Amor



Capítulo 3 - Amor 


- Lin! Ainda bem que voltastes a tempo para a apresentação. - disse Gabi animada. - Afinal, onde estavas?


- Passeando. Sempre gostei dos jardins do castelo.  - Linda a olhou e sorriu. Estava de braço dado com Rich e sorria demais.


Depois disso todas as conversas do salão morreram. Henry e o soldado Turner, um dos pretendentes de Gabi, entraram no meio do círculo de pessoas já empunhando as espadas. Helene notou que Henry não estava com sua espada e sim com uma igual as dos soldados. Eles se cumprimentaram e Turner partiu para o ataque. Durante os 15 minutos que se seguiram, Henry não só derrotou o adversário como lutou divinamente. Ele, sem dúvida nenhuma, sabia o que fazia com uma espada. Helene via a luta admirada, apreciava os movimentos precisos e perfeitos de Henry como a uma dança. Ao final da luta Turner estava no chão com a ponta da espada na garganta. Henry recolheu-a e estendeu a mão para Turner que a pegou sorrindo. Cumprimentaram-se e receberam os aplausos entusiasmados de quase todos. Rich olhava tudo com estudado ar esnobe.


- Lene, vais comigo ao banheiro? - perguntara Helene à Linda.


- Lógico, Lin. - desvencilhou-se de Rich sorrindo e avisou que logo estariam de volta.


- E então? Como ele é? - assim que chegaram ao banheiro, Helene fechou a porta à chave.


 - Ele... - Helene suspirou e fechou os olhos lembrando de Henry. - Ele é perfeito. - abriu os olhos e encarou a amiga. - Mas não penses que não vi tu só sorrisos a Richard.


- Lene, eu nunca admitiria isso se não soubesse que tu não o ama. - o rosto de Linda tornou-se uma máscara de desespero.


- Acalma-te, minha irmãzinha. Conta-me.


- Eu... Eu o amo. - escondeu o rosto nas mãos. - Desde Hogwarts.


- Meu Merlin! - Helene sorriu imensamente e a abraçou. - Se eu soubesse nunca teria deixado que Rich se interessasse por mim. Teria o desencorajado.


- De toda forma teu pai e o Sr. Werneck já tinham acertado o vosso noivado.


- Não ei de casar-me com Richard. Eu não o amo. E nunca poderia ser sua esposa sabendo teus sentimentos.


- Juras? - Linda tinha os olhos marejados.


- É claro que sim. - as duas se abraçaram. Quando se soltaram viram que já eram elas mesmas. Trocaram de vestido e desmancharam os penteados para fazê-los certos nos cabelos uma da outra. Saíram do banheiro e voltaram ao encontro dos amigos. Helene aceitou o braço de Rich para irem cumprimentar alguns convidados, mas antes avistou Henry encostado na porta que dava para o jardim e viu Linda se dirigindo para lá.


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Linda saíra do salão para dar continuidade ao disfarce. Sentou-se num banco no jardim e sorriu de olhos fechados lembrando que Helene não casaria com Rich.


- Então agora és a Linda deveras, certo?! - Linda sobressaltou-se ao sentir um movimento próximo a si e aquelas palavras. Abriu os olhos e deu com Henry Payne lhe sorrindo amavelmente.


- So-sou. - sua voz saíra totalmente tremida.


- Desculpe-me o susto. Mas, gostaria de saber o nome da morena. - Linda sorriu e foi retribuída.


- Como vós conversais por horas e não perguntais o nome dela?


- Tínhamos muitos assuntos que tratar e pouco tempo. - Linda sorriu mais ainda.


- Helene. Helene Jessy Grey.


- Helene... - sussurrou Henry parecendo saborear o nome. Linda riu levemente. - Tu mandas um recado meu a ela?


- Claro.


- Digas a ela que, se puder, encontre-me no carvalho, no alto da colina, nos fundos de seu castelo, quando o sol estiver a pico. Diga-lhe que é uma aventura. - Henry levantou-se, beijou-lhe a mão e saiu.


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- Se minha mãe perguntar por mim...


- Direi que estais indisposta por conta do ferimento e desejas dormir a tarde. - Linda sorriu incentivando a amiga. - Já repassamos incontáveis vezes nossa história, Lene. Vá. Tudo dará certo. - Helene beijou-lhe o rosto e as duas percorreram o caminho até a porta da cozinha em completo silêncio.


- Até.


- Até! - Helene correu coberta, com seu manto cinza, até o imenso carvalho que existia na colina. Costumava brincar ali com Lin, Gabi e Rich quando eram pequenos. Um barulho vindo do alto do carvalho fê-la sair de seus devaneios. Virou-se rapidamente e o viu fitando-a sorrindo, recém caído do carvalho.


- Olá!


- Olá, morena. - ele sorriu mais ainda. - Helene! - Helene riu e ele a acompanhou. - Venha. Vamos ter uma aventura. - ele segurou-lhe a mão e a conduziu. Helene deixou-se levar. Ele a ajudou a montar em seu cavalo, um lindo garanhão preto, e em seguida montou atrás dela. - Segure-se, morena. - sussurrou-lhe ao pé d'ouvido.


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Galoparam durante alguns minutos, cada vez mais para dentro da floresta, até que pararam. A visão que teve fez Helene perder o ar. Henry desmontou e ficou admirando o espanto misturado a idolatria estampados em sua face.


- É... Perfeito! - olhou para Henry e este lhe ofereceu a mão para que desmontasse do cavalo. - Como nunca havia visto este lugar antes? - fez a pergunta ao léu, pois caminhava para mais perto da água enquanto Henry prendia o garanhão.


- Digamos apenas que as senhoritas de família não podem se embrenhar na floresta para descobrir estas maravilhas. - respondeu-lhe Henry ao pé d'ouvido.


Sentaram na relva e Helene pôs a mão na água. Sorria como uma criança.


- Que bom que acertei na aventura. - ela o olhou e sorriu mais ainda.


- Nunca tinha visto algo assim. Nunca tinha sentido essa sensação.


- Que sensação? - Henry se aproximou mais dela.


- Essa felicidade por um motivo tão simples. Essa sensação de êxtase por algo considerado tão pequeno, mas que lhe tira o fôlego. - Henry se aproximou mais dela, seus lábios estavam a centímetros.


- Quero fazer-lhe sentir assim todos os dias, morena. - Helene fechou os olhos e seus lábios estavam quase se tocando quando...


- Nyx! - o garanhão de Henry encostara o focinho nas bochechas deles os assustando. - Criatura ciumenta! - Helene gargalhou e Henry emburrou-se. Nyx trotou e relinchou feliz e deitou-se com a cabeça entre eles. Helene passou a acarinhá-la na cabeça.


- Parece que ele não quer dividi-lo.


- Ela. E, sim, ela é por demais ciumenta.


- Uma garota! - os olhos de Helene brilharam. - Agora eu entendi. - Henry ficou observando-a passar a mão na cabeça de Nyx de modo carinhoso.


- Parece que ela gostou de você. - ela o olhou e sorriu mais.


- Desde quando ela está contigo?


- Desde que nasceu. Ela esteve comigo em todos os momentos. Bons ou ruins.


- O que seus pais acham desta tua vida? Como eles deixaram que saístes pelo mundo enfrentam monstros e bandidos? E com apenas quatorze anos? - Henry sorriu triste e olhou para a cachoeira.


- Meus pais morreram no dia de meus quatorze anos. - o sorriso de Helene morreu e ela parou de acariciar Nyx, que relinchou frustrada pela falta do carinho.


- Desculpe-me. Eu não sabia. - ele a olhou e sorriu tristemente. Passou a mão por seu rosto.


- Não te preocupes. Ninguém sabe.


- Como... Como eles... ?


- Foram assassinados. Por Tyler Rowland. E eu fui atrás dele e o cortei do umbigo até o queixo. E foi assim que comecei minha carreira.


- Eu sinto muito. Deveras.


- Eram boas pessoas. Morreram me defendendo e eu os vinguei. Mas vamos falar de outra coisa. Aposto que tens outras perguntas a me fazer. Pois sou todo teu. Responderei todas as tuas perguntas. - Helene sorriu de canto.


- Como aprendeu a lutar?


- Primeiramente na guarda de meu castelo...


- Tu? Nascestes em um castelo? - interrompeu-lhe Helene abismada.


- Bom, suponho que deveria começar dizendo que tenho um castelo e que sou Conde e, consequentemente, bastante abastado. - Helene encarava-o chocada.


- Então ainda tenho chance de libertar-me daqui. - gargalharam.


- Bom, continuando, depois aprendi lutas diversas quando estive na Ásia.


- Já rodastes o mundo todo? - Henry assentiu com a cabeça. - Onde nascestes?


- Na Irlanda.


- Não tens irmãos, tens? - Henry negou com a cabeça. - Outra família?


- A irmã de minha mãe, o marido e o filho. Mas não falo com eles desde a morte de meus pais.


- Amigos? - decidiu mudar logo o assunto para não entristecê-lo mais uma vez. Estranhamente não suportava a idéia de magoá-lo.


- Muitos conhecidos ao redor do mundo. Contatos úteis. Mas poucos amigos. E apenas dois a quem confiaria minha vida.


- Quem?


- Daniel Miller e Nyx. - Helene sorriu mais ainda e Nyx relinchou como que sabendo que fora elogiada pelo dono.


- Como conhecestes este Sr. Miller?


- Estava na França, tinha na época 15 anos. Parei num bar para beber e, ao entrar, passei por um loiro meio bêbado com uma... - Henry fez uma careta antes de pronunciar a próxima palavra. - senhorita. Sentei e pedi uma bebida . Poucos minutos depois o loiro foi cercado por seis lobisomens. Por estar com os sentidos prejudicados pelo álcool não foi rápido o suficiente e recebeu um chute que o fez cair da cadeira. Quando se levantou já estava com a espada em uma mão e a varinha em outra. Não sei por que motivo, mas eu entrei na briga e lutamos lado a lado. Derrubei quatro e ele dois, mas se perguntastes a ele, ele lhe dirá que foi meio a meio. Depois ele me convidou a beber uma cerveja por sua conta, como forma de agradecimento. Lembro de pensar, enquanto bebíamos, "Ai esta um espadachim de primeira. Mesmo bêbado lutou brilhantemente.". Durante a conversa ele me contou que era um nobre francês e que fugira de seu castelo há alguns meses e andava vadiando por bares. Identificamo-nos e ficamos amigos instantaneamente. Eu o convenci a ajudar-me em um trabalho por lá. Ele adorou meu modo de vida e acabou se tornando caçador de recompensas também, mas trabalha só na Europa. Mantemos contato, nos encontramos sempre e já trabalhamos juntos diversas vezes desde então. Já lhe salvei a vida incontáveis vezes, assim como ele a minha. Ele é uma das duas pessoas a quem contei sobre minha vida. A outra é você. - se possível o sorriso de Helene ficou ainda maior.


- Eu fico-lhe grata pela confiança. - Henry se aproximou dela novamente.


- Eu fico-lhe grato por tratar-me como uma pessoa. - ficaram se encarando. Henry nunca havia se sentido tão nervoso perto de uma mulher. Helene ouvia o coração bater descompassado e se perguntava se o dele batia do mesmo modo. Nesse momento Nyx empurrou Helene pelas costas com sua cabeça, fazendo-a cair nos braços de Henry, depois relinchou feliz e voltou a deitar-se. - Acho que ela quer nos dar um empurrãozinho. - riram, mas Helene não saiu do colo de Henry. Pararam de rir aos poucos e ficaram se encarando. Helene envolveu-lhe o pescoço com os braços.


- Acho que Nyx superou seu ciúme. - aproximou-se e fechou os olhos. - Pelo menos de mim. - os lábios se encontraram. Primeiro gentilmente e depois exigentemente.


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- Gostaria de ficar aqui com você para sempre. - estavam de novo em baixo do carvalho da colina. Já era noite e estavam abraçados.


- Venha comigo, Helene. Quando eu for embora, venha comigo. - Helene afastou-se apenas para olhar em seus olhos.


- Deveras? Ir contigo?


- Sim.


- E se enjoares de mim? - seu rosto foi marcado pela dúvida.


- Como poderia? Tu roubaste meu coração e sem ele para que viver. - beijaram-se longamente.


- Tenho que ir. - estavam com as testas coladas.


- Eu sei. - Helene sorriu.


- Precisas me largar. - Henry negou com a cabeça e a apertou mais. Riram e se beijaram de novo. Henry a largou, mas quando ela foi correr segurou-a pelo antebraço.


- Amanhã me encontre aqui novamente. Hoje falamos apenas de mim. Quero saber tudo sobre ti amanhã. - Helene sorriu radiante. Voltou até ele e juntou seus lábios.


- Amanhã. - sussurrou de encontro aos lábios de Henry. Correu ainda sorrindo até a porta da cozinha. Entrou e correu até seu quarto, encontrou Linda saindo da tina.


- Resolvestes aparecer?! - a reprimenda foi amenizada pelo sorriso radiante.


- Sairei com ele de novo amanhã. - o sorriso de Linda morreu.


- Não Helene. Não podes. - o sorriso de Helene morreu como o da amiga.


- Por quê?


- Rich veio aqui esta tarde. Tomei o resto da poção e sai com ele como tu. Amanhã ele virá novamente e não temos mais poção.


- Pois está na hora dele ver com quem tem se divertido tanto. - voltou a sorrir.


- Não Helene. Não estou pronta ainda.


- Nunca estará, Linda. Há de ser agora. - vendo a cara assustada da amiga Helene a abraçou. - Vai dar tudo certo. Eu irei junto e contaremos juntas.


- Prometes?


- Prometo.


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N/A: Muito obrigada, Rosana. Bom, algumas características ele tem; o Harry é corajoso, romântico e fofo, mas outras mudam já que os tempos são outros. Tomara que goste deste cap tanto quanto o último. Bjão...

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