Beijos



- Mary, tenho que te fazer uma pergunta. – era em Stuff que ela via o brilho... tinha que esquece-lo, mas ele estava tão lindo... tão próximo... seu coração começou a bater acelerado, coisa que não acontecia perto de outros rapazes. Ela via que o mesmo acontecia com ele.

- Q-qualquer coisa. – disse, rápida.

- Qualquer mesmo? – ele estava firme e preparado com as palavras que saíam de sua boca, pelo menos ela achava isso.

- A-acho que sim...

- Quer namorar comigo?

Choque. Remorso. Felicidade. Pensamentos rápidos. Beijos. Sim. Ela aceitou. Como se fosse um fato surpreendente. Mary estava acostumada a esses acontecimentos relâmpagos e não congelava na hora como antes.


- E vocês foram felizes para sempre... – disse Natalie irônica. – blá, blá, blá!

- Que foi?? – quis saber a amiga indignada.

- Simples, é sempre a mesma história melosa, Mary! Tipo, você sempre e sempre fala que vai ser diferente e que você nunca se sentiu assim antes... fala sério!!

- Olha, Natalie: eu falo isso pra me abrir com você e você me dá um fora desses?? Nossa... realmente...

- Não-me-interprete-mal! – disse entre os dentes.

- Ok... então eu vou subir pra ver se consigo dormir pra você pensar bem na sua forma de “contracenar”! – disse, ironicamente, depois subiu escada acima, batendo os pés.

“Era só o que me faltava, só tenho ela em quem confiar e ela ta em crise...”, pensou, enquanto jogava a bolinha enfeitiçada para cima e para baixo... a situação não estava boa... o tempo estava difícil... a agonia e o desespero, vontade de sair correndo era enorme, e não tinha nenhum outro sentimento além de... querer respirar? É... abriu a porta da sala comunal sussurrando palavras de desconforto e saiu, andando apressadamente, tomando cuidado com a quantidade de barulhos que fazia ou ouvia... podia ter trombado com Filch 3 ou 4 vezes, e ele chamado Dumbledore para ver a pequena Potter correndo pelo corredor sem dar satisfação a ninguém e a nada... mas só queria estar lá fora, só queria... respirar ar. E aquele ar era Victor. Foi o que deduziu quando viu o garoto em pé embaixo da arvore com sua gaita... soprando-a levemente, o vento o ajudando.

Era constrangedor, pela primeira vez, ficar perto dele, sozinha. Das milhares de vezes, até agradecia por estar sozinha ao lado dele, este sempre tinha alguma palavra para confortar-lhe. Mas agora, depois de completar 14 anos, parecia que o mundo girou mais rápido, fazendo seus pensamentos se embolarem rapidamente, sem nenhuma precisão; era o que ela achava. Trancou sua respiração. Tinha ido parar no nada e encontrado tudo. Mas não tinha a intenção de parar para conversar... porque eram 10 da noite! (como se não fossem acostumados a ficar até às 3 da manhã conversando na casa P.G.W!). Girou os calcanhares. Foi andando levemente sem fazer barulho para o castelo... a brisa batia leve contra seus cabelos, fria, o que lhe fazia bater os dentes de vez em quando.

- Eu não mordo, não se preocupe. – disse Victor, enquanto a garota ainda estava bem perto – o que você tem, heim? – ele virou para olha-la.

Não precisava ter feito aquilo, mas queria ver a amiga no vento, vermelhíssima, totalmente encabulada.

- Heim? – insistiu.

- Hmm... achei que você era outra pessoa. – disse dirigindo-se à ele e acabando por ficar do seu lado.

Depois de uns minutos de silencio e a respiração acelerada de ambos... o toque suave da gaita de Victor.

- O que está acontecendo com a gente? – ele perguntou, de repente.

- Hmm?

- O que está acontecendo? Lá em casa as coisas eram totalmente diferentes das daqui da escola, e o engraçado é que é só esse ano... sabe do que está acontecendo?

- Não, você sabe? – cínica.

- Sei... quer dizer... quase. – ele balbuciou as palavras e as cuspiu.

- Como assim, quase? – quis saber.

- Natalie, - ele colocou a gaita no seu bolso direito, virando-se para encara-la, fazendo-a gelar-se – posso lhe fazer uma pergunta?

- P-pode... quer dizer, depende.

Victor respirou fundo, e olhou para o lado, podia estar fazendo a maior burrada de sua vida, mas também poderia estar fazendo certo.

- O-o que você sente por mim? – encarou-a.

Natalie sentiu o coração disparar. Aquele era o momento, estavam falando sobre aquilo. Aquilo que oprimia os dois desde o começo do ano, aquilo que os fazia gaguejar de vez em quando, aquilo que sentiam perto do outro, aquilo, que se chama amor. Finalmente podiam admitir que estavam apaixonados um pelo outro, como seus pais estiveram, mesmo sendo melhores amigos. Era realmente estranho ter que admitir isso, pois se conheciam desde que nasceram! Mas já era hora de parar o tempo e deixar a coisa rolar, não segurar a pressão e o sentimento maravilhoso que tinha nascido entre eles...

- E-eu...

Mirou sua boca. Por que sempre a boca? Porque tinha vontade de beija-la. Nunca tinha sentido isso. Nunca beijaria ninguém por beijar, mas essa era a hora. Ela sentia isso. Apesar de nunca ter deixado ninguém relar em seus lábios... mas já era hora. Tudo estava ocorrendo perfeitamente, no seu tempo perfeito.

Foram se aproximando lentamente... um mirando a boca do outro. Estava certo de que iriam se beijar. Até Natalie sussurrar as palavras, quando estavam a quase um centímetro de distancia.

- E-eu... nunca fiz isso. – confessou.

- Pra tudo tem uma primeira vez... – este sussurrou de volta, se aproximando mais rapidamente, já que já estava tudo confirmado.

Os lábios encostaram. Aquilo era terrível. Natalie nunca tinha sentido tudo misturado como sentira naquele momento... Mary estava certa. Aquilo era bom. Estava beijando quem mais amava, estava beijando quem sinceramente nunca esperou beijar, estava beijando seu melhor amigo! Não, nunca sentira um tremor, emoção, prazer, nada, nada, como estava sentindo agora... finalmente tinham se decidido. Finalmente decidiram declarar-se... Victor aproximou-se mais. Afagou-a pelo cabelo, trazendo-a mais para perto de si, aprofundando o beijo. Aquilo agora sim estava melhor. Mas...

Natalie separou rapidamente sua boca da de Victor, ainda sem respirar. Estava com os olhos regalados, totalmente assustada.

- O que foi isso? – quis saber, ligeiramente desapontada.

- Um beijo. – disse ele indo em direção à ela novamente, esta se desvencilhando.

- É isso eu sei, mas... – ela o olhou profundamente.

Se arrependera profundamente de ter parado o beijo. Sentia agora o gosto de Victor em sua boca, só para ela querer mais! Então... voou no pescoço do amigo e o beijou novamente, sem pressa.

Riam entre os beijos.

- Posso te fazer uma pergunta? – perguntou o garoto, gelando novamente.

- Claro. – ela sorriu.

- V-voce q-q-quer namo-morar c-c-comigo? – ele enrusbeceu totalmente.

- E a gente já não está namorando?

Aquelas palavras soaram estranho.

Victor sorriu, porém, com angustia, de que não daria certo.

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