Capítulo 11



"Hey, Belle", eu sorri, dando um tapinha firme no pescoço musculoso da minha égua. "Pronta pra se exercitar? Só mais algumas sessões de treino antes do show." Mas meu sorriso desapareceu rapidamente. A competição 4-H, que seria em apenas algumas semanas, pareceu uma boa idéia quando eu me inscrevi, mas agora eu estava sofrendo de um sério ataque de nervos.


Bem, era tarde demais para dar pra trás. Ou não?


Enquanto eu pegava as rédeas de Belle, tirando-as de um prego na parede, eu ouvi um caminhão estacionar fora do celeiro. Uma porta bateu, e eu olhei em direção à porta do celeiro para ver um estranho caminhando em minha direção.


Um homem atarracado usando um macacão sujo e segurando uma prancheta.


"Posso te ajudar?" Eu ofereci.


"Você conhece um..." Ele olhou para a prancheta. "Aqui." Ele estendeu a lista. "Eu não consigo dizer esse nome."


"Oh, não." Meu coração afundou. Eu nem precisava olhar. "Potter. O que ele fez agora? Ele pediu alguma coisa?"


"Sim. Ele precisa receber a entrega desse monstro que está chutando o meu trailer todo. Eu quero aquela coisa fora de lá agora."


"Monstro?"


"Você está procurando por mim?" Como se fosse uma dica da palavra monstro, Harry apareceu das sombras, aceitou a prancheta e uma caneta, e assinou.


"Eu espero que você saiba o que está fazendo," o entregador disse, balançando a cabeça.


"Oh, tenho certeza que sei."


Eu segui enquanto Harry e o homem saíam pela arena interna de treinos, indo até a porta. "Harry? O que você comprou?"


O entregador falou por cima do ombro, respondendo no lugar de Harry. "Seu amigo comprou um cavalo assassino. Essa coisa devia ser sacrificada."


"Harry?" Todos nós passamos pela porta do celeiro e chegamos à estrada de terra, onde eu vi um trailer para cavalos. Balançando. Sons de pancada estavam vindo lá de dentro.


"Você tira ela de lá, garoto", o homem insistiu. "Eu não vou tocar aquela coisa de novo."


Sem hesitação, Harry se aproximou da traseira do trailer, destravou, e abriu a porta.


"Um... Harry? Você devia entrar lá?"


"O garoto está morto", o entregador apontou.


Houve um som de luta, então eu ouvi a voz de Harry acalmando o animal, e ferraduras contra o metal. Então, silêncio. Um longo silêncio. E finalmente Harry apareceu, guiando um cavalo muito inquieto, muito poderoso. O cavalo mais negro que eu já havia visto. Ele devia ter uns dezenove palmos de altura.


Seus olhos reviravam selvagens, mostrando os dentes brancos na cara escura.


Eu me afastei enquanto ele passava, mas ele recuou.


"Calminha aí", Harry acalmou. Ele falou comigo, "Desculpa, ela está um pouco agitada."


O entregador foi embora, murmurando alguma coisa sobre crânios quebrados, e eu segui Harry, que estava persuadindo sua nova montaria a entrar nos estábulos. Bem ao lado de Belle.


"Eu quero que elas sejam vizinhas." Harry sorriu.


Foi minha vez de revirar os olhos. "Ótimo."


"Calma", Harry disse à égua quando ela bateu nos dedos dele. Ele agarrou o focinho dela com as mãos, lutando com ela enquanto prendia os cabrestos dela em ambos os lados do estábulo. Quando ela estava contida, ele a soltou, e ela deu uma última avançada nele, agarrando o antebraço dele com os dentes. "Droga!"


Ele balançou o braço.


Eu cerrei os dentes e cruzei os braços. "Você comprou um cavalo? Esse cavalo?"


"Sim", Harry disse, esfregando a mordida. "Eu lembro que há algum tempo atrás você disse - e eu cito - que nós 'não temos nada em comum.’ " Ele apontou o polegar na direção do seu cavalo infernal. "Isso é algo que podemos dividir. Uma atividade. Um jeito de passarmos tempo juntos."


"Você não vai entrar na competição 4-H", eu disse a ele.


"Minha jaqueta comemorativa do clube está sendo feita enquanto nos falamos."


Ele sorriu. "Eu estou muito ansioso para usar aquele corduroy azul. Você sabia que 'corduroy' significa 'tecido dos reis', certo? É apropriado, eu acho."


"Mas eu achei que você tinha meio que desistido..."


Harry fez uma careta, alisando o focinho da égua. Dessa vez ela se mexeu, mas não atacou. "Você achou que eu havia esquecido um pacto que eu fui preparado para honrar desde a minha infância, só porque eu tive que agüentar os avanços do garoto sem graça com você? Eu acho que não."


"Pare de chamá-lo de sem graça e pare de insinuar que ele é idiota. Jake é um cara muito legal."


"Legal. Essa é uma qualidade super estimada." Harry soltou um lado das cordas que prendiam sua égua, e ela ficou meio agitada. Ele deu um tapinha no pescoço da égua. "Legal não é super estimado?" Ele pausou, virando pra mim. "Como eu devo chamá-la?" Ele meditou. "Ela precisa de um nome, se eu vou entrar na categoria de saltos."


"Você não pode", eu tentei. "Eu vou competir nessa categoria."


"Eu sei. Eu achei que podíamos praticar juntos."


"Eu já disse, eu não quero a sua ajuda."


"Você não está com medo de um pouco de competição amigável, está?"


Eu bati o pé. Em parte porque, não, eu não queria competir com ele. Ele era um atleta nato. Um jogador Romeno premiado no pólo. Eu também não queria que ele começasse a andar pelo celeiro. "Eu te disse que não quero andar com você."


"Você está tendo uma reação completamente exagerada."


"Você é um estúpido... estúpido... vampiro! Você nunca me escuta. Eu te disse especificamente para nunca interferir nessa parte da minha vida. Nós vivemos juntos, vamos juntos para a escola... Esse é o único lugar que eu não tenho você me enchendo o tempo todo."


"Um vampiro?" Uma voz veio por trás de nós.


Uh-oh


Harry e eu nos viramos para ver uma Faith Crosse muito curiosa e meio divertida observando nossa discussão. Seus braços levemente bronzeados estavam cruzados sobre sua camiseta do acampamento de líderes de torcida, e seu rabo de cavalo loiro se movia, brilhando na luz fraca, enquanto ela inclinava a cabeça. "Você acabou de chamá-lo de vampiro?"


Eu gaguejei, lutando por uma explicação. "Ele... hoje ele está sugando a vida de mim", eu disse finalmente.


"Jessica é cheia de apelidos carinhosos para mim." Harry sorriu, sem se incomodar. Ele estendeu a mão. "Muito agradável te ver fora da sala de aula, Faith."


Oh, mano.


Faith pareceu um pouco surpresa, mas também estendeu a mão. "Urn... você também, Harry."


Harry não balançou a mão. Ele tocou os nós dos dedos dela com os lábios.


"Encantado, como sempre."


"Oh. Wow. Isso foi diferente." Faith retirou a mão, me notando, a garota dos estábulos, como se eu fosse um pensamento atrasado. "Hey, Jenn."


"É Jess."


"Certo." Mas a atenção de Faith havia mudado de novo, para o cavalo sem nome.


"Que linda égua. Eu vi você a trazendo para dentro. Mas ela parece perigosa."


Harry retirou a guia, liberando seu animal perigoso. "Eu descobri que cavalos, assim como as pessoas, são chatos se são totalmente domesticados. Eu prefiro um pouco de espírito." O animal mexeu a cabeça, mas Harry a acalmou.


"Calminha agora." Ele se dirigiu a Faith e a mim. "Ela foi maltratada, pobre animal. Infância desagradável."


"Desagradável?" Faith inclinou a cabeça.


"Nunca se aproxime dela com um chicote", Harry avisou. "Foi isso que o antigo dono sugeriu insistentemente. Aparentemente, o primeiro mestre dela tinha uma mão pesada."


Criada sob um chicote. Eu pensei na admissão que o próprio Harry fez sobre ter apanhado dos tios. Repetidamente. Eu me perguntei se ele havia escolhido a égua deliberadamente, por causa da conexão cruel que eles tinham. Me parecia algo que ele faria.


Faith e eu nos afastamos, nos desviando rapidamente, enquanto Harry guiava a égua para fora dos estábulos.


"Você não vai montá-la, vai?" Eu perguntei, incrédula.


Harry fez uma careta. "É isso que se faz com cavalos, correto?"


"Eu tenho uma sela de reserva", Faith ofereceu.


Eu encarei Faith. "Não! Você está falando sério?" Normalmente Faith não era o tipo de pessoa que tinha suas ordens questionadas, mas eu não conseguia acreditar que ela achava que Harry devia tentar montar na égua com olhos diabólicos e mandíbula inquieta.


"Harry, nem pense nisso."


"Oh, eu acho que ela não gostaria de uma sela", ele disse. "Ainda não. Primeiro eu vou deixar ela se acostumar a me carregar."


Eu balancei a cabeça. "Você vai se matar."


Harry me jogou um olhar conspiratório. "Você, entre todas as pessoas, devia saber que isso é improvável."


Sem maior hesitação, ele saltou no lado do cavalo e sentou em suas costas, com a mesma naturalidade que ele demonstrava nos lançamentos na quadra de basquete. A égua imediatamente relinchou e ficou impaciente, mas Harry fez jus à fama. Dentro de segundos, ele a controlou, e os dois - homem louco e animal louco - prosseguiram para o centro da arena, num galope brusco, mas controlado,


Harry guiando com os joelhos e com os cabrestos. A cada alguns passos, o cavalo relinchava ou se contorcia para beliscar as pernas de Harry. Mas os dois mantiveram uma parceria estável, perigosa. "Estaremos saltando em breve", Harry disse, sorrindo.


Ele estava conseguindo. Montando a égua mais malvada que eu já tinha visto.


Meu alívio durou pouco quando eu me dei conta do que a sobrevivência dele significava para mim. Quando chegasse a hora da competição 4-H, eu estaria competindo tanto com Faith Crosse tanto com um atleta Romeno num cavalo endemoniado.


Harry fez sua montaria trotar. Depois a fez marchar. Era meio dança, meio luta.


"Wow." Faith observou com apreciação. "Harry deve ter, tipo, algum tipo de mágica. Eu realmente achei que ele ia se matar."


"Dê tempo a ele", eu repliquei em voz baixa. "Só dê tempo a ele. Alguém ainda vai matá-lo."


 


_-_-_-_


 


“Obrigado por ganhar esse cachorro-quente de pelúcia” apertei o grande objeto que Jake havia ganhado lançando duas bolas de beisebol pela boca do palhaço. “tive um grande momento na festa.”


“Desculpe por não ter conseguido o urso.”


“Bem, o cachorro-quente é adorável. É diferente, sabe?”


Ficamos sentados na grande Chevy 4x4 de Jake, em frente à fazenda, tentando descobrir como damos a boa noite. Como esperado tenho que deixar a camionete neste momento? Ele sairia também?


“Eu já disse que você realmente ficou ótima nesse vestido?” Jake pergunta.


Ele não tinha dito, mas eu havia visto o olhar em seus olhos quando veio à minha porta para me buscar. A mesma admiração que havia visto nos olhos de Harry na boutique. Ao longo da noite, havia capitado os olhos de muitos garotos que me observavam. No começo eu tinha me sentido um pouco intimidada. Mas era fácil acostumar-se com aquele tipo de atenção.


“Eu gosto do seu cabelo assim também.” Adicionou Jake.


Virei um dos cachos que estavam fora do meu coque. Eu tinha feito tudo possível para imitar o efeito que Harry tinha alcançado apenas enrolando seus dedos em meu cabelo. “Obrigada.”


“Estou contente de ter me chamado para ir com você. Eu tive um ótimo


momento.”


Ele fez uma longa pausa.


“Eu acho que vou indo.” Eu disse finalmente, descansando minha mão na porta.


“Ah... uh, sim. Vou abrir a porta.” Jake desligou o motor e pulou vindo, para o meu lado. Ele abriu minha porta e eu tentei descer, quase caindo nos meus saltos.


“Merda!” Elegância, Jess.


Como eu tropecei, Jake me segurou, e de repente, estávamos muito próximos um do outro. Cara a cara.


Foi quando ele me beijou. Realmente me beijou. Seus lábios eram mais suaves do que eu esperava, e um pouco úmidos. Meus lábios se separaram ligeiramente, como eu havia visto na TV e em alguns filmes durante anos e anos. Parecia tão natural como aconteceu... O sentimento era elétrico, mas senti uma emoção de felicidade. Jake colocou os braços ao meu redor, um abraço como um urso. O abraço de um lutador. Jake acariciou minhas costas. Agradável. E isto, sem dúvida, melhoraria com a prática. Talvez eu pedisse emprestado a Mindy o artigo de ‘75 truques para deixá-lo louco.’


Jake se afastou primeiro. “Eu tenho que ir, ou quebrarei o toque de recolher. Eu ligo pra você, ok?”


Percebi que eu ainda amassava o brinquedo de pelúcia. “Sim, claro.”


Ele inclinou-se para me beijar de novo. Um ligeiro e doce beijo nos lábios. “Até mais tarde.”


.


“Tchau.” Fique ali de pé vendo como a camionete se afastava.


Quando as luzes traseiras da camionete tinham praticamente desaparecido na escuridão, caminhei em direção à varanda, enrolando a bainha do meu vestido até os joelhos. Meu primeiro beijo de verdade.


“Bem, como foi?”


A voz profunda que surgiu da escuridão me assustou, fazendo-me parar. Eu espiei pelas sombras. “Harry?”


“Estou bem aqui.”


Eu segui a voz até os degraus da varanda da frente, onde ele estava sentado nas sombras ao lado de uma fraca lanterna de abóbora. Cheguei mais perto. “Você estava me espionando.”


Harry me ofereceu uma tigela. “Estou no comando dos doces. Quer um pouco? Acho que sobraram todos de amendoim de soja. As crianças não estavam felizes com a seleção.”


Aceitei um pacote e me sentei a seu lado na escada. “Não conseguimos muitos doces-ou-travessuras por aqui. Ninguém vive acerca de uma milha.”


“Ah.” Harry deu de ombros. “Achava que era eu quem odiava os amendoins de soja.” Ele tirou o cachorro-quente de pelúcia de meus braços. “Seus pais não vão gostar disso na casa. Brinquedos de carne. O atarracado ganhou isto com alguma façanha de força física?” ele jogou a salsicha sobre o ombro, em uma cadeira na varanda.


Eu ignorei o insulto. “Você estava me esperando, não é verdade?”


Harry manteve o olhar fixo na escuridão. “Como foi?”


“Como foi o quê?”


“Ele te beijou. Como foi?”


Eu sorri, recordando. “Agradável.”


“Agradável?” Harry emitiu um bufar curto e irrisório. “Repito mais uma vez: Agradável é superestimado.”


“Por favor, não vá por aí.” Implorei. Não estrague isso.


“Quando você beijar a pessoa correta, será muito melhor do que agradável.” Murmurou Harry.


“Você não tem o direito de dizer isso.” Levantei-me para entrar, enrolando meu vestido. Ele não iria estragar este momento. Isso não aconteceria.


Para minha surpresa Harry abrandou-se. “Você tem razão. Isso foi rude. Não tinha o direito.” Deu um par de tapinhas na escada. “Por favor. Faça-me companhia.”


“Deveria ter ido à festa.” Lhe disse voltando a sentar.


Harry respirou profundamente, exalando. “Não havia nada ali para mim.”


“Havia muitos tipos de entretenimento. Havia jogos, e nós...”


“Alguma vez, por um minuto, olhou minha vida pela minha perspectiva?” Harry interrompeu- me, um pouco duro. “Você já pensou como poderia me sentir?” ele se virou para me encarar, seus olhos brilhavam sombriamente, como a lanterna de abóbora. “Você alguma vez olhou além de si mesma?”


.


“O quê? Você está... Sentindo saudades de casa ou algo assim?”


“Algo assim, sim.” O brilho reivindicou mais vida. “Pelo amor de Deus, vivo em uma garagem, longe de tudo o que já conheci. Fui enviado para cortejar uma mulher que me despreza a favor de um camponês.”


“Jake é um cara perfeitamente agradável, Harry.”


Harry bufou novamente. “Isso é o que você quer da vida? Agradável? Tudo deve ser agradável?”


“Agradável é... agradável.” Protestei.


Harry balançou a cabeça. “Oh, Hermione. Eu poderia ensinar-te tantas coisas tão além de agradável que dariam voltas em sua maravilhosa cabeça.”


Sua voz mudou de repente. Tornando-se mais baixa e mais gutural. Havia uma qualidade nele que eu nunca tinha percebido antes, mas instintivamente tinha reconhecido. Desejo. Um desejo nervoso, irritado, frustrado.


“Harry... talvez devêssemos entrar.”


Mas ele apenas se aproximou, falando mais suavemente, mesmo com aquela pitada de frustração mal reprimida. “Posso te mostrar coisas que te fariam esquecer tudo o que conheces aqui, em sua pequena e segura vida...”


Engoli profundamente. O que ele pode me mostrar? Que tipo de coisas não-agradáveis?


Eu quero saber?


Sim. Não. Talvez.


“Harry...”


“Hermione.” Inclinou-se ainda mais perto de mim, e descobri que ele respirava com força, como eu. Inalando o poder que ele sempre desprendia, compartilhando seu ar rarefeito. “Você nunca se perguntou por essa parte de você? A parte que é Hermione?”


“Hermione é apenas um nome...”


“Não. Hermione é uma pessoa. Uma parte de você.” Então, Harry acariciou minha bochecha, rastreando com o polegar, me encontrei fechando os olhos, hipnotizada, como se eu fosse uma cobra sob o feitiço de um encantador de serpentes. Sabia que deveria parar o que quer que esteja acontecendo, mas eu apenas fiquei sentada lá, hipnotizada.


“Essa outra metade de você. Aquela metade não se conformaria com


‘agradável’”, disse Lúcio suavemente. Ele segurou meu queixo, e eu podia sentir sua respiração em minha boca. Fria e próxima. “Finalmente eu vi, essa parte do seu ser, seu espírito, quando você colocou este vestido... Você está tão bonita nesse vestido. Ele transforma você...”


Meu vestido... Eu começava a desfrutar da sensação de poder quando os garotos tinham me olhado na festa. Mas com Harry, senti que o poder escapava do meu controle e estava em suas mãos. Ele tomou as rédeas com tanta segurança como fez com seu cavalo meio selvagem. Era apavorante. Lambi meus lábios, o estômago apertado com uma estranha mistura de fome, e repugnância e medo que eu tinha sentido na primeira vez em que ele havia mostrado aqueles dentes em seu quarto.


Ele faria isso de novo? Faria? Deveria?


“Hermione.” Seus lábios mal tocando os meus, e uma ânsia devastadora me atravessou, como a ânsia em meu sonho por aquele chocolate decadente, irresistível, proibido. Não... Tinha acabado de beijar Jake... Não quero querer Harry... Ele era tudo o que eu não queria. Ele pensava que era um maldito vampiro. Sentia-me como pouco a pouco ia me pressionando contra ele, senti minha mão levantar-se, contra minha vontade, para acariciar seu queixo, onde estava à cicatriz, um caminho irregular da pele lisa seguida da barba curta áspera.


Ele tinha crescido forte. Perigoso, inclusive?


Talvez?


O braço de Harry deslizou sobre minhas costas, e ele tocou meus lábios outra vez, com menos cuidado desta vez. Mesmo sua boca sendo dura. Mas eu queria provar mais. “Como isto, Hermione,” murmurou. “Isto é como deveria ser... não agradável...”


Ele tentava-me a querer mais. A imagem dele fechando o zíper do meu vestido, assegurando, conhecendo, nublando meu cérebro. Experiente... Minha mãe tinha me advertido. Não entre de cabeça, Jess...


Harry deslizou sua mão até meu pescoço, circulando minha nuca com seus dedos, seu polegar acariciando o cavado de minha garganta. “Deixe-me beijá-la, Hermione... realmente beijá-la... como você deve ser beijada.”


“Por favor, Harry...” eu estava implorando ou protestando?


“Você pertence a mim,” ele disse suavemente. “Com os de nossa espécie... sabe que é assim... Pare de lutar com isso... Pare de lutar comigo.


“Não!” Devo ter gritado muito alto, porque Harry se afastou bruscamente. “Não?” sua voz era incrédula, seus olhos cheios de choque e incerteza.


Minha boca se movia, mas nenhum som saia dela. Sim? Não? “Eu só... acabei de beijar o Jake,” finalmente balbuciei. “Há poucos minutos.” Não era errada a confusão de se envolver com dois caras na mesma noite? Isso não era um tipo de... Vadiagem? Que diabos me havia feito este vestido? E que coisa ele tinha dito sobre “nossa espécie...”


Não.


Harry puxou a mão de minha garganta e inclinou-se para as escadas, dobrando-se sobre si mesmo, cravando suas mãos em seus longos e negros cabelos, emitindo um som semelhante a um gemido, meio rosnado.


“Harry, eu lamento...”


“Não diga isso.”


“Mas eu lamento...” Embora não sabia por que eu lamentava. Por beijar Jake? Por quase beijar Harry? Por fazer-nos parar.


.


“Vá para dentro Jessica.” Harry ainda estava curvado sobre os joelhos, seus dedos alisando o cabelo. “Agora, por favor.”


E então a porta da frente se abriu. “Pensei ter ouvido vozes aqui fora.”, disse meu pai, tentando ignorar a óbvia tensão.


“Pai,” gritei, encontrando-me. “Acabo de chegar em casa. Harry e eu estávamos conversando.”


“Está ficando tarde,” disse papai colocando-me ao seu lado. “E Harry, acho que a oferta de doces ou travessuras acabou. Você provavelmente deveria ir para cama.”


“Certamente, senhor.” Harry ergueu-se lentamente e se levantou. Ele parecia cansado, quando ele entregou a tigela ao meu pai. “Feliz Halloween.”


“Sim, boa noite,” eu disse. Enquanto me deslizava para dentro, corri escada acima e arranquei aquele vestido, escondendo-o no fundo do meu armário.


Escovei meu cabelo até que eles caíssem em volta dos meus ombros. Tudo em seu lugar e normal. Após colocar uma camiseta e uma calça para dormir, olhei pela janela e contemplei a garagem. Mas a luz de Harry estava apagada. Ele já tinha ido para cama. Ou talvez tivesse saído para um passeio à noite.


Mamãe bateu em minha porta. “Jessica? Está tudo bem?”


“Tudo bem, mãe” eu menti.


“Você quer conversar?”


“Não.” Continuei observando a janela de Harry, eu não sei o que estava procurando. “Eu só quero ir dormir.”


“Bem, então... Boa noite, querida.”


Os passos de minha mãe se perderam pelo corredor e eu subi na cama, entrecerrando meus olhos. Eu não queria – não queria – topar com Harry na escuridão. Dado o modo de como eu o deixei, eu sinceramente temia que pudesse ser algo ‘não-agradável.’

***************
N/A: Desculpem a demora, tava enrrolada com os neg ócios do enem. =/

Comentem! =D

Bye ♥

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.