A Biblioteca



Capítulo 2: A Biblioteca


Silenciosamente Draco fechou a porta do dormitório masculino, seu desejo era na verdade fechar ela com força, mas todos esses anos na mansão dos Malfoy ele tinha sido ensinado a agir de forma fria e a esconder suas emoções mais fortes. Seu pai tinha sempre lhe dito que mostrar emoções apenas dava aos seus inimigos um meio de controle sobre você. Draco permitiu que um pequeno sorriso aparecesse em seu rosto quando ele pensou sobre Lúcio. Embora ele detestasse pensar em seu pai isso era, ligeiramente, melhor que a alternativa no momento.


“Maldita Sangue Ruim.” Draco murmurou para a sala vazia.


Andando até seu canto no dormitório ele puxou a cortina e se deitou na sua cama. Ele cruzou os braços sobre o peito e fechou seus olhos, permitiu que seu corpo entrasse em um estado meditativo que Lúcio tinha lhe ensinado, quando ele ainda era muito novo. Segundo Lúcio, se você quiser ser poderoso tem que ser centrado também. Draco continuou permitindo-se pensar em seus familiares, ele não tinha ouvido falar deles há semanas, o que estava muito bom para ele. Seu pai tinha estado ocupado com seus companheiros de negócios, embora Draco duvidasse que qualquer negócio que seu pai estivesse tendo com seus atuais companheiros não fosse ilegal. Deu um pequeno sorriso de desprezo, quando pensou em seu pai e seus companheiros: os Comensais da Morte. Draco havia idolatrado seu pai quando era criança, mas com o retorno de Voldemort tinha entendido o quão frágil seu pai realmente era. Ele pouco se importava com os problemas causados contra Sangue Ruins e seus aliados, ou contra os Trouxas. Mas ver seu pai se prostrar a um homem que havia sido reduzido à poeira por uma mera criança o deixava repugnado. Após o retorno de Voldemort, Lúcio não falava de outra coisa, nas raras ocasiões, quando retornava para casa. Ele tinha dito a Draco, repetidamente, como tudo seria maravilhoso, agora que o Senhor das Trevas tinha retornado ao poder. Senhor das Trevas... Lúcio não tinha nem sido capaz de dizer o nome dele. Draco havia se perguntado como alguém que poderia invocar tal terror, de seus próprios seguidores, poderia ser boa notícia para qualquer um. Na sua mente, podia ver a expressão de horror na face de seu pai, quando lhe havia informado que não tinha a menor intenção de se tornar um Comensal da Morte. O horror logo deu lugar á fúria, Lúcio quase o matou naquela noite. Alguns dias depois, Draco retornou para Hogwarts sem, sequer ver seu pai novamente. Ele podia ver em sua mente a face pálida, tão similar à sua, cheia de ódio. Podia sentir que estava, lentamente, começando a dormir, quando uma outra imagem ainda mais desagradável apareceu em sua mente. Uma face furiosa, emoldurada por um cabelo totalmente desgrenhado. Draco suspirou e se sentou na cama, para afastar o sono.


“Maldita Sangue Ruim!” ele disse para si mesmo


Draco ainda não podia acreditar que a Professora Vector o tinha colocado como parceiro de um membro do Clube Feliz de Harry Potter. Ele olhou para o relógio e notou que tinha que sair para jantar em alguns minutos, e então teria que ir para a biblioteca, e encontrar com ela. Fez uma cara de desgosto pensando no encontro que iria ter. Pensou o que Lúcio faria quando fosse informado que seu filho estava trabalhando junto com uma Sangue Ruim. Um sorriso apareceu em seu rosto, Lúcio ficaria fora de si de ódio, e isso, quase tornava trabalhar com Granger suportável.


A porta do dormitório se abriu repentinamente e Draco pode ouvir passos pesados aproximando-se da sua cama.


“Draco, você está ai?” Abrindo suas cortinas, olhou para os rostos duros de Crabbe e Goyle.


“É hora do jantar.” Crabbe lhe disse orgulhosamente, obviamente impressionado com sua habilidade de conseguir contar o tempo.


Draco revirou sua pilha de livros até encontrar o de Aritmancia. Crabbe e Goyle olharam com surpresa, enquanto ele colocava o livro em sua mochila antes de colocá-la sobre o ombro. Olhou para eles e desejou, novamente, que tivesse companheiros mais espertos.


“Eu tenho que encontrar a Sangue Ruim Granger na biblioteca depois do jantar. Temos que fazer nosso trabalho de Aritmancia juntos.” Disse isso em uma voz baixa e pausada, esperando não ter que explicar nada para eles.


“E porque você quer fazer algo assim?” Goyle perguntou apesar da prece silenciosa de Draco de que não tivesse que explicar nada.


“Não fui eu quem planejou isso, a Professora Vector nos colocou como parceiros, eu não tenho escolha. Agora é bom nos apressarmos ou vamos perder o jantar.” Mudou de tópico rapidamente, não querendo realmente falar ou pensar em Granger se pudesse evitar.


Isso funcionou, com a menção de comida os olhos de Crabbe e Goyle iluminaram-se e o trio saiu do dormitório e se dirigiu ao Salão Principal.


Draco parou um momento de fronte para as portas da biblioteca. Ele estudou os painéis de madeira e depois seus olhos se viraram para baixo. Examinou, cuidadosamente, os blocos de pedra que formavam o chão de Hogwarts. Rapidamente notou que não tinha o menor interesse na porta da biblioteca ou no chão e sentiu uma pontada de vergonha. Um Malfoy não hesitam diante de nada, especialmente, quando o desafio é apenas uma maldita Sangue Ruim. Todos os olhos na biblioteca levantaram-se para olhar, quando ele abriu a porta com mais força do que pretendia. A porta de madeira fez um barulho alto quando ele a fechou com força, o que fez com que ganhasse um olhar furioso da Madame Prince.


Draco encontrou Granger, no lado mais distante da biblioteca, escondida entre diversas estantes. Ela havia, obviamente, esperado que ele não fosse capaz de encontrá-la. Desprezo era um sinal claro no rosto dela. Deu um olhar de nojo para ela antes de puxar uma cadeira e sentar-se à sua frente.


“Você está atrasado,” ela disse voltando a olhar para as tabelas que já havia começado.


“Eu teria chegado mais cedo se você não tivesse procurado um lugar tão escondido para o nosso encontro.” Respondeu calmamente, um pequeno sorriso formou-se nos cantos de sua boca.


“Você realmente quer que as pessoas nos vejam trabalhando juntos?” Ela retrucou.


“E porque eu deveria me importar com o que as pessoas pensam, você é a Sangue Ruim, não eu” Pegou diversas tabelas que estavam na mesa começando a trabalhar.


Granger começou a falar, mas mudou de idéia e voltou sua atenção para a tabela em que estava trabalhando. Seguiu-se o silêncio e Draco pareceu se concentrar completamente no dever.


Aritmancia sempre havia sido fácil para ele, raciocinar em cima das longas tabelas e fileiras de números sempre tinha sido reconfortante. Draco imaginava que o que ele gostava na matéria era a ordem, a disciplina que ela representava. Uma boa parte da magia era governada pelo caos e pela sorte, mas Aritmancia tinha regras e estrutura. Ao terminar a tabela, deixou um sorriso de triunfo se apoderar de sua face. Sempre sentia-se satisfeito ao perceber que era bom em algo que a maioria das pessoas considerava difícil. Mudou seu olhar das tabelas para a garota à sua frente, olhos cinzas se encontraram com olhos castanhos. Granger ainda estava sentada do outro lado da mesa; a outra tabela de Aritmancia à sua frente também terminada. Hermione tinha seus braços cruzados estava olhando para ele, o estudando.


“Eu sei que sou impressionantemente belo, mas você não tem algo melhor pra fazer com o seu tempo?” Draco sentia-se, ao mesmo tempo, irritado de que ela o estivesse olhando, surpreso que ele não tivesse notado, e furioso porque ela tinha completado sua tabela antes do que ele.


“Você é sempre tão irritante? É um talento natural, ou você tem que se esforçar para aperfeiçoá-lo?” Os olhos castanhos ainda não tinham deixado de encará-lo, e ele estava começando a achar o olhar dela desconcertante.


“Na verdade, eu posso ser um cavalheiro, quando estou com humor para isso. Algo que acontece muito raramente é claro.” Draco estava sorrindo de forma irônica para ela, gostando do jeito que ele parecia incomodá-la com seu sorriso. Gostava de fazer com que a sabe-tudo Granger ficasse nervosa. Continuou a sorrir, agora era ele que estava forçando o olhar, os olhos dela pareciam se alargar, e ele sentiu uma pontada de incômodo. Surpreso ele piscou e permitiu que Granger tivesse tempo de olhar para longe.


“Você já terminou?” Ela perguntou, pegando a tabela que ele havia trabalhado. Sua voz parecia esquisita e sua mão tremia um pouco, enquanto ela pegava a tabela.


Lúcio tinha treinado Draco como observar pessoas, ele sempre dizia que se você souber o que procurar nunca teria necessidade de soros da verdade. A maioria das pessoas não podem esconder suas emoções verdadeiras, ou seus medos. Mas à medida que estudava a garota descobriu que não sabia o que ela estava pensando. Depois de outra pausa momentânea, começou a checar a tabela dela, procurando por algum erro, esperando descobrir a menor falha. Não havia nenhuma. Devolveu o trabalho para ela sem nenhuma correção, e não ficou surpreso, quando ela devolveu o trabalho dele, também sem nenhuma correção.


“Você conseguiu não fazer nenhuma besteira Granger, congratulações.” Falou.


“Cale a boca Malfoy!” Ela respondeu, enquanto guardava seu livro de Aritmancia de volta na sacola. “Vamos estar trabalhando juntos daqui por diante, você poderia ao menos tentar ser menos irritante.”


“Você também podia tentar arrumar o cabelo de vez em quando, mas eu vou esperar sentado por esse dia.” Também começou a arrumar seus pertences e a se preparar para ir embora.


“Vá se jogar de um precipício Malfoy.” Granger respondeu irritada, enquanto lutava para fechar a sua mochila.


Sem pensar Draco estendeu a mão por cima da mesa, e facilmente levou a alça da mochila para um lado e a fechou com um movimento rápido. Granger o olhava com surpresa. O próprio Draco estava surpreso com sua ação. Sem mais uma palavra se virou e afastou-se dela.


Draco atravessou as largas portas da biblioteca e encontrou Crabbe e Goyle encostados contra o muro do outro lado do corredor. Eles estavam ocupados amedrontando dois novatos de Hogwarts, quando notaram Draco e deixaram os outros estudantes em paz e vieram andando na sua direção


“O que estão fazendo aqui?” Perguntou.


“Viemos encontrar você.” Crabbe respondeu.


“Bem, isso parece obvio. O que me surpreende é que vocês soubessem onde fica a biblioteca. Mas o que vocês querem?”


“Eu ouvi de um cara do sétimo ano, que o Hagrid recebeu uma caixa grande hoje. Foi trazida por um grupo de Magos. Viu eles carregando a caixa, perto do lago, durante a classe de herbologia.”


Goyle estava sendo muito mais informativo do que, geralmente, era.


“Estávamos pensando que seria divertido irmos descobrir o que tem nessa caixa. Você também acha que seria divertido Draco?” Crabbe perguntou.


“Na verdade, eu acho que seria realmente divertido”. Draco sentiu que alguém o estava observando e se voltou para ver que Granger o olhava da porta. Se perguntou o quanto ela havia escutado. Levou um tempo, para que Crabbe e Goyle percebessem a presença dela, quando o fizeram começaram a andar na direção da garota ameaçadoramente. Granger apenas se virou e foi embora, mantendo a cabeça sempre erguida.

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