A Legilimente
N/A - Ufa! Finalmente, terminei o capítulo. Levei quatro dias e não ficou nem de longe como eu queria, mas pelo menos transmite a ideia que eu tinha em mente. O problema é uma crise brava de falta de inspiração. L
Quanto à forma como Sarah conheceu Lupin e à sua paixão secreta, não foram ideias minhas, mas sim retiradas da fanfiction "Uma Prece Por Snape", de Regina McGonagall.
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O seu rosto era jovem e bonito. Os cabelos eram longos, lisos e brilhantes, tão negros quanto os seus olhos, que brilhavam de emoção, contrastando com as roupas coloridas, em vários tons de vermelho e marrom. As pulseiras e brincos formavam um conjunto perfeito com a moeda de ouro que ela usava no centro da testa. Não era difícil para quem a olhava deduzir que estava perante uma verdadeira cigana; no entanto, não seria qualquer um que perceberia que, para além de cigana, Sarah McGonagall era, também uma bruxa legítima.
Pela primeira vez em muito tempo, ela se achava, agora, reunida com as suas duas melhores amigas dos tempos em que era aluna em Hogwarts e as abraçava, feliz. Primeiro Tonks,dessa vez com ocabelo ruivo (talvez para contrastar com as amigas, uma loira e outra morena)e cacheado e depois Mary, a mesma Mary que apenas algumas noites antes sentira pela primeira vezo gostinho do ciúme em relação a ela.
As três amigas estavam emocionadas, isso era notório. Tonks era a mais excitada com a situação. Posicionando-se entre Sarah e Mary, colocou um braço por cima de cada uma, com um sorriso de orelha-a-orelha, exclamando:
- Caramba, como é bom estarmos as três reunidas de novo! Faz quanto tempo, meninas?
- Mmmm... - Fez Sarah, com um ar pensantivo. - Acho que uns três ou quatro anos, mais ou menos.
- Quatro. - Disse Mary, com um sorriso quase tão aberto como o de Tonks. - Foi desde aquele verão que eu resolvi passar aqui, para matar saudades e a Sarah também resolveu aparecer. Foi a única vez, desde que saímos de Hogwarts que conseguimos nos reunir as três ao mesmo tempo.
Tonks soltou uma gargalhada:
- Que Verão inesquecível! - Exclamou. - Cada vez que eu me lembro de tudo o que a gente fez para juntar a Mary com o Antonio... Vivíamos jogando a coitada para cima dele! Chegamos a fazer isso literalmente!
As três riram com a recordação, mas Sarah lançou a Mary um olhar enigmático. Respondeu apenas:
- Não deu em nada.
- Nem poderia! - Exclamou Tonks, abanando a cabeça, com ar inconformado. - A nossa amiga aqui é uma tonta quando o assunto é homens. Sempre ficava vermelha quando chegava perto dele e acabava não dizendo coisa com coisa!
Mary corou e replicou, sorrindo:
- Ele me achava uma bobona. - Sentiu, de repente, que aquele assunto, que tanto a fizera sofrer, não tinha mais tanta importância; na verdade, pensou com enorme surpresa,não tinha mais qualquer importância. Antonio era, realmente, um homem lindo e sensual, que mexera com os seus sonhos de adolescente, numa daquelas paixões impossíveis que ela, como muitas adolescentes, julgara ser amor... e sofrera de verdade com o descaso dele, mas agora... agora sentia que tudo aquilo era apenas parte do passado. Não do presente e tampouco do futuro. Achara o homem dos seus sonhos, Remo Lupin e agora era por ele, pelo seu descaso, que sofria, em segredo.
Sentiu um arrepio ao reparar no olhar enigmático que Sarah ainda lhe dirigia. Parecia estar entrando na sua mente, estar lendo os seus pensamentos. De repente, susteve a respiração. Isso era possível, sim. Sarah era legilimente!
Naquele momento, Mary teve a certeza absoluta de que a amiga invadira os seus pensamentos e já sabia de tudo o que ela estava guardando tão cuidadosamente para si mesma até então.
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Sarah conhecera Lupin quando tinha apenas oito anos de idade. Ele, Sírius, Tiago e Pedro, seus amigos desde os tempos do colégio (hoje em dia, dois mortos e um traidor, servo fiel de Voldemort, o mago negro mais poderoso e de má indole que a História já vira), haviam procurado o acampamento cigano em que Sarah se encontrava, em busca de uma solução para o problema de Remo. As visitas foram poucas, mas tinha dado para fundamentar os alicerces de uma amizade futura, baseada no carinho que Remo, Tiago e Sírius nutriam pela menina de olhos vivos e inteligentes, que jamais desviava o olhar do belo Sirius Black.
Com o passar dos anos, haviam se reencontrado ocasionalmente e agora ali estavam ambos, de novo, num abraço que deixaria Mary roxa de ciúmes se tivesse presenciado. Felizmente, não foi o caso.
- Sarah McGonagall, você não morre tão cedo! - Exclamou Lupin, ao desfazer o abraço. - Outro dia mesmo falei de você... - Ele se deteve. Não queria contar sobre a pessoa com quem falara sobre ela. Mas era tarde demais. Ela sabia o que ele estava pensando.
- ...com a Mary... - Completou ela, com um ligeiro sorriso.
Remo estremeceu. Nãopodia deixar que a legilimente percebesse que ele lutava contra um sentimento que ele próprio não sabia (ou não queria saber) o que era... Mas era tarde demais: Sarah já lera os seus pensamentos e ele sabia disso.
- Se você gosta dela, porque a faz sofrer?
Lupin ia abrir a boca para dizer, apenas no intuito de desviar a conversa, que não sabia do que ela estava falando... até que lhe ocorreu que, realmente, não sabia mesmo. "Sofrer"? Olhou para Sarah, com uma ruga aparecendo entre os seus olhos:
- "Sofrer"! Do quê você está falando? Se eu estou fazendo alguém sofrer, você pode ter certeza que não é essa a minha intenção. Explique-se, por favor!
- Estou falando dos sentimentosda Mary, claro. - Disse Sarah - Remo, você sabe que é difícil para as pessoas de quem eu gosto esconder algo de mim. Eu me preocupo e, quando vejo uma pontinha que seja de sofrimento nos olhos delas, não posso deixar de querer saber o que está acontecendo, é mais forte do que eu! É uma das vantagens de ser legilimente: posso ajudar quem me é querido.
Lupin começava a se sentir deveras desconfortável. Jamais partilhara os seus sentimentos fosse com quem fosse e não estava disposto a fazê-lo, naquele momento, com Sarah, mas as palavras dela ecoavam na sua cabeça. Era quase insuportável a ideia de que estaria fazendo alguém sofrer... e logo Mary!
- Sim, ela está sofrendo por sua causa. - Assegurou Sarah. - Apesar de aparentemente alegre e faladora, a Mary sempre foi muito tímida, nunca teve o menor jeito com os homens e quando foi mordida, no nosso terceiro ano em Hogwarts, as coisas pioraram consideravelmente. Eu sempre soube que ela tinha visões do destino dela, com um homem que ela nunca tinha visto. Ela não falava sobre isso, porque achava que aquele homem não existia e que as visões eram apenas sonhos, reflexos inconscientes dos seus desejos mais íntimos, por isso fazia de tudo para nem pensar no assunto... mas agora, ela viu que estava enganada. Eram visões, sim; e o homem que aparecia nela era você. Ela reconheceu você.
Sarah parou de falar e olhou Lupin nos olhos. Ele estava pálido, como se a lua-cheia estivesse muito próxima. A sua voz rouca soou mais rouca ainda quando murmurou:
- Sarah... isso... isso é loucura! Eu não posso me envolver com ninguém... muito menos com uma vampira. Isso só iria piorar a situação dos dois!
Ela suspirou, sem desviar os seus olhos dos dele, e disse, em tom sério:
- Eu fui conferir no tarô. Confirmei. Vocês dois estão predestinados... e já deu para perceber que vocês gostam realmente um do outro. Remo, escute bem o que eu vou lhe dizer: ninguém deve fugir do destino. Ele pode ser alterado, o mal pode ser evitado, mas... evitar o bem é a pior coisa que alguém pode fazer para si mesmo.
Lupin esboçou um sorriso triste:
- O "bem"? - Repetiu. - Que bem pode vir da relação entre um lobisomem e uma vampira?
Sarah continuou, calmamente, com o mesmo tom e olhar:
- A felicidade de um amor correspondido e realizado. - Ela sabia muito bem o que era sofrer por amor e esconder sentimentos. Amava Snape em segredo, desde os tempos em que fora aluna dele, em Hogwarts. Prosseguiu. - Remo, não fuja, por favor. Eu não estou dizendo que será uma relação fácil e que não vão surgir muitos obstáculos, mas sei que vocês são as pessoas certas para levar a felicidade um ao outro... e que isso só vai acontecer se você fizer alguma coisa nesse sentido.
Lupin sentiu uma enorme angústia invadi-lo. Desde a sua adolescência que não passava pela sua cabeça a hipótese de viver um amor, de partilhar a sua vida com alguém... mas desde que colocara os olhos em Mary pela primeira vez sentira algo estranho, que nunca sentira antes... como se desde sempre a tivesse conhecido, como se sempre tivesse esperado por ela, como se ela fosse capaz de quebrar todas as suas defesas, o muro invisível que ele criara em sua volta, escudo contra qualquer tipo de sentimento profundo e que raras vezes havia sido abalo. O último abalo fora a morte de Sírius. Sim, o abalara demais... mas ele sentia que uma história de amor, principalmente naquela altura de sua vida, o abalaria mais ainda. Além disso, nem sabia como se aproximar de uma mulher. Nunca o fizera... mas o olhar firme de Sarah o fez sentir que ela estava com a razão: se era o seu destino, não deveria fugir.
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