Prólogo



                                        


Geri Miles, aula de História, 20 de Novembro de 2007.


- Marlene – sussurrei o nome dela – Marleneeeeee.


- Oi, oi. Eu.


- O que resolveu do negócio lá?


- A diretora disse que não rola de abrir exceção, porque é contra as regras do colégio. Mas no jogo ela disse que rola de deixar você entrar, mas no máximo você, porque não deixar você entrar no time é suicídio esportivo.


- Merda – bufei.


Me deixar sozinha em campo com um monte de perna de pau não ajuda. Eu posso ser boa o quanto for, mas não sei jogar sozinha com a maioria dos times que a gente vai competir. Vou conversar com o Nate depois, ver se ele consegue alguma coisa pra mim.


- Gente – ouvi a Emmeline nos chamar, e achei isso muito estranho. Todo mundo sabe que a aula preferida dela é a de História, é tipo a paixão da vida dela. – Eu tô com um pressentimento terrível. Cadê a Amber? Precisava tanto falar com ela.


- É, somos duas – eu falei. – Acho que vou ligar pra ela aqui. Marlene, me dá cobertura.

Peguei o celular, abaixei a cabeça e fingi estar descansando enquanto ligava pra loirinha.


- Caixa postal.


- Vai ver acabou a bateria. Liga pra casa dela – Marlene sugeriu.


É uma boa idéia mesmo. Lá vou eu.


- Nada. Ninguém atende.


A cara que a Emmy tá fazendo não é nada legal. É uma cara do tipo “Oh-Deus-Isso-Só-Pode-Significar-Uma-Coisa:-Tragédia”, sabe? Que pelo menos ela não esteja certa.


- Miles? A senhorita está dormindo? – oh Deus, que perseguição.


- Não, professora. – falei calmamente. Ando aprendendo a controlar minha raiva, a Amber conversou comigo sobre isso faz uns dias. Segundo ela é importante que eu seja o mais calma possível, vai entender.


- Com licença, Sra. Carsmell, vou precisar de algumas alunas suas por uns instantes – a diretora apareceu de repente, sem nem a cerimônia que costuma fazer quando passa nas salas. Ela parecia meio aflita. – Miles, Vance e McKinnon, podem me acompanhar, por favor?


Nós três nos levantamos e fomos até a diretora. Antes pedimos licença a professora e essas coisas. Acredita que as LP’s TODAS (menos a Amber) foram convocadas? É bem estranho isso, mas vai ver ela só quer falar sobre... não sei.


- Aconteceu alguma coisa? – a Emmy perguntou. Já falei que ela tá tremendo?


- Prefiro falar sobre isso na minha sala, me acompanhem meninas – a diretora também não parecia muito longe de pirar.


Lá fomos todas nós até a sala da diretora. A Emmy sentou em uma das duas cadeiras que ficam na frente da mesa da diretora, e do lado dela sentou a Lina, como que por precaução. No sofá que fica lá atrás sentou o resto das meninas, com exceção da Mary, Lily e eu. As mais fortes ficam em pé, é 8).


- Bom, meninas, o que eu vou falar agora é bem sério. Tentem lidar com a notícia da melhor forma possível, sim? – nós (vulgo Lina) acenamos com a cabeça e ela continuou – A amiga de vocês, Amber Proux, como vocês sabem, tem problemas de saúde sérios que a impedem de se submeter a uma cirurgia para acabar com a doença dela. Mas esta noite ela teve – a diretora pareceu parar um pouco, foi quando todas nós percebemos que tinha algo realmente errado – que fazer uma cirurgia. E houve várias complicações durante a cirurgia, o que fez com ela não resistisse e... – mais uma vez ela respirou fundo pra dar a notícia que todas nós não queríamos escutar – falecesse.


Emmeline à uma hora dessas já estava entre seus piores soluços, e Lina já tentava acalmar ela de todas as maneiras possíveis. Ninguém mais estava desfalecendo que nem ela, mas todo mundo tava num estado que eu não sei nomear. É uma coisa inclusive difícil de explicar. Você começa a escutar aquela música triste no fundo, o mundo meio que para e você ignora a existência das outras pessoas, só pra assimilar meio que a notícia mais triste que você já recebeu, e pra tentar acreditar em uma coisa que não entra na sua cabeça.


Eu não sei se é assim como todo mundo, mas pode acreditar que pra mim tá sendo desse jeitinho. E eu não sei o que fazer. Se eu choro, se eu começo a rir, porque isso parece mais uma brincadeira, se eu corro até a casa da Amber só pra confirmar que ela tá lá, se eu vou pra minha casa e não saio de lá até alguém me dizer que tudo não passou de uma pegadinha.


Acho que o melhor a fazer é ir pro hospital, como a diretora tá sugerindo. Se é que eu tô escutando direito o que ela tá dizendo. Sei lá, isso é muito difícil de acreditar. Isso é realmente difícil de acreditar.

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KELLY MCKENZIE MEMORY


Ah, como eu senti falta desse colégio (não). Não vejo a hora de me acabar em cima de livros, a sétima série deve ser tão divertida (não). E olha que legal, eu fui a primeira a chegar, isso torna tudo ainda tão mais... legal (não).


Quer saber? Vou dormir. Logo deve chegar alguém, creio eu.

E bem quando eu estava tentando fazer isso uma menina esquisita e baixinha com cara de neném faz aquele som esquisito e chato com a garganta.


- Com licença – ela sorriu – Bom dia, eu sou Amber. É porque eu não sei como as coisas funcionam aqui... Eu posso sentar aonde eu quiser ou tem lugar marcado?


Eu pensei em mandar ela ir se foder, dizer pra ela que tinha lugar marcado e depois mandar ela ir se foder porque eu queria dormir, mas alguma coisa me fez analisar a áurea daquela menina antes. E cara, não me arrependo nada disso.


- Bom dia, Amber – eu abri um sorriso ainda maior do que o dela – Eu sou Kelly. E não querida, pode se sentar aonde você quiser. Aliás, senta aqui – eu apontei a cadeira em frente a minha.


- Obrigada – ela deu um sorrisinho agora bem mais tímido.


- Você é nova no colégio?


- Sim.


- O que te fez mudar pra cá? – eu tava tentando puxar assunto. Eu sei, isso me assusta também.


- Ah, eu tive umas complicações no meu último colégio...


- Foi expulsa? – acho que meus olhos estão brilhando, porque ela meio que deu uma risadinha.


- Não, não. Ela meio que não queria me colocar na sétima, daí eu conversei com a diretora daqui e ela pareceu mais... flexível.


- Como assim ela não queria te colocar na sétima? Você tava em qual série?


- Quinta.


- NÃO ACREDITO – e eu realmente não acredito! Essa menina humilha a DORC!


- Mas isso não quer dizer que eu seja uma super nerd ou qualquer coisa assim – ela parecia com medo de que eu me assustasse.


Bom, até eu teria medo de que eu me assustasse, sabe? No lugar dela. Eu começo super empolgada com a probabilidade dela ser uma delinqüente que foi expulsa, e acabo descobrindo que ela é totalmente o contrário e foi adiantada duas séries. É assustador. Mas isso não muda o fato de que eu gosto dela e que a áurea dela é a coisa mais linda que eu já vi. 


- Ah, relaxa. Eu gosto de você ainda – eu ri e ela deu um sorrisinho – Mas vou fazer questão de te apresentar pra uma colega minha depois, e você vai fingir que é uma super nerd, tá? Ela vai chorar! – eu ri ainda mais só imaginando a cara da Dorcas.


Amber deu o primeiro sorriso sincero, tipo aquele sorriso de quem tá realmente sorrindo e não só “sorrindo”, sabe? E caaaaaaaaaaaaaaaaara, como ela é fofa!


Era a primeira vez que eu via aquele sorriso e já estava completamente apaixonada.

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Geri Miles
, ônibus, 20 de Novembro de 2007.


Estamos todas num ônibus indo pro hospital onde a Amber se encontra. A diretora ofereceu carona pra gente, mas como não cabia todo mundo no carro, a gente achou melhor não se separar e ir de ônibus mesmo. Nós todas temos ticket de um dia inteiro de qualquer forma, não foi um problema.


- Geri – Marlene me chamou, ela tá do meu lado – Você acredita nisso?


- Não, Lene – eu sussurrei e abracei ela.


A Lina foi com a Emmy pra tentar fazer ela ficar calma, o que parecia impossível, já que a gente tava indo pra um hospital, e é importante que ela não faça um escândalo lá. O resto das meninas se dividiu aleatoriamente, só que tentando pensar num equilíbrio. Tipo a Lily e a Dorc que também tão bem histéricas, elas não podiam sentar juntas, seria um caos, daí alguém mais calmo senta com elas.


- Droga, eu me sinto tão mal – eu falei – É como se eu tivesse indo pro inferno.


- Eu sei – Marlene respondeu baixinho – Eu sinto a mesma coisa.

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MARLENE MCKINNON MEMORY


- Eu nem acredito que os professores já estão falando em prova – eu disse enquanto carregava minha bandeja em direção à mesa que a gente sempre senta – As aulas começaram tem quatro dias!


- Eu sei, parece loucura – a Evans, que foi andando comigo, concordou.


A gente chegou e já tava todo mundo lá, inclusive a menininha nova, a Amber. Ela é muito fofa!


- Bom dia, Marlene – Sirius que disse, me olhando com um sorriso sarcástico.


- Bom dia, Black – eu meio que fiz questão de não olhar na cara dele.


Eu tento parecer indiferente, sabe? Isso é complicado.


- Então, tão pensando em fazer alguma coisa hoje à tarde? Hoje é sexta – a Kelly falou.


- É mesmo! Rola muito da gente ir pra casa do Sirius jogar poker, né? – Lily olhou pro Sirius com uma carinha de “Por favoooooooor?”


- A única coisa que rola aqui é você, sua bola – ele riu. Só ele e o James e quase todo mundo, mas sinceramente, qual é a graça? – Brincadeira Lils, rola sim.


- Ah bom, quase fiquei magoada de verdade, Black. Pensei que você tivesse insinuando que EU tô GORDA – ela respondeu entrando na brincadeira.


- Mas você tá meio gordinha mesmo - ele falou.


Isso não vai dar certo.


- Calúnia, meu amor, o Sirius não tem gosto pra mulher – James piscou pra Lily que só mostrou a língua pra ele.


- Isso é verdade – eu tive que concordar. Vai dizer que não é? Já viu a namorada atual dele? – É só olhar pra vítima da vez e perceber. Não é muito difícil não, ele faz questão de divulgar esse mau gosto pra todo mundo.


- Sinto cheiro de ciúmes – ele respondeu.


Ouvi a Lily bufar algo do tipo “Começou”.


- Não sente não.


- Pode admitir, McKinnon. Você tá se mordendo – ele ainda tá com o sorriso sarcástico. MEU DEUS, EU ODEIO O SIRIUS.


- Eu só disse o que já é óbvio pra todo mundo dessa mesa, Sirius: sua namorada é magrela, feia e despeitada. Para de inventar.


- Encontrei um paradoxo no seu discurso – ele ainda tá com o sorriso e eu estou ficando nervosa, HE – Nenhuma namorada de Sirius Black é magrela, feia ou despeitada. Pra me namorar tem que ser linda gostosa e ter moral.


- Gostosa e linda sou eu, Sirius. Sua namorada não é isso nem aqui, nem na puta que pariu.


- Se eu achasse você linda e gostosa, McKinnon, eu estaria namorando você, não ela – ele piscou pra mim – Mas tudo bem, você me convenceu: deixo você limpar minha piscina. Sábado, dez da manhã.


E eu ODEIO esse maldito sorriso!


- Que bom que a sua opinião não me importa, né? – tentei parecer indiferente.


Na verdade tô tentando parecer indiferente desde que isso começou, mas acho que é impossível.


- Previsível e clichê – ele fez pouco caso.


QUER SABER? TOMAR NO CU, não preciso agüentar isso.


- Com licença – eu me levantei, peguei minha bandeja e fui me sentar na primeira mesa que eu vi. E olha só, estou na mesa perto do banheiro. Droga. Minha vida social, minha dignidade, meu coração. O que mais o Black quer roubar de mim?


- Marlene – ouço a voz do James – Quer me explicar o que foi aquilo?


- Pergunta seu melhor amiguinho do coração, James. Ele que me provocou.


- O que a gente conversou sobre nunca demonstrar ciúmes?


- James – ele olhou pra mim – VAZA!


Odeio o Potter, odeio quando ele tem razão, odeio todo mundo.


E epa! Ele não me respondeu. James me escutando? Não. Sabia que isso era impossível. A Amber que pediu pra tomar conta da situação. Amber? Ela me conhece tem quatro dias! Ou melhor: ela nem me conhece!


- Eu sei que não sou a melhor pessoa pra situação, mas eu gostei muito de você, Lene. E como eu simplesmente sei que nós vamos nos tornar grandes amigas eu vim ajudar, ou tentar.


Mexi a cabeça como quem diz “prossiga”. Não custa ouvir o que ela tem a dizer, custa?


- É meio óbvio que você tem ciúmes do Sirius, e pelo que eu percebi, é porque você gosta bastante dele. E eu sei que deve ser difícil essa situação e tudo mais, mas ele é homem, Lene, com o tempo ele aceita que gosta de você tanto quanto você gosta dele, ou até mais. Porque você sabe, ele faz isso tudo pra se auto-afirmar perante você, a sociedade e principalmente ele mesmo.


- Eu não gosto do Sirius, Amber. E muito menos ele de mim – mentira. Eu amo o Sirius, merda.


- Gosta sim. E ele provavelmente mais de você. É só você dar uma chance pra ele, chance e tempo.


- Como é? – não acredito no que eu estou ouvindo.


- Dá uma chance pra ele mudar, de novo. Isso não é nem de longe impossível como você pensa.  


- Amber, você é só uma criança, não faz nem idéia do que tá falando. E aliás, não sabe nada de MIM, nada do Black, nada de NADA.


- Tudo bem então – ela se levantou – Desculpa, Lene. E eu tava meio certa, sabe? Nós com certeza vamos ser grandes amigas – ela sorriu.


DROGA! Eu ainda gritei com aquela menina. Vou me arrepender disso mais tarde.


Mas caramba, como ela sabia de tudo aquilo?

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Geri Miles
, sala de espera, 20 de Novembro de 2007.


Assim que a gente chegou, a diretora teve um ataque de tontura. E eu comecei a ficar nervosa, o que significava que talvez a ficha estivesse quase caindo pra mim. Ou não. Mas eu estava nervosa, de fato. E pra piorar, tinha um menino de uns cinco anos chorando. Pelo menos a Lina decidiu que vai falar com o médico, o que quer dizer que nós vamos ficar muito menos tempo esperando, já que ela é boa como ninguém em convencer pessoas.


Cara, que menino irritante. Que vontade de socar a cara dele!


- Geri? – ouvi a Mary me chamar.


- Que é? – respondi grossa.


- Eu sei que o menino deve estar te irritando, mas tenta permanecer calma, tá? Ele deve ter no máximo uns cinco anos, coitado.


- Foda-se – bufei – Tá me irritando. Me irritando muito.


- É – ela suspirou – Precisamos urgentemente resolver isso em você. Toda vez que você fica triste você começa a descarregar as coisas em forma de violência. Chorar é bem mais prático, tá vendo o menino?


- Não me enche – reclamei e tentei me concentrar em alguma coisa que não o menino.


Mas não dá. Simplesmente não dá.


Levantei e fui até onde o menino estava sentado com a mãe. 


- Com licença – eu sorri pra mulher – É seu? – apontei pro menino. 


- Sim – ela sorriu de volta.


- Quantos aninhos?


- Ah, cinco recém feitos, por quê? – ela parecia bem simpática agora. Ah oh, simpática de cu é rola!


- Por nada, só faz esse moleque calar a porra da boca, ou eu juro que vou socar a cabeça dele no lugar de onde ele nem devia ter saído cinco anos atrás!


Pronto. A mulher se levantou como quem tá assustada e tentou sentar o mais longe possível. Mas o menino, aparentemente com medo de mim, já tinha ficado calado. Ah, coitadinho.

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MARY ROAD MEMORY


Eu tô tão incrivelmente mal hoje. Não é que eu goste do Luke... É só que, por mais que a gente tenha decidido que ia manter as coisas debaixo dos tapetes por enquanto, ele não olhar na minha cara é frio demais. Eu me sinto mal. Sei que não devia, só pelo que a Miles me diz às vezes, mas mesmo assim, não consigo evitar.  


- Mary? – a Amber me chamou – Você tá bem?


- Ah, tô sim. É besteira – sorri pra ela e decidi pegar meu iPod.


- Tudo bem, eu descubro depois – ela sorriu também e puxou um fone pra si – Vai escutar o quê?


- Music Of The Night. Quer?


- Quero! Com certeza. Eu amo O Fantasma da Ópera. Amo musicais! Já falei? – os olhinhos dela brilhavam.


- Não que eu me lembre – me virei pra ela – Totalmente amo musicais também. Eles são tão...


- Mágicos! Se eu pudesse viveria em um musical. Eu consigo achar uma música pra cada momento.


- Que tipo de musical seria sua vida?


- Uhm... – ela pareceu pensar – Eu acho que um musical tipo Grease. Por mais que musicais do tipo “nenhuma-fala-só-cantoria” me agradem, eu acho que musiquinhas fofas e bobas iguais às de Grease são mais meu estilo. E músicas só em alguns momentos também.


- É, eu entendo. Eu também escolheria um musical tipo Grease se pudesse.


A gente decidiu parar de conversar pra escutar a música e cantar juntas. É tão divertido. Divertido estar com a Amber. Ela já me deixa mais alegre só por falar comigo por cinco minutos.


Mas felicidade de pobre dura pouco (não que eu realmente seja pobre), você sabe. O Luke se sentou atrás de mim no ônibus que levaria a sétima e a oitava para o clube. Do lado dele se sentou o Brad, um menino esquisito que eu sei que a Miles pegou na quinta série. Ele parece todo favelado, não vou muito com a cara dele não. Mas nunca conversei com ele, não posso falar nada. Ele nunca foi da minha sala, apesar de eu ter certeza que ele é da mesma série que eu.


Tirei o fone pra escutar o que eles estavam conversando.


- Você viu a Hannah, velho? – ouvi o Luke perguntar.


- Vi. Gostosa pra caralho – Brad confirmou – E te dando muito mole.


- Notei isso também – ele deu uma risadinha.


- Vai pro ataque, mano. Vai pro ataque.


- É comigo mesmo – Luke riu de novo e eu parei de escutar.


Logo a Hannah? Que desgraça de menina também. Ela tá em todo lugar, o tempo todo. E que cu de menino. A gente não tava junto?


Foi quando eu percebi que a Amber tava me encarando.


- O Luke? – ela sussurrou o mais baixo que pode, e eu só consegui realmente entender porque é fácil entender o nome Luke em leitura labial.


- Não, nada a ver – fui colocar o fone de volta no ouvido quando ela o puxou.


- Para – ela balançou a cabeça negativamente – Primeiro que você é bem melhor que a Hannah. Segundo que se você gosta e tá com ele, deve tomar conta. Desistir só por causa de um comentário pequeno é ridículo, Mary. Vai pro ataque – ela olhou pra trás e depois voltou a olhar pra mim – Olha... Homens são fáceis de lidar com – abriu a mochila e um sorriso – Quer um pirulito?


Sem pensar pornografia, tá? Ela realmente tá me oferecendo um pirulito.


- Você é louca? – aceitei o pirulito sabor melancia.


- Não. Ou sou. Não sei – ela sorriu ainda mais – Vem, levanta aí – ela me obrigou a ficar ajoelhada no banco de forma que todo mundo de trás, inclusive e principalmente o Luke, pudesse me ver. Tava todo mundo conversando, então não pareceu tão suspeito. 


E o que ela espera que eu faça? Comece a implorar pelo amor dele? Comece a seduzir ele? Esse não é o tipo de coisa que eu faço. Eu sou discreta.


- Quer que eu faça por você, Road? – ela sussurrou no meu ouvido depois de uns cinco minutos – Não tem segredo. Eu te dei uma arma, usa ela – ela se afastou e falou alguma coisa pro Sirius que riu.


- Você é virgem, Amber? Porque me parece experiente demais – brinquei.


Ela só riu e me mandou fazer logo o que eu tinha que fazer. Eu tô me sentindo como se devesse. Até porque eu quero. Eu quero provar que eu sou melhor do que a Hannah e quero que ele me escolha ao invés dela. Mas esse não é o tipo de coisa que eu faço. Não costuma valer a pena minha descrição. E eu sei que as meninas não vão aprovar muito.


Se bem que elas nem vão ligar, contanto que eu garanta que o Luke não é mais do que uma pegadinha à toa. Ele não é o tipo de cara pra eu querer algo mais sério. Não mesmo.


Percebi que ele tava olhando pra mim e decidi obedecer as ordens da Amber. Usei aquele pirulito da melhor forma que eu pude. Sinceramente? Tô me sentindo a própria... Hannah. Que nojo.
Mas a Amber tá rindo. E eu sei que é porque deu certo. Claro que deu certo. Alguma coisa do que ela diz dá errado?  


Joguei meus cabelos pro lado e levantei pra ir no banheiro. Não sem antes cair no colo do Luke e pedir desculpa. Pude ver que ele levantou logo depois que eu me pus de pé de novo e me seguiu.
Eu vou mesmo acabar com a minha discrição e pegar ele no banheiro do ônibus?


- Luke? – ouvi a voz da maldita chamar pelo nome do meu peguete – Vem cá, querido. Senta aqui – ela apontou pra cadeira que, do nada, tava vazia, do lado dela.


Ele parecia bem disposto a ir, então eu puxei a mão dele e olhei pra ela antes de falar qualquer coisa.


- Sabe o que é, querida? Ele tá ocupado agora. Procura outra pessoa pra te distrair – e arrastei ele pro banheiro comigo.


Ele tá me olhando como quem diz “O que foi isso? Você não era a discreta?”


- Foda-se. Quero você, Daves – falei e beijei ele.


E Amber, obrigada. Mesmo.


O que mais me assusta é que ela sabia exatamente no que isso ia dar.

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Geri Miles, uma segunda sala de espera, 20 de Novembro de 2007.


Não consigo escutar o que a Lina tá falando com o médico, só sei que ela tá falando com ele. E tá resolvendo o nosso problema, que é o seguinte: não podemos ver o corpo da Amber, que ainda tá aqui. Isso tudo porque os pais dela tiveram que ir resolver rápido o enterro e chamar pessoas pra cuidar de tudo, e foram agora a pouco.


- Não sei se posso lhe ajudar, senhorita Killer. Tente entender, é bastante complicado – o médico disse.


Sei porque como a voz dele é grossa, de vez em quando eu consigo entender uma coisa ou outra. Mas a Lina fala terrivelmente baixo quando quer.


- Dorcas – cutuquei ela – O que a Lina tá dizendo?


- Não sei. Não consigo escutar.


- Faz leitura labial – sugeri.


- Não. Não sou boa nisso – ela voltou a focar no que quer que seja que ela tava focada antes.


- Qual é, Meadowes!


- Relaxa, tá Miles? Logo ela volta e você pergunta – ela levantou e foi no banheiro, acho que pegar papel toalha.


Se foder todo mundo também. Que povo chato. Que situação irritante. Por que esse médico não simplesmente deixa a gente entrar e pronto? Não é como se a gente fosse roubar o corpo da menina ou qualquer coisa assim.

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DORCAS MEADOWES MEMORY


Tenho fobia de elevador, caramba. Porque essa coisa demora tanto pra subir? Porque a Jane mora no último andar de um prédio com mais de 15 andares? Pra quê tanto andar? Porque morar num lugar tão alto? Onde subir de escada mataria qualquer cidadão?


E o pior é que eu estou sozinha dentro dessa coisa de elevador.


Ok. Falta três. Dois. Um. CHEGUEI. Abre, abre, abre!


Sai correndo de dentro daquele cubinho fechado pronto pra cair. Preciso saber se eu tenho fobia de elevador, ou claustrofobia. Talvez os dois. Odeio a sensação de estar fechada lá dentro daquela caixa, e de saber que estou longe do chão. Tá legal. Tenho medo de altura. É. Eu lembro de quando eu tava na terceira série, e a Sally me mandou pular do trampolim do clube. Culpa dela, tá vendo? Eu fiquei com trauma depois disso. Aquele trampolim era realmente alto e assustador. Credo... Fico arrepiada e com medo só de lembrar.


Sou uma criança com traumas, comofas?


Assim que entrei no apartamento ouvi as risadas da Amber e sua voz linda gritando “Para, Lils!”. Aposto que a Lily tá judiando dela ou qualquer coisa assim. É tão a cara daquela ruiva cruel e maligna ficar chantageando a Amber com cosquinha!


- Oi meninas, oi anjo – cumprimentei todo mundo assim que cheguei na sala.


- Oi Dó – a Amber me disse com um sorrisinho enquanto escapava das garras da Lily e vinha pra trás de mim.


- Oi Miadinhos – a Jane gritou e logo o telefone começou a tocar – Espera, vou atender, deve ser o John!


- Já?! – Emmy reclamou.


- Deixa ela ser feliz, Vance – falei me jogando no sofá.


Esperamos a Jane falar com o John no telefone (leia-se: ficamos 40 minutos, contados no relógio, sentadas nos sofás, bocejando. E só não durou mais porque a Emmy apelou e foi mandar ela desligar), esperamos ela trocar de roupa, esperamos ela dar um beijo na foto do John, passar o perfume preferido do John, colocar o colar que o John deu pra ela, passar o gloss que o John ama, prender o cabelo do jeito que o John gosta, dar um beijo no bichinho que o John deu pra ela, dar mais um beijo na foto dele, e enfim saímos daquele lugar.


- Precisamos passar na Lils antes – Marlene disse assim que a gente tava na porta do prédio.


- CARALHO – Emmeline gritou – Vocês demoram demais. Tô quase desistindo.


- Emmy – a Amber chegou perto dela – Eu vou lá rapidinho com a Lils e a Dó, enquanto isso vocês podem ir pro bar perto da casa do Sirius encontrar com a Kelly e a Mary lá. Prometo pra você que a gente vai bem rápido mesmo!


- Tudo bem – ela respirou fundo – Melhor a gente ir indo na frente mesmo. A Kelly deve tá uma fera!


- Eu sei – Amber riu baixinho – Vai lá. Você vem com a gente, né Dó?


CLARO QUE VOU! CONSIGO NEGAR ALGUMA COISA PRA ESSA CARA FOFA?


- Vou sim – balancei a cabeça afirmativamente umas cinco vezes, bem rápido.


Então de repente minha mãozinha foi arrastada pela mãozinha fofa da Amber, que era arrastada pela mãozinha branquela da Lils, e nós entramos no táxi. Em minutos a gente já tava no prédio da Lily.


E que lindo é o prédio da Lily. Só tem sete andares e ela não mora na cobertura, mora no PRIMEIRO ANDAR! Posso subir de escada, isso é tão lindo.


- Esperem aqui que eu vou e volto em um segundo – Lily disse e entrou correndo no apartamento.


Eu sentei na escada e a Amber sentou do meu lado.


- Dó – ela olhou pra mim – Posso te perguntar uma coisa?


CLARO QUE PODE! ATÉ PARECE QUE EU NÃO RESPONDERIA ALGUMA COISA PRA ESSA CARA FOFA!


- Pode sim – fiz a mesma coisa com a cabeça que tinha feito há alguns minutos.


- Por que você não conta pras meninas que canta e toca?


- Porque eu não canto, nem toco.


- Canta sim. Toca sim.


- Não canto não, nem toco. Eu tento, mas sou ruim nisso.


- Ruim? Você tem a voz mais linda que eu já ouvi. E toca piano melhor que o Elton John!


- Até parece – eu ri – E quando você me ouviu cantando?


- Um dia aí – ela sorriu – Não muda de assunto! Você precisa contar. E precisa entrar no festival de bandas do colégio assim que estiver no ensino médio. Sério. 


- Sem chance. Sou tímida e ruim demais pra isso.


- Para! Você não é ruim, não mesmo. Vou te provar que não sou só eu que acho isso. Hoje você vai cantar com o James, nem que eu tenha que te arrastar pra isso. E timidez eu te ajudo a superar. Preciso trabalhar nisso de qualquer forma.


- Isso não vai dar certo, Amber...


- Mas Dó, sério, você precisa mostrar pro mundo a pessoa maravilhosa que você é. Você é a pessoa mais inteligente que eu já vi, e ninguém sabe de metade dessa inteligência. Tem a voz mais linda que eu já ouvi, e ninguém nunca escutou ela. Toca como se o piano fosse seu melhor amigo, e ninguém nunca te ouviu tocar.


- Isso é fofo, Amber. E eu nem tenho palavras pra dizer o quanto é importante pra mim saber que você acha isso tudo de mim, mas não dá. Eu não sou assim.


- Passa a ser! Dá uma de louca hoje, se solta. Não é tão difícil, vai. Eu posso fazer isso com você, se você disser que faz comigo. Temos um acordo?


CLARO QUE TEMOS! COMO EU NEGO ALGUMA COISA PRA ESSA CARA FOFA?


- Tá, tá – eu não balancei a cabeça dessa vez – Mas se isso der errado, vou te bater.


- Tudo bem.


AMBER LICHTENFELD PROUX, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO COMIGO? Isso é lavagem cerebral! Daqui a pouco ela vai estar me mandando fazer mil bonequinhos de voodoo pra que o plano dela possa acontecer de forma perfeita e implacável, e eu já vou estar com meu cérebro tão voltado pras ordens dela, que vou obedecer sem nem pensar duas vezes! Que horror!


- Promete não me mandar fazer bonequinhos de voodoo?


- Oi? – ela riu.


- Promete? – implorei.


- Prometo, prometo! – ela disse rápido, ainda rindo.


- Qual é a piada? – Lily disse fechando a porta.


- A Dó acha que eu sou um robozinho do mal que quer fazer lavagem cerebral nela primeiro pra depois mandar ela fazer bonequinhos de voodoo pro meu plano maquiavélico dar certo.


- HEI! Para de ler minha mente, seu anjo do mal! – eu berrei pra ela.


- Você só é previsível, Dó – ela apertou meu nariz e foi dançando até o hall de entrada.


Nesse exato momento o vizinho gato ex-namorado da irmã da Lily tava passando. Cutuquei a Amber, dando a entender o plano do mal do momento, MWA HAHA.


- I WANNA GET IN TROUBLE, I’M GONNA START A FIGHT! – nós começamos a cantar do nada.


Lily ficou vermelha da cor do cabelo e cumprimentou o vizinho, depois olhou pra gente com cara bem feia.


- Por que os ataques esquisitos de vocês duas tem que ser na frente dos meus vizinhos maravilhosos?


- Porque a gente gosta de implicar com você – eu falei.


- Mas a gente te ama, Lils – a Amber deu um beijo na bochecha dela e a gente saiu dançando do prédio dela pra entrar no táxi.


Depois de uns minutos a Amber comentou com a Lily sobre eu cantar com o James hoje, e a Lily ficou super surpresa porque nem sabia que eu canto. Ninguém sabe. Só sabem que eu tenho um piano em casa, mas nunca me ouviram tocar também. Se alguém me tacar tomate, vou bater na Amber!


Não queria correr esse risco, mas a cara da Amber te convence de qualquer coisa. Fazer o que, né? Vamos mostrar a Dorcas Meadowes pro mundo então, na fé! Na pior das hipóteses eu mudo pra Patagônia e começo uma vida nova me chamando Marilyn Johnson (?).


Só queria saber como ela sabia que isso tudo seria um dia tão importante.

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Geri Miles
, quarto número 567, 20 de Novembro de 2007.


Essa é a coisa mais difícil que eu já fiz. Acho que é quase impossível algum dia eu passar por algo pior. Porque não é como se eu esperasse ou estivesse preparada pra isso. Ela tinha nos contado antes da doença e as outras doenças menos importantes, mas nunca passou pela minha cabeça a hipótese de que isso podia realmente acontecer. Ver a Amber deitada nessa cama, sem vida... É como se um pedaço, ou melhor, metade de mim tivesse morrendo também.


O que eu posso dizer? Ela foi o maior anjo que eu já conheci. Eu nunca nem acreditei que ela era de verdade. Ela sempre soube de tudo; ela conseguia adivinhar, ou já sabia mesmo, as coisas que iriam acontecer, e ainda nos deixou pistas de coisas que vão acontecer daqui pra frente. Ela entendia qualquer coisa sem a gente precisar nem mesmo explicar, ou às vezes até quando a gente fazia um grande sacrifício pra esconder. Ela conseguia, ela sempre conseguiu tudo. Não dava pra esconder nada da Amber. Não dava pra não gostar e amar a Amber, e achar ela a pessoa perfeita.


Ela era perfeita. Ela era um anjo, literalmente. Acho que é impossível expressar o quanto me desespera saber que ela não vai acordar. Se bem que ao mesmo tempo, isso tudo parece só um pesadelo. Não dá pra entender, muito menos aceitar. É uma realidade distante.


A Amber? Morta? Não. Definitivamente não é nem uma realidade pra mim.

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ANGELINA KILLER MEMORY


Hoje não é um dia muito bom. Como eu sei disso? Eu acordei de mau humor, e isso acontece raríssimas vezes... Não pode ser um bom sinal. Nunca é.


Acho melhor chamar alguém tipo a Amber pra vir aqui e ver um filme comigo. Ficar sozinha em casa sem nada pra fazer não melhora humor de ninguém. É. É exatamente isso que eu vou fazer.


- Amber? – perguntei assim que ela atendeu ao telefone – Quer vir pra cá ver um filme comigo? Não acredito – ri ao ouvir ela me contar que estava na porta da minha casa – Sobe então. Vou abrir, calma.


Fui até o interfone e abri o portão da casa pra ela poder entrar. Ela subiu rapidinho e eu percebi que estava chovendo: ela tava igual um pinto molhado.


- Oi Angel – ela me abraçou.


- Oi Amb. Merlin, você tá ensopada – eu ri – Quer uma roupa emprestada?


- Só se for aquele seu vestidinho de coalas! Ele é muito fofo – os olhinhos dela brilharam.


- Pode ser – puxei ela pro meu quarto e entreguei o vestido.


Enquanto ela trocava de roupa eu notei que a Amber tinha quase mais peito do que eu. COMO ASSIM?


- COMO ASSIM? – gritei pra ela fazendo cara de cu – Você tem mais peito que eu, sua ridícula! Você é dois anos mais nova, que injusto.


- Eu não tenho mais peito que você – ela mostrou língua – Pode parar de reclamar, tá?


- ISSO É MUITO INJUSTO – fingi estar deprimida e me joguei na cama.


- Sua bunda ainda é três vezes a minha – ela deitou em cima de mim – Isso sim é injusto!


Fiquei um tempo em silêncio e então ataquei ela de cócegas.


- ISSO NÃO VALE ANGEL, VOCÊ ME ENGANOU – ela se jogou no chão e depois saiu correndo.


- VOCÊ QUE FOI BOBA DE TER ACREDITADO QUE EU TAVA DEPRIMIDA POR PEITOS – sai correndo atrás dela.


- COMO EU PODIA SABER? – ela fez uma cara de “D:” e se escondeu na cozinha.


- Amber, abre a porta – eu ri – Não vou te deixar escapar.


- Então não vou te contar minha mais nova novidade – ela disse do outro lado da porta.


- Conta.


- Não. Só se você prometer uma trégua.


- Tudo bem – suspirei. Não sou curiosa, mas eu tô cansada também, de qualquer forma – Agora sai daí e conta.


- Promete?


- Prometo – eu disse e ela logo saiu da cozinha e se sentou no sofá.


- Senta aqui então – ela sorria.


- Diga.


- Você é a primeira a saber, tá? Não conta pras meninas, eu quero fazer isso depois.


- Fala logo, Amb! Eu tô começando a ficar curiosa – eu ri.


- O Nate – ela fez uma pausa e ficou de frente pra mim; seus olhos brilhavam como nunca – Ficou comigo hoje.


- COMO ASSIM? – eu berrei com um sorriso que fazia minha bochecha doer. Não consigo acreditar!


- Pois é – ela parecia a menina mais apaixonada do mundo – Eu tava conversando com ele, e ele tava me contando uns problemas com umas meninas. Foi quando ele virou pra mim e disse “Queria que te namorar não fosse pedofilia” e riu e depois disse “Você é tão mais fácil de lidar”.


- E você? E você?


- Eu falei pra ele que tecnicamente não era pedofilia, mas que também eu não recomendava pra ele perder tempo me namorando, enquanto ele tinha tanta coisa pra aproveitar e tudo mais. Ele foi lá e virou pra mim e disse “Quanto você gosta de mim, Amber?”, e eu suspirei e disse “Muito. Acho que o suficiente pra abrir mão de ficar com você, pra você ficar com ela, ou caso eu esteja viva até lá, o suficiente pra esperar até você fazer uns 25 e decidir que cansou”.


- Calma – pedi – Ela quem?


- Não é óbvio, Angel?


- Não. Ela quem?


- A Miles – ela deu de ombros como quem não disse nada demais e voltou a contar a história – Aí ele falou “Eu não acho que seria uma perda de tempo então. Mas entendo que você também não queira”, e eu só sorri pra ele e falei “Sabe, Nate, mesmo que você não possa ser meu namorado, eu gostaria que fosse com você o meu primeiro beijo”. Mas eu tinha falado à toa, como quem fala qualquer coisa. Ele perguntou se eu esperaria até ele fazer 25 pra isso, e eu respondi que sim. Não seria tão difícil. Não é difícil não beijar na boca enquanto você ainda não fez isso. Ele me puxou então e me levou pro bosque, perto daquele pé de amora que eu amo, sabe?


- Sei – eu sorri e mandei ela continuar. Ela só parou pra respirar fundo e continuou.


- Aí ele pegou uma amora bem gordinha pra mim e me deu, e logo depois que eu comi a amora ele limpou minha bochecha – ela riu – que tava suja de amora, e pegou assim nas minhas costas e devagar me puxou pra perto dele, aí colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e me beijou.


- AH MEU DEUS – eu ameacei pirar.


- Foi tão lindo, tão bom! Quando a gente parou, o que não demorou meia hora como costuma demorar pra Jane, por exemplo, ele olhou pra mim e disse “É loirinha, eu namoraria com você sim” e depois riu, me abraçou e a gente foi saindo dali. O treinador chamou ele pra conversar, então ele me deu um selinho e disse que depois me ligava pra falar da festa de sábado, porque a gente tava combinando uns esquemas, daí eu tava indo pra casa pra ligar pra vocês e encontrei com aquela ex-namorada dele, sabe?


- Nãããão – murchei totalmente.


- Ela me disse coisas horríveis. Eu fiquei tão nervosa que comecei a chorar e então saí correndo. Como eu tava com raiva decidi te procurar e vim pra cá. Quando eu ia tocar o interfone, você ligou – ela riu.


- E como você tá? – eu odiava saber que alguém tinha feito a Amber chorar... Isso me deixava nervosa, cara. O que não é muito fácil.


- Eu tô melhor já. É tão bom poder falar com você. E revendo o que aconteceu, sei lá, parece tão bobo ter ficado nervosa por aquilo. Eu devia ter conversado com a menina e tentado ajudar ela, sabe? As coisas que ela disse foram só por ciúmes, e ela não tem culpa. Nenhuma mulher tem culpa de gostar de um cara que não gosta dela. É até triste saber que ela gosta tanto do Nate pra falar coisas como aquelas, sabendo que ele nunca vai gostar dela da mesma maneira.


- Não sei como você consegue – dei um suspiro.


- O que? Pensar coisas tão boas? – ela riu – Ah, Angel... Eu sou uma pessoa muito ruim, sabe? Vocês que me colocam num pedestal. Eu sou só um reflexo bem ruim de vocês. Me inspiro em você pra ter paciência, na Dó pra ser esforçada, na Emmy pra cuidar de todo mundo, na Sally pra proteger vocês, na Lils pra ser o mais fiel possível, por aí vai. Eu sou uma misturinha de vocês dez.


- Impossível, Amber.


- Impossível nada. Tô falando super sério. Eu no fundo sou uma pessoa tão ruim quanto qualquer um, ou até pior.


- Nunca – eu abracei ela rápido, nem entendendo porque fiz aquilo, mas eu queria. Eu me sentia tão triste – Você é a pessoa mais linda do mundo. Sério. Nós somos todas um pouco de você, porque é impossível ser igual a você. Ser tão boa quanto você, tão linda, tão fofa, tão perfeita. Então cada uma se inspira em você pra alguma coisa. Você sabe disso.


- Não é bem assim – eu pude ver que ela tava chorando. Mas era de felicidade: o sorriso lindo dela tava ali, me deixando ainda mais apaixonada pelo meu anjinho loiro.


- Nossa Amb! Te amo – abracei ela ainda mais forte e comecei a chorar litros (eu sou super dramática e emocional) – Obrigada, obrigada, obrigada! Quero tanto ter você comigo pelos próximos 255 anos, que você nem tem idéia!


- Te amo muito mais, Angel – ela me abraçou tão forte quanto eu tava abraçando ela – E se eu pudesse viveria pela eternidade com você, juro! O que eu mais tenho medo é de me tirarem de vocês cedo demais...


Eu ia perguntar o que ela queria dizer com aquilo depois, é.


Eu nunca soube como ela era capaz de tanto com tão pouco. Suspeito que ela seja realmente um anjo.

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Geri Miles, uma sala do hospital com TV, 20 de Novembro de 2007.


É simplesmente horrível ver a Emmeline nesse estado. Ela é a única em prantos, o que me leva a crer que é a única que aceitou o que aconteceu já. A Lina também deve ter aceitado, mas o sofrimento dela vem de outra forma. Dá pra ver olhando pra ela, pelas palavras que ela usa... Ela tá bem acabada também.


- Acho que a Emmy vai ter um ataque apoplético – Dorcas sussurrou pra mim – Tô ficando preocupada.


- E eu tô ficando com fome – Sally disse de mau humor.


- É... Eu também – Lily concordou. 


- Vamos no McDonald’s que tem aqui perto comprar comida – sugeri.


- Compra uns 10 “McLanche-Feliz” e traz pra cá, é melhor – Marlene falou.


- Quero um McGigante – Lily disse.


- Isso não existe, Evans – falei.


- Foda-se. Quero o maior.


- Tudo bem então. Quem vai lá? – perguntei – Eu preciso desesperadamente sair daqui e parar de ouvir os soluços e gritos aleatórios da Vance.


- Eu também – Sally concordou rapidamente.


- Acho que eu ir é uma boa idéia, considerando que tô ficando desesperada por não fazer nada – Dorcas deu um sorriso amarelo.


- Certo. Vocês três, cuidado com a minha comida – Lily cruzou os braços, encostou a cabeça na cadeira e fechou os olhos.


- Qualquer coisa liga – Marlene falou baixinho pra mim antes da gente sair e eu apenas afirmei com a cabeça.

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SALLY MCDONES MEMORY


A gente decidiu que ia na festa da Clair, uma menina esquisita da sala ao lado. Até aí tudo bem, festas são sempre legais, né? Era uma festa qualquer, pra auto-afirmação mesmo. Mas depois de um tempo lá, veio uma menina esquisita (que eu nunca vi na vida) encher o raio do saco. Lógico que deu um barraco dos grandes.


Mas o problema é que a menina, por mais ofendida que fosse ficando com as coisas que eu falava, e por mais que as coisas fossem calando a boca dela, ela continuava ofendendo a Amber. Única e exclusivamente a Amber. Ela não falou nada da gente, a não ser que a gente era um bando de “vadias loucas que só pensam em dinheiro, drogas e sexo, tudo pela convivência com a Amber”. E a Amber começou a chorar.


Nós decidimos então subir com ela pra um quarto que tem na casa da Clair, acho que o quarto dela, pra acalmar ela e coisas assim. E aqui estamos nós.


- Ah meu anjo – Emmy disse enquanto limpava o rosto da Amber – Não fica mal assim, ela não merece que você fique assim nunca! Ela é só uma vadiazinha invejosa.


- Eu só... Sejam sinceras, tá? – ela olhou pra cada uma de nós – Eu sujo tanto assim a imagem de vocês?


Eu caí na gargalhada, junto com todas as outras meninas. E depois a gente voou na Amber, lógico!


- Sua louca – Marlene gritou – Lógico que não! Você faz a nossa imagem, isso sim!


Amber riu e limpou o rosto de verdade.


- Obrigada, gente – ela disse daquele jeito fofo – Vou aproveitar o momento lindo, e contar umas histórias legais pra vocês.


- Histórias? – perguntei.


- É... Coisas que a minha mãe diz que são só lendas, mas eu acho bastante interessante. Tem umas onze histórias, sobre onze mulheres que lideraram os Litchenfeld Proux – ela riu – Esquisito, né? É porque assim, meus pais são primos. O casamento deles era uma coisa que foi feita antes deles nascerem ou coisa assim.


- Merlin, que pré-histórico! – Marlene falou.


- Concordo – Amber fez uma careta – Mas enfim, as histórias... 


Então ela contou as historinhas (bem assustadoras, na verdade) da família dela. Cada uma era sobre uma mulher mesmo, que tinha uma qualidade que a fazia proteger o “grupo”. Não sei... Bem esquisitas as histórias, mas bem legais também. Mais legais do que esquisitas. Amber se levantou, rindo da nossa cara, e foi se arrumar no banheiro pra gente poder descer pra festa de novo. Ou ir embora, tanto faz.


Assim que ela saiu a Dorcas virou pra gente com um sorriso de criança.


- Acabei de ter uma ótima idéia, e vai ser uma homenagem linda e grande pro nosso anjinho!


- Desembucha – Kelly falou.


- Vamos formar um grupo, e cada uma de nós vai ser uma das mulheres das histórias da Amb! E claro, aquela mais importante e mais foda, é ela.


- Que lindo! – Lily exclamou.


- Também acho – Marlene concordou – Mas precisamos de um nome.


- Algo tipo “As LP’s”, né? – falei.


- Mas com mais... classe. LP Girls – Miles sugeriu.


- Mas falta um tema – Jane completou.


- Bitching Class Hero – Mary disse rindo – Vai dizer que não é perfeito?


- Totalmente, Road! – Geri estava maravilhada – Bitching Class Hero então. Decidido?


- Decidido! – nós berramos juntas.


- Decidido? – Amber saiu do banheiro.


- Nada, meu anjo – Emmeline falou pra ela e piscou pra gente depois, discretamente.


Ficou bem claro que a gente só contaria da homenagem pra ela depois.


E a gente nem fazia idéia do que ia virar isso, mas aposto que a Amber já fazia. Ela sempre fez.

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Geri Miles
, McDonald’s, 20 de Novembro de 2007.


- A gente pede três agora – Dorcas foi falando enquanto a gente entrava no McDonald’s – e pega os outros depois. Senão o das meninas esfria, e é melhor a gente já comer aqui, pra adiantar o negócio.


- Tudo bem, eu peço – falei indo pro caixa – e pago – sorri pra elas. Sabia que elas tinham esquecido de trazer dinheiro ou qualquer assim, e eu sempre andava com meu cartão na calça – Moça, bom dia – ela retribuiu o sorriso – Quero três McLanches, por favor.


- Pra comer aqui?


- Sim.


Esperei ela me entregar os McLanches e fui com eles pra mesa onde as meninas já tinham sentado. Como as lembranças eram do CN, a gente decidiu pegar Johnny Bravo pra todas, pra Jane ter uma coleção.


Ficamos lá comendo sem falar muitas coisas por algum minutos. Eu tive uma sensação de vazio naquele momento, que eu nunca tinha sentido antes. Como se eu fosse incapaz por um momento de sentir qualquer coisa além do vazio; e esse vazio parecia ser a falta de alguma coisa, e essa falta me consumia por dentro. Eu tinha certeza que era o primeiro sinal de saudade da Amber. Logo eu estaria aos prantos, no meu travesseiro, chorando e perguntando por que logo a Amber tinha que ser tirada de nós. Eu acho que sim, pelo menos.


- Vou pedir os outros seis McLanches mais a promoção do maior sanduíche pra Lils. Já volto – falei pras meninas e voltei pra fila – Bom dia – disse mais uma vez à mesma mulher – Eu vou querer agora seis McLanches e uma promoção média do seu maior sanduíche. Pra levar, todos.


Lembrei do vício da Marlene por ketchup.


- Pode colocar pra mim uns 25 saches de ketchup mais ou menos, por favor? Tenho uma amiga viciada, e ela vai pirar se não tiver ketchup o suficiente pra ela depois que todo mundo pegar o seu – sorri.


- Claro – ela sorriu de volta.


Pelo menos ser rica serve pra alguma coisa. Você pode, sem se preocupar, gastar mais de 80 libras só em sanduíches retardados pras suas amigas, em uma só ida ao McDonald’s.
E Merlin, quanto Johnny Bravo tem aqui!

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JANE ZABINI MEMORY


Não acredito que eu fiz isso, cara. Me odeio pra sempre e sempre! O John vai querer terminar comigo depois disso, claro que vai. Quero me trancar nesse banheiro e nunca sair, que raiva.


Mas lá vem a Amber, toda de branco (?), preparada pra salvar o planeta.


- Não fala nada – pedi a ela assim que ela entrou no banheiro. Eu fechei a porta bem rápido – Por favor, não fala nada. Já tô me sentindo estúpida demais.


- Meu Deus Jane – ela sentou do meu lado – Você não foi estúpida nunca! Tanto é que o John tá lá fora igual um louco, doido pra saber que você tá bem.


- Ele não vai terminar comigo? – perguntei com um soluço.


- Lógico que não! Ele nunca vai terminar com você, Jane – ela sorriu pra mim – Eu vou te contar o que eu sei sobre vocês, pode?


- Pode.


- Sei que vocês foram feitos um pro outro. Que você não precisa ser o primeiro amor da vida dele pra ele ter certeza disso. Você é uma versão atualizada do primeiro e isso é o suficiente. Vocês vão namorar por muito tempo ainda. E eu não duvido nada que tenham um casal de gêmeos em dois anos ou qualquer coisa assim – ela riu – Sério! E ainda vão me fazer o favor de colocar o nome do meu casal preferido de Furuba, porque sabem que isso seria o máximo – piscou pra mim, fazendo graça.


- Ah Amb, até parece! Eu não pretendo ter filhos com 15 anos não, tá?


- É menina, pode ir se preparando desde já. Vejo também que ele só pensa em você. Que ele não entende o que tá acontecendo com ele, mas tá adorando a mudança que você provocou nele. E eu vejo em você a menininha mais boba e medrosa de todas, com medo de perder o cara mais lindo do mundo, depois do Nate – ela deu uma risadinha – só porque acha que não é melhor do que as piranhas que dão em cima dele.


- Você já viu a Lucy? E se eles tiverem mesmo um caso? Ela foi o primeiro grande amor da vida dele, você sabe.


- Ela gosta de você. E ela é um amor, Jane. É linda, é gostosa, é rica, é tudo de bom. Mas eu sou muito mais você. Tem uma coisa em você, que só tem em você. Eu não sei o que é, aposto que nem o John sabe, mas ele também vê isso. E isso deixa ele louco, completamente louco por você.


- Você é um anjo, sabia? – eu disse pra ela, com um humor bem melhor.


- Não sou não. Só sou uma amiga decente por não deixar você desperdiçar o amor da sua vida. 


- Como você pode ter tanta certeza, Amber?


- Tendo – ela deu de ombros – Eu sei o que eu vou deixar pra cada uma de vocês. Um pedacinho de mim em alguém. E não, não é o John. Mas como eu disse, em dois anos você conhece esse pedacinho. É os dois, aliás. Mas principalmente ela. A Kisa.


- Você é um anjo e uma ótima vidente – falei beijando a bochecha dela – Mas sem dúvida tá delirando agora. Não vou ser mãe tão cedo, tá? Prometo isso!


- Tudo bem então – ela fez pouco caso e se levantou – Vem. Vamos lá fora falar com seu namorado desesperado!


- Vamos! – meus olhinhos brilharam outra vez.


Filhos? Qual é! A Amber às vezes é bem louca. Acho que ela exagera só pra fazer a gente feliz.


E me diz agora: se essa menina não era um anjo era o quê? Macumbada, só pode!

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Geri Miles, a mesma sala de antes, 20 de Novembro de 2007.


- Não acredito que vocês vão me dar nove miniaturas do Johnny Bravo – Jane sorriu pra gente da melhor forma que pode – Que amor.


- Pra te alegrar um pouquinho – Dorcas deu um beijo na bochecha dela e se sentou do seu lado. Ela tava com os olhos bem vermelhos, e isso me deu muita dó.


- Caramba – Lily olhou pra sua promoção – Refrigerante médio? Vou engordar e ficar cheia de celulite. O Ja... Mike nunca vai me querer assim – brincou.


- O Mike nunca vai te querer de jeito nenhum, Evans. Tira o olho do meu irmão – Marlene falou sem nem tirar os olhos do hambúrguer que comia.


- Ih ó – Lily pegou o sanduíche e deu a primeira mordida.


Acho que se a gente espetar a Marlene vai sair ketchup de dentro dela. Ela come uns 6 saches com um hambúrguer minúsculo. Não sei como ela faz isso.


- Sua Potterníaca enrustida esquisita – sentei do lado da ruiva e peguei uma batatinha – Eu divido com você.


- Ah, obrigada, Miles. Mas não sei de onde você tirou isso de Potterníaca enrustida – ela continuou comendo.


O clima tá mudando aos poucos. Algumas pessoas já estão começando a cair na realidade, enquanto outras tipo eu, Lily e Marlene, por exemplo, estão meio longe disso. Emmeline não quer comer, nem Lina tá com muita fome. É a primeira prova de que elas estão enfrentando a terrível fase que vai me alcançar logo.

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LILY EVANS MEMORY


- Me conta seus segredos? – pedi pra Amber de repente, com os olhinhos brilhando.


- Que segredos, Lils?


- De ser assim, igual você.


- Não sei – ela riu – Não tem segredo.


- Ah, droga. Tudo bem, me conta alguma coisa que você sabe sobre mim então.


- Eu sei que você ama o James, me ama e ama suas amigas, mas ainda ama mais o James, e ama até o cachorro do Sirius – ela riu – Sei que você vai ser ótima em química – ela fingiu ver o futuro.


- Não vale! Isso eu já te falei – fiz um bico de pirraça.


- Tudo bem... O que você quer saber? Mamãe Diná conta pra você.


- Quero saber o que o futuro me aguarda, Diná.


- O futuro assim é muito vago, minha querida. Pergunte algo mais concreto – Amber imitava direitinho uma daquelas mulheres que vê o futuro das pessoas.


- Vou me casar com o James?


- Preciso mesmo responder? – acho que meu olhar deu a entender que sim – Claro que vai. Vai ter um filhinho lindo com ele depois também, que vai chamar Harry.


- É... Na falta de um namorado chamado Harry – ela sorriu pra mim enquanto eu dizia isso – Vai o filho mesmo!


- Sirius e Marlene vão ser os padrinhos do casamento.


- Que novidade!


Amber ria.


- Eu vou sentir falta disso – ela disse de repente.


- Como assim?


- Vou sentir falta de poder sentar e falar bobagens pra vocês.


- Não vai sentir de falta de nada, pois vai continuar fazendo isso por muito tempo e sabe disso!


- Tudo bem então – ela riu, me ironizando total – Acho legal que vocês acreditam que eu realmente sei o que vai acontecer.


- Porque você sabe. Você é foda – fiz um joinha pra ela.


- Não sou não, gente. Eu faço suposições, já que vocês são tão previsíveis. Tem poucas coisas que eu sei com certeza.


- Quer me contar uma delas?


Ela pareceu pensar.


- Quero... – ela disse receosa – Mas não agora – e riu.


- Ah Amber, larga mão de ser chata! – eu fiz a maior cara de pirracenta que pude.


- Tudo bem. Sabe de uma coisa que eu sei?


- Ahm?


- Você e a Petúnia vão se dar super bem um dia.


- Ah tá – eu comecei a rir.


Eu e a Petúnia? Nós nascemos pra nos odiar, velho.


- Sim, vocês vão. Você vai gostar dela e ser amiguinha linda dela. Acho que das LP’s a mais próxima dela vai ser a Marlene, porque você sabe, ela sempre fica próxima de todo mundo ao mesmo tempo, mais rápido do que qualquer um.


- Quer prever se ela vai ser feliz também? Pode me dizer que não vai, e eu juro que mantenho segredo – pedi de brincadeira.


- Ah... Ela vai. Mas eu não sinto que é por muito tempo não – Amber deu um sorriso amarelo.


Fiquei preocupada. Porque assim... Calma!


- Amber – olhei pra ela, séria – Você vê o futuro? 


- Não. Não é bem assim. Eu só... sei.


- E a Petúnia não vai ser feliz?


- Eu não sei – ela disse desesperada – Não posso garantir que ninguém vai ser feliz, Evans. Não sou Deus.


- Sei. Aposto que você pode garantir sim.


- Não posso não. Eu posso falar as coisas que eu sei que sei, que são as que me vem na cabeça do nada, como se fossem mensagens aleatórias, entende? E de coisas que eu tenho certeza, porque eu sei mais do que desse jeito, eu sei por eu mesma.


- Tipo o quê?


- Que você e o James vão ficar juntos um dia. Que a Marlene e o Sirius vão se entender. Que a Jane e o John não vão terminar e ele não vai trair ela. Coisas assim.


- Ah, mas isso até eu sei – falei pra ela – Quer dizer... Que a Marlene e o Sirius vão se entender.


- E você e o James também. E vai ser muito mais fácil que a Marlene e o Sirius, acredite.


- Não duvido. Eles complicam tanto as coisas – suspirei e falei depois de alguns minutos de silêncio - Eu queria saber como você faz isso.


- Eu não sei. Igual eu te disse, tem coisas que eu não posso garantir, eu só sei que sei, porque do nada isso tá na minha cabeça, como se eu sempre soubesse. Mas tem coisas que eu sei por mim mesma, eu posso ver e garantir; são as coisas óbvias que todo mundo sabe.


- Você é um anjo – meus olhinhos brilharam.


- Não sou não – ela riu do jeitinho fofo dela – Aliás, a gente tem um trabalho de política pra fazer, não tem?


- Mas a Dorcas precisa chegar pra gente ensaiar primeiro – droga! Que preguiça.


- Mas a gente já podia ir procurando umas imagens.


- Não! A Marlene e o Sirius falaram que cuidam dessa parte – fiz minha cara maquiavélica – Quero ver esses dois presos num quarto fazendo o trabalho sem se pegar!


- Você é má, Lils, muito má! – ela riu mais ainda.


- Até parece, tô ajudando os dois – MWA HAHAHA.


Mas sério, eles vão me agradecer depois. Claro que vão.


Não dá pra entender a presença dela e a energia que ela passa, não olhando nos olhos dela. Mas cara, só de lembrar... Ela é um anjo, não tem outra explicação.

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Geri Miles, casa da Lina, 20 de Novembro de 2007.


Todo mundo agora já tá mais perto do desespero do que nunca. Eu sinto que sou a mais atrasada... E parece que eu tô tão distante de aceitar a realidade. É impossível explicar como eu me sinto. O vazio tomou conta de mim por completo. Enquanto as meninas reclamam de sofrer, eu não tô triste, muito menos feliz. Eu não sinto nada. Absolutamente nada. Às vezes me vem umas imagens estranhas na cabeça, mas elas não me causam emoção nenhuma.


É um vazio assustador.

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EMMELINE VANCE MEMORY


- Tem que ser perfeito – falei pras meninas.


- Vai ser perfeito, Emmy, relaxa. – Miles sorriu pra mim – Eu vou falar com o cara das luzes e a Lina fala com o DJ. Quem fala com o Nate?


- Eu vou – Marlene propôs.


- Não. Eu vou – disse – Preciso ter a certeza de que pelo menos alguma coisa vai estar perfeita – e então eu desci as escadas.


Preciso achar o Nate no meio da multidão. O que não é muito difícil. Ele sempre fica na ala mais perto de onde saem as bebidas, junto dos meninos, e sempre é o grupo com mais meninas em volta.


- Nate – chamei ele assim que o vi – Vem cá – o puxei pra um canto mais silencioso da festa.


- Aconteceu alguma coisa? Como ela tá?


- Bem. Mas a gente não. Ela merece um momento pra compensar aquilo.


- E o que você quer que eu faça? Eu faço.


- Chama ela pra dançar assim que começar a tocar a música dela, pode ser?


Ele abriu um sorriso de 32 dentes: - Com certeza.


Pude ver que a Miles tinha conseguido convencer o cara das luzes. Não quero nem saber como. Ele apagou todas elas e mirou em onde a Amber estava. Dorcas tinha levado ela lá, mas depois sumiu, então ela tava com cara de “estou perdida”. Logo o Nate apareceu e a música começou. Todo mundo, principalmente todas as meninas que falaram todas as coisas da Amber, estavam olhando atentamente, prestando atenção no que tava pra acontecer.


Nate pediu ela pra dançar com ele, e ela aceitou. Com aquele sorriso fofo dela na cara. Aquele sorriso que faz você ter vontade de carregar o mundo nas mãos por ela. Que faz você ter certeza que daria sua vida pela dela.


Eles dançando é a coisa mais linda de se ver. Eles até parecem feitos um pro outro, apesar de ele me parecer muito “irmão” pra ela. Eles dançam, rodopiam, ele gira ela... Ela parece uma bonequinha. Ela parece muito uma bonequinha.


- Não é lindo? – Marlene, que tava mais perto de mim, perguntou.


- É mais do que lindo.  


- Ela é tão fofa. Cara, é possível amar ela o tanto que eu amo?


- É sim, Lene. É inacreditável, mas possível – sorri pra ela.


Ficamos lá, olhando os dois dançando até a música chegar na parte instrumental. Nate só ficou abraçado nela a partir daí. E no final ele disse pra ela, falando de maneira perfeita pra todo mundo entender: “Te amo, loirinha. Só você” e então ele beijou ela. Na testa, gente.


Mas claro que depois ele deu um selinho nela e ela deu um sorriso tão mais fofo do que nunca, que eles se beijaram de verdade. Nada que não tenham feito antes. Mas é, sinceramente, a cena mais linda que eu já vi. De repente começou uma música animada e eles mudaram a dança e pareciam irmãos de novo.


Acho que as meninas do colégio nunca odiaram tanto ela quanto agora. HAHAHA.


Era tudo uma mensagem tão óbvia, que eu fico de cara por saber que ela, desde aquela época, sabia de tudo.

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Geri Miles, cemitério, 21 de Novembro de 2007.


Eu ainda sinto o vazio. Mas não é tão completo agora. Um parte dele deixou a saudade entrar. Não é tristeza, é saudade. E as imagens continuam passando pela minha cabeça, e eu tenho a sensação de que são coisas que eu enxergo como se fosse a Amber, que vai ver ela tá vendo agora.


Nós decidimos ir cada uma com uma cor; era mais importante representar as LP’s do que estar de luto. A gente não poderia estar de luto. A Amber nunca nos perdoaria por ir de preto no velório dela. Todas as meninas estavam desoladas. Nenhuma delas parecia, além de mim, sentir apenas saudade. A mais perto disso era a Emmy, por incrível que pareça.


Cada uma começou com um texto, e por fim a Dorcas pegou o microfone e começou a cantar Because You Loved Me. Eu e as meninas fazíamos a segunda voz, mas era praticamente impossível continuar quando a Dorcas parou e se jogou de joelhos na grama, chorando como eu nunca vi ela chorar.


Meu Deus. A coisa mais cruel que você podia ter nos feito era isso; eu me pergunto se vou conseguir perdoar o que aconteceu um dia. Eu preciso, sei que é o que a Amber quer. Mas eu espero que ela me ajude, porque não é tão fácil assim. É tanta saudade.

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GERI MILES MEMORY


- Meninas – a Amber chamou – Eu preciso falar com vocês. Tem que ser agora.


- Mas meu anjo, tá todo mundo te esperando lá embaixo.


- Não me importo. Preciso falar agora, eu sei – ela parecia séria.


A gente decidiu que era melhor escutar o que ela tinha pra dizer. Não parecia brincadeira, na verdade não parecia nem coisa boa. Fiquei com um certo medo de escutar o que ela tinha pra dizer.


- Eu vou resumir – ela respirou fundo – Tenho uma doença passada pelo meu avô, que fez parte da guerra, e não posso fazer nada pra resolver ela porque tenho outras doenças que não me deixam ir pra uma cirurgia. Eu posso morrer a qualquer momento. E eu provavelmente vou. Eu não sou inteligente, não sou incrivelmente linda e feliz... Eu sou condenada – ela começou a chorar – Mas eu amo vocês. Eu amo muito e quero que vocês me perdoem por isso e continuem do meu lado, como se isso não existisse. Vocês me dão uma sensação de proteção tão grande, que é como se eu não tivesse mais nada, além de vocês. Por favor?


Dorcas foi a primeira a se jogar nela – totalmente dramática. Emmeline foi a segunda e por aí foi. Eu fiquei em pé esperando ela ser liberada e sorri pra ela, como se eu... entendesse. É estranho.


- Amber – Dorcas tentou falar entre os soluços – Você é a p-pessoa... m-mais...


- Linda do mundo – eu completei pra ela – E nada vai fazer a gente se afastar de você nunca.  


Ela sorriu pra gente e alguns minutos depois já tava tudo “bem”. Todo mundo queria esquecer aquilo e continuar a festa. Ela pediu pras meninas descerem pra que ela pudesse conversar comigo a sós.


- Eu não fiz nada de errado, fiz? – perguntei.


- Nunca – ela limpou os olhos e sorriu pra mim – Você só precisa saber, Geri. Saber que você sou eu, e que eu quero que você, quando alguma coisa me acontecer, viva aquilo que eu mais quis, por mim. Não julga as meninas nunca. Quero que você esteja sempre do lado daquela que estiver sozinha, mesmo que pra isso você seja a única do contra nas nove restantes. Que você seja indiferente, porque é o seu jeito de ser eu, e se mudar não vai ser você, vai ser a Lily. Quero que você cuide do Nate, quero que você, quando souber que é a hora, ame o Nate o mais forte que puder, porque é o que eu faço, e quero que isso continue com você.


- Por que você tá me falando essas coisas, Amber? Não consigo... Ser você? Não dá.


- Dá sim. Eu confio em você pra isso. Você vai ver, Geri, no dia que eu for embora, que é assim, não pode ser de outro jeito. Eu vou deixar a maior parte de mim com você, e espero do fundo do meu coração que você faça melhor do que eu fiz. Você não precisa entender agora, mas não esquece disso nunca. Por favor – ela me abraçou e eu abracei ela de volta.


- Te amo, Amber. Te amo muito.


- Eu sei. Eu também te amo. Você faz parte de mim e sabe disso – ficamos ali abraças por alguns minutos.


Se eu pudesse e soubesse, não teria largado ela nunca mais.


Mas como é? É, só sendo e pronto. Fazer o quê? Foi o que a Amber me disse e ela também me disse que sempre tem razão.

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Geri Miles, ruas de Londres, 21 de Novembro de 2007.


- Vai ficar tudo bem, não vai? – Dorcas perguntou e Lily mexeu a cabeça no sentido de também querer saber a resposta pra aquela pergunta.


- Claro que vai – Emmy disse já sorrindo – Ela vai estar sempre com a gente. Vocês sabem disso. Principalmente você, não é Miles? – ela me abraçou.


- É... Acho que sim.


E todo o vazio foi embora pra que tudo pudesse ser só saudade.

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AMBER LICHTENFELD PROUX MEMORIES


 A Kelly?


- Promete pra mim que vai usar seu dom com todas as pessoas, Kelly?


- Ah, você só pode estar brincando comigo!


- É sério. Quando eu deixar vocês, você tem que proteger as meninas espiritualmente, ou qualquer coisa assim. Só você pode saber quem é bom e quem não é só de olhar.


- Qualquer pessoa minimamente importante?


- Sim. E quando você ver um pedaço de mim nelas, me promete uma coisa – falei.


- O quê?


- Que você não vai contar pra ninguém, mas vai fazer de tudo pra que a pessoa que merece receber esse pedaço, receba. Porque vai vir pra cada uma de vocês, em alguém.


- Tudo bem – ela suspirou – Você parece doida, mas tudo bem.


A Marlene?


- Você sabe lidar com as pessoas, Lene. É um dom que muitos gostariam de ter, sabe?


- Não sei não. Eu me sinto extremamente insignificante perto das meninas às vezes. Não posso fazer nada por ninguém.


- Claro que pode. Você pode e vai. Você vai deixar elas, vai sempre ir. E o mais importante: sempre, sempre voltar. Você não é a mãe, mas você com certeza vai fazer elas enxergarem coisas mais do que importantes. E escreve. Você sabe como fazer isso, use isso pra falar sempre pra elas o quanto você ama, e ama muito aquelas dez cabeças ocas. Promete?


- Ah Amber, meu anjinho loiro – ela me agarrou e me deu um abraço sufocante – Obrigada!


- Promete? – perguntei baixinho e ela sorriu pra mim.


- Claro que eu prometo.


A Mary?


- Eu acho tão inacreditável você entender elas.


- Eu não entendo realmente – ela falou – Mas gosto de tentar.


- Promete pra mim que vai continuar sempre tentando? Só você pode fazer isso mesmo. E é uma coisa que eu gostaria de finalizar, mas sei que não vou.


- Ah, vai sim. Eu e você juntas – ela fez cosquinha em mim.


- AH MARY PARA – eu implorei – E PROMTE PRA MIM!


- PROMETO, AMBER – ela riu e fez ainda mais cosquinha. QUE TORTURA!


A Dorcas?


- Eu não consigo entender como você demorou tanto pra deixar alguém descobrir que você canta e toca assim. Você tem noção das coisas que você é capaz de passar pela música?


- Eu sei o que a música é capaz de fazer, e sei o que eu posso um dia fazer com ela – Dorcas se virou de frente pra mim.


- Meu Deus, você precisa enxergar que você é a alma das LP’s. A música é a alma, e você é a música.


- Não – ela sorriu fofa – Sou só a ponte.


- Não digo eu. Você é a música. Promete ignorar qualquer pensamento seu que diga o contrário, e cuidar das meninas quando eu me for?


- Acho mais fácil elas cuidarem de mim, mas prometo.


- Você sabe o que fazer, Dó. Você é a única que realmente sabe o que fazer sempre – sorri pra ela.


A Angelina?


- Acho que se não fosse por você as meninas já estariam na cadeia de menores uma hora dessas – eu ri.


- Todas elas eu não sei, mas a Emmy e a Kelly com certeza – ela também ria.


- Você tem que me prometer que nunca vai parar com isso. Você é a única que consegue tirar elas das enrascadas. Você precisa estar sempre ali, mesmo que custe um pouco de você às vezes, tá? Elas precisam, precisam muito de você.


- Ah, eu sei disso. Sei que preciso estar sempre ali, mesmo que custe um pouco ou muito de mim. É o que eu quero fazer. Elas podem até precisar de mim, mas eu preciso muito mais delas – sorriu pra mim. É tão fácil conversar com a Lina.


- Promete pra mim?


- Prometo – ela ainda sorria e agora eu sorria como ela.


A Sally?


- Você devia me ensinar a dar tiradas nas pessoas – falei brincando.


- Nunca! Você é bonitinha demais pra isso. Você tá mais pra Dorc – ela riu.


- É... Acho que sim. Mas então. Você não pode parar nunca de ser essa muralha que é pra elas, Sally. Você é uma barreira, e sabe disso. Promete pra mim que vai manter isso em mente?


- Claro que prometo – ela apertou meu nariz – Acha que vou perder os barracos que essas meninas vão me proporcionar?


- E você não é barraqueira então – eu ri.


- Não sou. Só... gosto de confrontos – ela piscou pra mim.


A Jane?


- Você sabe, Jane, que todo mundo foi feito pra ser infeliz? – falei de repente.


- Foi? – ela parecia não gostar daquilo.


- Foi. Mas é graças a pessoas como você – apertei as bochechas dela – Que algumas não são.


- Ah, eu sei. Eu sou foda – ela se sentiu total. Só faltou o óculos pra ela ficar igual o emoticon.


- Aham – ri um pouco – Promete que vai ser foda assim pra sempre, né? Elas precisam de você. Você protege elas de toda essa infelicidade.


- Claro dã. Mesmo que eu pegue a infelicidade, meu trabalho é ser foda pra sempre – ela continuava com a mesma cara de emoticon – Mas eu sou foda o suficiente pra ser foda pra mim também.


- Ah, tudo bem então, se você diz – fingi que não me importava e logo depois fui atacada. Todo mundo gosta de me atacar, que coisa!


A Lily?


- Você é simplesmente a pessoa mais fiel que eu já vi.


- Menos. Não sou nem de perto tão fiel quanto você.


- É sim. É muito mais. Você protege as meninas sem ter um dom, porque seu dom é proteger as meninas, é dar tudo de você pra elas, independente do que for. Promete que mesmo quando elas não ligarem ou estiverem esquisitas, você nunca vai parar?


- Nunca nunca! Prometo – ela parecia estar pronta pra dizer algo do tipo “ESTOU PRONTO CAPITÃO”, como na abertura de Bob Esponja.


A Emmeline?


- Qual é, você é a mãe delas!


- Gosto de ouvir isso.


- É bom que goste. Pois tem que me prometer fazer de tudo pra ouvir por muito mais tempo. Sempre cuidar delas, brigar com elas, colocar elas no eixo, ser a mamãe. Promete?


- Eu prometo, não é nem um sacrifício. Você sabe como eu amo ser a mamãe – ela riu.


- Sei. Sei bem – girei os olhos.


- Olha como você fala, mocinha! Mais respeito, tá? – brincou.


A Miles?


A Miles não precisaria me prometer, ela vai. Não é ela a maior parte de mim? Mas ela prometeu. Prometeu tudo que eu queria que prometesse.


O momento mais feliz com elas?


- Era pra ser uma surpresa... Acho que a gente falhou miseravelmente – Lily choramingou.


- Mas eu amei do mesmo jeito! Não acredito que vocês criaram mesmo um grupo – eu ri um pouco enquanto chorava – Vocês são tão maravilhosas!


- Nunca o tanto que você merece – Kelly falou no meu ouvido.


E de repente todas elas me carregavam e faziam a maior algazarra de todas. Elas eram tão felizes. E isso fazia de mim tão feliz.


O momento mais feliz com ele?


- Me desculpa – eu falei.


- Por quê?


- Não sei – abaixei minha cabeça. Era difícil pensar que ele estava decepcionado comigo.


- Olha pra mim – ele pediu, levantando minha cabeça devagar com as mãos – Eu amo você, velho. De verdade. Eu nunca amei ninguém desse jeito. Você é como uma irmã pra mim, a pessoa mais importante do meu mundo, e ao mesmo tempo, você sabe que eu casaria com você se pudesse. Qualquer hora.


- Você... – tentei começar, mas não consegui.


- Esperaria sim. O tempo que fosse, Amber.


- Obrigada, Nate – abracei ele bem forte pra nunca esquecer a sensação de conforto que me inundava com isso.

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Eu sabia que era a hora, mas eu no fundo, não queria ir. Mesmo estando preparada, tinha medo que elas sentissem minha falta tanto quanto eu ia sentir delas. Não queria deixar elas por nada desse mundo!


Mas eu preciso... “É cedo ou tarde demais pra dizer adeus?”. Eu amo vocês, meninas. Sempre amei, sempre vou amar. Independente de onde eu estiver; e eu vou estar olhando por vocês.

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LP Girls – Bitching Class Hero; Pra você, Amber, por você e com você.

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N/Evams(Betadelícia)
: tá. COMOASSIM. Meu copo da Coca-Cola tava cheio de Pepsi Twist (adoro uma concorrência saudável :D ), tá 90% água agora, E NEM TINHA GELO OK D:  PODE EXISTIR ALGUÉM MAIS MORDÍVEL QUE A AMBER? Ela é perfeita demais pra existir nessa dimensão vei, que nem aquele rio de chocolate da Fantástica Fábrica *9* E pra quem acompanhou a evolução do prólogo, tipo EU 8D, e os (deliciosos) leitores mais antigos 8D, dá pra sentir o drama da versão ‘final’ da Amber? *-* Ela foi ficando mais humana com o tempo, saca? E isso só torna ela mais sobre-humana ainda, meu Deeeus. As LPs são todas reais pra gente, mas por mais a caríssima autora e sua humilde beta-reader (HÁ) passem quinhentas mil horas discutindo a Amb em todos os ângulos e hipóteses imagináveis, ela continua sendo inatingível. Exatamente como um anjo deve ser, não? *-* E para os (deliciosos) novos leitores, bem-vindo ao marco zero das LP Girls :D E a historia tipo TINHA que começar aqui, porque as LPs realmente não eram nada antes da Lichtenfeld Proux, muito não-entendível como ela pôde fazer o sacrifício final pra tornar as 10 alguém! Pára, sou apaixonada por ela, eu dava pra ela toda hora e -SSS.


(e minha cena favorita é TOTALMENTE o flashback da Lina, COLÉ *-* Olha essa Amber tigresa do funk arrasando corações *-* Nunca esperava por isso, foi TÃO INSANAMENTE LINDO *________* )


Ok, calei a boca agora. Até o capítulo I a todos os navegantes, SEM EXCEÇÃO OU O PAU COME. Como eu disse uma vez, eu adoro o meu trabalho *-*


(e btw, Lily Evans não teria celulites NUNCA nesse Universo, ela é linda e gostosa naturalmente, conserta isso aí EHWAEHJIWEHIAHEOWAHEAIHWEOA)


N/MMcK(autoradelícia): OI GENTE *-*


Desculpem a demora do prólogo. Eu tipo, decidi reescrever ele e tals, porque o primeiro tava muito ruim QQQ. MAS ENFIM D:
OLHA MINHA BETA COMO É LINDA *-* EU AMO TANTO ELA, AMO SIM, 1BJ (mesmo ela sendo celulitosa, btw <3). E fala sério, a Evams tá totalmente certa! Ver as LP’s com vida, pra mim, é lindo. Eu não consigo não amar escrever e ler sobre elas, véi. É lindo!


E a Amber... Bom, ela não é NEM METADE PERFEITA DO QUE PARECE AÍ (L) É impossível escrever sobre a Amber, sabe? Ela tá além, véi. Amo ela, amo ela mais que tudo, e eu choro de verdade quando penso que nós fomos capazes de MATAR ELA D:
Mas era necessário, né.


ENFIM ;____________;
ESSE É O PRÓLOGO! AEAE


Não vou demorar a postar o primeiro capítulo não, já tá pronto e tals *-*
Vou só dar um tempinho pra vocês comentarem <3 Obrigada por quem tá comentando, aliás *-*
Vocês são fofos, sério mesmo. Vou responder os comentários, tá? *-*

Lívia
: AH, VOCÊ FOI A PRIMEIRA, QUE LIMDO *-*
POSTEI AEAE Foi até rápido [?] *-* E MEU DEUS, VOCÊ É AQUARIANA QUE NEM A EVAMS ;_______; VOCÊ É LOUCA QUE NEM ELA TAMBÉM? :D HE QQQQQ –N


N. Black: MEU DEUS, VOCÊ COMENTANDO AQUI OE Q
Você que escreve tão bem e *-* Continue lendo sim, por favor e D:


Eugênio: MEU DEUS, VOCÊ LEMBRA DA FIC? SEU LINDO *-*
OBRIGADA POR LEMBRAR, jurava que ninguém lembraria! <3


Jaqueline: EU SEI VÉI, eu amo a Mary também *-* Acho ela linda e foda e Q –SS


T. Evans: AAAAAAH D: Você é de capricórnio? E calma, alguém importante é de capricórnio, juro! Pra você ver, nem o meu signo tem entre as LP’s D: Eu sou de áries e tals. FALANDO NISSO, EU MÓ ESQUECI DA AMBER LÁ, NÉ? Vou fazer ela depois e.


Depois eu posto mais personagens também *-*
Tipo os meninos e blablá.


OBRIGADA GENTE, E ESPERO DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO QUE GOSTEM DO PRÓLOGO <3


p.s: é o único capítulo com música, tá? D: JURO D:
é porque não dá pra não por a música da Amber aqui <3333
[MENTIRA, SÓ VAI TER MUSICA QUANDO EU APRENDER COMO COLOCA D: A FLOREIOS COMPLICA TANTO AS COISAS, MEU JESUS D:]
[Mas eu ainda totalmente recomendo baixar a musica e escutar durante o capitulo, véi. Dear God - Avenged Sevenfold, ok?] ;*

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