Capítulo Um
Dorcas Meadowes, casa da Lene, 18 de Janeiro de 2009.
- Sabe o que eu acho? – a Lene falou pulando no sofá que nem uma criancinha – Eu vou virar pra ele e vou cantar “NA MADRUGADA ABANDONADA, E NÃO ATENDE O CELULAR. TIRANDO ONDA, CHEIO DE MARRA, ACHANDO QUE EU VOU PERDOAR” – e ela continuou a cantar Vacilão com o controle da TV na mão.
TCHIRAPTCHURU, TCHIRAPTCHURU OW AAAAAH, OW AAAAH (8). É até engraçado ver ela cantando; ela ficou feliz por tipo, uns cinco segundos ou menos, sabe? Mentira, foi até a música acabar mesmo. Daí ela virou pra gente e já tava com uma carinha triste outra vez, ameaçando chorar.
- Por que o Sirius tem que sumir assim, hein?
Eu fico com dó da Marlene quando ela faz essas carinhas, caramba. E eu não sou a única, aposto. Bom, como a campainha tá tocando, ela foi lá atender.
- Dorc – a Lily me chamou baixinho pra sussurrar praticamente – Já percebeu o quanto ela falou “Sirius” nos últimos... dez minutos?
- Já. Ela tá pirando, Lils – eu disse realmente preocupada. A Lene tá mesmo esquisita. Ela sempre foi de falar no Sirius, até sem perceber. Mas isso tá bem mais sério ultimamente.
Ela tá falando tipo, o dobro de vezes num prazo de tempo duas vezes menor, saca? Isso é preocupante. E o Sirius também, né, ele sumiu mesmo dessa vez. A cena da Marlene chorando já tá rodando tem quase duas semanas. Isso cansa pra gente que é amiga dela. É tão ruim ver ela sofrendo assim.
- Eu – ela chegou soluçando na sala – Por algum segundo pensei que... pudesse ser o Sirius – desatou a chorar.
A Lily já tá abraçando ela, tipo, super velocidade da luz. Eu tô olhando pra Kelly, que foi quem acabou de chegar e que tá com uma cara do tipo “o_o”, como quem se pergunta “Por que raios a menina tá chorando só por me ver?!”, sabe? Tentei explicar pra ela por bluetooth que é tudo culpa do Sirius. Acho que ela entendeu. Vai ver meu bluetooth é realmente bom (?).
Nah... Mais fácil ser óbvio demais.
- Ah não, Marlene! – ela já foi afastando a Lily e tirando as mãos da Lene do rosto – Não vai chorar por aquele cafajeste não!
- Mas Kelly... – ela tentou argumentar. Coitada.
- Mas nada! Vem cá, limpa esse rosto – esperou Marlene seguir suas ordens – Isso, agora melhora essa cara. Ninguém nesse mundo, meu bem, chora ao ver Kelly McKenzie entrar pela porta, tá?!
- Tá – ela deu um sorrisinho.
Pelo menos, né. Que dó da Lene, cara.
- O que vocês acham da gente super ir pra Liquens hoje? – Kelly olhou pra Lils e depois pra mim com aquela cara dela de “tive uma ótima idéia”.
Normalmente, digo, em sã consciência, ir pra Liquens, pra mim, nunca era uma boa idéia. Eu já desisti tem um tempo de insistir pra gente não ir pra lá, mas ainda não acho uma boa idéia. Não é que eu não goste de ser sempre a amiga da rodada, não me importo até, porque ver minhas amigas bêbadas é bem divertido. Mas não na Liquens, porque lá tem muita fumaça, é escuro, e torna meu trabalho mais complicado. Mas hoje, só hoje, a Liquens me parecia uma ótima idéia.
- Não sei... – a Lene falou e olhou pra mim.
Eu sei que ela não tava falando isso porque tava pensando que eu não tinha achado uma boa idéia. Ela tava era procurando apoio, isso sim.
- Ah não – eu falei – É uma ótima idéia. Quer que eu ligue pras meninas?
Marlene tá me olhando atônita, quase desesperada, como se eu tivesse traído ela. Vai ser melhor no fim das contas, não vai? Ela precisa se divertir, caramba! A Lily também tá me olhando atônita, mas mais como se estivesse surpresa, o que eu não duvido que ela esteja. Já a Kelly tem um sorriso daqueeeeeles estampado no rosto.
-
Tava decidido que a gente ia pra Liquens e todas as meninas já estavam avisadas. Claro que elas adoraram a idéia. Principalmente a Lily, que tá livre leve e solta. Eu e a Lina também estamos, mas nós somos um pouco mais recatadas. Apesar de que eu não duvido nada que a Lina acabe se rendendo às tentações quando a gente chegar lá.
Como nossa prioridade hoje é a Marlene, decidimos juntar todo mundo na casa dela pra se arrumar. A Lina vai trazer uma roupa pra mim, a Lily vai pegar uma da Marlene e a Kelly vai usar uma que a Emmeline vai trazer. As maquiagens já estão no banheiro, preparadíssimas pro ataque que elas vão sofrer em questão de minutos, e as meninas já estão chegando.
Aliás, acho que são elas. Vou eu mesma abrir a porta. Se a Kelly não chegar primeiro, né.
- Oi gente – eu falei. HÁ, CHEGUEI PRIMEIRO! – Vamos entrando, vamos entrando.
As outras seis das sete gracinhas de amigas que eu tenho entraram pela porta da casa da Lene.
- E aí, Dorc, como tá nossa vítima? – Emmy perguntou.
- Ahm... Eu diria que ela tá preparada – sorri.
- Então mãos à obra! – ouvi a Miles gritar, e a gente subiu pro quarto da Marlene correndo.
-
A gente levou só uma meia hora pra se arrumar. Mas ainda faltava a principal: Marlene. Ela tinha sido a única a ir tomar um banho “especial”, lógico, porque ela é a principal hoje. Então a gente ficou se arrumando enquanto esperava ela.
A gente decidiu se separar. A Lina ficou com o cabelo, e eu fiquei com o cabelo junto com ela. A Lily e a Kelly foram escolher uma roupa e logo depois a Mary e a Miles escolheriam o sapato. A Emmy e a Sally ficaram por conta de fazer o máximo de maquiagem que conseguissem.
Nem demorou muito pro resultado final. E eu nem consigo acreditar no que eu vejo. A Marlene tá tipassim, linda. Tá com um delineador preto e uma maquiagem preta com cinza, bem escura, um batom entre vinho e vermelho, bem escuro também e muito, mas muito pouco blush. Nem tem pó e base direito, porque ela não precisa, né. A pele dela é incrivelmente perfeita. O cabelo dela tá bem normal, tirando por umas ondinhas que a Lina fez na marra mesmo, nas pontas.
Ela tá usando um vestido tomara que caia xadrez, que tem uma fitinha logo abaixo do peito, também xadrez, e o vestido não é muito cumprido não. É lindo. Mostra o quanto ela é gostosa, tá. E tá usando um peep-toe vermelho mais escuro, muito divoso e super alto. Ah, claro, um colar de pérolas com um nó. Ela tá magnífica, sério. Nós somos artistas!
- Sente só a nossa criação! – Mary falou toda empolgada.
- Sente só mesmo! – Lily concordou.
- Nunca te vi tão linda e gostosa, Lene – Kelly falou.
- Ah, eu já vi – e já vi mesmo – No ano novo!
- Verdade. Você começou toda decente com um vestido decente e depois soltou a franga, né? Nossa – Kelly começou a rir – ótimas lembranças!
De fato, ótimas lembranças :’D.
Mas então. O resto de nós está normal. Nada muito especial. Eu tô usando um vestido cinza com vermelho da Lina, todo de losângulos, que tem um cinto vermelho que prende logo abaixo do peito, e no mais ele é soltinho. E um sapato de salto qualquer preto que me enfiaram no pé aqui. A Lina tá usando um short jeans de listras (que deixa a bunda dela ainda maior, o que é injusto!), uma blusa soltinha na frente e aberta atrás, toda vermelha com uns desenhos legais, e um peep-toe preto também.
A Lily tá com tubinho preto e um scarpin rosa super magnífico (eu AMO esse sapato da Marlene). A Geri tá com um frente única preto também e um peep-toe com laço, roxo. Odeio os sapatos da Miles pra sempre! São tão perfeitos que dão inveja. Kelly e Emmy tão parecidas, como sempre. Emmy tá de short jeans claro e blusa de zebra tomara que caia, e uma sandália vermelha, e Kelly tá de saia jeans claro e uma bata de oncinha cinza, e uma sandália também vermelha, um pouco diferente da sandália da Emmy (pelo menos). Mary tá de short preto, quase uma bermuda, uma blusa de cetim roxa e um peep-toe lilás da Miles. Sally tá com um vestido aberto atrás, vermelho bem escuro, e um scarpin preto.
Faltou alguém? Não, né? Ufa. Estamos todas divas-prontas-pra-arrasar-na-balada. Mas a Marlene ainda tá mais que todo mundo junto. Tá decidido já que vai todo mundo dormir aqui, e que o Mike vai aparecer lá na Liquens pra pegar todo mundo depois (já que não vai ter ninguém inteiro).
E lá vamos nós, né. De novo.
-
Assim que a gente chegou na Liquens, um cara muito lindo já grudou o olho na Marlene. Eu fiquei encarregada de tomar conta dela nos primeiros minutos, enquanto as meninas analisavam o local. Eu devo esperar com ela no bar, exatamente onde eu estou agora.
Mas daí né, o cara que eu falei tá chegando perto, perto, perto e... Sentou. Tá do lado da Marlene, sorrindo pra ela.
- E aí, gostando do lugar? – ele perguntou. AI QUE DEUS GREGO!
- É... Tá bonzinho, né? – ela deu um sorriso fraco.
- Bonzinho? Vou mandar eles darem um jeito nisso. Última cliente que eu perguntei tinha elogiado muito mais – MEU DEUS ELE É UM DOS DONOS DA LIQUENS, E TÁ DANDO UM MEIO SORRISO PRA MARLENE NESSE EXATO MOMENTO!
VOU PIRAR [A]!
- Oh. Me desculpa. Não sabia que você era um dos donos daqui. Eu só tô de mal humor hoje, nada contra o lugar, sério – ela tentou sorrir de novo e falhou.
Qual é, Lene! MOSTRA AS GARRINHAS! HONRA SEU CLITÓRIS, PEGA ESSE HOMEM!
- Imagina – ele tá totalmente dando em cima dela – De mau humor? – e ele deve ter uns vinte e tantos anos – Não posso deixar uma mulher linda dessas ficar assim – e é totalmente gostoso. Ele pediu um copo de Black Label pra ela POR CONTA DA CASA.
E agora a Kelly e as meninas tão me olhando como que perguntando quem é o monumento falando com a Marlene. Achei que essa era a hora de deixar os dois conversando e ir explicar pras meninas que um dos donos da Liquens tá TOTALMENTE PELA MINHA AMIGA!
MORRI.
- Ele é muito lindo! – ouvi a Lily dizer.
- Se ela não pegar, eu pego – eu brinquei. Até parece.
- Não gente, sério, ela precisa pegar esse menino – Emmy começou seu discurso, o que significa que lá vem ordens por aí – Miles, você vai dançar, né? Você tem totalmente potencial pra arrancar os olhos daquele homem pra você, então você migra com a Lina, a Lily e a Dorc pro outro hemisfério do lugar.
- Por que comigo? – eu quero ver no que vai dar o rolo da Marlene!
- Porque você também tá solteira e também precisa de um homem. Tô confiando na Miles a tarefa de te desencalhar – HEI, EU NÃO TÔ ENCALHADA! SÓ TENHO PRINCÍPIOS E – Kelly e eu vamos ficar de olho na Marlene. Sally e Mary, vocês são os perus dessa vez. A Miles vai falhar antes da gente, com certeza – ela me lançou um olhar que me deu medo – As pessoas que ela tá lidando são bem complicadinhas. Então vocês fiquem mais pro lado de lá.
Todo mundo CONCORDOU. Tá, não obedecer a uma ordem da Emmy é difícil, ela meio que tem o dom de mandar nas pessoas. Mas tipo, ninguém nem tá questionando NADA? Só eu tô infeliz com isso? Acho que eu sou a ovelhinha negra e revoltada mesmo.
- NÃO PRECISA ME PUXAR PELOS CABELOS, MILES – eu berrei quando ela começou a fazer exatamente isso – Eu vou em paz, tá legal? – olhei pra Emmy – Mas se você não me contar com detalhes o que aconteceu, eu te mato!
- Relaxa, Dó – ela falou com a cara lavada – Vai arrumar um homem pra você primeiro, depois a gente conversa.
Olha que amigas eu tenho, olha que amigas EU TENHO! Elas ficam me tratando como se eu tivesse encalhada, e eu NÃO ESTOU. Eu só tenho valores a seguir e. Eu me importo com onde eu enfio minha língua, sabe? E não saio deixando qualquer pessoa enfiar a língua dela na minha garganta. Fora que a saliva da outra pessoa só sai da sua boca após um mês, eu li isso em algum lugar e achei nojento.
- Dorcas Meadowes – a Miles falou pra mim – Dá uma olhada naquele homem – apontou um cara que OMG, é realmente lindo. Mas não é pro meu bico gente.
- Eu aprovo – sorri pra ela.
- Não, bobinha, é pra você!
- Pra mim? Tá louca, Miles? Ele nunca, tipo nunca mesmo, vai querer a baixinha gordinha do grupo.
- Ah, vai sim.
- Ele deve ter uns vinte anos, Miles. Não rola.
- Rola sim, já tá rolando. Vou trazer um pouco de bebida pra você, calma – ela piscou pra mim.
Ah não! Já sei como essas coisas começam... Os planos delas são sempre os mesmos. Vamos embebedar a Dorcas, porque quando ela tá alegre ela se solta e dá em cima dos caras. Não é legal. E não é legal principalmente porque se eu beber além da conta eu hiberno automaticamente, e tenho uma ressaca que ninguém mais tem no dia seguinte, além daquele enjôo interminável que me persegue por dois dias inteiros!
- Não acho que seja uma boa idéia, Miles – eu falei seguindo ela.
- Não vou deixar você beber além da conta hoje, relaxa. Você só vai sentir o enjôo, mas vai passar antes. Eu vim preparada pras ressacas gerais hoje.
- Não confio em você.
- Claro que confia. Toma – ela me entregou um copo com alguma coisa que eu juro ser cachaça.
- É fraquinho, vai sem medo.
- Você me paga – bebi o que tinha lá dentro e ela já foi me entregando outro copo daquilo.
Pra quê? Eu já não sinto o controle sobre meus atos, eu tô quase, quase perdendo a decência. Até porque, aquele cara é realmente lindo. E tentar não faz mal, faz?
Já conheceu alguém mais fraco pra bebida do que eu? Não? Nem eu.
Marlene McKinnon, 19 de Janeiro de 2009.
Tô com uma ressaca do caramba. Não acredito que as meninas realmente conseguiram me deixar zulegal ontem. E eu mal lembro das coisas que eu fiz, devo ter bebido whisky pra caralho. Merlin, será que eu dei PT? NÃO, NÃO, NÃO, TOMARA QUE NÃO!
É meu maior pesadelo.
- Lily – perguntei pra ela, ela também tava bem malzinha – Eu dei PT?
- Perguntou pra pessoa errada. A única que deve ser capaz de dizer alguma coisa é a Miles. Ou a Kelly e a Emmy, mas eu não garanto. – ela voltou a ficar inconsciente. Assim como todas as outras pessoas ali.
Fui atrás da Miles pra perguntar. Ela tava lá embaixo.
- Miles – esperei ela olhar pra mim – Eu dei PT?
- Ahm.. Acho que não. Calma, preciso de um pouquinho disso – ela estendeu o copo com a coisa verde nojenta – E eu te falo. Não consigo pensar com dor de cabeça, você sabe.
Ela bebeu o negócio e se sentou no sofá. Sentei do lado dela, lógico.
- Me conta tudo.
- Bom... Vou tentar falar o que eu vi. Não vi você na Liquens do princípio ao fim, só no fim. A Kelly, a Emmy e a Mary que ficaram por conta de você, e dentre elas, você sabe, a Mary é a única confiável. Ela tentou permanecer sóbria o máximo de tempo possível pra ficar de olho em você – ela sorriu – E ela disse que você pegou o cara bonito.
- Que cara? – QUE CARA?!
- Um dos donos da Liquens, super gato que tava até pagando Jack Daniel’s e Black Label pra você.
- Jesus amado. Continua.
- Eu fiz a Dorcas pegar um gato, tô orgulhosa de mim. Mas logo depois ela resolveu que queria beber mais, eu não cheguei a tempo pra impedir, e você já sabe, né. Eu levei ela pro banheiro pra já estar preparada. Ela queria dormir. Depois ela vomitou uma vez, lavou a boca na pia, sentou no chão e... dormiu – Miles começou a rir.
- O que você deu pra ela?
- De primeira uma cachaça bem fraquinha, mas acho que ela deu um gole em alguma coisa mais forte quando eu não tava olhando.
- Previsível. Você sabe que tem que ficar de olho na Dorc, Miles.
- Era gente demais pra eu ficar de olho, McKinnon. A Lily já tava doidona, e eu tava com medo do que ela faria doidona daquele jeito. Ela tava bêbada mesmo, o que significa...
- Que ela já tava taradona?
- Sim. Eu tentei ficar de olho nela, pra que a gente não fosse expulsa e acusada de assédio sexual por ninguém, mas a Lina também já tava ficando bêbada. E o cara que era pra ela pegar, ela tava falando sobre logaritmos com ele.
- Não! – fiz a minha cara de “Nããããão!”.
- Pois é. E pra piorar, quando eu voltei do banheiro segurando a Dorc comigo, a Lily e a Lina tinham sumido! Fiquei louca procurando elas, até achar elas com a Sally, outra que já tava doida. A Dorc acordou de repente, como ela sempre faz, completamente doida. Foi aí que eu desisti de tomar conta, e fiquei só olhando.
- Pegou alguém?
- Não né, sou compromissada, Marlene. Mas uns dois idiotas lá me passaram telefone – ela riu.
- Sua má. Você não chegou a ficar tonta não? – essa pergunta era retórica. A Miles quase nunca fica tonta. Ela é muito forte pra bebida.
- Alegre talvez. Tonta não – ela sorriu e levantou – Vem, tenho que preparar o líquido mágico pra mais oito capetas que tão hibernando lá em cima.
- E meu irmão? – falei enquanto ia ajudar ela na cozinha.
- Riu bastante. Aliás, você perguntou do PT. Se você deu, foi aqui. Relaxa. Ninguém além da Dorc, e da Lina acho, que foi pro banheiro alguma hora, deu PT lá.
- Menos mal – sorri pra ela e vi que isso doía. Até respirar doía. – Quero um líquido mágico, Geri – gemi.
- Saindo!
-
- Quem começa? – Kelly falou com cara de cu.
- Eu – Miles falou – Dorcas vomitou lá sim, desmaiou e renasceu depois. Pegou o cara gato de vinte anos. Lina foi correndo pro banheiro uma hora, voltou de lá com cara de bosta, me pedindo pra ir embora. Ou seja... Discutiu sobre logaritmos com o cara que supostamente devia pegar também. Discutiu. Tava todo mundo bem doido. A Kelly pediu pro Mike pra dirigir. Emmy não parava de abraçar a Dorc, que tava praticamente em coma, Sally só gritava, Marlene chegou a chorar logo quando a gente tava indo embora, na frente do cara que ela pegou. E a Lily tava taradona. Isso é tudo que eu sei.
- Que ótimo – Lily falou.
- Mary, sua vez – Kelly continua com a mesma cara.
- Bom, é verdade. Tudo que a Miles falou. E Marlene, o que eu sei sobre você é que você pegou o cara depois de uns quatro copos de Black Label e muita conversa, e ficou pegando ele e dançando com ele. E ele continuou te pagando bebida, o que foi o erro dele, porque aí você ficou bêbada e como bêbada... Bem, você sabe. Lina passou mal mesmo, porque me falou isso. No mais, eu bebi muito pouco. Não sou resistente que nem a Miles, então tive que moderar. Seu irmão chorou de rir.
- É, tava bem engraçado – Miles falou rindo.
Todas nós (com exceção da Mary) mostramos língua pra ela e o Mike entrou no quarto.
- Reunião? – ele perguntou.
- Tipo isso. Elas querem saber o que fizeram de errado – Miles falou rindo mais ainda.
- Ninguém lembra de nada?
- Claro que lembra – Lina falou – Eu lembro de ter dado um PT mínimo, por exemplo. Só que a gente não lembra como elas lembram – apontou pra Mary e pra Miles.
- É, tipo isso – concordei.
- Você lembra de ter chorado, Marlene? – ele me perguntou sério.
- Eu nunca lembro quando chego nesse estágio da coisa. Quando eu chego, significa que eu tô muito bêbada.
- Você não é tão fraca assim. Quanto você bebeu ontem?
- Bastante – Mary respondeu por mim – Mas eu acho que ela tava mais fraca que o normal ontem. Sei lá, foi estranho.
- Não quero ver você nem perto do Sirius depois do que você disse ontem – ele disse pra mim e entrou no banheiro.
- Com licença gente – fui atrás do meu irmão. COMO ASSIM? – Mike, abre a porta.
Ele abriu, eu entrei lá dentro e fechei de novo. Ele ia tomar banho, pelo que pude ver.
- Diga.
- Me explica isso? Como assim você não quer me ver perto do Sirius? O que eu disse?
- Suas amigas não te contaram?
- Não. Elas escondem sempre as coisas que eu falo quando tô bêbada. Nunca é nada que eu queira escutar.
- Não deviam. Você devia ter noção das coisas que você guarda pra você – ele parecia bem sério – Esse menino faz você sofrer demais.
- Eu tava bêbada, Michael. Eu exagerei.
- Você sabe muito bem que não é assim. Você é uma bêbada chorona honesta. Você fala daquilo que você esconde que te faz sofrer. Bêbado exagerado é outro tipo.
- E o que eu falei? Não pode ser tão ruim assim.
- Você só falou dele, velho. Eu já não vou com a cara do Sirius, você sabe. Ele te usa, Marlene. Ele faz de você um cachorrinho, abre seu olho.
- Michael!
- Eu tô falando pro seu bem. Você precisa sair dessa, desiludir do Sirius. Tenta falar com ele hoje, vê se ele vai te responder. Ele sumiu tem duas semanas, né? Não te responde no orkut, não entra no MSN, não te liga de volta. Ele não tá nem aí pra você. Nem na escola aparece direito.
- Isso não é verdade... – é sim. O pior é que eu não consigo mentir pra mim mesma.
- É verdade sim, para de se enganar. Tô falando sério, Lene. Você é minha irmã e eu amo você. Desiste do Sirius, bola pra frente. Eu já te falei que tem um monte de cara atrás de você, inclusive uns que eu aprovo.
Vou começar a chorar. Sério, bem sério.
- Desculpa, Mike. Não queria ser um peso pra você por causa disso nem nada e – abracei ele - Me desculpa!
- Não precisa pedir desculpa, pirralha. Você não é um peso por causa disso – ele me abraçou de volta – Só sai dessa fossa, tá? É a única coisa que eu quero.
- É, você tá certo – limpei meus olhos e sorri – Vou falar com as meninas lá. Elas vão me ajudar nisso.
- Assim que se fala – ele sorriu – Vai lá. Preciso tomar um banho, vou sair.
- Vai onde?
- Olhar uns negócios pro churras que vai ter na casa do Brian esse fim-de-semana. Quer ir?
Vou pensar – falei – Tchau Mike – sai do banheiro e ouvi a porta sendo trancada atrás de mim.
Me virei pras meninas, abracei a Lina (que tava mais perto) e desatei a chorar.
20 de Janeiro de 2009.
- Viram ela na Liquens sábado. Sem o Sirius.
- Ele totalmente cansou dela – a menina riu.
Ah, que bando de n00b. Não têm mais nada pra falar não?
Me virei pra olhar pra elas.
- Então gente, sabe qual é? E se eu cansei do Sirius? Vocês já pararam pra pensar nisso?
Elas fizeram as melhores caras de nojentas que podiam fazer.
- Até parece, todo mundo sabe que você come na mão dele que nem idiota – a mesma que riu, falou.
Eu forcei minha melhor risada.
- Como vocês estão bem informadas, uh? Da próxima vez vocês deviam ler a parte da notícia que diz a verdade: Marlene McKinnon nunca fica sozinha por muito tempo, considerando que Londres inteira carrega um trem por ela – mandei beijinho pra elas e fui saindo – Aliás, acho que vai chover hoje – falei apontando pro cabelo da menina que riu.
Ai que cu. Tô me sentindo péssima!
- Belle? – falei assim que a vi, e ela se virou automaticamente.
- Lene! – me abraçou – Como você tá? Só escuto falarem de você, tava preocupada.
- Acabei de apelar com duas pirralhinhas idiotas ali.
- Ah meu Deus – ela tá me olhando, como se estivesse pensando no que fazer – Como você tá?
- Péssima. Não consigo mais nem mentir pra mim mesma. Preciso sair dessa fossa, me ajuda, Belle.
- O que as meninas falaram sobre isso?
- A Kelly tá bem afim de dar um soco na cara do Sirius, e a Emmy tá com ela, como sempre. No mais, as reações são as mesmas.
- Que surpresa – ela ironizou – Você já se rendeu à “última-tentativa”?
Eu sabia do que ela tava falando. O fundo do poço é sempre escutar músicas tristes e mandar elas por scrap pra ele, independente de quem for ele.
- Já.
- Então você precisa é desistir mesmo. Vamos sair da fossa, Sirius Black não te merece – ela sorriu – E eu tinha dito isso antes.
- Eu sei – suspirei – Você tava e tá certa. Acho que eu vou no churrasco que o Mike me chamou. Vai ver é bom, né?
- É ótimo! Vou pra sua casa hoje então e a gente decide o que você vai vestir.
- É meio que perto da faculdade, então eu vou dormir lá. Temos mesmo bastante coisa pra escolher – eu falei, já me sentindo mais animada.
É bom ter amigas, né? Como eu amo elas!
- Vem – ela me puxou – Eu preciso ver o Nate, e aposto que ele tá na sua sala, achando que eu tô lá.
Esses dois... Ah! Esses dois.
- Vocês fizeram um mês ontem, né?
- Fizemos! – os olhinhos dela começaram a brilhar – Ele é tão lindo, Lene.
- Te falei pra dar uma chance pra ele – eu ri. É bonitinho ver ela feliz assim – Quem diria, Nathaniel Smith namorando... Já fez até um mês!
- Só uma Isabelle Zabini pra conseguir isso mesmo, hein?
- Não se acha também, Belle.
- Não tô me achando, Lene – ela mostrou língua pra mim e logo entrou na sala (a minha, no caso) – NATE!
Não vou narrar agarração nenhuma. E o Sirius não apareceu ainda. Quer saber? Vou falar pro Mike agora! Ligar pra ele, é.
- Mike? – eu disse assim que ele atendeu o telefone.
- Marlene?
- Eu vou sim. Manda o Brian arrumar uma cama pra mim lá.
- Acho que você ele deixa dormir no quarto dele, sem problema – ele riu.
- Calma... Brian é o loiro, não é? Aquele seu amigo que eu peguei há quase um ano?
- Olha Brian, ela lembra de você – dava pra ver que ele tava zoando o menino.
- Ele tá aí?
- Quer falar com ele, Lene?
- Não, tá louco?! Morro de vergonha.
- Vergonha? O Brian tem mais que você, garanto – ele ainda ria.
- Mike, para de importunar o menino, para? E diz pra ele que eu durmo no quarto dele sem problemas – eu ri.
Não é mesmo uma má idéia (6). Ele é lindo até falar chega. E fofo, se eu bem lembro.
- Ouviu isso, Buckle? Ela vai dormir no seu quartinho, pode chorar agora – Mike ria como nunca – Você fez o dia do menino, irmãzinha.
- Até parece, que exagero.
- Exagero, né? Espera até vocês se encontrarem.
- Aliás... Quem mais vai?
- Que você conhece? Acho que a Bella.
- Black?
- A mesma. A Lucy tá com uns problemas aí, mas disse que ia tentar ir. No mais, ninguém pode. Da faculdade. O resto que vai você não conhece. São amigos meus.
- Tudo bem então – droga. Eu nem converso com a Bellatrix. É bom esse negócio valer a pena – Que horas a gente sai?
- Lá pras seis, sete. Vai pra casa direto da escola, rápido. Eu vou chegar lá pelas cinco, demoro?
- Tudo bem então. Beijo Mike.
- Beijo irmãzinha, juízo.
Belle, EPA! Você desliga o telefone e dá de cara com uma loira te encarando... Me explica isso? Tenso.
- Oi Belle.
- Tava falando com o Mike?
- Sim. Confirmando presença.
- Vocês vão hoje? – ela pareceu desesperada.
- Sim.
- Quer matar aula pra escolher as roupas? É uma boa causa... Tem até o cara que você vai dormir no quarto – ela riu.
- Ah, é o Brian – dei de ombros – É lindo. Já peguei uma vez. Ele é meio que era louco comigo, acho. Pelo menos foi o que o Mike falou uma vez.
- Que perfeito! Vamos matar aula então, tá decidido. Vamos só comigo no corredor do terceiro pra eu avisar a Mich e – ela foi interrompida por um Nate bravo que olhava pra ela.
- Matar aula, Zabini?
- Você sabe que é uma boa causa. Quer vir com a gente? – ela sorriu.
- Sinceramente? Quero.
- Melhor ainda! Uma opinião masculina confiável é sempre bem vinda – eu falei.
E é mesmo. Ainda mais o Nate que é tipo, um amigo antigo que já me ajudou em fases de fossa tantas vezes.
- Então calma, esperem os dois aqui, tá? – ela falou – Eu vou atrás da Mich, e sozinha eu vou mais rápido.
- Palhaça – eu fingi estar nervosa.
- Já volto, neném – ela apertou minha bochecha e mandou beijinho.
E bom, o que normalmente acontece? Ela vai, volta e a gente sai do colégio, e fim. Mas na vida da Marlene, as coisas são um pouco diferentes... Aquilo que ela menos quer que aconteça, acontece no momento que ela menos quer que aconteça. É injusto sim. A Lily chama de drama, mas eu chamo de injustiça.
- Marlene – eu o ouvi dizer. Ele disse baixo, então tava bem atrás de mim. Não acho que tenha sido proposital não, eu que tava na porta barrando a passagem das pessoas.
- Oi Sirius – tentei ser o mais indiferente possível.
- Tá bem? – ele sorriu. Hipócrita, cínico, mentiroso, safado.
- Como sempre. Se você me dá licença, Sirius, preciso ir atrás da Belle, porque o sinal já vai bater, e se bater não dá pra matar aula, você sabe bem disso – eu dei meu melhor sorriso falso – Vem comigo, Nate?
- Vou – ele desencostou da parede, cumprimentou o Sirius e voltou a ficar sério, atrás de mim.
- Matar aula pra quê, Marlene? – Sirius pareceu nervoso. Hipócrita duas vezes!
- Interessa? – bufei – Vou viajar com o Mike hoje pra casa do Brian, vai ter um churras da galera lá. Belle precisa me ajudar a escolher minhas roupas.
- Na hora da aula? Quem é Brian?
- Sirius... Na boa? Não embaça – eu falei antes de sair da sala. Quando a gente já tava longe o suficiente, me virei pro Nate – Fui muito mal?
- Ele com certeza sabe que você tá com raiva. Mas se tratando do Sirius, isso é bom – sorriu e me abraçou – Relaxa.
- Obrigada, Nate – eu me virei de frente pra abraçar ele direito.
- Tô com você, Lene, já disse.
Ele é tão bonitinho! Assim, nesse momento. Normalmente ele é lindo, um outro tipo de lindo. Ele e a Belle precisam ficar juntos pra sempre, fala sério.
- Oi vocês dois – a Belle falou de repente.
- Ah, droga! Fomos pegos no flagra – brinquei.
- Vou fingir que não vi, tenho algo mais importante pra te contar – ela disse com aquela cara de “você-não-acredita!”.
-
- E a gente não pode considerar o Brian nada garantido, tá? O Mike disse tem muito tempo que ele tinha uma quedinha por mim, fora que as ex-namoradas dele... Se eu te mostrar, Belle, você chora. Sério.
- Por quê? – ela perguntou rindo.
- Elas são perfeitas, muito perfeitas. Você sabe que eu não me sinto humilhada por qualquer pessoa, né. Mas elas... Eu chorei, véi.
- Meu Deus, preciso ver uma ex então!
- Vem cá, vou ligar o computador – eu liguei o notebook branco da Apple que tava em cima da cama e esperei ele iniciar bonitinho, pra então entrar no orkut – Calma... – digitei o nome do Brian e fui na primeira loira bonita que vi – Olha essa. Acho que essa é a ex mais recente.
- Porra – Nate disse aparecendo atrás da gente com o suco dele na mão – O cara tá bem, hein?
- Bem demais – a Belle concordou – Tá legal. Brian não é na-da garantido. Vamos nos esforçar!
- Não sei se vai dar muito certo... Elas vão estar lá, sabe. As ex-namoradas todas e ex-peguetes também. E atuais também, provavelmente.
- Por isso mesmo nós vamos nos esforçar, Lene. Vem, bote fé em você mesma – ela me puxou pra cama, onde eu sentei e abriu meu guarda-roupa – Tem que ser decente e ao mesmo tempo não decente.
- Certo. Precisamos de uma roupa pra ir no ônibus, um pijama, dois biquínis, duas roupas pro churrasco, porque vai durar dois dias, mais uma roupa pra voltar.
- Você vai de short, tá decidido – ela pegou um short jeans claro que eu tenho, bem confortável – Ele é lindo, e vai ficar um amor com esse cinto – ela tinha um cinto marrom nas mãos – Essa regata – uma branca com rendinha, super leve e discreta – E o seu all star amarelo de cano médio.
- All star amarelo de cano médio? – eu perguntei.
- É. Aquele que a Lina te deu de presente.
- Mas eu fico muito “Lina” com ele. Isso é bom?
- É claro que é. Quer ver – ela me entregou as roupas e o tênis – Experimenta.
Uns cinco minutos depois eu voltei pro quarto com a roupa que ela escolheu, e tinha ficado realmente fofo.
- Você aprova, Nate? Eu aprovo – ela disse empolgada.
- Aprovo. Tá o suficiente – ele sorriu.
- Então tá. Temos a roupa da ida decidida. E o resto?
- Um vestido pra usar no dia seguinte. Cadê aquele seu vestido lindo que é aberto atrás e tem um decote enorme na frente, que deixa o peito maior?
Eu ri Q.
- Esse? – peguei o vestido no guarda-roupa. Era quase que com estampa de zebra, só que as listras eram onduladas. Ele caia na frente, por isso tinha decote, e era aberto atrás.
- Lindo! – colocou ele na minha mala que tava aberta no chão – Vai usar ele. Quer por um sapato de salto ou um chinelinho chique? Os dois. Quando chegar lá você decide o que é melhor. Uma calça jeans, não custa nada... Duas regatas que também te deixam com peito grande... Por que tudo te deixa com peito grande? E agora falta o pijama e os biquínis.
- Pijama eu pensei nesse de vaca aí – apontei pro pijama que tava em cima da estante. Ele era bonitinho, não era decente, mas era bonitinho. Um short e uma blusinha.
- Ah que lindo! Esse mesmo. E biquíni eu já sei! – ela abriu minha gaveta e caçou loucamente o que eu fui ver depois que era meu maiô nada decente – Esse!
- Mas Belle, o Mike me mata se eu usar isso.
- Por quê? – ela perguntou.
- Mata nada. O Mike vai ficar orgulhoso de ter uma irmã gostosa, bote fé – Nate piscou pra mim e a Belle riu.
- Tá vendo? Vai usar esse sim – ela colocou ele na mala – E esse biquíni branco cortininha no dia seguinte. Vamos por um moletom também, né? Vai que à noite faz frio... Esse – ela pos meu moletom cinza enorme da GAP na mala – E pra voltar esse short com... essa batinha aqui – pegou uma bata vermelha xadrez tomara-que-caia – E o seu tênis da nike. Tá linda.
- Ah Belle, você decide as coisas tão rápido. Como faz isso?
- Simples: é pra você. As coisas são sempre fáceis de escolher quando são pra você, Lene. Tudo fica bem em você.
- Até parece.
- Agora tira essa roupa e joga no armário, pra parecer que você pegou a primeira coisa que veio na cabeça – ela mandou.
- Tudo bem – lá vou eu pro banheiro outra vez.
-
- Marlene – eu ouvi meu irmão gritar lá debaixo – Tá pronta? Nós já tamo indo!
- Já vou – gritei de volta – Vou só trocar de roupa, tô de pijama – menti. Despedi da Belle no MSN e fui colocar a roupa que ela tinha escolhido pra depois descer.
Quando cheguei lá embaixo o Mike tava lá com, adivinha quem, o Brian.
- Oi vocês. Desculpa a demora, meu cadarço deu piti.
- All Star amarelo? – Mike olhou pra mim – Raramente você usa ele.
- Pois é. Achei que devia usar mais. É um pecado deixar um tênis tão bonitinho apodrecendo no guarda-roupa, não é? – bati nele – Não me enche – dei um beijo na sua bochecha e fui cumprimentar o Brian.
- É doido – o Brian sorriu pra mim – O tênis.
- Ah, obrigada. Foi presente da Lina – falei com os olhinhos brilhando, estilo Dorc.
- Então... Bora? – Mike perguntou.
- Agora – Brian falou e eu concordei.
Não sei porque, mas acho que vai ser realmente legal esse churrasco.
-
Não sei o que eu tinha na cabeça quando pensei que ia ser legal. Isso é quase uma tortura, e nem começou ainda! Só no nosso ônibus tem umas trinta mulheres, loiras ruivas e morenas, perfeitas, e o Brian já deve ter traçado mais da metade. E elas ainda dão em cima dele descaradamente.
- Marlene – meu irmão me chamou – Eu vou sentar com uma menina lá, porque eu tenho que finalizar uns esquemas, falou? Você vai sentar com o Brian.
- Tem certeza? Eu acho chato fazer isso com ele.
- Com ele? – Mike não entendeu.
- É, oras. Deixa ele escolher com qual das trinta “virgens” do paraíso dele ele quer sentar, tá? – antes que o Mike abrisse a boca eu completei: - E não, não to incluída.
Mike riu. Tipo, riu muito.
- Se você acha que é assim, beleza então. Pode sentar ali – ele apontou a primeira cadeira – E deixa sua mochila em cima da outra, como se tivesse guardando lugar. Se ele não quiser, ele não pede. Pode ser?
- Tá. Seu louco – eu revirei os olhos e fui pro meu lugar, fazendo exatamente o que ele tinha mandado.
O que ele quer com isso afinal?
Depois de uns dez minutos (eu acho, pelo menos deu umas três músicas) alguém me cutucou. E era, adivinha quem, o Brian. Ele pediu pra sentar do meu lado.
- Tá fazendo isso só porque o Mike mandou? – perguntei séria.
- Não – ele pareceu assustado – O Mike falou alguma coisa?
- Deixa pra lá - desliguei o iPod e olhei pra ele. Não custa tentar ser o mais simpática possível – E aí, como... você tá?
- Tô tranqüilo. E você? Melhor?
- Melhor? – estranhei a pergunta.
- O Mike me contou as paradas do Sirius – o sorriso dele é muito lindo.
- Mike filho da puta – falei pra mim mesma e ele riu.
- Relaxa. Eu admiro você por isso. Gostar tanto de alguém assim.
- Não admire, não tem nada de legal nisso. É estupidez demais.
- Não acho – o sorriso dele é realmente muito lindo.
- Desisto – sorri também – E as suas ex-namoradas? Dão trabalho, ou só minha vida é complicada?
- Não. Sua vida é bem simples. Aquela loira ali – ele apontou pra loira perfeita que eu tinha mostrado pra Belle hoje mesmo – é a mais complicada de lidar. Ela tem um ego bem... inflado. Me entende?
- Perfeitamente. Perfeitamente.
E assim foi, até a gente chegar lá e eu descobrir que ia dormir mesmo no quarto do Brian. Com ele. Na cama dele. Linda por sinal. E super confortável. E sim, isso interessa, porque eu pretendo dormir de verdade. Ao que parece, ele também. Meu Deus, será que o pijama da vaca assusta meninos? Que nada. Ele é bicha.
21 de Janeiro de 2009.
Retiro o que eu disse. Brian não é bicha e a gente se pegou ontem de noite. Foi bem rápido, e bem fofo. Ele disse que eu não precisava fazer aquilo, foi quando eu descobri que eu quero. O Brian é... irresistível, de uma certa forma. E é exatamente o que eu tô precisando, não é?
- Marlene? – ouvi o Brian chamar do outro lado da porta. Eu falei que ia tomar banho pra depois ir pro churrasco.
- Um minuto, B – gritei enquanto colocava o vestido – Entra.
- Puta que pariu – ele sorriu pra mim.
- Algum problema?
- Você é a mulher mais... linda que eu já vi, Marlene – ele ainda sorria. O sorriso dele é muito lindo, já disse? Não é mais lindo que o do Sirius, mas é muito lindo.
HEI! Por que eu tô pensando no Sirius mesmo?
- Sou nada – mostrei língua pra ele – O que eu uso?
- Como assim?
- Sapato, Brian. O que as meninas lá tão usando?
- Acho que salto – ele fez uma careta esquisita.
- E por que a careta?
- Salto no sítio?
- Seu sítio não é um sítio, né Brian. Parece mais, sei lá, um hotel cinco estrelas, só que cinco vezes maior que um hotel normal.
- Que exagero, Marlene. E mesmo assim. Tem grama e piscina lá.
- Ah é. Como eu ponho o maiô?
- Leva. Qualquer coisa você põe lá. E vai de sandália, por favor – ele me deu um selinho e foi até a porta – Vem rápido – e saiu. Que lindo. Ele é lindo.
Acho que ele é o segundo homem mais lindo que eu já vi. Meu pai e meu irmão não estão na lista.
Vou seguir o conselho dele. Ele é o meu peguete do fim-de-semana, não é? A gente sempre segue conselhos de peguetes de fim-de-semana [?]. Ou não, mas tanto faz. Eu odeio crises existenciais tipo “que sapato eu ponho?”. Só uma mulher pra me entender. É horrível não saber que sapato usar e ficar com medo de pagar ridículo. Por isso é melhor escutar o peguete de fim-de-semana. Mesmo que você pague de ridículo, ainda vai agradar alguém.
Enfim. Vou usar a sandália de dedo com a bola brilhante no meio que a Belle pôs aqui. Que tudo dê certo, amém. Lá vou eu, enfrentar as mulheres mais lindas do mundo. Sem salto!
23 de Janeiro de 2009.
- Bella? – eu falei quando a Black entrou no quarto.
Ela não conversa comigo. Aliás, acho que ela nem gosta de mim. Por que ela tá aqui mesmo?
- Eu – ela sorriu pra mim e sentou na cama – Quero conversar com você.
- Sobre...?
- Sirius, Brian e você. A gente nem conversa, Marlene, eu sei. Mas o negócio é o seguinte: te aconselho a aceitar o pedido do Brian. Primeiro porque ele é um cara legal, o cara mais legal que você vai arrumar, e segundo porque meu primo não te merece. Ele tá cagando o negócio todo, então para de dar chance pra ele e se fazer de culpada.
- Mas...
- Sério. Fora que o único jeito de você conseguir ele pra você, é fazendo ele te perder. E eu tô devendo uma pro Brian também, isso me motivou mais do que tudo a vir aqui. Mas acredite, tô sendo sincera em tudo que eu tô falando.
- Eu acredito – suspirei e sentei do lado dela – Eu tenho medo de machucar o Brian.
- Não precisa. O Brian é bem forte e sabe muito bem onde ele tá se metendo. Vai na fé, Marlene. Agora com sua licença, eu vou colocar minha mala no ônibus – ela sorriu pra mim e saiu.
Isso é algum tipo de sinal? Porque se for, acho que Merlin escolheu a pessoa certa pra me dar.
N/Evams(beta): AAAAAH, O CAPÍTULO UM, O CAPÍTULO UM! QUE LIAMD *-* Nossas crianças crescem tão rápido *-* Honestamente, no caso DESSA criança em particular, dá mais vontade é de injetar hormônios ilegais ucranianos na veia dela, depois sentar e assisitir enquanto ela cresce loucamente. Porque djow, eu to TÃO ansiosa pra tudo que vai acontecer! HEIAWHEWAHEAIOEHAOHE pobres tolinhos, não sabem de nada ainda, HIHI *o* sério vei, tanta água sensacionante pra correr pelas canaletas da vida das LPs. Ver o começo tão ultra-vivo me deixa tão super-inspirada *-* (àqueles que visitam os profiles orkutais: COMPARTILHEM DA MINHA AGONIA HOUHOUHOU)
Então. Eis que nesse capítulo se introduz o Brian, o Senhorito Sonho Americano :9 Mas o Sirius ainda é, aaah, o SIRIUS *9* Apostas abertas, bjs 8D
(à autora: NÃO MORRA ANTES DE CHEGAR NA PARTE DO SEXO EHIWAHEAIWHEIWAHEAWIO sua foda <3 )
(aos (deliciosos) leitores: até a vista :)
N/MMcK(autora): ENTÃO, ESSE É O CAPÍTULO UM, AEAE *-*
Desculpa a demora pra postar, é que eu tive que viajar e tudo mais, então só tive como postar agora mesmo. Estou de volta à civilização brasileira e belo horizontina, AEAEAE QQQ
E nunca estive tão feliz de voltar, gosto da minha cidade *-*
Enfim. Gente, o capítulo um é bem gay, mas é esse aí. E não me matem por ele ser tão ruim, ok? Eu sou só uma escritora humilde tentando crescer com o tempo, bjs. E sim, o Brian é o Senhorito Sonho Americano *9*, totalmente delicioso e perfeito. Vocês vão se apaixonar pelo Brian, eu acho, porque eu me apaixonei e não consigo imaginar porque alguém não se apaixonaria D:
Às vezes eu até tenho vontade de fazer a Marlene ficar com ele forévis, porque sabe, ele é bem perfeito. Mas não posso. O Sirius é mais perfeito, e eu tento manter isso em mente quando escrevo UAIEHAUIEAHUIEAHUIEA Não é que eu não ame o Sirius, nem ache ele o cara mais perfeito da história dos caras perfeitos e além. Mas é só que... é complicado. Porque ele faz bastante burrada e eu tomo as dores da Marlene mais do que qualquer um, então eu fico meio que com raiva dele. Mas quando ele começa a acertar eu volto a lembrar o porque deu amar ele tanto e não ter coragem de deixar a Marlene com mais ninguém, HE.
Esse é só o capítulo um, e tem muito mais coisa pra acontecer ainda, então não me matem mesmo. Nem me odeiem. E NÃO, NÃO VOU MORRER ANTES DA PARTE DO SEXO! SERIA ATÉ PECADO AIUEHAUIEAHUIEAHEIUAHEUIAEHUAIEIAHEAHIUEAIHUEHUIEAHIUEAIUHEA
Obrigada Nah, Lívia, Eugênio e Jaque! Vocês são uns fofos por comentarem, sério *-*
É bom saber que tem gente lendo e gostando disso aqui *u*
Btw.. Calma.
Jaque: O signo da Amber é câncer, igual o da betalimda <33 HEHE Q Ela inclusive faz aniversário dia 17 de Julho, dia do aniversário da beta (semtesó QQ)
É porque as duas são um anjo pra mim HE
Eu vou postar mais sobre ela nos personagens depois (LP Girls e tals Q eu esqueci de por ela lá, desculpa D: )
Lívia: MEU DEUS, VOCÊ É TÃO LOUCA COMO A LILY, COMOASSIM? VOCÊ DEVE SER LEGAL ENTÃO *U*
Nah: posto os meninos no meio da semana, ok? *-* Prometo!
Os meninos e outros personagens randons, que não são tão importantes, mas vão aparecer.
Obrigada, gente *-* Por tudo e tals.
O capítulo dois eu posto bem rápido também, prometo!
Beijo, queijo e presunto. Amo vocês <333
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