Tempestade de sentimentos
Ótimo. Isso não sairia da cabeça de nenhum dos dois. Tinham que lhe lembrar de tal fato constrangedor? TINHAM? Nenhum dos dois esqueceu, em 24 horas, por um momento, a conversa que tiveram com os dois caras que uma época atrás foram os mais desejados da escola que os dois estudavam triste e obrigadamente.
Certo; tinham que admitir, o conteúdo daquela conversa fora simples, pouco... mas inevitável. Eles não conseguiam esquecer; nem tentaram se olhar no dia que se seguiu depois da festa.
Antes tivessem certeza que os pais e Mary estavam enlouquecendo, não tiveram coragem o possível para encarar-se.
Sim; outra noite, tempestuosa. A chuva caía com rapidez e como se necessitasse cair daquele jeito grosso, rude. Trovões, água... e noite. Não havia uma única estrela no céu.
- Dá pra você colocar no canal CBG, pooor favor, Victor? – perguntou Natalie, se ajeitando no sofá cama azul escuro.
Era quase meia-noite, a chuva continuava caindo ferozmente, só os dois na sala assistindo TV, como faziam a mais de 6 anos. (...)
- Você-estava-dormindo!! – repetiu pela milésima vez.
- Aham... mas deixa lá. – resmungou.
- Ta... ótimo, programa trouxa. Ótimo.
Não era mais embaraçoso ficar perto dele depois da conversa; fingiam que tinham esquecido-a. Talvez não tivesse sido tão embaraçoso, realmente, se o garoto loiro beijara apaixonadamente sua namorada, na novela. O estomago dos dois despencou e foi parar em algum lugar próximo aos pés.
Victor virou a cabeça para encarar Natalie, receoso. Esta também se virou, encarando-o profundamente.
Sabe? Há momentos nos filmes de romance em que a gente chora porque o mocinho finalmente termina com a mocinha e todos ficam felizes para sempre... mas o conteúdo da história é esquecido, e a gente só se lembra do final, que é realmente mais emocionante.
Nos casos da vida real, eram completamente ao contrário: no Grand Finalle, quando um encarava o outro, o que se passa na cabeça dos dois é indescritível, como ver dois pássaros azuis voando apaixonadamente, ou duas grandes rosas vermelhas nascidas juntas; sempre em dois. Sempre.
Agora, o caso era diferente: ele a encarava tão profundamente que ela sentia seu toque à alma, cintilando. Os olhos verdes lhe proporcionavam uma sensação longínqua... como se estivessem muito longe, em um paraíso distante.
Ninguém nunca parou pra pensar como um grande amigo pode virar um grande amor, assim, de repente. Mas ninguém também nunca parou pra pensar, que se fossemos parar pra filosofar a vida, não teria graça, adivinhar o futuro. É muito melhor viver o presente, viver o que há dentro de nós, sem pensar no futuro; este está distante e longe demais para ser realmente visto ou ouvido.
Seria impossível o que passava na cabeça daqueles dois pequenos grandes apaixonados, que se encaravam misteriosamente.
O garoto, porém, se mexeu, colocando o controle remoto da TV do outro lado de si, convite instantâneo, entendido por Natalie imediatamente.
Esta passou uma perna por cima do garoto; ficando de quatro por cima dele. (N/A: pra não estragar o clima, não pensa besteira, ok? =p~). Encarando-o mais ainda, profundamente, deixando o presente possuir-lhe.
Victor fez menção de dizer alguma coisa, mas a garota levou os próprios dedos à sua boca e sussurrou, se aproximando.
- Eu nunca esqueci de você...
Ótimo. O beijo; finalmente.
Esse não era um beijo qualquer, um daqueles que as namoradas e os namorados dão, assim, a toda hora. Era um beijo feroz, era um beijo de quem sente falta. Victor afundou a mão pelos cabelos ondulados da namorada, beijando-a mais profundamente ainda.
Aquilo não era um beijo: era uma volta.
Era uma volta de uns tempos bons, em que se pode sonhar, se pode viver.
Onde chegariam mentindo? Nenhum lugar. Era visível. Os sentimentos estavam à mostra e poderiam ser machucados, feridos. Mas não foram, eles não esperaram. Talvez o amor possa ser visto como um lindo lado com cachoeiras... ele vai, mas permanece. Talvez nossos amigos possam compreender o que essa frase signifique, agora.
Talvez eles sejam possuídos pelo desejo um do outro, não sei. Eram tão felizes, tão apaixonados. Tão... amigos.
A certeza de que a angustia passara era perfeita. A certeza de que o tempo seria bom e a tempestade passaria, daqui uns dias, estava certo.
O mais certo de tudo era que, tendo tempestade, neve, ou calor, se amavam, acima de tudo. Era o amor perfeito, inocente. Puro, sincero.
N/A: ai gente... o fim... espero que tenham gostado... o fim da saga ;.;
Mas... é isso ae... o amor de verdade, neh?
Gostei bastante deste capítulo...
Bom, espero que também tenham gostado do fim, já estava na minha cabeça fazia um bom tempo!!
Bjos, só. Naiara.
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