Tem que ser fiel
- Falei com ele. – foi a primeira coisa que Mary disse ao entrar na sala comunal, eufórica de alegria, sem ver quem estava ou não na sala. Não era de se esperar: Natalie era a única que estava na velha sala encarando a lareira com seu olhar melancólico e agoniado, roendo as unhas.
Natalie pulou do sofá e foi em direção à amiga, antes derrubando a almofada, depois tropeçando no tapete vermelho escuro.
- E o que está esperando pra dizer? – disse ela.
Mary fez uma expressão de desarmonia, para assustar a amiga, mas depois sorriu:
- Você acha que ele não iria gostar de uma pessoa como você??
Natalie levou às mãos à boca, e sentiu o coração pular forte. Nada descrevia o que ela sentia ali ou aqui, enquanto abraçava a amiga, ou se sentava no tapete para bolar mais planos, sempre com um sorriso no rosto.
- Oi, amiga Naty. – disse Victor passando os braços pelo ombro de Natalie, com aquele olhar de sono e o uniforme com cheiro de novo; oxigênio para o seu pulmão, uma saudação daquela.
- Oi, amigo Vicky. – disse tirando o braço dele de cima do seu ombro como era acostumada a fazer e abriu o caderno de História da Magia. – fez a lição?
Victor olhou indignado, como sempre fazia, fingindo estar impressionado com a notícia.
- Nem me pergunte se tinha ou não, pega e copia, rápido. – disse ela enfiando o livro no braço do amigo, sem hesitar.
O garoto abriu um sorriso:
- Valeu, amiga Naty. – se sentou no banco do pátio.
Natalie foi pegar algumas torradas para o amigo (de costume), e leite para si mesma, enquanto riam comendo e conversando sobre assuntos fúteis, qualquer um que passasse poderia ver que havia brilho nos olhos de ambos...
- Sabe com quem eu conversei hoje na maior intimidade? – perguntou Natalie, como se Mary não soubesse da resposta.
- Natalie, - era a primeira vez que ouvia seu primeiro nome da boca da amiga, e isso não era confortável – você é intima dele.
A garota olhou para a amiga, intrigada. Seus olhos não estavam com o brilho de sempre e estavam marejados.
- Aconteceu alguma coisa? – quis saber.
Mary a olhou, pensativa. Não agüentou e cedeu, correndo para os braços da amiga, suplicando ajuda. A abraçou fortemente, durante um longo tempo.
- Naty... ele me deixou! – ela disse entre os soluços.
As duas estavam sozinhas dentro do quarto feminino.
- Se você não quiser dizer nada não precisa! – confortou-a.
- Mas eu tenho que falar...
- Então fale.
Elas se sentaram uma de frente para a outra na cama de Mary.
- Não tem o Paul?
- Mas, já o Paul?
- É.
- Tem, então.
- Eu tinha começado a namorar com ele hoje, e ele me deixou, hoje mesmo!
- Mary, conta essa história direito!
- Só porque ele me viu beijando o Stuff!!!
Natalie sorriu, com vontade de rir, mas se segurou. Sabia que a amiga tinha alguma culpa.
- Mary... quando você assume um relacionamento tem que ser fiel!
- Mas Naty!! O Stuff chegou todo fofo e pediu pra ficar comigo... você acha que eu iria recusar Stuff Merlonnel!!
- Você não tem concerto mesmo...
Riram. Mary esqueceu o acontecido e puxou assunto sobre o baile, que seria no dia seguinte...
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