Capítulo 1



Capítulo 1


Após passarem pelo guarda responsável pelo cadastramento de varinhas, os três entraram em um elevador do saguão. Se fosse um tribunal normal, eles deveriam se dirigir ao primeiro andar do prédio, seguindo por um lance de escadas, chegando ao Departamento de Mistérios, entrando em um saguão oval, onde a maioria dos julgamentos acontecia, e aonde Hary já estivera várias vezes, embora somente uma como réu em seu quinto ano escolar. Seria no mínimo irônico ter sido réu quando Voldemort reaparecera e réu quando ele sumira novamente, e ainda ser julgado no mesmo lugar. No entanto, como fora pedido uma audiência publica, o elevador se dirigiu para o último andar. Enquanto ele subia, parando eventualmente em um ou outro andar, Ronald, Hermione e Harry mantinham-se calados. Pareciam não precisar conversar para saber o que iriam enfrentar. Harry mantinha-se recostado numa das paredes do elevador pelo ombro, os olhos verdes perdiam-se nas portas do mesmo, mas não era lá que sua consciência estava. Ele mantivera-se calmo até agora, revoltado e irritado com o Ministério por tamanha estupidez, mas havia se concentrado em não demonstrar para não ser alvo dos jornais sensacionalistas. No entanto, aquele julgamento lhe custava mais que paciência, custava o prolongamento de um pesadelo... Não haveria paz para ele enquanto todo aquele circo não terminasse.


Assim que o elevador atingiu o último nível do prédio, mais flashes pareciam estar prontos pra estourar sobre o Homem Que Sobreviveu, no entanto, com um aceno de varinhas os aurores que acompanhavam o trio imobilizaram as máquinas, dando um fim temporário ao show da imprensa. Já as penas de repetição rápida não paravam de escrever um só segundo enquanto seus donos gritavam suposições sobre o julgamento que daria início em alguns minutos. O salão era retangular e enorme, mas era visível que fora improvisado como corte judicial. Havia três grandes arquibancadas dispostas pelas paredes, todas já completamente cheias, a quarta parede possuía uma espécie de arquibancada em tamanho menor, havia uma mesa alta à frente, atrás dela três lances de bancos onde se sentavam os chefes de seções, todo o corpo judiciário da Inglaterra e alguns aurores. Bem no centro da primeira arquibancada e de frente para a enorme mesa se encontrava um senhor de barbas longas e grisalhas, contrastando com sua evidente careca, uma veste negra com detalhes dourados e óculos quadrados sobre o nariz adunco. Garry Wondery Millers, Chefe Supremo da Corte Bruxa.


O trio não levou mais que cinco minutos para chegar à mesa destinada à defesa. Esta ficava de frente para o tribunal e de costas para a principal arquibancada, ao lado desta havia outra destinada à acusação, e bem no centro havia uma única cadeira onde as testemunhas eram ouvidas, a cadeira viera diretamente do saguão oval no Departamento de Mistérios. Rony colocou sua pasta sobre a mesa e sentou-se aparentando cansaço, Hermione havia tirado uma livro miniatura da bolsa e agora estava retornando-o ao seu tamanho normal, o que não era nenhuma surpresa. Já Harry permanecia em pé, apoiado na ponta da mesa com os braços cruzados firmemente sobre o peito, encarando seus advogados de acusação com um semblante friamente assassino. Muitas pessoas gritavam em apoio a ele, os Weasleys sobreviventes estavam na primeira fileira atrás da mesa deles, mas Harry parecia não escutar o que a multidão dizia, seu olhar estava fixo em outros cabelos ruivos, e em um par de olhos castanhos que analisava cuidadosamente os papéis em suas mãos. Ginevra Weasley.


- Sonorus! Silêncio, Silêncio nesse tribunal.- começou o assistente junior do Chefe e a confusão pareceu se acalmar e ir silenciando-se ao pouco- A seção será aberta em cunho público, mas caso não haja silêncio, respeito e ordem por parte do público aqui presente, a mesma será suspensa para a evacuação do tribunal e continuará em sistema fechado. Estando claros sobre as condições desse julgamento especial, introduzamos o caso aos presentes. Harry James Potter, 28 anos, nascido em Godric's Hollow a 31 de Julho, Herdeiro único das famílias Black, Potter e Evans, tendo estudado em Hogwarts os sete anos de sua formação bruxa e já tendo sido julgado anteriormente por cometer uso indevido de magia em frente a um trouxa antes da sua maior idade; é reu e acusado de efetuar mais de 47 Maldições Imperdoáveis, sendo destas 11 Maldições da Morte, 24 Cruciatus e 11 Impérius, sem autorização Ministerial; além de comandar uma associação ilegal de bruxos justiceiros conhecida como Ordem da Fênix, fundada anteriormente pelo falecido Albus Dumbledore.- O assistente respirou fundo, tomando fôlego para continuar com a lista de duas páginas de acusações, e então continuou- Harry James Potter também é acusado de enfeitiçar 13 trouxas, duelar nas ruas de Londres à vista dos trouxas, levar informações confidenciais à imprensa trouxa e destruir metade do Palácio de Buckingham.


Conforme o discurso de acusações era proferido pelo assistente, Harry soltava um ou outro bocejo, parecendo não se importar realmente com a situação. Hermione balançava a cabeça negativamente anotando violentamente sobre um pergaminho, enquanto Ronald apenas colocara as mãos atrás da cabeça e sorria simpaticamente, como relembrando os momentos citados. Além da voz do assistente se podia ouvir o riscar rápido das penas e o silêncio apreensivo do público, que parecia não ter sido informado da lista completa de acusações contra seu salvador. Na mesa da acusação uma pena batia repetidamente sobre a madeira ansiosamente, os olhos castanhos percorriam a própria lista para ver se nada havia sido deixado pelo caminho, Ginevra mordeu os lábios rubros e ajustou o óculos de aro fino sobre o nariz, uma mão pálida e gelada tocou-lhe o rosto de leve ao puxar uma mecha de seu cabelo, tirando sua atenção momentaneamente do pergaminho. Um sorriso satisfeito e enviesado era visivel nos lábios finos e claros, Ginevra deu um pequeno sorriso confiante, por alguns segundos pôde-se ler em seu olhar a palavra vingança, mas logo ela já estava focada novamente na lista enquanto seu colega cruzava os braços e encarava o assistente. O loiro de cabelos longos e presos num rabo tinha um ar de quase superioridade, mas o leve balançar de sua cadeira pra trás indicava ansiedade.


- Além das infrações já citadas Harry James Potter é acusado do assassinato de seu próprio filho, Igor Potter, e de ter se associado a Vocês-Sabem-Quem, forjando sua morte, livrando-o de Azkaban e se auto-promovendo na intenção de ocupar o cargo de ministro para depois sobrepor o mundo bruxo ao comando dos dois.


Assim que essas últimas acusações foram proferidas a multidão irrompeu em protestos, alguns deixavam a boca aberta em sinal de espanto e de certa incredulidade, outros pareciam querer pular sobre o assistente e fazê-lo pagar por tamanhas injúrias, os aurores logo entraram em ação para restabelecer a ordem. O loiro sorriu satisfeito, acompanhado da ruiva ao seu lado, enquanto Ronald e Hermione vasculhavam os pergaminhos avidamente em busca de informações sobre aquelas acusações inesperadas. Os dois tinham o rosto imerso em aflição, pegos de surpresa, temiam pelo destino do caso que já julgavam certo. Mas Harry Potter limitou-se a olhar para o casal na outra mesa, seus olhos emitiam fúria ilimitada, as mãos crivaram-se sobre a ponta da mesa com tamanha força que as juntas dos dedos estavam brancas e arroxeadas. Sua respiração se intensificou, e se não estivesse desprovido da varinha, provavelmente haveria lançado mais duas maldições da morte em plena corte. Igor Potter, como ousavam acusá-lo da morte do próprio filho?Como ousavam dizer que ele acobertara Voldemort? O frasco de tinta na mesa da acusação explodiu, sujando seus dois ocupantes, o loiro levantou-se e com um aceno de varinha recuperou o estrago, nem um pouco incomodado com a ação, ao contrário, sorria satisfeito. Potter olhou diretamente nos olhos de seu maior oponente.


- Vo-cê-es-tá-per-di-do!-sibilou Draco Malfoy antes de se sentar e apertar a mão da mulher ao seu lado.


Foi a vez das janelas explodirem.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.