CAPÍTULO 18



CAPÍTULO 18


 


Duas horas depois, Gina estava na torre da Secretaria de Segurança, explicando o fracasso da operação ao secretário Diggory.


- Assumo toda a responsabilidade pelo resultado insatisfatório desta operação, senhor. O desempenho dos policiais designados para a força-tarefa não deve ser questionado.


- Que circo, hein? - reagiu Diggory, batendo com o gigantesco punho sobre a mesa. - Brigas de cães, civis feridos e a investigadora principal circulando a toda velocidade sobre a cidade, por terra e por ar, em uma máquina fenomenal, um carro esporte a jato todo equipado. O pessoal da mídia pegou você zunindo pelos ares naquele bólido. Quando a matéria for ao ar, isso vai ficar lindo para a imagem do departamento.


- Desculpe-me senhor. - reagiu Gina, com o corpo rígido. - Minha viatura oficial foi destruída há alguns dias e ainda não foi substituída. Optei por utilizar um veículo particular até minha nova unidade veicular ser liberada. Os estatutos do departamento permitem o uso de carros particulares em situações como essa.


- E por que diabos a sua nova viatura ainda não foi entregue? - perguntou ele, apertando os olhos e parando de esmurrar a mesa.


- A requisição automática ainda não foi processada, por motivos que não sei explicar, secretário Diggory. Minha assistente tornou a enviar um novo formulário hoje, solicitando a substituição, e lhe disseram que o prazo de entrega foi estipulado entre uma semana e nunca.


- Burocratas idiotas! - reclamou ele, soltando um longo suspiro. - Você terá um novo veículo até as oito horas de amanhã, tenente.


- Obrigada, senhor. Não há dúvidas de que a operação de hoje foi insatisfatória. Entretanto o detetive Ronald conseguiu especificar as Torres do Luxo como a fonte da ligação que recebi hoje. Gostaria de me juntar à equipe de busca e aos peritos que foram enviados para lá.


- Quantas frentes dessa investigação pretende comandar pessoalmente, tenente?


- Todas, senhor.


- E já lhe passou pela cabeça que a sua objetividade poderá ser questionada nesse caso? Já lhe ocorreu que você possa estar travando uma disputa de egos com o assassino? Está investigando uma série de assassinatos, tenente, ou apenas fazendo o jogo dele?


Gina aceitou a descompostura e concordou que foi merecida, mas não recuou.


- A essa altura do campeonato, senhor, creio que não posso fazer uma coisa sem a outra. Compreendo que a minha atuação neste caso está abaixo do esperado, mas tal situação não vai continuar.


- Só queria saber como posso lhe passar uma esculhambação quando você mesma é tão exigente consigo. - Afastando-se da mesa, ele se levantou. - Considere-se oficialmente repreendida, tenente. Agora, cá entre nós, e extra-oficialmente, devo dizer-lhe que não considero a sua atuação nesse caso como abaixo do esperado. Analisei todas as gravações da operação. Você sabe comandar bem, tenente, com autoridade e sem hesitação. Sua estratégia para armar uma cilada para o criminoso foi impecável. Droga de poodle. - murmurou entre dentes. - Além disso, você não recebeu reforço aéreo devido a uma falha que não foi sua, mas do controle, falha essa, aliás, que será severamente investigada. Saiba que tem o meu apoio, oficialmente. Agora... - levantou um globo de vidro cheio de um líquido azul brilhante e o girou nas mãos, de forma que a água do mar encapsulada bateu de um lado para outro -... a mídia vai deitar e rolar com os problemas que enfrentou hoje. Vamos tentar tomar esse direto no queixo com o máximo de dignidade. O assassino vai tornar a entrar em contato com você?


- Sim, pois é incapaz de se segurar. Provavelmente vai dar a si mesmo um período de silêncio. Vai ficar emburrado, vai ter alguns chiliques e vai tentar encontrar um modo de me atingir fisicamente. Diria que, na visão dele, eu roubei no jogo, um jogo que é dele. Roubar dessa forma seria um pecado, segundo a sua concepção, e ele vai querer que Deus me puna por isso. Vai ficar apavorado, mas também pau da vida.


Depois de hesitar por alguns segundos, Gina resolveu abrir o jogo.


- Não creio que ele vá voltar para a sua base nas Torres do Luxo. Ele pode ser o que for, secretário, mas burro é algo que não é. Já sabe que se conseguimos chegar tão perto como hoje, provavelmente é porque rastreamos suas ligações. Sacou que estávamos no saguão do hotel hoje; portanto podemos dizer que ele tem instintos aguçados no que se refere a identificar tiras. Ele veio para os nossos braços e nós mesmos estragamos tudo. No entanto, se pudermos encontrar o seu equipamento e o seu esconderijo, vamos pegá-lo.


- Então faça isso, tenente. Encontre o esconderijo dele e prenda-o.


 


Gina passou em sua sala para fazer cópias de todos os arquivos em áudio e vídeo relacionados com a operação fracassada. Pretendia avaliar cada segundo de cada disco.


- Eu disse para você ir para casa. - reagiu ao ver Harry esperando por ela em sua cadeira.


Ele se levantou, foi até onde ela estava e passou as costas da mão, com carinho, sobre o seu rosto.


- O secretário Diggory arrancou muitos pedaços de você?


- Mal me arranhou, se considerarmos o tamanho do fiasco.


- Não foi culpa sua.


- A culpa não vem ao caso, o que importa é a responsabilidade. E essa foi minha.


Compreensivo, ele a enlaçou pelo ombro, perguntando:


- Está a fim de sair pela rua chutando todos os poodles que encontrar?


- Talvez mais tarde. - disse ela, dando uma risada. - Tenho que copiar alguns arquivos e depois vou direto me juntar aos peritos e à equipe de buscas.


- Você não se alimenta há horas. - observou ele.


- Vou passar no QuickMart pelo caminho, a fim de pegar algo para comer. - Com ar de desencanto, passou as mãos pelo rosto. – Droga Harry, estávamos tão perto, ele escapou de nós por pouco, muito pouco! Será que ele reparou o instante em que Thomas colocou a mão no bolso do paletó em busca da arma? Será que alguém da equipe o encarou demais durante a operação? Será que ele simplesmente sentiu cheiro de polícia no ar?


- Por que não me deixa dar uma olhada nessas gravações, com a experiência de alguém que consegue sacar tiras a distância há muito tempo?


- Mal não vai fazer... - Virando-se para o computador, ordenou cópias de todos os arquivos da operação. - Acho que temos um monte de imagens dele, de vários ângulos, no saguão. Não aparece muita coisa do seu rosto, mas talvez você consiga sacar algum detalhe que nos ajude. Você deve conhecer esse cara, Harry.


- Vou fazer todo o possível para descobrir algo.


- Não sei a que horas vou poder voltar para casa. - disse e lhe entregou as cópias. - Não me espere acordado.


 


Ela pegou um folheado de queijo e uma barra de cereais no QuickMart e se contentou com uma lata de Pepsi, em vez do notório e venenoso café. Levou sua minguada refeição com ela até a sala de conferências do segundo andar, onde Ronald chefiava a equipe de técnicos em eletrônica.


- Alguma coisa?


- Um monte de registros de ligações e fax a laser. O prédio está cheio de equipamentos eletrônicos de ponta, em todos os apartamentos. Estamos verificando andar por andar, mas não há nada na escala de grandeza do equipamento que o nosso rapaz emprega.


Gina largou a sacola do lanche, esticou o braço e virou o rosto de Ronald na direção dela, segurando-o com força pelo queixo. Havia um galo em sua testa e um arranhão comprido bem acima do olho direito.


- Já pediu para os para-médicos darem uma olhada nessa sua cara horrível?


- Não... foi só uma pancada. Aquele cachorro doido veio para cima de mim como um zagueirão na pequena área. - Ele se mexeu na cadeira tão rápido que as argolas presas em sua orelha tilintaram. - Gostaria de lhe pedir desculpas pela minha insubordinação durante a operação, tenente.


- Não, não gostaria... você estava pau da vida e continua revoltado. - Pegando a lata de Pepsi, abriu o lacre com um estalido. - Estava errado e continua errado; portanto enfie as desculpas onde quiser. Jamais questione as ordens de uma oficial superior durante uma operação, Ronald, ou vai acabar vigiando estripulias sexuais para algum detetive particular, em vez de subir ao pódio dos melhores detetives da Divisão de Detecção Eletrônica.


Apesar de ainda estar fumegando, ele manipulou com todo o cuidado o scanner, reparando que havia um sofisticado centro de comunicações no décimo oitavo andar.


- Tudo bem, tenente, talvez eu estivesse meio injuriado na hora, e talvez reconheça que, no fundo, passei dos limites. O problema é que eu mal saio do meu cubículo na central de polícia, uma vez por mês! Essa foi a maior oportunidade que tive até hoje de participar de algo com ação de verdade, e de repente você me cortou.


Olhando para ele e reparando o seu rosto jovem, liso e ávido por novidades, Gina se sentiu incrivelmente velha e cansada.


- Ronald, - quis saber ela - alguma vez na vida você já participou de uma operação tipo mano a mano, de verdade, sem ser em treinamento?


- Não, mas...


- Já descarregou sua arma em algo que não fosse um alvo da galeria de tiro?


- Não. - Seus lábios formaram um biquinho de contrariedade. - Você está querendo dizer que eu não sou um soldado?


- Estou querendo dizer que seu talento está bem aqui. - Bateu com a ponta do dedo no scanner, pegando a barra de cereais em seguida. - Você sabe tão bem quanto eu que um monte de caras que se inscrevem para trabalhar na Divisão de Detecção Eletrônica são dispensados, todos os anos. Lá, eles só aproveitam os melhores entre os melhores. E você é bom... olhe que estou falando isso de cadeira, porque já trabalhei com o melhor de todos. - afirmou ela, pensando em Neville. - É por isso que sei com tanta certeza, e é aqui que eu preciso que você esteja, para conseguirmos pegar este canalha.


Depois, de forma não muito gentil, Gina bateu com a ponta do dedo no galo dolorido que sobressaía na testa do rapaz, garantindo:


- Além do mais, participar direto na frente de batalha machuca muito.


- Os caras do departamento vão me zoar durante semanas. Derrubado em ação por um simples cachorro!


- Mas era um cão de raça e muito grande. - Com ar solidário, Gina pegou o folheado e o entregou a ele. - O bicho tinha dentes enormes e afiados. Lorimar levou uma dentada no tornozelo.


- Foi mesmo?... - Um pouco mais animado, Ronald deu uma dentada no salgado, saboreando o recheio de queijo. - Não soube disso não... - Nesse momento, uma série de bipes o fez franzir o cenho ao olhar para o scanner. - Olhe só, temos um equipamento gigantesco no décimo nono andar, em um dos apartamentos da ala oeste. - Virando-se para o comunicador, ordenou: - Equipe azul, verifique o apartamento 1923. Pode ser apenas um centro de diversões domésticas de algum garoto rico, mas temos que tirar a prova, porque esse é um sistema da pesada.


- Vou fazer uma pesquisa porta a porta. - disse Gina. - Se pintar alguma coisa realmente interessante, passe a informação para mim.


- Você vai ser a primeira, Weasley. Valeu pela comida. Ahn... onde está a policial Hermione?


- Está supervisionando o que houve de errado com o equipamento na cobertura do hotel do Central Park. - Levantou a sobrancelha, olhando para trás por sobre o ombro. - Ela não gosta de você, Ronald.


- Eu sei. - Abriu um sorriso. - Acho isso super-atraente em uma mulher. - E se virou para o equipamento, cantarolando baixinho enquanto se entregava à complicada tarefa de separar os bipes em componentes identificáveis.


 


Quando deu meia-noite, ela requisitou uma nova equipe, mandou Ronald para casa, a fim de dar-lhe um descanso de oito horas, e se aprontou para sair. Não ficou surpresa ao encontrar Harry ainda acordado, em seu escritório, degustando um cálice de vinho enquanto analisava as gravações.


- Mandei a primeira equipe para casa, por esta noite. Eles já estavam batendo cabeça.


- Você também me parece meio grogue, tenente. Quer que eu lhe sirva um cálice de vinho?


- Não, não quero nada. - Ela se aproximou da mesa, reparando que Harry congelara a cena no ponto em que a testa de Ronald se encontrara violentamente com a esquadria da porta principal do saguão do hotel. - Não creio que ele ache essa imagem apropriada para ser emoldurada.


- Ele não teve sorte em suas incursões pelos centros de comunicação instalados no prédio?


- Ronald está receoso de que nosso homem tenha fechado a banca. - Massageou os pontos duros na nuca. - Eu também estou. Ele bem que poderia ter desabilitado todo o equipamento a distância, durante a fuga, ou tenha contatado alguém com quem esteja trabalhando. O perfil da dra. Minerva indica que ele precisa de elogios constantes e muita atenção durante os jogos que cria. É possível que ele tenha um cúmplice, provavelmente do sexo feminino, com personalidade forte e figura de autoridade.


- A mãe dele?


- Essa é a minha primeira idéia. Mas um equipamento remoto é tão provável quanto ele estar com a mamãe do lado. O que ele precisa é acreditar que está dirigindo o show. Provavelmente tem um lugar próprio só para ele trabalhar.


Aproximando-se do telão, olhou com atenção para a imagem do homem com casacão e quepe de motorista.


- Essa roupa é como se fosse uma fantasia. - murmurou ela. - É mais uma peça do jogo. Ele se veste para desempenhar o seu papel. É uma vestimenta que esconde seu rosto, mas é também... não sei explicar... algo dramático. É como se tudo fosse uma peça de teatro em que ele é o protagonista. Bem aqui, no entanto, dá para ver que nós fizemos algo de diferente em cena, uma coisa que ele não esperava. Observe o choque e o pânico na sua linguagem de corpo. Ficou meio desequilibrado ao dar um passo para trás. Retraiu-se instintivamente. A mão que estava livre se elevou, um gesto de defesa. Aposto que seus olhos estão arregalados com o susto por trás dos óculos.


De repente, algo chamou a atenção de Gina, fazendo-a franzir o cenho e chegar ainda mais perto do monitor.


- Não consigo ver para onde ele está olhando. Não dá para ver onde os olhos dele se focaram, só o ângulo da cabeça. Será que ele está olhando para Thomas, sacando a arma do paletó, ou para Ronald, batendo de cara com o portal?


- Desse ângulo dá para ver os dois.


- É... você acha Thomas com cara de tira que está prestes a sacar a arma? Ele poderia passar por um porteiro que se colocou alerta com a confusão e enfiou a mão no bolso para pegar um comunicador.


- Mas eu o veria como tira. - disse-lhe Harry. - Observe só o jeito como ele se movimenta. - Gina ordenou ao aparelho que voltasse a cena para trinta segundos antes e voltasse a passar. A sala se encheu de barulhos repentinos e ela tirou o áudio. - Olhe ali... ele está na posição clássica de tira. Repare no giro do corpo, com os joelhos flexionados e o corpo retraído; veja a sua mão direita voando para dentro do paletó, em busca de algo sob o braço. Porteiros usam comunicadores na lateral do cinto; por isso alguém ligado conseguiria notar que ele elevou a mão demais e imaginaria uma arma.


- Mas tudo aconteceu muito rápido, veja só a velocidade da cena!


- Se o assassino conhece tiras e já lidou com eles em outras ocasiões, isso seria o bastante. Ronald não parece policial nem se movimenta como um. O único jeito de alguém sacar que ele é da polícia é reconhecendo-o ou já sabendo por antecipação que ele é um tira.


- Mas Ronald não faz muito trabalho de campo e jamais esteve em ação, como, aliás, reclamou comigo agora à noite. No entanto, como os dois são fissurados em eletrônica, pode ser que tenham se encontrado alguma vez, em algum lugar. Droga, eu devia ter pensado nisso antes de mandar que ele saísse do hotel.


- Você está parecendo um zagueiro depois da derrota, Gina.


- Como assim?


- Vamos ter que trabalhar um pouco nessa sua total falta de interesse em outros esportes que não sejam o beisebol, querida. Não adianta nada achar que poderia ser diferente depois de a coisa sair errada. Eu a observei comandando toda a operação e você desempenhou seu papel com firmeza e sangue-frio.


- De qualquer modo, engoli um frango. - Sorriu com timidez. - Que tal essa observação para quem não entende de esportes?


- A mulher gorda ainda não cantou. - disse ele, e riu ao ver o olhar confuso de Gina ao ouvir essa expressão. - Isso quer dizer que o campeonato ainda não acabou. O jogo de hoje é que está encerrado e agora você vai para a cama.


- Quem é que disse? - Ela estava pensando em comentar que ia para a cama antes mesmo de Harry falar, mas não resistia a uma oportunidade de contrariá-lo.


- O homem com quem você se casou porque é bom de cama.


- Eu só disse aquilo como tentativa de provocar um cara sexualmente reprimido e maníaco assassino. - justificou Gina, passando a língua sobre os dentes e enganchando os polegares nos bolsos da frente da calça.


- Sei... então você não se casou comigo porque eu sou bom de cama, afinal.


- O sexo é apenas um elemento de diversão.


- Um elemento que você deve estar cansada demais, esta noite, para explorar.


- Quem é que disse? - repetiu ela, estreitando os olhos para disfarçar o fato de que eles estavam se fechando de cansaço.


Ele teve de rir, enlaçou-a pela cintura e começou a caminhar com ela em direção ao elevador para que ela não precisasse subir as escadas.


- Querida Gina... acho que você seria capaz de discutir até com o próprio capeta em pessoa.


- Achei que estava fazendo exatamente isso. - Bocejando, ela se encostou nele. Ao chegar ao quarto foi tirando a roupa, deixando as peças caírem pelo caminho. - Eles estão fazendo uma varredura completa no carro que ele deixou parado na porta do hotel. - murmurou ela, se arrastando sobre a cama. - É um carro de locadora. O veículo foi alugado sob o número do cartão de crédito de Moody.


- Troquei todos os meus números de conta e cartões de crédito. - Ele se deitou ao lado dela. - Vou providenciar para que isso seja feito também com os de Moody amanhã de manhã. Nosso homem não vai achar tão fácil acessar nossos dados a partir de agora.


- Os peritos ainda não acharam nada no saguão. Há luvas, alguns fios de cabelo, talvez dele, e algumas fibras de tapete estrangeiro que podem ter vindo dos seus sapatos. Continuam pesquisando tudo.


- Que bom! - comentou ele, acariciando-lhe o cabelo. - Agora, veja se consegue desligar a cabeça.


- Ele vai mudar de alvo. Não conseguiu os pontos que queria na rodada de hoje. E isso vai acontecer logo. - Quando sua voz ficou meio empastada, Harry se virou de lado, a fim de que Gina pudesse se enroscar junto dele.


Vai acontecer logo. Harry refletiu sobre isso e viu que ela tinha razão. Mas o alvo não seria a sua mulher, pelo menos não naquela noite. Por ora ela estava segura, curvada de encontro a ele, com o corpo aquecido e adormecida.


 


Patrick Murray estava mais bêbado do que normalmente. Pelo esquema segundo o qual pautava sua vida, evitava permanecer sóbrio, mas não costumava tropeçar nas coisas nem mijar nas mãos. Naquela noite, porém, quando o Clube das Sereias fechou suas portas às três da manhã, ele já fizera ambas as coisas, e mais de uma vez. Sua mulher o abandonara... mais uma vez.


Ele amava Loretta com uma paixão rara, mas admitia que muitas vezes o seu amor por uma atraente garrafa de uísque Jamison era maior. Ele conhecera o amor de sua vida cinco anos atrás. Ela estava nua em pêlo e nadava como um peixe no show aquático pelo qual o clube era famoso, mas aquilo havia sido, para Patrick, amor à primeira vista.


Lembrou disso naquele instante ao tropeçar em uma cadeira que tentou colocar de pernas para o ar sobre a mesa diante dele. Demasiadas doses de uísque deixavam a sua visão embaçada e o impediam de cumprir bem as suas obrigações de faxineiro. Era sua responsabilidade passar pano molhado no chão, limpar bebidas derramadas e fluidos corpóreos, esfregar as privadas e pias, além de cuidar para que os quartos privativos tomassem um pouco de ar para não ficarem cheirando a orgasmos alheios no dia seguinte.


Fora contratado pelo clube para fazer exatamente aquilo há cinco anos e dois meses, e fora atingido pela flecha de Cupido ao ver Loretta executar uma pirueta aquática dentro do gigantesco aquário onde acontecia o show.


Sua pele, da cor de uísque envelhecido, brilhara com a água. Os caracóis de seus cabelos pretos flutuavam na água tingida de azul forte. Seus olhos por trás de lentes protetoras refulgiam em um tom lavanda.


Patrick empinou as costas e a cadeira que tinha nas mãos antes de voltar a buscar a pequena garrafa de uísque que trazia no bolso. Bebeu todo o resto de uma vez só e, embora balançasse o corpo para a frente e para trás, colocou o frasco vazio, com todo o cuidado, dentro do compartimento de reciclagem instalado na parede.


Patrick tinha vinte e sete anos quando pusera os olhos pela primeira vez na magnífica Loretta. Ele chegara aos Estados Unidos apenas dois dias antes. Fora obrigado a sair da Irlanda às pressas, devido a desentendimentos com a lei e leves desacordos provocados por dívidas de jogos. Finalmente encontrara o seu destino na cidade de Nova York.


Cinco anos depois, continuava esfregando o mesmo chão, limpando substâncias inimagináveis e embolsando trocados largados por clientes muitas vezes mais bêbados do que ele e lamentando, mais uma vez, a perda de sua Loretta.


Era obrigado a reconhecer que Loretta não tinha muita tolerância com um homem que consumia bebida aos litros.


Uma mulher que alguns poderiam chamar de “tamanho GG”, com noventa quilos e um metro e sessenta e cinco, Loretta dava quase dois de Patrick Murray. Ele era um homem baixinho que certa vez sonhara em ser jóquei de puros-sangues, mas costumava perder muitos treinos matinais devido à inconveniência de uma cabeça que parecia estar explodindo. Tinha um metro e sessenta, cinqüenta e quatro quilos, e esse peso era com as roupas molhadas, depois de cair no tanque do show aquático.


Seus cabelos eram alaranjados, da cor de cenoura, e seu rosto exibia uma infinidade de sardas no mesmo tom. Loretta lhe disse muitas vezes que foi o tom azul de seus olhos de menino triste que a havia conquistado.


Da primeira vez, naturalmente, ele pagara a ela para fazer sexo. Afinal, aquilo era o seu ganha-pão. Da segunda vez ele também pagara pelo seu tempo, mas dessa vez lhe perguntou se ela gostaria de dividir uma torta com ele e bater papo.


Ela lhe cobrara pelo papo também, e mais duas horas extras, mas ele não se importara. Da terceira vez ele lhe trouxera uma caixa de um quilo de bombons sintéticos que simulavam à perfeição o sabor de chocolate, e ela fizera sexo com ele quase de graça.


Algumas semanas mais tarde, já estavam casados. Patrick se mantivera sóbrio por quase três meses. Então, de repente, o trem desgovernara, ele saíra dos trilhos e ela lhe deu uma esculhambação.


E fora assim desde então, com Patrick entrando e saindo dos trilhos há cinco anos. Por fim, prometeu a ela que ia se curar e se mostrou disposto a enfrentar o suadouro e as injeções da Clínica Antidrogas do East Side. Realmente pretendera ir até lá, mas ficou meio bêbado e tornou a sair dos trilhos.


E continuava a amar os cavalos.


Agora, Loretta andava falando em divórcio e isso o deixava arrasado. Patrick se apoiou no esfregão e suspirou diante dos reflexos que vinham do fundo do tanque.


Loretta apresentara dois shows naquela noite. Era uma mulher disposta a levar a carreira a sério, e ele respeitava isso. A princípio, sentira um certo desconforto quando ela insistiu em manter em dia a sua licença de acompanhante autorizada, mas superara isso. Sexo dava mais dinheiro do que fazer faxina, mais dinheiro até do que ser artista, e eles tinham sonhos de comprar uma casinha em um bairro elegante.


Ela não conversara com ele naquela noite, por mais que ele tivesse insistido em lhe arrancar algumas palavras. Quando o show acabou ela desceu pela escada, vestiu a túnica listrada que ele lhe dera de presente no último aniversário e sumiu, acompanhada pelas outras meninas do aquário.


Ela o deixara de fora do apartamento, fora da sua vida e, seu maior temor, fora do seu coração.


Quando a campainha tocou na entrada de serviço, ele balançou a cabeça, falando sozinho:


- Nossa, nem vi o tempo passar. Já amanheceu?...


Foi cambaleando até os fundos, teve dificuldade em digitar corretamente a senha que destravava o trinco, até que conseguiu abrir a porta em aço reforçado. Ficou ali por um momento, olhando sem entender para a figura encapotada que sorria para ele, desenhada de encontro à luz de segurança dos fundos do estabelecimento.


- Ué... ainda está escuro? - perguntou Patrick.


- É sempre mais escuro pouco antes do amanhecer, segundo dizem. - O homem entrou e lhe ofereceu a mão enluvada. -Lembra-se de mim, Pat?


- Eu o conheço? Você é da minha terra? - Patrick aceitou o cumprimento, apertou a mão que lhe era oferecida e nem chegou a sentir a leve picada, pouco antes de tombar para a frente.


- Sim, sou da sua terra, Pat, e é para lá que vou mandá-lo de volta. - disse o estranho, deixando o homem desmaiado deslizar para o chão, antes de se virar e tornar a trancar a porta com todo o cuidado.


Era fácil arrastar um homem do tamanho de Patrick da porta dos fundos até o salão principal. Lá chegando, o visitante colocou sua valise sobre uma das mesas e retirou cautelosamente as ferramentas que ia precisar.


Testou o laser, dando uma leve descarga para o teto, e sorriu, aprovando o resultado. As algemas eram de material leve, aprovado pela NASA II. O tele-link era mais pesado, pois estava acompanhado por uma bateria de máxima duração e uma interface com misturador de sinais. Ele encontrou uma tomada bem perto, atrás do bar, e rapidamente montou a sua central de comunicações.


Cantarolando baixinho, apertou o botão de escoamento do tanque. O barulho foi o de uma privada ligeiramente entupida, pensou, achando a imagem divertida, e só então voltou para onde Patrick estava, dando-lhe um chute nas costelas.


Nem um movimento, nem um gemido.


Com um suspiro profundo ele se agachou e verificou os sinais vitais do homem caído. Estava completamente bêbado, compreendeu. E ele usara tranqüilizante demais. Vagamente irritado pelo erro de cálculo, pegou uma seringa de pressão cheia de anfetaminas e a apertou contra o braço sem energia de Patrick.


Houve um leve tremor e um som de quase lamúria.


Sua raiva aumentou e ele sentiu-se estremecer sob a ação dela.


- Acorde, seu filho-da-mãe! - Recuando ligeiramente, deu uma bofetada no rosto de Patrick, primeiro com as costas da mão e depois com a mão espalmada, diversas vezes. Ele o queria acordado e consciente de tudo o que estava acontecendo. Ao ver que as bofetadas não surtiam efeito, usou os punhos, até que o sangue começou a jorrar e empapou suas luvas.


Patrick simplesmente gemeu.


A respiração do visitante ficou entrecortada e seus olhos começavam a pinicar devido às lágrimas não vertidas. Ele tinha só mais duas horas, por Deus! Será que era obrigado a operar milagres? Será que tinha que pensar em tudo?


Será que Deus o abandonara, afinal, por causa de seus erros?


Se não fosse por causa de Weasley ele já teria eliminado aquele porco do Brian Kelly a esta hora, e Pat poderia esperar mais um ou dois dias. Um ou dois dias a mais seria o tempo necessário para observar mais de perto os seus hábitos e padrões de comportamento, e ele não precisaria estar naquela correria para eliminá-lo.


De repente, ouviu o som de vidro se quebrando e piscou, sem expressão. Compreendeu então que atirara uma cadeira por cima do balcão e quebrara o espelho da parede dos fundos.


Muito bem, e daí?... aquilo era apenas um clube nojento dedicado ao sexo em uma cidade suja. Ele bem que gostaria de destruir o lugar, estilhaçar todos os vidros, tocar fogo no local e depois ficar vendo tudo arder em chamas.


O próprio Cristo destruíra as barraquinhas do mercado, não foi? Aquele foi um momento de raiva justa contra os agiotas, as prostitutas e os pecadores.


Mas não havia tempo. Aquela não era a sua missão.


Pat Murray era a sua missão daquela noite.


Resignado, pegou o laser. Precisava apenas remover o olho enquanto Pat ainda estava inconsciente. Não importava, decidiu ele. Pôs mãos à obra. Haveria muita diversão depois disso. Diversão mais do que suficiente.


Ficou satisfeito por ter conseguido remover o olho de forma tão precisa e eficiente. Como um cirurgião. Da primeira vez ele ficara todo sujo, só agora conseguia reconhecer. Sua mão tremera muito e seus nervos estavam à flor da pele. Mesmo assim ele o fizera, não? Exatamente como lhe fora ordenado. Ele terminava tudo o que começava. E terminaria tudo. Acabaria com todos.


Parou por alguns instantes, antes de colocar o órgão em uma vasilha cheia de líquido claro. Teria de deixar aquele órgão no local da ação, é claro. Já aceitara isso. Uma vez que o plano precisava ir em frente daquela forma inesperada, ele não teria oportunidade de acrescentar o olho de Pat Murray à sua coleção.


Já era satisfação bastante tê-lo retirado de sua órbita. “Olho por olho.”


Pat começou a gemer novamente quando ele o arrastou na direção do tanque.


- Ora, agora é que você acorda, seu pecador bêbado! - Respirando fundo, levantou Pat, colocou-o sobre o ombro e, com as algemas balançando em cima do braço, subiu a escada.


Ele estava orgulhoso de ser forte o bastante para fazer aquilo, carregar um homem adulto nas costas. Nem sempre ele estivera em tão boa forma. Quando criança fora muito miúdo, fraco e doente. Mas teve motivação para mudar isso. Ouviu o que lhe foi dito e fez o que era necessário. Exercitou o corpo e a mente até estar pronto. Até se tornar perfeito. Até o momento certo chegar.


Já dentro do tanque vazio, colocou Pat no chão e pegou no bolso uma pequena furadeira com ponta de diamante. Cantarolou seu hino favorito enquanto fazia pequenos furos no chão do tanque. Prendeu as algemas com parafusos e as testou, colocando-se em pé e tentando arrancá-las do piso com toda a sua força. Satisfeito ao ver que elas não haviam despregado, virou-se para tirar as roupas de Pat.


- Nus nascemos e nus devemos morrer. - disse, com ar alegre, prendendo as algemas em volta dos finos tornozelos de Pat. Analisou o rosto abatido e reparou o leve tremular da pálpebra oca. - A que volume você vai berrar, pedindo misericórdia?


Pegou um medalhão no bolso e o jogou no ar, ouvindo o barulho metálico que o objeto fez ao cair no fundo do tanque. Beijou a imagem da Virgem Mãe com reverência, e então a colocou em pé, de frente para o pecador.


- Lembra-se de mim, Pat?


Presenciou a dor aguda e as cólicas nauseantes que Patrick sentiu no instante em que recobrou a consciência. Ele gemeu um pouco, choramingou e finalmente gritou:


- Ai, meu Deus, meu Deus, o que é isso?!...


- Vingança.


Soluçando, Pat passou a mão no rosto como se tentasse escondê-lo da agonia que sentia. Ao descobrir o que havia sido feito com ele, urrou:


- Meu Deus, meu olho!... perdi meu olho!


- Não perdeu não! - explicou o visitante, rindo, rindo tanto que teve de segurar a barriga. - Está na mesa, bem ali fora.


- O que está acontecendo? O que houve? - Desesperado e totalmente sóbrio, Patrick puxou as algemas com força. A dor o atravessou por dentro como um ácido. - Você quer grana? Eles não deixam dinheiro algum depois de fechar o caixa, e eu não tenho o segredo do cofre. Sou apenas o zelador.


- Não quero dinheiro.


- O que quer? O que fez comigo? Ai, minha Nossa Senhora, o que quer?


- Não pronuncie o nome Dela! - Novamente enfurecido, ele atingiu Pat no rosto mais uma vez com o punho cerrado. - Não quero ver o nome Dela em sua língua imunda! Se tornar a pronunciá-lo eu a corto de sua boca pecaminosa.


- Não compreendo. - choramingou Patrick. O soco o deixara de joelhos. - O que quer de mim?


- Sua vida. Quero tirar a sua vida. Esperei quinze anos por isso e vai ser hoje à noite.


Lágrimas brotaram do olho que ficara intocado, e a dor era excruciante. Mesmo assim, Patrick se balançou e tentou agarrar a perna de seu agressor. Quando agarrou apenas ar, tornou a tentar, xingando agora, ameaçando e choramingando.


- Isso podia ser mais divertido, mas eu tenho hora. - Encaminhando-se para a escada, subiu os degraus de forma lenta, enquanto as súplicas e ameaças de Patrick ecoavam atrás dele. - Vai levar quase uma hora para a água cobrir a sua cabeça, pela velocidade que eu determinei. Uma hora. - repetiu, sorrindo para Patrick através do vidro ao descer pelo outro lado. - Quando este momento chegar, você estará quase em estado de insanidade. A água vai subir, centímetro por centímetro. Tornozelos, joelhos, cintura... Você vai continuar tentando se livrar das algemas até a sua pele ficar em carne viva, sangrando e queimando, mas nada disso vai adiantar. Cintura, peito, pescoço...


Ainda sorrindo, ligou o controle que abria as torneiras, ajustando-o para que a água saísse apenas pelos canos laterais.


- Por que está fazendo isso, seu canalha, filho-da-puta?


- Você tem apenas uma hora para descobrir. - Ajoelhando-se, o visitante fez o sinal-da-cruz, uniu as mãos e ofereceu uma prece de agradecimento e celebração.


- Você está rezando? Está rezando?! - Lutando para manter o foco, Patrick olhou para a imagem da Virgem enquanto a água começava a subir, encobrindo a borda do seu manto. - Mãe de Deus. - sussurrou. - Querida Mãe de Deus... - Rezou também, tão fervorosamente quanto jamais o fizera em toda a sua vida. Se Ela intercedesse por sua salvação, ele jurava por sua misericórdia que nunca mais levaria uma garrafa de bebida aos lábios.


Por cinco silenciosos minutos a imagem dos dois suplicantes pareceu se refletir. Um dentro do tanque, o outro fora. Então, um deles se levantou e sorriu, afirmando:


- É tarde demais para orações. Você foi amaldiçoado desde o dia em que entregou a vida de uma pessoa a um demônio, em troca de dinheiro.


- Jamais fiz isso! Eu não conheço você. - A água lambia timidamente seus joelhos, levando Patrick a lutar ainda mais. - Você pegou o homem errado!


- Não... você está apenas um pouco adiantado na minha programação. - Como ainda havia tempo suficiente para ele ligar para as pessoas certas, foi para trás do bar e, enquanto Patrick continuava a suplicar aos gritos por misericórdia, serviu-se de um refrigerante. Álcool jamais tocara os seus lábios. - Espero que se lembre de mim antes de morrer, Pat. Espero que você se lembre de quem eu sou e quem me enviou.


Abriu o lacre da lata e a levou consigo enquanto andava por trás do bar. Cantarolando mais uma vez, colocou a cadeira virada para o tanque e se sentou. Bebendo devagar, apreciou o show.


 


Eram exatamente cinco da manhã quando o toque do tele-link a acordou. Gina pulou da cama totalmente desperta e com o coração martelando no peito. Levou apenas um instante para compreender que não foi o som do tele-link que fizera seu pulso acelerar, mas o sonho que acabara de ser interrompido. E soube que era ele.


- Bloqueie o sinal de vídeo e rastreie esta ligação! - ordenou ao sistema, estendendo a mão a fim de empurrar Harry para trás. - Aqui fala a tenente Weasley!


- Você achou que podia ganhar de mim roubando no jogo, mas estava errada. Tudo o que conseguiu foi adiar o destino. Vou matar Brian Kelly, mas em outra hora e em outro lugar.


- Você é que pisou na bola, meu chapa. Deu para ver você suando frio quando sacou que já estávamos esperando por você no saguão do hotel. Sabíamos exatamente o que ia fazer e como planejara tudo.


- Mas não conseguiram me pegar. Não chegaram nem perto...


- Chegamos tão perto que você sentiu nosso bafo em sua nuca.


- Não tão perto... “Para quem são os gemidos? Para quem os lamentos? Para quem as brigas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem motivo? Para quem os olhos vermelhos? São para aqueles que bebem o dia inteiro e vivem procurando bebidas diferentes.” Estou observando um homem morrer. Ele está morrendo neste instante. Quer ouvir os seus gemidos e lamentos?


Em um movimento rápido, desligou o filtro de som e deixou o tele-link aberto para os ruídos que vinham de fora.


Gritos e soluços explodiram através do alto-falante, fazendo o sangue de Gina gelar nas veias.


- Agora, quem está roubando? - quis saber ela. - Se vai matá-lo, dê-me ao menos uma chance. Desse jeito, foi como na vez que você matou Brennen. Que tipo de jogo é esse, se você não tem coragem de se arriscar?


- Ele ainda não está morto. Acho que você tem tempo suficiente, mas por muito pouco.


- E qual é a dica? - Ela já estava fora da cama, vestindo a roupa.


- Vou fazer essa aqui bem fácil para você. Coma, dance e assista às sereias nuas. Já fechamos, mas pode vir. A água está ótima! Ele já está começando a engasgar. Não demore muito, tenente.


Enjoada só de ouvir a voz dele, modificada eletronicamente, ela mesma desligou.


- É um clube. - disse a Harry, enquanto colocava sua arma no coldre.


- O Clube das Sereias. Dançarinas nuas dentro d’água.


- Essa é nossa única chance. - disse ela, entrando no elevador junto com ele. - Essa vítima vai ser afogada. - Olhou para Harry enquanto pegava o comunicador para dar o alarme. - Você não é o dono do Clube das Sereias, é?


- Não. - Seus olhos ficaram duros. - Mas já fui.


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Ana Eulina: mais dois capítulos postados. Fico feliz por ter gostado dos anteriores, desde a perseguição implacável e alucinante até o que aconteceu depois, quanto a tradição Irlandesa de beijar na boca, não tenho certeza se realmente existe ou não, mas acredito que sim. Abraços e ate o ultimo capitulo.


 


Bianca: Que bom que gostou dos capítulos anteriores, quanto aos segredos do Harry, a Gina vai descobrindo aos poucos, mais dois capítulos postados e agora falta apenas o ultimo. Abraços.


 


gilmara: realmente eu pulei o quatorze, mas agora já ta tudo resolvido. Espero que goste dos outros capítulos. Abraços.


 


 

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