Capítulo 2
-Então em resumo foi muito lindo meu verão no campo. – Minha melhor amiga Melinda Sue Stankowicz assinalou, empurrando e abrindo a pesada porta de vidro para Woodrow Wilson High School. – Crianças nostálgicas, ervas daninhas, e grandes aranhas nos chuveiros.
-Isso soa como se um orientador fosse horrível – eu simpatizei quando nós entramos no familiar corredor, o qual cheirava a limpeza e cera fresca no chão. – Se isso ajudar, eu ganhei as últimas cinco pratas da camareira do jantar. Eu apenas continuei comendo minha torta toda vez que eu conseguia quebrar.
-Você parece bem. – Mindy mandou seu protesto. – Entretanto eu não estou certa sobre o seu cabelo...
-Hey! – eu protestei, alisando meus irregulares cachos, os quais pareciam estar se rebelando na umidade do verão atrasado. – Fique você sabendo que eu gastei uma hora com o cabeleireiro e esse “ungüento estranho” que me custaram uma semana de gorjetas... – eu arrastei, concluindo que Mindy estava distraída, não estava me ouvindo. Eu segui seu olhar pelo corredor até o armário.
-E falando em coisas legais – ela disse.
Jake Zinn, que vivia na fazendo perto da minha, estava lutando com sua nova combinação do armário. Esmagando o papel com a combinação em sua mão, ele girou a fechadura e bateu no armário. Uma camisa branca obviamente nova feita para seu bronzeado de verão parecer especialmente profundo. As mangas apertadas ao redor dos protuberantes bíceps.
-Jake está maravilhoso. – Mindy sussurrou quando nós nos aproximamos do meu vizinho. – Ele deve ter entrado na academia ou algo assim. E ele não está com reflexos?
-Ele arrastou fenos pesados todo verão no sol, Min – eu sussurrei de volta. – Ele não precisa de academia – ou reflexos em seu cabelo. – Jake deu uma olhada quando nós passamos, e sorriu quando ele me viu.
-Hey, Jess.
-Hey – eu respondi. Então minha mente ficou em branco.
Mindy replicou, prevendo um silêncio desconfortável.
-Parece que eles deram a combinação errada para você – ela destacou, Jake assinalou com a cabeça ainda com a fechadura fechada. – Você já tentou quebrá-la?
Jake ignorou a sugestão.
-Você não trabalhou a última noite, huh, Jess?
-Não, eu estava fazendo o jantar – eu disse. – Era apenas um trabalho de verão.
Jake olhou um pouco desapontado.
-Oh. Bem, eu pensei que eu teria que pegaria você depois da escola.
-Yeah. Eu tenho certeza que nós temos algumas aulas juntos. – Eu disse, sentindo minhas bochechas queimarem. – Até logo. – Eu arrastei Mindy ao longo do corredor.
-O que foi tudo aquilo? – ela exigiu quando nós estávamos fora do alcance auditivo. Ela olhou sobre o ombro para Jake.
Meu rosto começou a esquentar.
-O que era o que?
-Jake olhando todo triste porque se demitiu de fazer o jantar. Você ficou vermelha escarlate...
-Não foi nada – eu avisei a ela. – Ele veio algumas vezes perto do termino do meu turno e me deu carona até em casa. Nós saímos um pouco... E eu não estou vermelha.
-Sério? – o sorriso de Mindy era satisfeito. – Você e Jake, huh?
-Não foi um grande encontro – eu insisti. O brilho nos olhos de Mindy me disse que ela sabia que eu não estava sendo completamente honesta.
-Esse vai ser um ano muito interessante – ela proferiu.
-E falando em coisas interessantes... – eu comecei a dizer a minha melhor amiga sobre o estranho assustador na parada de ônibus. Mas no momento que eu pensei nele, os cabelos atrás do meu pescoço se arrepiaram, quase como quando eu estava o olhando.
“Hermione...”
A baixa e profunda voz ecoando no meu cérebro, como se estivesse lembrando de um pesadelo.
Eu esfreguei minha nuca. Talvez eu dissesse a história para Mindy depois. Ou talvez a coisa toda fosse apenas bobagem e eu nunca pensasse naquele cara de novo.
Era isso que provavelmente iria acontecer.
Já a sensação na espinha, não foi embora.
_____-_______-_______-_____
“Essa vai ser uma aula muito interessante", Sra. Wilhelm prometeu, tagarelando com entusiasmo enquanto entregava uma lista de leitura para a sala do Último ano de Literatura Inglesa: de Shakespeare à Stoker. "Vocês vão todos adorar os clássicos que eu escolhi. Se preparem para um ano de aventuras épicas, romances de parar o coração e confrontos de grandes exércitos. Tudo sem sair da Woodrow
Wilson High School."
Aparentemente nem todo mundo estava animado com os confrontos de exércitos e corações palpitantes como a Sra. Wilhelm, porque eu ouvi um monte de gemidos enquanto a lista de leitura circulava pela sala. Eu aceitei a minha cópia do meu perpétuo atormentador, Frank Dormand, que havia se jogado na cadeira a minha frente como uma enorme e nojenta bola de cuspe, e fiz uma rápida pesquisa. Oh, não. Ivanhoe, não. E Moby Dick. Quem tinha tempo pra Moby Dick? Esse devia ser o ano em que eu teria uma vida social. Sem mencionar.
Drácula... Por favor. Se havia uma coisa que eu odiava, era um conto de fadas assustador sem base na realidade ou na lógica. Esse era o território dos meus pais, e eu não tinha nenhum interesse de ir até lá.
Dando uma rápida olhada para Mindy através do corredor, eu também vi pânico em seus olhos, enquanto ela sussurrou, "O que 'uivantes' significa?"
"Não faço idéia", eu sussurrei de volta. "Nós vamos procurar."
"Eu também quero que vocês passem a demarcação de lugares", a Sra. Wilhelm continuou, fazendo ruídos com seus sapatos sensíveis. "A cadeira que vocês escolheram será seu acento demarcado pelo resto do ano. Eu vi alguns rostos novos por aqui, e eu quero conhecê-los o mais rápido possível, então não se mexam."
Eu me curvei no meu acento. Maravilha. Eu estava destinada a um ano inteiro dos comentários idiotas, mas maldosos de Frank Dormand, que era certo que ele soltaria toda vez que se virasse para devolver alguma coisa nas cadeiras de trás. E a lendária perua líder de torcida, Faith Crosse havia ficado com o acento logo atrás do meu.
Eu estava esmagada entre as duas pessoas mais desagradáveis da escola. Pelo menos Mindy estava ao meu lado. E - eu olhei para a minha esquerda – Jake havia encontrado uma cadeira perto da minha. Ele sorriu quando eu encontrei seus olhos. Podia ser pior, eu acho. Mas não muito.
Frank virou em sua cadeira para jogar a marcação de acentos para mim. "Aqui está, Packrat" (N/A: Espécie de roedor), ele zombou, usando o nome que tinha me dado no jardim da infância.
"Ponha isso na lista." É. Idiota e maldoso, exatamente como eu havia previsto. E só faltavam mais 180 dias de escola.
"Pelo menos eu sei soletrar meu nome", eu assobiei pra ele. Imbecil.
Dormand virou de novo, fazendo uma careta, e eu procurei na minha bolsa por uma caneta. No entanto, quando eu fui escrever meu nome, a ponta da minha caneta estava seca, provavelmente porque tinha ficado sem tampa dentro da minha bolsa o verão inteiro. Eu sacudi a caneta e tentei novamente. Nada.
Eu comecei a me virar para a esquerda, achando que talvez Jake pudesse me emprestar uma das suas canetas. No entanto, antes que eu pudesse pedir a ele, eu senti um tapinha no meu ombro direito. Agora não... Agora não...Eu considerei ignorar, mas o tapinha me atingiu levemente mais uma vez.
"Desculpe-me, mas você está precisando de um instrumento de escrita?"
A voz profunda com um incomum sotaque Europeu veio de trás de mim. Eu não tinha escolha a não ser me virar.
Não.
Era ele. O cara da parada de ônibus. Eu teria reconhecido aquela roupa estranha - o casaco longo, as botas - sem mencionar sua altura, em qualquer lugar. Só que dessa vez ele estava a apenas alguns centímetros de distância. Perto o suficiente para que eu visse seus olhos. Eles eram um tom escuro de verde, e me observavam com uma inteligência calma, e de certa forma enervante. Eu engoli seco, presa no meu acento.
Ele esteve na sala esse tempo todo? Se sim, como era possível que eu não tivesse reparado nele?
Talvez fosse porque ele estava sentado meio distante do resto de nós. Ou talvez fosse porque até mesmo o ar ao redor dele parecia escuro, a luz fluorescente que ficava diretamente acima da mesa dele ficava obscurecida. Mas era mais que isso. Era quase como se ele criasse a escuridão. Isso é ridículo, Jess... Ele é uma pessoa, não um buraco negro...
"Você necessita de um instrumento de escrita, sim?" Ele repetiu, esticando seu braço pelo corredor - um braço longo, musculoso - para me oferecer uma brilhante caneta dourada.
Não era uma daquelas Bics de plástico que a maioria usava. Uma caneta de ouro de verdade. Só pelo jeito que ela brilhava você podia dizer que era cara. Quando eu hesitei, um olhar de aborrecimento cruzou seu rosto aristocrático, e ele balançou a caneta pra mim. "Você reconhece uma caneta, não é? Esse é um instrumento familiar, sim?"
Eu não gostei do sarcasmo, ou de jeito que ele esbarrava comigo duas vezes em um só dia, e eu fiquei ali encarando, deito uma estúpida, até que Faith Crosse se inclinou para frente e me beliscou. Com força. "Assina logo essa lista, Jenn, ta legal?"
"Hey!" Eu alisei aquilo que se tornaria uma marca, desejando ter a coragem de mandar Faith ir se catar, tanto por me beliscar como por ter me chamado pelo nome errado. Mas a última pessoa que tinha mexido com Faith Crosse acabou sendo transferida para Santa Monica, para a escola Católica local. De tanto que Faith infernizou sua vida na Woodrow Wilson.
"Rápido, Jenn", Faith disparou de novo.
"Okay, okay." Me esticando relutantemente para o estranho, eu aceitei a caneta pesada da sua mão, e quando nossos dedos se tocaram, eu tive a sensação mais bizarra de todas. Como um deja vu se chocando com uma premonição. O passado colidindo com o futuro.
Então ele sorriu, revelando o conjunto mais perfeito de dentes certinhos e brancos que eu já tinha visto. Eles de fato brilhavam, como um conjunto de armas bem expostas.
Sobre ele, a luz fluorescente veio à vida por um segundo, piscando como um relâmpago.
Okay, isso foi esquisito.
Eu me virei de volta, e minha mão tremeu um pouco enquanto eu escrevia meu nome na lista de acentos. Eu estava estúpida por estar pirando. Ele era só outro estudante.
Obviamente um cara novo. Talvez ele vivesse em algum lugar perto da nossa fazenda. Ele provavelmente esteve esperando pelo ônibus, assim como eu, e de alguma forma não conseguiu pegá-lo. Sua aparição um tanto misteriosa na aula de Inglês - a alguns metros de mim - também provavelmente não era motivo para um alerta.
Eu olhei para Mindy pra ter sua opinião. Ela obviamente estava esperando para fazendo contato ocular. Com os olhos arregalados, ela jogou o dedão na direção do cara, fazendo um exagerado "Ele é tão gostoso!” com a boca.
Gostoso? "Você está louca", eu murmurei. Sim, o cara era tecnicamente bonito. Ele também era totalmente aterrorizante com seu sobretudo e suas botas e a habilidade de se materializar perto de mim, aparentemente saindo do nada.
"A lista agora", Faith rosnou pra mim.
"Aqui." Eu passei a lista de acentos por cima do meu ombro, ganhando um corte profundo, fino como uma lâmina, quando a impaciente Faith arrancou a folha da minha mão. "Ouch!"
Eu sacudi o dedo pulsante, sangrento, então enfiei na minha boca, sentindo o gosto de sal na minha língua, antes de me virar novamente para devolver a caneta. Quanto mais rápido melhor...
"Aqui. Obrigada."
O cara que gerava sua própria escuridão olhou para os meus dedos, e eu me dei conta de que estava pingando sangue em sua caneta cara. "Um, desculpa", eu disse, esfregando a caneta na minha perna, for falta de um lenço. Ugh. E essa mancha vai sair do meu jeans?
O olhar dele seguiu meus dedos, e eu pensei que talvez ele pudesse estar revoltado com o fato de eu estar sangrando. Ainda assim, eu podia jurar que tinha visto alguma coisa diferente de nojo naqueles olhos verdes...
E então ele passou a língua lentamente pelo lábio inferior.
Que diabos foi isso?
Jogando a caneta pra ele, eu virei na minha cadeira. Eu podia mudar de escola, como aquela garota que mexeu com a Faith. Vá para Santa Monica... Essa é a resposta. Não é tarde demais...
A lista de demarcação chegou de novo a Sra. Wilhelm, e ela leu os nomes, então olhou com um sorriso na direção da parte de trás da minha cadeira.
"Vamos tomar um momento para das às boas vindas ao nosso novo estudante estrangeiro de intercâmbio, Harry..." Com uma careta, ela voltou a olhar a lista.
"Po... tterrr. Eu disse corretamente?"
A maioria dos estudantes simplesmente teria dito, "É, que seja." Quer dizer, quem ligava de verdade para um nome?
Meu perseguidor matutino, ele ligava.
"Não", ele entonou. "Isso não está correto."
Atrás de mim eu ouvi uma cadeira fazendo ruído no chão, e então uma sombra brincou sobre meu ombro. Meu pescoço ficou arrepiado de novo.
"Oh." A Sra. Wilhelm parecia um tanto alarmada quando o adolescente alto com o casaco de veludo preto avançou no corredor até ela. Ela ergueu um dedo em alerta, como se fosse dizer para ele sentar, mas ele passou diretamente por ela.
Pegando um marcador que ficava logo embaixo do quadro branco, ele tirou a tampa com autoridade e escreveu a palavra Potter com uma letra fluida.
"Meu nome é Harry Potter", ele anunciou, apontando a palavra. "POtter. Ênfase na primeira sílaba, por favor."
Com as mãos presas nas costas, ele começou a caminhar, como se fosse um professor. Um por um, ele fez contato visual com todos os estudantes na sala, obviamente nos testando. Pela expressão na cara dele, de alguma forma eu senti que ele queria algo de nós.
"O nome Potter é reverenciado na Europa Ocidental", ele ensinou. "Um nome nobre." Ele parou de caminhar e me olhou nos olhos. "Um nome real."
Eu não fazia idéia do que ele estava falando.
"Isso não 'dá um toque', como vocês Americanos dizem?" Ele perguntou a sala em geral. Mas ele ainda estava me encarando.
Deus, os olhos dele eram verdes.
Eu me esquivei, olhando para Mindy, que de fato estava se abanando, totalmente inconsciente de mim. Era como se ela estivesse enfeitiçada. Todos estavam.
Ninguém estava se mexendo, nem sussurrando, nem fazendo rabiscos.
Quase contra a vontade, eu retornei minha atenção ao adolescente que tinha seqüestrado a aula de literatura Inglesa. Realmente era quase impossível não observá-lo. O cabelo meio longo, preto e brilhante de Harry Poter estava fora de contexto no Condado de Lebanon, na Pennsylvania, mas ele se encaixaria direitinho com os modelos Europeus das revistas Cosmopolitan de Mindy. Ele também era musculoso e bem estruturado como um modelo, com as maçãs do rosto altas, um nariz reto e um maxilar duro. E aqueles olhos...
Por que ele não parava de me encarar? "Você gostaria de nos contar algo sobre si mesmo?" A Sra. Wilhelm finalmente sugeriu.
Harry Potter deu meia volta nos calcanhares de suas botas para ficar de frente pra ela e pôs a tampa no marcador com um ruído firme. "Nada, particularmente. Não." A resposta não foi rude... mas também não se dirigia à
Sra. Wilhelm como um estudante.
Era mais como um igual.
"Tenho certeza que todos adoraríamos ouvir mais sobre a sua linhagem", a Sra. Wilhelm testou, admitindo. "Ela soa muito interessante."
Mas Harry Potter voltou sua atenção pra mim.
Eu afundei na minha cadeira. Todo mundo está reparando nisso?
"Vocês irão aprender mais sobre mim no tempo certo", Harry disse. Havia um tom de frustração em sua voz, e eu não fazia idéia do por quê. Mas isso me assustou de novo. "Isso é uma promessa", ele completou, me olhando diretamente nos olhos. "Uma promessa."
Soava mais como uma ameaça.
**********
N/A: Espero que estejam gostando, dependendo dos comentários pretendo postar um capítulo por dia =D.
Bye ♥
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!