Capitulo 2



- ORDEM! ORDEM NO TRIBUNAL OU A SESSÃO SERÁ SUSPENSA!!!- o pequeno martelo de madeira agitava-se sozinho violentamente contra a bancada de Millers.


- Reparo!- Hermione tentou refazer o estrago da magia acidental (ou talvez não tanto) de Harry- Excelência. Peço que as últimas acusações sejam desconsideradas desse julgamento, não há provas, nem fundamentos, e os advogados de defesa não foram notificados.


- Objeção excelência. Temos provas e vamos dispô-las no decorrer do julgamento, a defesa está querendo se livrar da culpa do réu. Além disso a apresentação das acusações foi feita dentro do prazo previsto, se eles não foram notificados deve ter sido uma falha do correio ou de algum funcionário da corte, o que não inocenta o réu.


- Gina, não seja ridícula, isso é um absurdo.- Rony revidou contra a irmã, tinha uma expressão séria e ameaçadora até.


- Mais respeito com minha colega senhor Weasley. Estamos num júri, não na sua casa!


- Calado Malfoy!- se Ronald portasse uma varinha essa já estaria apontada para o peito do desafeto sonserino.


-ORDEM!! ORDEM!! Senhor Weasley, se não se portar com o devido respeito aos promotores, serei obrigado a pedir sua retirada do tribunal. Permanentemente! - Ronald apenas bufou revirando os olhos, no que foi reprovado pelo olhar de Hermione- Quanto às acusações da Sra Potter...


- Srta.Prewett por favor.- contestou Gina imediatamente sem alterar a voz.


Harry simplesmente a olhou severamente enquanto a multidão parecia chocada. O casamento de Harry e Ginevra nunca fora noticiado a imprensa, embora a relação deles tenha sido de conhecimento popular, a possibilidade de Harry Potter ter se casado durante a guerra parecia inacreditável. Não havia tempo para casamentos ou romance, havia lutas todos os dias, duelos, pessoas feridas. Enquanto Ginevra cuidava da chefia médica da resistência, Harry estava sempre nas linhas de frente. Muitos até duvidavam que Igor fosse realmente filho de Harry Potter, quando eles haviam achado tempo? Mas a verdade é que eles acharam tempo para ter um filho, e para se casar. Havia sido a família que ele construíra que lhe dera forças para lutar e nunca desistir. Quando seu filho morreu, sua família morreu, e Ginevra nunca mais o viu. Tudo que ele recebeu fora uma carta de divórcio que assinou sem contestar, e agora ela estava ali, contra ele, acusando-o da morte do filho deles! Renegando o nome dele! Até mesmo o nome dos Weasleys. Pior que isso... Estava fazendo tudo isso ao lado de Draco Malfoy.


- As acusações da promotoria realmente foram entregues dentro do prazo, e o júri não pode fazer nada se não foram notificados sobre elas, mas serão mantidas. Sendo elas as últimas acusações da lista, começaremos o julgamento, no entanto darei uma pausa de meia hora para que a defesa se prepare, ou se intere sobre a extensão das últimas acusações.


Assim que o martelo bateu os repórteres pareciam querer voar sobre Harry, ávidos pelas explicações sobre acusações tão graves. Mas não tiveram muita sorte, se o humor dele estava mal quando chegaram ao ministério, estava pior ainda agora. Bastou um olhar furioso para que eles se afastassem e abrissem caminho para Harry e seus dois amigos se dirigirem a uma sala reservada no mesmo andar. A cada passo que dava gritos ecoavam em sua cabeça, gritos que ele nunca esqueceria. Percebendo que o réu era inalcançável os alvos seguintes eram os advogados de acusação, mas estes já haviam desaparecido da vista deles. E quando repórteres não conseguem explicações, eles as criam. Não demorou para que a radio bruxa se encarregasse de anunciar que Potter poderia ser uma farsa, e  cruel ao ponto de matar seu único filho.


- Como ela pôde fazer isso? - Ronald chutou a cadeira a sua frente com força, passando a mão nervosamente nos cabelos- Quer dizer, ela conhece o Harry, nós mudamos muito, mas somos nós ainda!- ele se apoiou na mesa com as mãos espalmadas tentando compreender a situação.


- Isso deve ser coisa do Malfoy, a Gina nunca faria isso conosco. Ela ama o Harry.- Hermione estava sentada em uma cadeira tentando registrar tudo o que podia sobre as novas acusações, alguns pergaminhos lhe foram entregues pelo assistente junior.


- Amava, Hermione, amava.- Harry se pronunciou pela primeira vez desde que chegaram.


-Mas Harry. Eu sei que vocês brigaram, se separaram, mas... É a Gina...- Ela observou o homem que se apoiara na parede de cabeça baixa.


- Não Hermione. A Gina mudou tanto como nós... E ela me odeia. Talvez tenha motivos para isso, mas eu nunca, nunca mataria o Igor. Ele era... Eles eram... Minha vida.


Apesar do peso emocional que aquelas frases tinham, Harry tentara ao máximo manter sua frieza, Hermione fez menção de ir até ele para consolá-lo, mas o olhar sério de Ronald a impediu. Recomposta ela se apressou a procurar os papéis exatos das novas acusações e a traçar uma estratégia para rebatê-las. Mas Harry não estava mais lá, pelo menos sua mente não estava mais lá, estava numa tarde de primavera. Em um campo verde, onde um pequeno altar fora improvisado. Em pé, ao lado dele, Hermione, Ronald, Luna, Neville, os Weasleys, e algumas poucas pessoas da ordem. Todos estavam mais jovens, e com ferimentos ainda visíveis. O noivo tinha uma cicatriz acima da sobrancelha, e uma mais recente e gigante alastrando seu pescoço. Mas um sorriso estava estampado em seu rosto menos cansado do que agora. Não havia trajes formais, apenas roupas menos surradas e remendadas. Somente a noiva usava um vestido branco e mais elegante, trazia nos braços um buquê de petúnias, e apesar de alguns fios brancos em seus cabelos rubros, sua expressão de satisfação a rejuvenescia.


- Harry! Harry! Está na hora!- o moreno balançou a cabeça espantando aquela lembrança, deveria colocá-la numa penseira, e logo.


- Está bem.


- Gina! Gina, no que estava pensando?- a ruiva ajeitou os óculos sobre o nariz e mirou seu interlocutor.


- Draco, não se preocupe com o que eu estava fazendo, apenas com o que vamos fazer.- o loiro continuou encarando-a seriamente, a ruga em sua testa lívida, Gina suspirou passando as mãos pelo cabelo e soltando o coque apertado- Eu não vou estragar tudo, só não consigo apagar as lembranças boas que tenho dele.


- Então Gina..- ele colocou as mãos sobre seus ombros e sussurrou em seu ouvido- Lembre-se das coisas ruins, dos dias que passou sozinha, da traição dele, de como ele a menosprezava...Lembre-se que ele matou seu único filho.- ela pousou uma das mãos sobre a mão do Malfoy e a apertou.


- Eu sei disso. E é por isso que vou tirar tudo dele... Até a vida!- o loiro sorriu e abraçou-a pela cintura, depositando um beijo doce em seu pescoço, enquanto os olhos castanhos da mulher à sua frente se tornavam novamente vazios e cortantes.


- Muito bem querida, muito bem. Agora é melhor voltarmos. É hora do show!

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