Festa e... Henry Payne
Capítulo 2 – Festa e... Henry Payne
- Não Helene, não! Alguém chame um medibruxo. Helene? Helene fale comigo. Por favor! - Linda chorava desesperadamente. Gabi e Rich agacharam-se perto da amiga.
- Já mandei meu patrono ao medibruxo. - disse Gabi em meio às lágrimas. - Lene, por favor, não morra.
- Afastem-se. - mandou o moreno agachando-se e movendo lentamente a cabeça de Helene para seu colo. Os três se afastaram olhando assustados para o moreno. Este tirou algumas ervas de uma bolsa de viagem e depositou-as em uma tigela de madeira e as amassou. Parou por um segundo pensando. - Ei moça! - sussurrou em seu ouvido. - Você foi muito corajosa, mas precisa ser muito mais agora. - virou-a de lado e pôs a mão no cabo da espada. – Isso vai doer muito. - suspirou fundo. - Desculpe. - retirou a espada com um puxão.
- AHHHHHHHHHHHHHHHH - apesar do grito Helene não abrira os olhos e parecia cada vez mais pálida.
- Lancem um feitiço de desilusão em mim e nela. - os três o olharam confusos. - AGORA! - Linda tocou com a varinha em sua cabeça e nade Helene. Depois de estarem invisíveis ele abriu o espartilho da castanha e ergueu sua blusa até acima do ferimento. Cobriu os dois furos com a pasta de ervas e pôs as mãos, uma em cada perfuração. Começou a murmurar um encantamento de olhos fechados. Quando terminou, retirou as ervas e onde antes havia os cortes, agora havia apenas duas cicatrizes. Retirou o feitiço e pegou-a no colo. - Ela ficará bem. Apenas precisa descansar. - passou-a para o colo de Rich que ainda estava em choque.
- O que fizestes? - inquiriu Linda.
- Algo que aprendi em uma de minhas viagens.
- Seja lá o que for, muito, muito obrigada. Por mim e por ela. - agradeceu Linda ainda chorando. O moreno fez-lhe uma mesura e dirigiu-se ao bandido que a castanha estuporara.
- Enervate. - o bandido acordou e tentou fugir, mas o moreno ergueu-o do chão pela gola da camisa e jogou-o contra parede sem se importar com o barulho que a cabeça dele fez ao bater contra a parede de pedra. - Eu vou deixar-te livre para que digas ao teu chefe que se voltarem aqui encontrarão a morte. - soltou-o e o bandido tentou correr, o moreno pegou-o pela garganta e empurrou-o novamente contra parede fazendo sua cabeça bater novamente contra ela. - E digas que quem avisa é Henry Payne. - soltou-o, mas dessa vez deixou-o fugir. Payne olhou para todos, mas fincou o olhar nos quatro jovens a sua frente, mais especificamente em uma linda castanha que repousava nos braços do ruivo.
- Voltem ao que estavam a fazer. - virou-se para Rich. - Não te preocupes que eu vou ao quartel da guarda e aviso sobre os prisioneiros. - Rich estava em estado catatônico. - Levem-na para casa. - Payne ia saindo quando alguém segurou seu braço.
- Obrigada! - era a ruiva. Sorriu para ela que retribuiu. - Muito obrigada por salvares minhas amigas e a todos nós.
- Só fiz o meu trabalho, senhorita. - ao ouvir essas palavras Rich saiu do estado catatônico.
- Não é vosso trabalho, Payne. É trabalho da guarda. - Rich estava vermelho de raiva, Payne riu irônico.
- Oh! Claro. E como pretendias resolver a situação, soldado. - frisou a palavra 'soldado' em tom de deboche. Rich empertigou-se mais ainda com os brios ofendidos.
- Daria um jeito.
- Não te enganes, soldado. Eu ouvi vossa tentativa de negociação. O vosso jeito culminar-se-ia em todos mortos. - agora ele estava sério. Olhou para as três garotas antes de completar. - Na melhor das hipóteses. - Linda e Gabi arrepiaram-se. Payne se retirou do bar.
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No dia seguinte Rich e Gabi foram visitar a amiga que ainda repousava, mas conseguiu ir até a sala recebe-los.
- Sente-se melhor, Lene? - perguntou Gabi.
- Perfeitamente bem. Não sei o que o Sr. Payne fez, mas funcionou.
- E eu agradecer-lhe-ei todos os dias de minha vida. - pronunciou-se Lin. Helene lhe sorriu.
- Pois eu o achei tão presunçoso quanto dizem. - resmungou Rich. Helene iria repreendê-lo para ter mais gratidão a quem os salvara a vida, mas reformulou a frase ao se dar conta de algo importante.
- Como disse? "Quanto dizem"? As pessoas falam dele? - as amigas pareceram compartilhar do interesse da castanha.
- Não me admira que não tenham ouvido falar em Henry Payne. Nenhum pai gostaria de ter a filha a suspirar por um aventureiro metido a conquistador. - as garotas olhavam-no incrédulas.
- Ele é... - Gabi hesitou. - famoso?
- Sim. - admitiu a contra gosto. - Ele é um caçador de recompensas. Na verdade, ele é "O" caçador de recompensas. Conseguiu prender ou matar todos os bandidos mais procurados do mundo, a que se propôs capturar. Rodou o mundo todo, não para muito tempo no mesmo lugar, já recebeu milhares de ofertas para ingressar em diversas guardas do mundo inteiro, mas nunca se interessou. Papai disse-me certa vez que conversara com ele uma única vez e que apesar da pouca idade é muito maduro e responsável. Também disse-me que ouvira histórias sobre suas lutas com homens e criaturas que arrepiar-lhe-iam os cabelo do mais corajoso dos homens e que é o melhor espadachim que já ouvira falar. - amarrou a cara e completou. - Em minha opinião, é um biltre egocêntrico.
- Como podes falar assim do homem que salvou-nos a vida? - inquiriu Linda exaltada. Rich arregalou os olhos e balbuciou desculpas. Helene agradeceu mentalmente por Linda ter-lhe dito o que ela queria.
- Qual sua idade? - perguntou Helene para acalmar os ânimos.
- Dezessete. - respondeu sem emoção.
- Por Merlin! - disse assustada tapando a boca com as mãos. - Desde quando ele faz isso?
- Desde os quatorze. - continuou respondendo mecanicamente. Internamente se perguntava por que Helene se interessara tanto em Payne.
- Ele é bruxo, certo?! - inquiriu Gabi.
- Sim. Mas não freqüentou Hogwarts. E nem é daqui, mas ninguém sabe ao certo onde nasceu.
O resto da tarde se passou tranquilamente. As meninas marcaram de comprar seus vestidos e Gabi e Rich voltaram ao seu castelo.
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Já era noite e Helene penteava os cabelos em frente à penteadeira lembrando do acontecido n'O caldeirão Furado. Não conseguia parar de pensar naquele lindo, corajoso e irresponsável moreno de olhos verdes. Queria saber mais sobre ele. Sobre seu passado, suas preferências, seus desejos e seus medos. Merlin! Queria saber tudo sobre ele. E Helene Grey sempre descobria o que queria.
Ouviu passos e em seguida a porta de seu quarto foi aberta. Linda entrou já de camisola. Sorriu para a amiga castanha.
- Não consegues parar de pensar nele, não é?! - disse sentando em sua cama e observando-lhe pelo reflexo no espelho. As duas dividiam o quarto, não que precisassem, pois o castelo tinha milhares de quartos, mas porque queriam ficar juntas. A castanha suspirou e fechou os olhos evocando a mente a imagem do moreno lutando.
- Não. A imagem é persistente.
- Por que não pedes a Rich que o convide para a festa?
- Com que desculpa? Rich não o suporta. Ademais, não poderia lhe falar, terei de estar ao lado de Rich toda a noite. - suspirou tristemente.
- Muito me espanta que a garota mais inteligente de Hogwarts não saiba a resposta a esta pergunta. - disse Linda divertida. Helene a encarou confusa. - Poção Polissuco. - os olhos da castanha brilharam. Foi até a amiga e ajoelhou-se a sua frente segurando-lhe as mãos.
- Farias mesmo isso por mim?
- Isso e infinitas coisas, minha irmã. - Helene beijou sua face e foi deitar-se em sua própria cama.
- Também faria por ti. Qualquer coisa. Boa noite, minha irmãzinha.
- Boa noite.
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O resto da semana se passou rapidamente e Helene conseguira que os Werneck convidassem Payne. Ela manipulara o futuro sogro deliberadamente e o pior, não se arrependia nada. O sogro não só o convidaria como pedir-lhe-ia que desse uma demonstração com o melhor espadachim da guarda. Quando amanheceu o sábado Helene não conseguia controlar a empolgação para a noite. Seus pais acharam, erroneamente, que era faceirice de moça e atribuíram-na a Rich.
- Helene, filha, os vestidos chegaram. - assim que ouviu a voz de sua mãe disparou o mais rápido que conseguira devido ao ferimento ainda dolorido porta afora, pegou os vestidos, beijou e mãe e voltou para o quarto.
- Pronto. Podemos começar a arrumar-mos. - sorria o tempo todo, parecia uma boba, nem de longe lembrava a garota sensata de outrora.
- Tu estás em êxtase. - comentou Linda sorrindo.
- Não é para menos. Ei de poder passar a noite toda a conversar com o homem que roubou-me os pensamentos. - sua expressão passou de êxtase para dúvida. - Não. Apenas parte desta. A poção dever-ia ser cozida por um mês para garantir permanência, o efeito dar-se-á apenas por duas horas.
- Já é algo. - disse-lhe Linda tentando anima-la. E conseguiu, com efeito. O resto do dia passaram se arrumando e combinando todo o plano.
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Já eram horas e estavam prontas, devidamente trocadas e ansiosas. Por motivos diferentes. Ao chegarem já havia diversas pessoas em casa dos Werneck. Foram recepcionados por todo o clã Werneck, após ficaram apenas Linda, Helene, Gabi e Rich. O quarteto passeava pela festa, hora cumprimentando pessoas, hora parando para conversar e beber. Foi numa dessas paradas que o criado anunciou...
- Sr. Henry Payne. - todos no grande salão viraram para encará-lo. Helene quase deu um jeito no pescoço ao olhá-lo. Estava mais lindo do que da última vez. Ainda trajava-se todo de preto, mas agora havia detalhes em prata e verde na roupa. Os olhos verdes incríveis, Helene reparou, não brilhavam como brilharam aquele dia, mas ainda assim permaneciam encantadores e o cabelo permanecia rebelde. Ela se pegou pensando se seriam macias as madeixas negras.
Ele andou calmamente até os anfitriões e os cumprimentou. Depois saiu em direção ao bar. Helene não esperou outra deixa. Pediu licença aos amigos e se dirigiu para o jardim, não sem antes faze-lo nota-la. Não teve que esperar muito e já viu o contorno do moreno vindo em sua direção. Por um momento, e apenas por um momento, sentiu-se triste. Pensou no que Rich dissera: "um aventureiro metido a conquistador". Ele viera apenas atrás de uma bela moça.
- Diga-me, senhorita, por que disfarçar-se? - Helene arregalou os olhos e entreabriu a boca tamanho o susto, para logo em seguida sorrir meigamente. Ele, de algum modo, sabia que era ela, Helene, que estava ali. Veio por ela.
- Como sabes se este não é meu verdadeiro rosto? Como sabes se não disfarçada estava quando me viu pela primeira vez? - ele sorriu e circulou-a. Helene fechou os olhos, embriagada pela presença daquele que não saia de seus pensamentos, que entrara sem pedir em seus sonhos, sem saber que ele fazia o mesmo.
- Vários motivos a delataram. Seu espartilho está frouxo, o que me diz que seu ferimento ainda dói, tu confirmastes, reconheço poção Polissuco à distância... - já estava em sua frente novamente. - E reconheço a energia exalada por cada bruxo. A sua é... - pareceu apreciar o que diria. - especialmente forte para mim. - Helene achou aquilo fascinante. - Mas ainda não me respondeu. Para que disfarçar-se?
- O verdadeiro disfarce é aquele que me cobre a todo o momento. Não digo que assim serei livre, mas ao menos não obrigam-me a mentir por mais uma noite. - enquanto falava se afastava dele em direção a um banco. Ele ainda demorou-se um pouco a segui-la, assimilando o que ouvira.
- O que uma jovem tão bela e de boa família precisaria mentir em todo momento?
- É preciso manter as aparências.
- Desculpe-me, morena. Mas eu não sou alguém que entende de aparências. - riu fracamente ao que ela lhe acompanhou. - Provavelmente, o soldado Werneck já lhe informou sobre tudo que dizem a meu respeito.
- Sim. Richard nos contou de suas aventuras e sobre diversas senhoritas.
- Não acredites em tudo que ouves. "Quem conta um conto aumenta um ponto". Por vezes nem eu mesmo sei se minha memória não confunde inverdades as histórias de meu passado.
- Não achei nada do que Richard me contou de mau gosto ou fantasioso. Achei incrível, corajoso e emocionante. - "Estava demorando. É outra mocinha iludida pelos grandes feitos de um bonito aventureiro" pensava Henry desanimado. - Gostaria de poder usufruir tão fascinante liberdade. Fazer o que quiser sem olhar para trás, sem se importar com regras, sem pessoas a mandar-me. Deve ser a melhor sensação do mundo. - Henry a olhou encantado. Ela gostara dele pelo modo de viver a vida. Tinha os mesmos anseios que ele. Helene parou de falar ao notar um brilho diferente nos olhos dele. - O que há? - perguntou sorrindo.
- Te interessas pelo homem e não pela lenda. - Helene entendera. Ele poderia ter conhecido várias mulheres, mas nenhuma delas jamais se interessara por ele. Sorriu carinhosamente.
- É o homem quem faz a lenda. Portanto o considero bem mais interessante que esta. E por falar em lenda, eu gostaria de agradecer-lhe por salvar-me a vida. Fostes muito... - pareceu se debater internamente para dizer a próxima palavra. Como se achasse que não devia usar palavra tão elogiável a um ato de tamanha irresponsabilidade. - corajoso.
- Confesso que já a achava encantadora de nosso outro encontro, mas hoje mostrou-me a beleza de sua alma. - Helene cuidou que derretia ao ouvi-lo falar-lhe. - E não precisas agradecer. Tu é que fostes muito corajosa. Nunca havia visto uma dama lutar como lutastes para defender sua amiga.
- Ora. Vejo que não conhecestes muitas mulheres verdadeiras.
- Concordo. Na verdade não conheci muitas mulheres no sentido bíblico. A maioria de meus escandalosos casos são boatos. Quando se deixa de viver conforme as regras é preciso arcar com certas conseqüências desagradáveis.
- Pois eu não me importaria. - Helene desviou os olhos para a lua cheia no céu deveras estrelado daquela noite e se perdeu lá por um instante. - Daria qualquer coisa para ser livre. - fechou os olhos. Henry a olhou demoradamente e imaginou-se com ela nos braços. Passados alguns segundos virou-a para si levemente pelo queixo. Helene abriu os olhos e o encarou.
- Gostaria de poder levá-la daqui. - se encararam intensamente até um soldado aproximar-se.
- Sr. Payne.
- Sim.
- O Capitão Werneck o chama para sua demonstração no grande salão.
- Diga ao Capitão que logo lá estarei. - o soldado se foi e Henry voltou a encará-la.
- Poderemos continuar a conversar após a demonstração? - Helene entristecera.
- Não. O efeito da poção passará. E meu lugar é onde Linda está agora.
- Não vou mentir-lhe morena, meu desejo é beijá-la aqui e agora. - Helene assustou-se um pouco com a ousadia e mais ainda ao perceber-se totalmente a mercê daquele lindo aventureiro e morrendo de vontade de que ele cumprisse a palavra. - Mas quando a beijar... - ela notou o uso de 'quando' e não de 'se'. - Quero ver seu rosto. - em seguida levantou-se ainda segurando-lhe a mão e beijou-lhe o rosto. Saíram em direção ao castelo de braços dados e ao chegar a aglomeração de pessoas no meio do salão piscou-lhe e sorriu de lado indo para o centro enquanto Helene se encaminhava em direção aos amigos.
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N/A: espero que vocês tenham gostado do cap, porque eu amei escreve-lo.
Clau: Muito, muito, muito obrigada. Tu não sabe o quanto eu AMO saber que tu ta gostando da minha fic. É incrível que o autor de uma fic como Apollyon goste do que eu escrevo... uahsuahsuausaus... Quanto a Helene se casar, pode ter certeza que tem mais gente que não gosta dessa ideia. Espero que tu continue lendo e gostando. Bjão.
Rosana: Muito obrigada também. É ótimo saber q tu ta gostando da fic. E sobre o Harry, esse jeito 'sem medo de matar', como tu mesma disse, é tudo influência do Clau. Ele que me deixa meio má com a fic dele, Apollyon. Não sei se tu lê, mas se não, eu recomendo. É maravilhosa, incrível, perfeita.
Dani: Muito obrigada! Ah! Sei lá. Tem que perguntar pra ela... usahsuahushaushau... Acredite, eu espero o mesmo.
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