho que sim.
- Tem outra opção? – Luna perguntou, jogando o restante da carne.
- Jornalismo talvez. – Rose respondeu, voltando ao seu lugar.
A aula não durou mais do que o esperado, mas para Scorpius parecia ter durado demais. Ele passou as aulas de Poções e Transfiguração, que lhes tomou o resto da manhã, atirado em sua carteira com o olhar distante. Cecília era muito mais perceptiva do que Rose e sabia que ali tinha mais do que apenas falta de vontade. Era algo que o afetava por dentro. Seus olhos nunca foram tão frios.
Depois do almoço, eles ainda tinham tempo livre. Scorpius rumou sozinho para o salão comunal da Corvinal sem ao menos convidar as amigas ou ouvir se elas tinham alguma ideia melhor.
- Ele quer ficar sozinho. – Cecília disse, terminando a sobremesa.
- Não vai – Rose rebateu, decidida. – Você se importa se eu for falar com ele?
- E me deixar sozinha? Estou acostumada. – Cecília completou com a piada.
Rose sorriu de volta e saiu atrás de Scorpius, esperando encontrá-lo na metade do caminho, mas apenas o encontrou no salão comunal. Ele rumava para o dormitório masculino, com a cabeça baixa e sem ânimo nenhum.
- Scorpius? – Ela chamou, subindo as escadas. Ele pareceu não notar a voz dela.
Rose adentrou no cômodo ao bater pela segunda vez na porta e não ouvir resposta. Era de agradecer aos fundadores por confiarem nas meninas. Scorpius estava sentado em sua cama, de costas para a porta. Era o único garoto que estava lá. Rose agradeceu por isso também.
- Scorpius? – Ela chamou novamente, com a voz mais baixa dessa vez. – O que aconteceu? Porque você está tão estranho hoje?
Rose remeteu seu comportamento na noite anterior. Talvez fosse alguma coisa que ela tenha feito. Talvez tivesse forçado um pouco o acontecimento das coisas. Ele não respondeu e ela andou até ficar em frente a ele.
- Vai ficar nesse silêncio mórbido?
- E não é para estar? – Ele soltou, com a voz embargada.
- Não sei – Ela replicou, sentando-se virada para ele. – Você não quer me dizer nada...
- Como você sabia que tinha algo errado?
- Não é óbvio?
- É óbvio? – Ele replicou, virando os olhos para o rosto de Rose. Seus olhos ainda estavam raivosos, mas tinham recuperado um pouco do calor. Ela sorriu.
- Você é muito previsível para mim, você sabe.
- Eu não sabia.
- Mas, o que aconteceu? – Rose insistiu.
Scorpius abriu a boca para falar, voltando a encarar o nada com os olhos apertados, mas a fechou novamente. Cerrou os olhos e respirou fundo. Parecia procurar coragem em algum lugar dentro dele para falar. E se ela ficar brava? Ou constrangida? Ele pensava, remoendo aquilo por dentro.
Rose não merecia ser chamada do que o avô a chamara. Ela não precisava saber o que o avô pensava. Por outro lado, ela era envolvida nessa história, poderia, sim, saber que o motivo da estranheza eram as opiniões do avô quanto à pureza do seu sangue.
- Meu avô – Ele começou, com a voz fraca. – Me mandou um berrador hoje.
- Um berrador?
- Silencioso, mas mesmo assim, um berrador.
- E por quê? – Rose perguntou, enquanto ele voltava a olhar para ela. – Porque um berrador e não uma carta com o correio? Algo muito importante?
- É – Ele confirmou. – Algo que para ele, é inadiável.
Rose juntou as sobrancelhas. O que é tão importante?
- A pureza do seu sangue.
O que? Rose se perguntou, franzindo as sobrancelhas. Aquilo parecia um assunto a ser tratado por vampiros e não por um bruxo de família tradicional como Scorpius.
- O que? – Ela disse em voz alta, ainda com as sobrancelhas franzidas.
- Meu avô não quer que eu ande com você porque você não tem o sangue puro. – Ele soltou num jato.
Era exigir demais que ele falasse aquilo tão rápido, mas quanto mais rápidas ditas as palavras, pareciam ser mais rápidas de se entender por ela. Rose era esperta, saberia do ele estava falando e entenderia que aquela não era a opinião dele sobre ela. Ela ficou numa posição estranha na cama.
As costas curvadas e as mãos nervosas no colo. Os olhos dela estavam confusos ainda encarando o rosto dele. Estava ficando com as bochechas vermelhas aos poucos e o seu tom de voz ao finalmente falar era assustadoramente decepcionado.
- Achei que você não se importasse com isso.
- E eu não me importo! – Ele soltou, vendo que ela não tinha entendido.
- Porque esse assunto agora? – Rose levantou da cama, o encarando do alto.
- Isso é coisa do meu avô, Rose. - Ele disse, se levantando também.
Dessa vez, ela levantou a cabeça para vê-lo.
- Porque isso? – Ela perguntou. – Era mais fácil se afastar de mim.
- Você não entende.
- Então me explique! – Ela pediu, num tom bravo que nunca havia usado.
- É minha família, Rose – Ele soltou depois de segundos de silêncio. – Não posso simplesmente ignorá-los. Eu sei que nem tudo que eles falam deve ser levado em conta, mas eu devo alguma explicação para eles.
Rose baixou os olhos e se sentou. Como poderia ir contra aquele pensamento? Afinal era a família dele. Na casa dela, aquela amizade também não era bem vista. Sua família nunca falara nada tão grave, mas ela sabia o que eles pensavam. Não ligava, mas Scorpius era diferente dela.
Scorpius se sentou novamente ao seu lado e esticou a mão para tocar a dela, que repousava por sobre o colchão. Ela não precisa de consolo, ele pensou. Rose retirou a mão no instante em que ele a tocou, se levantando e alterando o tom da voz de um jeito que ele nunca tinha visto.
- E você vai deixar assim? Vai me evitar agora? Evitar a sangue ruim? Me poupe! – Ela exclamou, vermelha. – Quer saber de uma coisa? Eu entro em brigas horrendas por sua causa. Minha família não gosta nada que eu ande com o neto do comensal mais ridículo que já existiu e com o filho do comensal mais fracassado, mas sabe o que eu faço? Eu não ligo! E sabe por quê? Porque eu gosto de você e não me importo com o que eles falam!
Rose estava com o rosto vermelho e as orelhas pegando fogo, mas continuou gritando e colocando toda aquela raiva que estava sentindo para fora. Garoto idiota, ela pensou. Não ganhava nada o xingando, nem por dentro e muito menos por fora. Mas, era reconfortante dizer aquelas coisas.
Ele esperava que fosse fácil? Seus pais foram inimigos mortais quando jovens. Não seria nada fácil driblar a inimizade evidente deles para viverem a sua amizade, ou seja, lá o que aquela amizade estava se formando. Seria pior ainda se eles continuassem dando ouvidos as bobagens que a família dizia.
- Se eu me importasse com o a minha família pensa sobre você – Ela começou. Ele ergueu os olhos para ela. – eu azararia você em qualquer lugar sempre que olhasse para mim.
- Rose – Ele disse, com toda a calma do mundo.
- O que? – Ela ainda tinha o rosto vermelho, mas se voltou para ele.
- Eu não quero evitar você. – Ele soltou, se levantando e chegando mais perto dela. – Eu não quero me afastar de você. Eu não quero ignorar o que eu sinto por você.
- Sua amizade também é importante para mim. – Ela disse, tentando mudar o assunto num evidente traço de vergonha.
Scorpius podia estar envergonhado também, mas mesmo assim se aproximou do rosto dela com o seu. Ela deteve os olhos nos lábios dele, enquanto ele segurava sua cintura com delicadeza. Algumas vozes gritavam em sua cabeça. Gritavam que aquilo era errado, afinal ele vinha de uma família de Comensais da Morte.
Ele parou antes de alcançar seus lábios.
- Eu não tinha a intenção de... Ah, Rose... Me desculpe. – Ele disse, se afastando do corpo dela. – Eu devia ter... Ah, desculpe.
- Pare de se desculpar! – Ela o segurou pelo braço, antes que ele a soltasse totalmente.
- Eu estou confundindo as coisas...
- Está? – Ela disse, se aproximando mais dele.
Scorpius sorriu e apertou as mãos ao redor da cintura dela, recebendo um olhar encorajador. Rose cerrou seus olhos e inclinou o rosto para encaixar os lábios nos lábios dele, enquanto ele se aproximava. Ela jogou os braços em seu pescoço, ouvindo aquelas vozes em sua mente, dizendo que aquilo era errado.
Sendo errado ou não, isso é bom, pensou ela, tentando ignorar as vozes desagradáveis que gritavam em sua cabeça.
Comentários (2)
ahhhhh q fofinhos..casal perfeito.. \0/
2012-07-25Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii eles dois são muiiiiiiiiiito perfeiiiitos Juntos *-----------------------------------------*
2011-09-26