Na Floresta



Capítulo 3: Na floresta


Hermione sentou-se frustrada na mesa dos fundos do Salão Comunal da Grifinória. Ela ainda estava tentando se acalmar depois do encontro com Malfoy “Aquele imbecil egoísta.” -murmurou para si mesma, enquanto amassava um pedaço de papel, devido à raiva que sentia naquele momento, percebendo, tarde demais que era seu trabalho de Transfiguração.


“Droga!”


Xingou-se, ao mesmo tempo em que tentava desamassar o papel. Seus esforços foram em vão. Percebeu que aquele pedaço de papel recusava-se a voltar ao seu estado natural. Com um suspiro puxou outro papel e começou a escrever, novamente, todo o seu trabalho.


“Aquele idiota do Malfoy!” -continuou xingando. Desde que tinha deixado a biblioteca ela ainda não havia sido capaz de remover da sua cabeça o sorriso cruel que ele tinha no rosto.


Passou alguns minutos escrevendo, sua mente começou a esquecer Malfoy, e com alegria voltou a envolver-se em seu trabalho. Uma brisa fria, vinda de uma janela próxima, soprou pela sala, e os papéis voaram para o chão. Hermione levantou-se para fechar a janela, nesse momento algo lá fora chamou a sua atenção. Três figuras andavam próximas ao lago, escondendo-se atrás de árvores e rochas, dirigiam-se para a Floresta Proibida em direção a cabana do Hagrid. Hermione olhou com interesse, se perguntando quem seriam as três pessoas. Uma, que parecia estar liderando, parou para esperar as outras duas maiores. Forçou a vista tentando identificar algum sinal de quem poderia ser. Repentinamente notou o cabelo dele: um loiro que beirava o branco, e isso fez seu sangue começar a ferver.


“Malfoy.” -sussurrou, seus punhos se fechando.


Se o líder era Malfoy, não havia dúvidas de quem eram os outros dois: Crabbe e Goyle. Hermione virou-se e saiu correndo para falar com Harry e Ron, no entanto, depois de alguns passos, lembrou-se que eles estavam fora no treino de Quadribol. Ron havia ficado muito feliz quando assumiu a posição de goleiro no time da Grifinória. Olhou pela sala e não avistou ninguém que poderia ajudá-la. A sala comunal estava vazia, exceto por Neville Longbottom e alguns outros alunos do primeiro ano.


“Bem, parece que vou ter que pará-los sozinha.”


Entrou disfarçadamente no dormitório masculino, que se encontrava vazio. Foi até o baú de Harry e pegou a capa de invisibilidade. “Vou avisar o Hagrid. De jeito nenhum vou permitir que o Malfoy destrua outra das minhas aulas!”


Hermione saiu correndo pela escadaria, atravessou o portal no retrato e escondendo-se em um corredor escuro colocou a capa. Andando tão rápido, quanto possível, chegou logo nos portões principais e saiu para o jardim. Uma vez que estava invisível pode atravessar a entrada principal diretamente, sem precisar dar a volta pela floresta para permanecer escondida. Deu uma parada para tomar fôlego e começou a correr.


Hermione chegou a cabana de Hagrid apenas alguns minutos antes de Malfoy. Não havia o menor sinal do meio gigante. Não houve resposta quando bateu na porta. Ela entendeu que Hagrid deveria ter ido para Hogsmeade. Foi nesse momento que ela ouviu algo: Malfoy, Crabbe e Goyle podiam ser vistos observando a cabana de umas árvores próximas. Em pânico ela procurou um lugar para se esconder. Estava ao lado da parede da cabana, não havia nenhuma moita próxima. Malfoy saiu, cuidadosamente, de dentro do mato e avançou pela clareira. Os olhos de Hermione continuavam procurando desesperadamente um lugar para se esconder. Malfoy olhou diretamente para ela e depois mudou o olhar para outra direção, não pareceu notar que ela estava lá. Hermione olhava para ele em choque.


“Idiota...” ela pensou, batendo na testa com a palma da mão. “É claro que ele não me viu, eu estou invisível.” Malfoy, entretanto, parou e olhou na direção dela novamente, parecia que tinha escutado alguma coisa. Começou a andar na direção dela. Silenciosamente, Hermione se abaixou, enquanto ele se inclinava para olhar, através de uma janela, para dentro da cabana. Ela teve a impressão que seu coração tinha parado de bater, enquanto olhava para ele, suas mãos na beirada da janela, apenas a alguns centímetros da sua cabeça. Mas Malfoy pareceu não ter a percebido e se afastou. Virando-se para olhar onde estavam Crabbe e Goyle, ele os chamou.


“Aquele bêbado idiota não está em casa e parece que levou aquele cachorro dos infernos com ele.”


Hermione notou que Malfoy tinha razão, ela também não conseguia ver nenhum sinal de Canino. Crabbe e Goyle, lentamente, foram saindo de seus esconderijos. Suspirou aliviada, enquanto Malfoy se afastava em direção a um pequeno cercado ao lado da cabana. Foi nesse momento, que ela percebeu que ele não estava vazio.


“Ora, ora, olhe só pra isso.” Malfoy falou com um tom de espanto na voz. “As coisas que meio gigantes pensam que podem fazer. Parece que vamos ter que mostrar para ele o que acontece quando alguém mantém monstros como animais de estimação.” Sua voz estava agora sem nenhuma emoção. Crabbe e Goyle estavam parados, nervosos, atrás dele, não querendo chegar nem um pouco mais perto do monstro.


Levando a mão à boca para não deixar sair um gemido de medo, Hermione olhou para a gaiola no cercado. Dentro dela estava uma manticora. Ela nunca tinha visto uma, mas já tinha lido a respeito. Elas eram muito raras, o que, segundo as descrições, era uma coisa muito boa, pois manticoras eram muito perigosas. Embora aquela fosse a primeira vez que visse uma, a descrição batia perfeitamente: cabeça humana, corpo de leão e cauda de escorpião. “Essa aqui deve ser uma fêmea.” -pensou Hermione. A manticora tinha um rosto feminino, um rosto jovem, não muito mais velho do que eles. Era quase bela, se você pudesse ignorar as garras e a cauda de escorpião. Olhos quase fechados os observavam através das grades da gaiola, ela não se moveu. Chocada Hermione percebeu que a criatura também olhava para ela. Ou a manticora podia ver através de invisibilidade, ou ela havia escutado quando Hermione havia entrado na clareira e batido na porta da cabana. Estava espantada que Hagrid tivesse adquirido uma manticora. Hipogrifos e dragões eram uma coisa, mas manticoras eram reconhecidas como possuidoras de habilidades mágicas, e também conhecidas por se associar com as forças das trevas. Ao olhar para ela, um arrepio atravessou a sua espinha e sentiu um impulso de chegar mais perto, de estudar melhor a criatura... Usando toda sua força de vontade, Hermione conseguiu retirar seus olhos da fera e começou a olhar para o chão.


Crabbe e Goyle estavam olhando um para o outro, assustados. Crabbe, finalmente, pareceu conseguir acumular a coragem necessária para falar com Malfoy: “O que acontece quando você mantém monstros como animais de estimação, Draco?”


Malfoy não se virou para olhá-los, seus olhos ainda não haviam deixado de olhar para a manticora, desde que ele a havia visto pela primeira vez. “Às vezes o monstro foge...” -ele murmurou.


Crabbe e Goyle pareciam à beira do pânico, Goyle entretanto, conseguiu falar: “Não seria uma idéia muito boa deixá-la escapar, não é Draco? Tenho certeza que podemos nos livrar de Hagrid de outra forma. Ela poderia nos ferir, não acha?” Ele parecia estar suplicando junto a Malfoy, mas o rapaz loiro não virou sua cabeça.


“Eu não acho que ela irá nos ferir.” Malfoy respondeu. Hermione o olhou espantada. Será que ele tinha ficado louco? Manticoras eram umas das criaturas mais cruéis encontradas na natureza. Enquanto olhava Malfoy pular sobre a cerca, tentava lembrar tudo que já havia lido sobre elas. Por muito tempo pensou-se que elas eram aparentadas das Esfinges, mas estudos modernos tinham provado que essas não eram aliadas as forças do mal, o quê as manticoras eram. Uma manticora tinha três linhas de dentes poderosos e a cauda de escorpião carregava uma dose letal de veneno. Para sorte deles, esta aqui parecia ainda ser chegaria a um metro de altura se ficasse em pé nas quatro patas, enquanto uma adulta poderia chegar a 3 metros.


“Draco...” Crabbe e Goyle falaram juntos, quando seu líder colocou uma mão entre as barras e tocou o pêlo marrom da criatura.


“Viram.” -falou em uma voz baixa, quase sonolenta, mais para a manticora do que para Crabbe e Goyle. “Eu disse que ela não iria nos ferir.”


Hermione olhou horrorizada enquanto Malfoy retirava sua mão, pegava sua varinha e se virava para a fechadura, com um brilho estranho nos olhos. Segurando a varinha disse uma simples palavra:


“Alohomora!"


Ela olhou com uma sensação, crescente, de pavor a porta da gaiola se abrir e Malfoy virar-se para encarar Crabbe e Goyle. Ambos tinham dado diversos passos para trás. Em um canto distante de sua mente, Hermione estava espantada com o nível de inteligência que os dois estavam demonstrando. O que aconteceu a seguir foi tão rápido que quase não foi possível acompanhar. Em um momento Malfoy estava em pé, triunfante, com a porta da gaiola aberta, no momento seguinte, a criatura tinha se lançado contra as costas dele. Malfoy foi jogado no chão, sua varinha soltou-se de sua mão e rolou para longe. A manticora mordeu na altura de seu ombro o levantando do chão, um segundo depois ela o jogou, novamente, com força, contra a terra. Ficando em cima dele levantou a calda acima da sua cabeça e a enfiou com força, como se fosse uma adaga, na perna do garoto. Malfoy deu um grito rápido de dor ficando em silêncio depois. Crabbe e Goyle olharam para o seu herói caído, depois viraram-se e saíram correndo pela clareira, deixando Malfoy para trás.


Hermione mordeu os lábios para segurar o grito que se formou em sua garganta, quando a manticora tinha atacado. Olhou com horror enquanto Crabbe e Goyle corriam. Levantou-se olhando para o monstro. Os segundos pareceram se arrastar, enquanto o tempo parava em torno dela. Uma parte sua queria sair correndo dali o mais rápido possível, “Vire-se e fuja, corra para longe, salve-se. É o que ele faria se a situação fosse o inverso. Ele pediu por isso, e agora vai receber o que merece.” Hermione virou e se preparou para correr, mas antes que conseguisse dar os primeiros passos, parou. “Ninguém merece morrer assim”, sem pensar exatamente o que iria fazer virou-se, sacou sua varinha e gritou:


"Expelliarmus!"


A manticora soltou Malfoy e voltou seu olhar para Hermione, que tremeu quando os olhos da criatura fixaram-se nela. Soltou outro feitiço, antes que o medo, a fizesse perder o controle.


"Stupefy!"


A manticora, entretanto, não parou. O monstro tencionou os músculos e preparou-se para saltar. Hermione começou a se desesperar e tentou lembrar todos os feitiços que tinha ajudado Harry a aprender para o torneio tribruxo no ano anterior, mas nada parecia ser útil ali. A criatura saltou na sua direção.


“Por favor... pare... Stupefy!” Gritou com toda força que conseguiu. Sua varinha apontando diretamente para o peito da criatura. A manticora atingiu o braço estendido de Hermione primeiro, e ela pode ouvir o barulho de algo se quebrando na altura do seu pulso. O corpo da manticora a atingiu, e a atirou no chão, onde sentiu uma pontada enorme de dor no peito. Ambas caíram, e no segundo seguinte percebeu que estava presa embaixo do monstro. Parou para esperar a dor que viria, quando a manticora terminasse o ataque, mas exceto pela dor no seu peito e pulso não sentia mais nada, a fera continuava parada, o feitiço havia funcionado. Hermione empurrou o monstro de cima dela, apesar de ser extremamente pesado, ela conseguiu. Mais tarde, Hermione perceberia que deveria estar em algum tipo de choque naqueles segundos, pois o único pensamento em sua cabeça, era tomar cuidado para não manchar a capa de Harry com sangue. Com cuidado removeu a capa e a colocou dentro da sua mochila. Olhou para a manticora perguntando-se por quanto tempo ela permaneceria inconsciente. Foi quando se lembrou de Malfoy. Caminhou até onde o corpo dele estava e ajoelhou-se ao seu lado. Hermione tremeu quando olhou para ele, embora já tivesse visto cenas desagradáveis antes, ver o estado de Malfoy a deixou desconcertada. Ele já era normalmente pálido e agora parecia estar completamente sem cor, o que tornava as manchas de sangue em seu corpo ainda mais proeminentes. Um ferimento grande corria pelo seu ombro, onde tinha sido mordido, e havia um buraco grande na sua perna. Sangue se espalhava de ambos os ferimentos, e uma substância de cor esquisita parecia estar escorrendo do ferimento em sua perna, ela imaginou que fosse o veneno. Desesperadamente procurou em sua mochila por um lenço e o comprimiu contra o ferimento procurando estancar o sangue.


“Malfoy”, ela sussurrou tentando acordá-lo. Não houve resposta. Mas podia notar que ele estava respirando.


“Malfoy, acorde!” -falou voltando o olhar para a criatura, que teve um espasmo rápido. Olhou o monstro com terror. Hermione sabia que o único motivo de seu feitiço ter funcionado é que havia atingido a manticora de surpresa. Ela não estaria mais surpresa quando acordasse, apenas furiosa. Todos os seus instintos lhe diziam para correr, mas não poderia deixar Malfoy ali para morrer.


“Draco, por favor...” ela implorou, lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto. Não importava o quanto o odiasse, não queria vê-lo morrer. Isso pareceu surtir efeito, pois notou os olhos cinzas dele a fitando.


“Você falou meu nome Granger.” -ele sussurrou. Seus olhos se encheram de pânico na medida em que a realidade da situação se tornava clara para ele. “A Manticora!” -gritou tentando se sentar.


Hermione sentiu-se aliviada, e ao mesmo tempo histérica, quando ouviu a voz dele, mas sabia que agora não era o momento de ficar com raiva. “Ela está inconsciente, mas não sei por mais quanto tempo.” A criatura emitiu outro espasmo, dessa vez, acompanhado por um som gutural. Levantando-se virou para Malfoy e segurou sua mão. Ele não conseguia colocar muito peso na sua perna ferida, e devido a isso, Hermione o deixou colocar o braço em seu ombro, e eles começaram a andar para fora da clareira.


Estavam a meio caminho do castelo, movendo-se tão rápido, quanto podiam. Seus passos eram hesitantes. Malfoy estava sangrando bastante e quase não conseguia andar. Hermione estava começando a sentir a intensidade da dor no seu pulso, olhando para baixo notou o ângulo estranho que sua mão se encontrava. No entanto, o que mais a preocupava era a sensação de aperto em seu peito, estava ficando cada vez mais difícil respirar. Apesar de todos esses problemas, os dois voltavam, aos poucos, aos seus temperamentos normais.


“Sabe Malfoy, eu acabei de salvar sua vida, isso significa que agora existe um laço especial entre nós?” Hermione perguntou sabendo, perfeitamente, que a idéia de um laço com uma Sangue Ruim iria deixar Malfoy louco.


“Cala a boca! Se você ousar mencionar isso para outra pessoa eu vou fazer você se arrepender.” Ele teve muita dificuldade para conseguir responder, pontadas de dor estavam começando a ficar mais freqüentes vindas da sua perna.


“Sabe Malfoy, você não é tão ameaçador quando está quase morto.” Hermione respondeu, sentindo-se, repentinamente, culpada, quando lembrou como ele quase havia morrido lá atrás, devido a um instante em que ela teve medo. Pensou, por um momento, se ele ainda poderia morrer, seus ferimentos eram muito sérios. A dor no seu pulso estava tornando-se quase insuportável, reparou que a dor no seu peito aumentava também. Atingiram os portões do castelo e com a última grama de força que lhes restava abriram as portas. Arrastando-se chegaram ao salão de entrada. Malfoy não fora capaz de dar mais um passo, soltou-se de Hermione e caiu no chão, estava começando a sentir todos os efeitos do veneno. Hermione continuava em pé, sabia que deveria continuar andando em direção à enfermaria. “É minha culpa se ele morrer, eu deveria ter agido mais rápido.” -pensou. Uma luz súbita iluminou os dois.


“Por Merlim, o que estudantes estão fazendo fora de seus dormitórios a esta hora da noi...” A voz da Professora McGonagall se fez ouvir enquanto ela descia as escadas. “Senhorita Granger!” Correu o resto da escada em direção a eles. Hermione não conseguiu esperar até ela chegar, seu corpo caiu ao lado de Malfoy, a dor, finalmente, havia tomado conta de todo seu corpo. Estava ficando extremamente difícil respirar, podia ouvir os gritos da professora McGonagall, mas a voz estava ficando distante, na medida que as trevas tomavam conta dela.


 


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Nota: Gostaria de saber o que estão achando e se devo continuar com a postagem. Fiquei tão feliz com o comentário simples "Interessei" Sério! E lembrando mais uma vez que todo o crédito não é meu, e sim ao escritor dessa história que mexeu tanto comigo. Beijos!

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