Destino
Natalie desceu as escadas apressada, segundo Mary, Victor estaria a esperando no fim desta. Quando avistou o garoto de roupa de gala, todo arrumado, lá embaixo, seus olhares se encontraram e ela corou. Por que tinha que corar justo agora? Não... queria sumir. Ficar um tempo sozinha pra colocar a cabeça no lugar.
Olhou para trás tentando desviar o olhar do namorado, mas quando virou-se para a frente novamente este ainda estava a encarando, e abriu um pequeno sorriso de encorajamento. Sorriu de volta.
Ele a contemplou: estava magnífica. Um vestido lilás que se encaixava perfeitamente em seu corpo, até os joelhos, e um delicado sapatinho de boneca da mesma cor nos pés, no cabelo um imponente penteado, que prendia em cima e deixava uns fios soltos. Estava linda.
Mary sorriu ao vê-la descer as escadas, pela primeira vez estava torcendo mais pra alguém do que pra ela mesma se dar bem numa festa.
Natalie chegou ao fim da escada. Victor fez uma reverência, para quebrar o clima pesado de tudo estar certo demais, e estendeu o braço para a namorada. Natalie pegou o braço de Victor sorrindo, se sentindo mais confiante.
- Vamos.
“Parecem duas criancinhas que nunca sentiram o verdadeiro sabor do amor”, pensou Mary, ao avistar o vestido lilás de Natalie atravessar o quadro, rindo de algo que o namorado contara.
- Victor, o que queria me contar? – ela perguntou, parando-o.
O garoto a encarou nos olhos profundamente, esta sentiu arrepios. Não, não achava que Natalie faria isto com ele, nem que a forçassem. Ele a amava, descobrira isso há pouco tempo, mas a amava. Não conseguia viver sem seu sarcasmo nem as suas atitudes inteligentes. E ela era inteligente o bastante para saber disto, estava ali, em seus olhos.
- Nada. – disse simplesmente – não era importante.
- Tem certeza? Mary me falou que era urgente!
- Não, ela deve estar pirando... vamos, vamos... – ele a puxou.
A puxou para o tumulto de gente que se formava em volta das grandes e fechadas portas de carvalho que davam acesso ao Salão Principal, a puxou para o que talvez fosse a sua ultima noite juntos.
Victor conferiu seu relógio de pulso: faltavam exatamente 1 minuto para dar oito horas. Quando foi informar as horas à Natalie as portas se abriram.
O Salão Principal estava completamente mudado: haviam mesinhas redondas delicadamente decoradas, com lugar para seis pessoas, as paredes estavam forradas, no lugar onde os professores faziam suas refeições, havia um palco incrivelmente enfeitado, apesar de Victor ter achado enfeitado demais. Havia uma pista, em vermelho escuro.
A profª McGonnagall assumiu seu posto no microfone, sem ligar se as pessoas tinham ou não entrado no Salão, começou a falar:
- Boa noite, convidados. Esta noite receberemos em nossa escola a banda “The Kid Witches”, que aceitou o convite repentinamente quando este lhes foi enviado.
Ficaremos aqui até a meia-noite, em que eu lhes avisarei a hora de ir e terão meia hora para esvaziar o local. Boa noite, boa festa. – ela finalizou quando um bando de bruxas esquisitas entraram, tomando-lhe o microfone.
Começaram a cantar uma música animada, cheia de voz.
- Eu não estou muito a fim de dançar para falar a verdade – cismou Victor, quando se sentaram.
Natalie não acreditou. Tinha se arrumado para chegar ali e ele não querer dançar?? O que ele pensava que ela fosse? Um brinquedo? Não. Se sentou, mas se alguém fosse a chamar para dançar, nem que fosse Johnny, ela aceitaria.
E não foi por acaso. Mal a garota se sentou e um elegante garoto veio lhe pedir para dançar. Era McKilgnner, da Corvinal, que acabaria o ano.
Natalie olhou para o namorado, que respondeu por ela:
- Não. Se não se importa, eu sou o namorado dela, e vou dançar com ela agora. – se levantou repentinamente.
Este olhou de Natalie para Victor e respondeu:
- Desculpe. E-eu... não queria atrapalhar. É que eu vi vocês se sentando e achei que não dançariam, é que eu também estou sem par e... – respondeu sem-graça, mas Victor o interrompeu.
- Ta, ta. Mas eu vou dançar com ela. – e a puxou.
Natalie sorriu sem graça para o garoto enquanto era arrastada para a pista.
Victor não estava mesmo querendo dançar, mas dançou, mesmo sem querer.
- Você devia ter sido mais educado. – disse chegando perto de seu ouvido, Natalie.
- Ele queria dançar com você, o que você acha que eu iria responder? “Claro! Eu até iria levar ela até você se não viesse logo!” – Victor fez uma voz fina.
Natalie riu. Victor a encarou. A garota desviou o olhar, sem graça.
- Por que você sempre me encara assim de repente? – perguntou, sem fita-lo.
- Porque você é linda. – disse, beijando-a.
Não que o beijo demorasse tanto, mas Victor teve a impressão de que ouviu risadinhas de Pormida Patil, filha de Parvati Patil, olhando para eles. Quando se separaram Natalie sorriu e o puxou para a mesa.
- Você não precisa fazer isso se não quiser.
Natalie estava suada, as luzes estavam piscando (N/A: igual de boate o.O’), e a maioria das pessoas estavam na pista dançando. Mas o lugar estava cheio.
- Ok. O que é isso? – Victor abriu um pequeno papel que estava dobrado em oito em cima da mesa dos dois.
“Natty,
Me encontre lá fora, no lugar de sempre.
Não mostre esse bilhete ao seu namorado careta, como você mesmo me disse hoje à tarde.
Estou com uma vontade louca de te beijar como a gente sempre se beija.
Acho que esse baile é uma furada. Não por causa da banda, mas porque não vou ter você perto de mim. Mas eu e você somos loucos um pelo outro, não é verdade?
Ah! E não me assusta dessa vez, hein!
Da última vez eu quase caí no lago...
Você é muito linda, Natalie.
Te amo muito.
Johnny, seu eternamente.”
Victor fitou Natalie, com os olhos de água.
Como ela pôde? Foi cruel... sentiu ódio, dor, inimizade, explosão... tudo ao mesmo tempo; mas, Natalie estava apenas sentada, olhando pra ele preocupada, como se não soubesse de nada; não tinha lido o bilhete ainda.
- O que significa isto? – disse frio, mostrando o bilhete para a garota, que correu seus olhos rapidamente pelo pequeno pedaço de pergaminho.
- Victor... – ela disse depois de ler, levando as mãos à boca, de pavor – Victor... vo-você não vai acreditar nisso, vai?
- Não sei, você caminhava com ele em volta de casa, Natalie, da nossa casa. Tenho escolha? – ele amassou o papel, com ódio. Era simples e desagradável ver que herdava esse ciúmes fortes do pai.
Natalie se levantou repentinamente e pegou nas mãos do namorado, apavorada. Então era isso que pressentira? Então era isso, que decidiria seu futuro ao lado de Victor? Não. Não podia acabar assim. Definitivamente não. Então, ele via um papel na mesa escrito um monte de bobagens, e pronto? Acabava? Pior que sim. Victor não era daqueles que pensavam em tudo que havia acontecido, e nem no que poderia acontecer. Era daqueles que o ciúme corroia-lhe por dentro se não tomasse uma atitude precipitada o bastante, a ponto de poder acabar com o seu futuro. E não mudava de opinião facilmente. Não ele.
- Victor... – Natalie não podia acreditar, estava realmente em sérios problemas com o namorado – Victor eu--.
- Você o que, Natalie? Viu só? Ficou sem falar. Eu sabia, eu temia isso. Eu namorei você por 2 míseros dias e você já me apronta essa, Natalie? Não, pode ficar tranqüila que ninguém lá em casa vai ficar sabendo disso. Nem seu pai. Pior ele, né, Natalie? Que deseja um futuro ótimo pra você e não gostaria de ficar sabendo que você traiu o melhor amigo – ou melhor, eu achava que fosse.
Enfatizou as 4 palavras finais e deu as costas, ressentido. Até podia ter sido duro ou repugnante demais, mas o ódio lhe subira a cabeça. E agora ele tinha que colocar as idéias em ordem, pra analisar a situação e reparar certos danos. Estava machucado, ferido. Seu coração e sua cabeça estavam doendo e ele sentia uma bomba pronta para explodir dentro de si mesmo.
Caminhou rapidamente para fora do castelo, sem encarar ou desviar-se de ninguém. Pela primeira vez se sentia sujo por continuar a amar alguém que lhe traíra.
Parou de andar, levou as mãos aos cabelos ruivos aloirados, bagunçando-os rapidamente. Olhou para o chão e encarou uma pedra, a chutou com toda a força e raiva que estava sentindo. Se sentou no chão, com as mãos no rosto. Sofria.
A uns cem passos dali uma garota de cabelos negros corria pelo corredor que ia à sala comunal da Grifinória, com os olhos inchados e vermelhos, sem responder aos olhares dos fantasmas ou de algumas pessoas que se beijavam ferozmente pelo corredor, arrumados do baile.
Ela disse a senha rapidamente para a Mulher Gorda, e esta se abriu rapidamente, sem fazer perguntas – o que era muito estranho – e sem tentar se demorar para descobrir o que acontecera, só girou para a frente.
- O-o que você esta fazendo aqui?? – Mary perguntou de repente, de um canto da sala, enquanto parava de beijar Slugg.
Natalie soluçou baixo e continuou correndo para o dormitório feminino.
Uma vez que entrou, pulou em sua cama, e não saiu de lá. Mary veio, acariciou-lhe os cabelos, e disse:
- Me conta... o que aconteceu?
- Ele... ele... – Natalie afundou o rosto no travesseiro novamente, voltando a chorar desesperada.
- Shhhh... – Mary continuou a acariciar seus cabelos, carinhosa.
- N-não... vo-você tem q-que saber... – Natalie disse se sentando na cama.
- Conta se você quiser, Natty, não precisa contar se não se sentir bem, ok?
- Ok... m-mas eu v-vou contar. – ela limpou as lágrimas com as costas da mão, e começou: - a gente chegou e se sentou, aí quando um garoto do sétimo ano veio me chamar pra dançar ele ficou morrendo de ciúmes e me tirou pra dançar, deixando o outro pra trás. Aí, quando acaba a música a gente volta e ele vê... ele vê... bem, um bilhete em cima da nossa mesa de Johnny McGregor, que falava um monte de besteiras, como se eu fosse sua... namorada! E Victor sumiu entre as pessoas, depois de falar que não acreditava em mim... eu te disse, Mary, que alguma coisa ia acontecer hoje... eu te disse! – ela despencou nos braços da amiga – por que isso tinha que acontecer comigo... por que??
E, de repente, entre os soluços de uma amiga fiel e desesperada, Mary teve um plano, que de inicio lhe pareceu terrivelmente fraco pra a situação, mas com os dois podia funcionar.
- Porque estava escrito. – disse ela, intencionada – estava escrito que isso iria acontecer.
- Eu não acredito em destino. – respondeu Natalie, na hora.
- Mas ele acredita em você. – disse a garota.
O que Mary queria dizer com isso Natalie não entendeu, mas a garota se levantou, deu as costas para Natalie, e saiu do quarto, a deixando pensativa.
Talvez pudesse mudar seu destino. Como seu pai mesmo costumava lhe dizer quando ela era pequena, quem acredita e luta pelos sonhos, sempre alcança. Claro, para ele que derrotara o bruxo mais forte de todos os tempos, que poderia estar aterrorizando por todos os lados quando se ouvia seu nome, o bruxo que dava autógrafos e tirava fotos por onde passava, o auror que saía na capa dos jornais sempre, o bruxo que acabou por dar fama a sua filha e aos seus amigos também. Sim, como a filha de um bruxo que desde os 11 anos já entendia a diferença entre o amor material e o verdadeiro, não poderia mudar seu destino? Difícil seria se ela não conseguisse faze-lo.
Natalie caminhou de um lado para o outro, pensativa. Sim, ela tinha essa capacidade. Mas o que fazer? O que fazer para conseguir tal proeza de mudar o seu destino? O sentimento de clareza parecia ser limitado e ela tinha que pensar em algo que fazer rápido... mas o que?
A garota fitou em cima da penteadeira grande que as garotas dividiam, cada uma com a sua gaveta, um certo espelho pequeno e quadrado, que seu pai lhe dera de aniversario fazia alguns anos. Não sabia pra que ele servia, só sabia que tinha vindo dois no embrulho, Victor ficara com um. Caminhou até ele e o segurou, tremendo. Chamou o nome de Victor.
Como era tão estúpida? É claro que ele não responderia. Ele estava no lago, fora do castelo, e certamente o espelho estaria dentro de sua mala, misturado em suas coisas, esquecido.
Para a sua surpresa, o rosto do garoto apareceu de repente, também de olhos inchados e vermelhos, seu cabelo ao vento.
- O que foi? – ele perguntou.
- A-am... V-victor... temos que conversar.
- Eu não posso falar com você, Natalie, você me machucou, não entende?
- M-mas Victor, entenda! Eu não fiz nada, e desde quando eu tive tempo? Ou eu estava estudando ou conversando com Mary, ou estava com você! Eu tive tempo de te trair em 2 dias, Victor? Você não entende o que eu estou passando... mas por favor, se entender, venha até a sala comunal da Grifinória... eu vou estar te esperando. E por favor, por favor, volte pra mim... eu não agüento mais ficar longe de você... por favor. – Natalie finalizou, sumindo do espelho.
N/A: Bom, gente, eu to demorando, né? Mas comentem... não desistam que eu prometo que eu vou ler e comentar a de vocês =@@~!! É que agora eu to tendo mais tempo... e desculpe se eu fiz voce entrar todo dia esperando loucamente por um capitulo novo - é o que eu faço quando gosto de uma fic =p~ - eu juro que agora que eu to terminandoeu postarei sempre, ok?? Bjaumm... comentemm!!
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