CAPÍTULO 13



CAPÍTULO 13


 


Harry forçava a passagem através da multidão e das filas de ambulâncias e outros veículos de emergência. Dirigíveis sobrevoavam o local, lançando novos fachos de luz por entre os sons das sirenes. Havia no ar um cheiro de queimado misturado com suor e sangue. Uma criança chorava incontroladamente entre soluços. Uma mulher estava sentada no chão, rodeada por imensos e brilhantes pedaços de Duraglass que mais pareciam diamantes do tamanho de punhos, e chorava silenciosamente com a cabeça entre as mãos.


Ele viu rostos enegrecidos, olhos chocados, mas não viu Gina.


Não se permitia sentir ou imaginar nada e recusava-se a isso.


Estava no escritório de Gina, remexendo em circuitos com Rony, bem na hora em que Hermione recebera a ligação. Continuou a trabalhar, divertindo-se ao ouvir as palavras de Gina e ao notar a ponta de irritação nelas, seguida de aversão no instante em que mandou Hermione chamar quem estivesse disponível na área.


Então ouviu o barulho agudo, quase feminino, da explosão, tão forte que fizera o comunicador de Hermione pular-lhe na mão. Sem esperar nem um segundo, já estava do lado de fora da sala, encaminhando-se para a saída, enquanto Hermione desesperadamente tentava retomar contato com Gina.


Abandonara o carro um quarteirão antes, mas estava chegando mais depressa a pé. Sua força de vontade era tão grande que as pessoas se afastavam do seu caminho, abrindo passagem. Ou talvez a razão fosse a fúria gélida que havia em seus olhos, que se fixavam de forma dura nos rostos e nas silhuetas.


Então viu o carro dela... ou o que restara dele. A massa disforme e retorcida, de aço e plástico, parecia estar do avesso, toda coberta por uma espuma branca e espessa. Seu coração parou.


Harry não saberia dizer por quanto tempo ficou ali, sem conseguir respirar, com o corpo tremendo de choque. Então voltou ao tempo presente e recomeçou a caminhar, com a determinação louca de acabar de desmontar o carro todo até encontrá-la.


- Mas que droga, já falei que não vou pra hospital nenhum! Coloque uns curativos aí, pelo amor de Deus, e me arrume a porra de um comunicador antes que eu chute a sua bunda com tanta força que você vai parar do outro lado da cidade.


Ele girou o corpo e elevou a cabeça, como um lobo que sente no ar o cheiro da companheira. Ela estava sentada na calçada, ao lado da ambulância, olhando com cara de poucos amigos para um para-médico tenso que lutava para tratar de suas queimaduras.


Ela estava chamuscada, sangrando, com marcas roxas e furiosamente viva.


Ele não foi direto até onde ela estava. Precisava de um momento para que as mãos parassem de tremer, o coração deixasse de corcovear e voltasse ao ritmo normal. O alívio foi como uma droga, ou um drinque forte que o deixou zonzo. Engolindo em seco, se viu rindo como um idiota ao ver a cotovelada que Gina deu no para-médico para evitar que ele lhe injetasse uma dose de medicamento.


- Leva esse troço pra longe de mim! - ameaçou. - Já não lhe disse para me conseguir um comunicador?


- Estou apenas fazendo o meu trabalho, tenente. Se a senhora ao menos cooperasse, eu...


- Que cooperar que nada!... Se eu cooperar com vocês, vou acabar babando, amarrada em cima da maca.


- Mas a senhora precisa ir para o hospital ou para uma clínica. Sofreu uma concussão forte, está com queimaduras de segundo grau, contusões, lacerações e ainda por cima está em estado de choque.


Gina esticou o braço e o agarrou pela gola do jaleco, avisando:


- Escute aqui, gostosão, um de nós vai receber um choque terrível se você não me arrumar a porra de um comunicador!


- Ora tenente, vejo que está com a boa forma de sempre.


Gina olhou para cima e, ao ver Harry, limpou o rosto com as costas da mão, tentando disfarçar as marcas roxas e a fuligem.


- Oi, Harry. Estava justamente tentando convencer este idiota a me trazer um comunicador para eu ligar para casa, avisando que vou me atrasar para o jantar.


- Percebi isso por mim mesmo no momento em que ouvimos a explosão. - Colocando-se de cócoras, Harry se viu cara a cara com ela. Havia um feio arranhão em sua testa, de onde escorria um filete de sangue. Seu casaco de couro desaparecera e a blusa que usava estava toda rasgada e muito chamuscada. Sangue manchava a manga direita e dava para ver um corte profundo, com uns quinze centímetros de comprimento. Sua calça estava em farrapos.


- Querida, - continuou ele, com a voz calma - sua aparência não está das melhores.


- Se esse cara ao menos me fizesse uns curativos rápidos para eu poder... ei, ei, ei! - Ela se encolheu toda, distribuindo tapas, mas não foi rápida o bastante para evitar a picada da agulha no seu braço. - O que foi isso? O que foi que você injetou em mim?


- Só um analgésico potente. Esses ferimentos vão começar a doer muito.


- Ai, merda! Isso vai me deixar abobalhada... você sabe que esses remédios me deixam abobalhada. - disse olhando para Harry com ar de súplica. - Odeio quando isso acontece!


- Então é melhor eu me aproveitar disso. - Levantou o queixo dela enquanto o para-médico tentava trabalhar no corte do braço. - Quantos maridos devotados você está vendo?


- Só você. E eu não estou com concussão nenhuma.


- Está sim. - corrigiu o para-médico, parecendo contente. - Esse corte está imundo, cheio de impurezas e pó da rua, mas vamos limpar tudo e fechar a ferida.


- Trabalhe depressa, então. - Ela estava começando a tremer, em parte pelo frio, em parte pelo choque, mas nem notou. - Tenho que acompanhar os trabalhos do corpo de bombeiros e da unidade de explosivos. E onde, diabos, está Hermione, porque eu... merda, merda, merda, já está acontecendo. Minha língua está ficando grossa. - Sua cabeça parecia desencaixada e ela a sacudiu para colocá-la no lugar. Sentiu vontade de dar uma gargalhada e lutou para se segurar. - Por que será que eles não me deram logo duas doses de uísque daquele bem forte?


- Uma questão de custo-benefício. - Harry se sentou ao lado de Gina na calçada e pegou a mão dela que estava livre, a fim de examinar pessoalmente os arranhões e queimaduras. - Além do mais, você não gosta de uísque.


- É... mas também não gosto disso aqui. Substâncias químicas deixam a gente de um jeito diferente. - Olhou sem expressão na direção do para-médico, que guiava um fino bastão de sutura sobre a carne dilacerada, fechando o corte com precisão. - Não me leve para o hospital, senão vou ficar revoltada de verdade.


Harry não viu o casaco de couro favorito de Gina em parte alguma e disse a si mesmo que precisava se lembrar de substituí-lo. Por ora, o seu próprio casaco servia. Despiu-o e o colocou sobre os ombros dela, avisando:


- Querida, daqui a mais ou menos noventa segundos você não vai saber o que eu vou fazer com você nem para onde vou levá-la.


O corpo dela embarcou em uma viagem sonolenta e mareada para lugar algum.


- Quando eu sair dessa, vou saber o que fez comigo. - avisou a Harry. - Olhe, lá está ela! Oi, Hermione. E Ronald também! Eles não formam um casalzinho lindo?


- Adorável. Coloque a cabeça para trás, Gina, e deixe o doutor bonzinho enfaixá-la.


- Certo, tudo bem. E aí, Hermione, você e Rony resolveram vir dar um role aqui pela cidade?


- Eles a drogaram. - explicou Harry. - Tranqüilizantes sempre a deixam assim.


- Você ficou muito ferida? - Trêmula e pálida, Hermione se ajoelhou ao lado dela. - Como está, Gina?


- Ah... - Gina levantou os braços e os abriu em um gesto largo, dando um tapa involuntário no resignado para-médico. - Sabe como é, Hermione, um galo aqui, outro ali... puxa, eu voei bonito! Sabe de uma coisa?... A parte em que a gente sobe é muito legal, mas a aterrissagem não é mole não... Bam! - Para demonstrar o vôo, ela tentou dar um soco no joelho com o punho, mas errou o alvo e acertou o para-médico entre as pernas. - Opa, desculpe. - disse ela ao vê-lo cair no chão com o corpo dobrado. - E aí, Hermione, como ficou o meu carro?


- Perda total.


- Droga. Bem, boa noite para vocês. - Enlaçando o pescoço de Harry com os braços, ela se aninhou de encontro a ele, suspirando.


O para-médico, tentando sugar o ar pausadamente, conseguiu se levantar, trêmulo, e disse a Harry:


- Isso é o melhor que eu posso fazer aqui. Ela é toda sua.


- Realmente é... venha, querida, vamos embora.


- Vocês guardaram um pouco de pizza para mim? Não quero que você me pegue no colo, entendeu? Isso é embaraçoso. Posso muito bem caminhar.


- Claro que pode. - assegurou ele, pegando-a nos braços.


- Viu só? Eu disse que conseguia. - Sua cabeça tombou sobre o ombro dele como se ela fosse feita de chumbo. - Humm... - Levantou a cabeça. - Você está com um cheiro bom. - E inspirou com força, esfregando o nariz no pescoço dele, como um cãozinho. - Ele não é lindo? - perguntou, para ninguém em particular. - Ele é todo meu. Todo meu! Vamos para casa?


- Hum-hum... - confirmou ele. Não havia necessidade de mencionar a pequena parada que pretendia fazer no hospital mais próximo.


- Preciso que Hermione fique aqui para... preciso que ela fique aqui por algum motivo. Ah, sim!... para acompanhar os procedimentos. Obrigue o pessoal do esquadrão anti-bomba a contar tudo para você, Hermione.


- Não se preocupe com isso, Weasley. Estarei com um relatório completo para você amanhã de manhã.


- Hoje... a noite é uma criança.


- Amanhã. - murmurou Harry, desviando o olhar de Hermione para Ronald. - Quero saber de tudo com detalhes.


- Você vai saber. - prometeu Rony. Esperou até Harry levá-la dali por entre a multidão e então se virou para olhar o carro.  - Se ela estivesse ali dentro na hora em que a bomba explodiu...


- Mas não estava. - cortou Hermione. - Vamos ao trabalho.


 


Gina acordou e percebeu apenas o silêncio à sua volta. Tinha vagas lembranças de ter sido espetada e cutucada, e também de ter xingado uma pessoa, ou várias, durante um exame médico. Seu primeiro pensamento foi de pânico, com um pouco de fúria.


Eles estavam muito enganados se achavam que iam mantê-la no hospital por mais cinco minutos.


Levantou-se na cama e sua cabeça deu uma volta completa, em uma tonteira acelerada. O que sentiu a seguir, porém, foi uma sensação de alívio, e se sentiu mais calma ao reparar que estava em casa, na própria cama.


- Pretende ir a algum lugar? - Harry se levantou de onde estava, na sala de estar anexa ao quarto, onde mantinha um olho pregado no monitor que exibia as cotações da bolsa e outro na esposa adormecida.


Gina não tornou a se deitar. Era uma questão de orgulho.


- Talvez pretenda. Você me levou para o hospital.


- É uma pequena tradição minha. Sempre que a minha mulher explode pelos ares eu gosto de fazer uma viagem rápida com ela até o hospital. - Sentando-se na beira da cama, com os olhos fixos nela, levantou três dedos. - Quantos você vê?


Ela se lembrava de outras coisas agora, como acordar meia dúzia de vezes durante a noite e ver o rosto dele meio desfocado, fazendo-lhe sempre a mesma pergunta.


- Quantas vezes mais você vai me fazer esta pergunta?


- Já se tornou um hábito. Vai levar um tempo para eu conseguir largá-lo. Quantos?


- Trinta e seis. - Sorriu de leve, enquanto ele permaneceu com os olhos fixos nela. - Tudo bem... três. Agora tire esses dedos da minha cara. Continuo furiosa com você.


- Puxa, agora fiquei arrasado. - Quando ela começou a se mexer para sair, ele colocou a mão em seu ombro, ordenando: - Quieta!


- Ei, eu tenho cara de cocker spaniel?


- Para falar a verdade, há uma certa semelhança na região dos olhos. - confirmou ele, mantendo a mão onde estava. - Gina, você vai ficar na cama a manhã toda.


- Não, eu preciso...


- Encare a coisa do seguinte modo: eu posso obrigá-la. - Esticou o braço, pegando o seu queixo com a mão. - Você se sentiria humilhada, e sabe o quanto detesta isso. Pense no quanto seria mais fácil para o seu orgulho e para o seu ego se você decidisse ficar na cama por mais algumas horas.


Gina e Harry tinham mais ou menos a mesma altura, e ela imaginou que os dois tivessem a mesma habilidade no caso de uma briga mano a mano. O problema é que ele exibia um olhar de quem pretendia cumprir a ameaça, e ela ainda não estava se sentindo totalmente em forma.


- Acho que eu não me importaria de ficar na cama, deitada mais algumas horas, se alguém me trouxesse um pouco de café.


- Então talvez eu traga uma xícara para você. - A mão que estava em seu ombro subiu para o rosto. Ele se inclinou para beijá-la de leve, mas então se viu abraçando-a com força e enterrando o rosto em seus cabelos, balançando-se para a frente e para trás com ela, enquanto todos os pensamentos e temores que segurara durante a noite vieram à superfície de repente. - Meu Deus...


As emoções que transbordaram dele com aquelas duas palavras a inundaram por dentro.


- Eu estou bem, Harry, não se preocupe. Eu estou bem.


Ele achou que conseguiria lidar com aquilo de forma equilibrada. Pensou que, no decorrer da noite, vencera a sensação de enjôo e os tremores na barriga. Tudo, porém, voltava naquele instante, de forma devastadoramente forte. A sua única defesa era abraçá-la. Simplesmente abraçá-la.


- A explosão veio pelo comunicador de Hermione. Deu para ouvir em som alto e claro. - Enquanto seu organismo começava a se acalmar novamente, ele colou a bochecha contra a dela. - Em seguida, houve um período de terror cego que durou uma eternidade. Depois, o momento em que eu cheguei lá, atravessando o caos. Sangue, vidro quebrado e fumaça. - Afastando-se um pouco, manteve as mãos alisando os braços dela, para cima e para baixo. - De repente ouvi você reclamando com o paramédico e o mundo em torno de mim voltou ao lugar certo. - Ele a beijou com carinho. - Vou pegar o café.


Gina ficou olhando para as próprias mãos enquanto Harry ia até o outro lado do quarto. Os arranhões e queimaduras haviam sido tratados, e bem tratados por sinal. Havia apenas marcas mais claras que mostravam os lugares em que ocorrera o seu violento encontro com o asfalto.


- Ninguém jamais me amou antes de você. - disse ela, levantando os olhos e fitando-o quando ele tornou a se sentar na beira da cama. - Achava que jamais iria conseguir me acostumar com essa sensação, e talvez não consiga mesmo. Só que agora dependo disso para viver.


Ela pegou o café que ele lhe ofereceu e a sua mão também.


- Estava reclamando com o para-médico porque ele não me trazia o comunicador. Eu precisava de um, para ligar para você e dizer que estava tudo bem. Foi o primeiro pensamento que eu tive depois da explosão, Harry. Você foi a primeira coisa que veio à minha cabeça.


- Então nós conseguimos, não foi? - perguntou ele, levando as mãos unidas aos lábios.


- Conseguimos o quê?


- Nos transformar em uma unidade... um só.


Ouvir isso a fez sorrir.


- Acho que sim. - concordou ela. - Acho que conseguimos. Estamos bem agora?


- Estamos ótimos. Líquidos leves são recomendados para a refeição matinal, mas imagino que nós estejamos a fim de algo mais substancioso.


- Eu conseguiria comer uma vaca inteira, com cascos e tudo.


- Não creio que tenhamos esta singular iguaria em nossa despensa, mas vou ver o que posso conseguir.


Não era assim tão mau ser paparicada, decidiu ela. Especialmente quando isso representava café da manhã na cama. Atacou tudo com voracidade, começando pela omelete com cebolinha e cogumelos, feito de ovos especiais postos por galinhas muito bem criadas.


- Acho que precisava só de combustível. - conseguiu dizer entre uma broa de canela e outra. - Estou me sentindo ótima!


Harry provou uma imensa framboesa escolhida com cuidado dentre as que estavam na bandeja.


- Você está com uma aparência surpreendentemente boa, se considerarmos as circunstâncias. Tem idéia de como podem ter plantado uma bomba em sua viatura oficial?


- Tenho algumas teorias. Preciso só... - Parou de falar e franziu as sobrancelhas ao ouvir uma leve batida na porta do quarto.


- Deve ser Hermione. - disse Harry. - Ela é muito pontual. - E foi até a porta para abri-la pessoalmente.


- Como está ela? - sussurrou Hermione. - Achei que ela ia passar a noite no hospital.


- Talvez planejassem fazer isso, mas ela ia acabar descontando em mim.


- Nada de cochichos! - berrou Gina. - Hermione, quero um relatório completo.


- Sim, senhora. - Hermione foi até a cama e sorriu de orelha a orelha. A mulher que viu usando uma camisola vermelha de seda, recostada em meio a uma montanha de travesseiros no meio de uma cama gigantesca, com uma bandeja no colo lotada de comida servida em porcelana fina, não era a imagem usual de Gina. – Puxa Gina, você até parece alguma personagem de filme antigo. - elogiou. - Você sabe, como... Bette Crawford.


- Você quer dizer Davis. - informou-lhe Harry, pigarreando para disfarçar a risada. -... Ou Joan Crawford.


- Tanto faz. Você está com um ar de glamour, Weasley.


Envergonhada, Gina se colocou um pouco mais para cima na cama, reagindo:


- Olhe, o relatório que pedi não foi a respeito da minha aparência, policial Granger.


- Ela ainda está meio mal-humorada. - comentou Harry. - Gostaria de uma xícara de café, Hermione, ou algo mais para o seu desjejum?


- Bem, eu já tomei... - Seus olhos brilharam. - Aquilo ali são framboesas? Uau!


- Estão fresquinhas. Possuo uma estufa para produtos agrícolas aqui perto. Sirva-se à vontade.


- Depois que vocês dois acabarem de trocar essas amáveis abobrinhas sociais, talvez tenhamos tempo para conversar sobre... ahn, deixe ver qual assunto... Que tal bombas colocadas em veículos?


- Estou com os laudos técnicos. - Atraída pelas framboesas, Hermione se sentou na beira da cama. Cruzou a perna, lançando o sapato preto brilhante sobre as calças do uniforme impecavelmente bem passado. - Os peritos e o esquadrão anti-bomba descobriram tudo rapidinho. Obrigada, isto parece delicioso. - acrescentou no momento em que Harry lhe ofereceu uma bandeja só para ela. - Costumávamos plantar framboesas quando eu era menina. - Experimentando uma das frutas, suspirou. - Esse gostinho me leva ao passado...


- Tente permanecer nesta década, Hermione.


- Sim, senhora, eu... - Olhou para trás ao ouvir três batidas curtas na porta. - Veja, deve ser Ronald.


- Tudo bem? – perguntou Rony, enfiando a cabeça por uma fresta da porta. - Ei, isso é que é quarto, hein? Impressionante. Esse cheirinho é de café? Oi, tenente, a senhora está com uma cara boa. Que frutinhas vermelhas são essas, hein?


Ele cruzou o quarto enquanto falava, com o gato seguindo-o de perto. Quando os dois se aboletaram confortavelmente sobre a cama, Gina simplesmente abriu a boca de espanto, convidando:


- Sinta-se como se estivesse em sua casa, Ronald.


- Obrigado. - E se serviu da tigela de framboesas. - A senhora parece estar com tudo em cima, tenente. Fico feliz por isso.


- Se ninguém me apresentar uma porcaria de relatório, vou parecer com muito mais coisas em cima, e em cima de vocês!... Fale você primeiro, - decidiu ela, apontando para Hermione - porque normalmente não se comporta como uma idiota.


- Sim, senhora. O artefato explosivo era uma bomba caseira e quem o instalou manjava do riscado. Era do tipo com alcance limitado, muito usada para explodir carros, o que explica ter sido usada em sua viatura. Tinha, porém, relativamente falando, poucos efeitos na área circunjacente. Se você não estivesse em um engarrafamento, com carros colados no seu dos quatro lados, não haveria dano algum, além do seu.


- Houve alguma vítima fatal?


- Não, senhora. Os veículos em volta do seu foram afetados, e há uns vinte feridos, mas apenas três em estado grave. As outras pessoas já foram atendidas e liberadas. A senhora apresentou lesões graves por estar do lado de fora do carro e sem proteção no momento da explosão.


Gina se lembrou dos dois adolescentes que passaram em um skate aéreo momentos antes. Se ainda estivessem por perto... ordenou-se a tirar aquela imagem da cabeça.


- Ela foi disparada por algum timer? Qual foi o detonador?


- Eu respondo essa. - Ronald fez um carinho casual em Galahad enquanto o gato se aninhava junto das pernas de Gina. - Ele usou o velho estilo de explosão de carros por contato, e esse foi o seu erro. Se tivesse usado um timer, garanto que a senhora não estaria comendo framboesas agora, tenente. Ele fez uma ligação com o sistema de ignição, sabendo que o contato se fecharia quando o motor fosse ligado. Felizmente, para nós, a senhora dirige, ou dirigia, o maior alvo de piadas do departamento. O sistema elétrico, o sistema de navegação, o de ignição, enfim, todos os sistemas do seu carro falhavam. Aposto que, quando a senhora tentou ligar o motor ontem ele falhou algumas vezes.


- Foi mesmo... o motor só pegou na terceira tentativa.


- Viu só? - Ronald gesticulou com a framboesa na mão e então a atirou na boca. - Isso desligou o contato com o detonador, pois o gatilho não funcionou, só que a bomba ficou pronta para explodir a qualquer momento a partir dali. Um buraco qualquer, uma freada brusca e... bum!


- Eu bati a porta com força. - murmurou Gina. - Quando aqueles taxistas idiotas me deixaram injuriada, saí do carro e bati a porta com toda a força.


- Provavelmente foi isso que causou a explosão. Não havia nada de errado com a bomba em si. Dei uma olhada nos destroços, e posso afirmar que ele usou componentes de primeira linha. Ela estava só esperando um sacolejo qualquer para explodir.


Gina respirou fundo e disse:


- Então você está me dizendo que eu devo a minha vida aos cortes no orçamento e a uma equipe de manutenção que tem a bunda no lugar da cabeça?


- Não conseguiria descrever melhor. - Ronald deu um tapa no joelho, em sinal de concordância. - Se a senhora estivesse dirigindo uma daquelas máquinas poderosas, como os rapazes da Divisão Anticrime, teria ido pelos ares na garagem da central e agora seria uma lenda.


- A garagem. Como é que ele conseguiu entrar lá para instalar a bomba?


- Essa eu respondo. - interrompeu Hermione, fazendo o possível para não demonstrar a irritação que sentia. Não apenas Ronald apresentara o relatório de forma inapropriada, usando linguagem coloquial, como também roubou a cena de um relato que deveria ter sido feito por ela. - Passei na central e solicitei a cópia do disco de segurança com a gravação de ontem. O comandante Lupin liberou o material.


- E você já o pegou?


- Sim, senhora. - Com ar triunfante, Hermione deu um tapinha na bolsa. - Está bem aqui.


- Bem, então vamos... ai, meu Cristo! - reclamou Gina ao ouvir novas batidas na porta. - Pode entrar! É melhor começarmos a cobrar ingressos.


- Weasley! - Tonks entrou correndo, e só faltou pular em cima da cama. Seus olhos normalmente perspicazes estavam cheios de lágrimas. - Você está bem? Está realmente bem? Estava morta de preocupação! Nenhuma das minhas fontes conseguiu saber ao certo como você estava. Moody não me dizia nada ao telefone. Todas as vezes que eu ligava, ele falava apenas que você estava descansando. Tive que vir até aqui para ver eu mesma.


- E como pode ver, estou ótima, toda produzida para receber as visitas. Aliás, nesse instante estou servindo de anfitriã para um animado café da manhã. - Pegou a tigela de framboesas que Ronald continuava a atacar sem parar. - Está com fome?


Tonks apertou os lábios com os dedos para controlar os tremores.


- Eu sei que a culpa foi minha! Sei que você poderia estar morta a essa hora por causa do que eu fiz.


- Escute Tonks...


- Precisei apenas somar dois e dois. - interrompeu Tonks. - Fui ao ar com as declarações que arranquei de você e duas horas depois seu carro vai pelos ares. Ele a perseguiu depois de ver a matéria que eu fiz com você. Fui eu que apresentei a reportagem.


- E isso foi exatamente o que eu pretendia. - Gina deixou a tigela de lado. A última coisa que ela precisava na consciência era uma repórter culpada e histérica. - Você não arrancou declaração alguma de mim. Falei o que queria falar e disse o que esperava que você jogasse no ar. Precisava que ele fizesse um movimento, e queria que esse movimento fosse na minha direção.


- O que quer dizer com “foi exatamente o que pretendia”...? - Compreendendo tudo, Tonks levantou a mão. Levou um momento até ter certeza de que as palavras iam sair. - Você me usou?


- Diria que foi uma coisa pela outra, Tonks. Nós usamos uma à outra.


Tonks deu um passo para trás. Seu rosto ficou branco como cera e seus olhos faiscaram.


- Que sacanagem! Que tira filha-da-mãe!


- É... - Sentindo-se novamente cansada, Gina esfregou os olhos. - Espere um instante, Tonks. Só um instante. - repetiu, antes que a repórter saísse porta afora, indignada. - Será que vocês poderiam dar um tempinho para mim e para Tonks? Precisamos conversar a sós. Hermione, Ronald, podem ir para a minha sala. Harry... por favor.


Hermione e Ronald já estavam do lado de fora da porta quando ele foi até a cama e se inclinou bem perto dela, dizendo:


- Temos que conversar a respeito dessas novas informações, tenente.


Gina decidiu que era melhor não argumentar nada naquele momento, e esperou que ele saísse do quarto e fechasse a porta com cuidado.


- Ele não vai conseguir compreender. - murmurou, e então olhou para Tonks. - Talvez você consiga.


- Ah, consigo, claro que consigo entender tudo, Weasley. Você quer fazer as investigações avançarem um pouco, então por que não dar uma declaração falsa a uma repórter que tenha credibilidade? É fácil usá-la, afinal, quem se importa com ela? Ela não tem sentimentos, mesmo. É apenas uma idiota que transmite as notícias.


- A declaração não foi falsa. Expressei exatamente o que queria dizer. - Gina colocou a bandeja de lado. Recomendações médicas ou não, ela não ia encarar esse confronto deitada na cama. - Aquilo foi o que eu senti e o que, em outras circunstâncias, guardaria apenas para mim mesma.


Jogando as cobertas para trás, levantou-se. Então, percebendo que suas pernas ainda não estavam muito firmes para suportar o peso do corpo, desistiu do orgulho; porém, tentando manter a dignidade, tornou a se sentar ereta na beira da cama.


- Foi um impulso, Tonks. Sei que isso não é desculpa, mas sabia exatamente o que estava fazendo e o que você faria com o material. E tem só mais uma coisa... nada disso teria acontecido se você não tivesse ido atrás de mim com aquela câmera.


- Esse é o meu trabalho.


- Sim, e o meu é pegar esse cara. Existem vidas em jogo aqui, Tonks, e uma dessas vidas pode ser a de Harry. Isso significa que eu vou fazer o que for necessário, até mesmo usar uma amiga.


- Você poderia ter me contado.


- Poderia, mas não contei. - Sua cabeça começou a latejar e ela a apoiou nas mãos. Aquilo era efeito dos medicamentos, lembrou. Tudo bem. - Quer que eu lhe conte algo em caráter sigiloso, Tonks, eu conto... o que você vai fazer com essa informação é escolha sua. Estou apavorada! - Cobriu o rosto com as mãos por um momento. - Estou completamente apavorada, porque sei que as outras vítimas foram apenas meios. Ele está usando esses meios para chegar ao objetivo final. E esse objetivo é Harry.


Tonks olhou para Gina. Jamais a vira vulnerável como naquele instante. Nem pensou que ela pudesse se sentir assim. A mulher sentada na beira da cama, porém, com a camisola muito esticada na altura das coxas e a cabeça entre as mãos não era uma policial. Não naquele momento. Era apenas uma mulher.


- Então você apenas quis ter a certeza de que ele iria atacar você primeiro.


- Era essa a idéia.


Um coração comovido não conseguia guardar ressentimentos. Tonks se sentou na cama ao lado de Gina e colocou o braço sobre os ombros da amiga, dizendo:


- Acho que compreendo você, e gostaria de não estar com tanto ciúme disso quanto estou. Já rodei muito por aí, Weasley, mas jamais consegui para mim o que você compartilha com Harry.


- Acho que não é assim que a coisa acontece. Não é você que procura, é o sentimento que encontra a gente, nos agarra pela garganta e não há nada que possamos fazer. - Pressionando a base das mãos de encontro aos olhos, suspirou. - De qualquer modo, passei dos limites com você, e peço desculpas.


- Nossa, você deve estar com uma séria lesão no cérebro para estar me pedindo desculpas.


- Já que não há mais ninguém aqui para nos ouvir, e acho que você está com pena de mim, posso lhe contar que eu sinto como se tivesse sido atropelada por uma frota de ônibus.


- Volte para a cama, Weasley.


- Não posso. - Esfregou os olhos mais uma vez, com força, e flexionou os doloridos músculos dos ombros. - Ele ainda está um ou dois passos à minha frente e preciso consertar isso. - Quando o pensamento lhe ocorreu, ela virou a cabeça e observou Tonks com atenção. - Se uma repórter famosa e com credibilidade desse a notícia de que os ferimentos da tenente Weasley são muito graves, que ela está se recuperando em casa e só será liberada para voltar ao trabalho daqui a alguns dias...


- Você quer que eu minta para o público? - Tonks levantou uma sobrancelha.


- Ué... meus ferimentos são muito graves. Todo mundo fica me falando isso sem parar, a ponto de eu ficar com vontade de nocautear todos eles. E eu estou me recuperando em casa, não estou? Você está comprovando isso pessoalmente.


- E você vai ficar realmente sem trabalhar por alguns dias?


- Já estou sentindo como se tivessem passado alguns dias. Isso vai me dar algum tempo, Tonks. Ele vai querer esperar até eu estar novamente em forma antes de derrubar a próxima vítima. Ele não está nesse jogo sozinho. Precisa de um oponente. - Balançou a cabeça. - Não, ele quer a mim. Particularmente. Não posso voltar ao jogo se estiver deitada na cama, dopada.


- Então eu topo. - Levantando-se, olhou para Gina. - Quer saber de uma coisa, Weasley? Eu não me surpreenderia se Harry armasse as coisas para deixar você deitada na cama e dopada pelos próximos dias. - Pegando a bolsa e pendurando-a no braço, Tonks sorriu. - De qualquer modo, estou feliz por você não estar morta.


- Eu também...


Quando Tonks saiu, Gina conseguiu se levantar e foi caminhando bem devagar até o chuveiro. Apoiando as duas mãos nos azulejos, ordenou água a força máxima e a uma temperatura de trinta e oito graus. Dez minutos depois, já se sentia mais firme e, depois que se vestiu, quase normal. Ao entrar em sua sala, porém, foi preciso apenas um olhar longo e significativo de Harry para ela se encolher toda.


- Acho que vou me esticar um pouco ali naquela poltrona reclinável. Se bem que já estou bem melhor... - e continuou a falar quando notou que ele não disse nada. - Acho que aquela passada no hospital foi muito proveitosa. Obrigada.


- Você acha que consegue me enrolar com esse papo?


- Pelo menos tentei. - Pensou em sorrir, mas acabou desistindo. - Olha, eu já estou legal... preciso fazer algumas coisas.


- Se precisa, você vai fazer de qualquer modo, não é mesmo? Eu também preciso resolver algumas coisas. - Foi para o seu escritório, lançando o olhar por sobre o ombro. - Avise-me quando tiver um tempinho livre, tenente. Precisamos resolver alguns assuntos pessoais.


- Ai, que merda. - suspirou ela quando ele fechou a porta.


- Puxa, nunca vi ninguém fumegar e parecer tão frio ao mesmo tempo. - comentou Ronald. - Cheguei a tremer na base.


- Você às vezes consegue ficar calado, Ronald? Quero ver o disco de segurança com a gravação da garagem. - Dispensando a poltrona reclinável, Gina se sentou atrás da mesa. - Pode passar, Hermione, comece às seis da tarde em ponto. Foi mais ou menos a hora em que cheguei à central.


Lutando para não ficar pensando nos problemas pessoais, Gina manteve os olhos grudados no monitor enquanto as imagens iam passando.


- Mostre a gravação das portas de acesso. Ele tem que ter entrado por algum lugar.


Continuaram observando os carros e vans que entravam e saíam do prédio. A cada vez, o visor eletrônico acima das portas de acesso piscava e acendia uma luz verde, liberando a entrada.


- O sensor não seria problema para ele, não é, Ronald? Um cara que realizou surpreendentes feitos de eletrônica, como ele, conseguiria tirar de letra o scanner de segurança de uma garagem.


- É, mas o sistema é muito avançado ali. Com as bombas que explodiam sem cessar nos prédios públicos durante as Guerras Urbanas, todas as instalações federais e estaduais receberam novos e avançados sistemas de segurança em todos os acessos. - Confirmando sua afirmação com a cabeça, continuou olhando. - Mesmo com os cortes de verbas, eles mantêm o sistema de controle de acesso sob manutenção permanente, com atualizações semestrais dos programas. É lei federal. Um andróide especializado faz inspeções de rotina nos sistemas para testá-los.


- Mas ele conseguiria invadir o sistema?


- Em tese, sim, mas não seria tão fácil quanto jogar uma partida de Rocket Racers, além de ser muito mais arriscado do que adulterar um videogame. Se o alarme soar na hora da entrada, todas as entradas e saídas são automaticamente lacradas. Ele ficaria preso em uma imensa jaula.


- Mas ele estava pau da vida e é arrogante. - Gina se recostou. - Acho que correria o risco e, já que não tivemos notícia de nenhum alarme disparado, sabemos que conseguiu. Entrou na garagem da central de polícia, instalou a bomba e saiu. A garagem é o único lugar onde ele poderia ter tido acesso ao meu carro naquele espaço de tempo. Computador, divida a tela em duas. Exiba o setor AB do segundo andar na parte de cima. Vejam, lá está o meu carro, ainda são e salvo.


- Nem queira saber como ele está agora. – comentou Hermione, conseguindo evitar o calafrio. - Eles o rebocaram para perícia. Dei entrada em uma requisição para lhe conseguir uma viatura nova.


- Provavelmente vão consertar o carro velho, engatilhar os sistemas e devolvê-lo para mim; eu que me vire depois... - Embora fosse algo tolo e sentimental, ela quase torcia para que eles fizessem exatamente isso. - Esses burocratas idiotas sempre são... espere, espere aí... o que é isso?


O computador respondeu na mesma hora:


 


O veículo em tela é uma Turbo-van. O modelo é Jetstream e o ano de fabricação, 2056...


 


- Congele a imagem, computador. Olhe para isso. - Chamou Hermione mais para perto. - Os vidros das janelas estão cobertas com película escura. As vans de segurança são proibidas de circular com essa película nas áreas comuns. E olhe a placa, consegue ver a placa? Não é uma placa de van. É uma placa de táxi, pelo amor de Deus. Nosso homem entrou nesse momento, Hermione.


- Que olho bom, hein, Weasley? - Impressionado com aquilo, Ronald digitou alguns comandos e imprimiu a imagem da frente do veículo em uma folha. - Vou pesquisar essa placa para você.


- Vamos ver o que ele fez em seguida. - murmurou Gina. - Continue passando a gravação, computador. - Eles acompanharam a van circular por todo o térreo e em seguida subir devagar para o segundo andar, onde finalmente parou, exatamente atrás do carro de Gina. - Pegamos! Sabia que ele ia ficar mais descuidado.


A porta da van se abriu. O homem que saltou estava coberto por um casacão preto e usava um chapéu que escondia bem o seu rosto.


- Vestimenta de policial. Essa é a roupa dos policiais da tropa de choque, e o chapéu também faz parte do uniforme... Só que os sapatos não são esses. Ele errou e se esqueceu que estava usando tênis com amortecedor a ar. Droga, não dá para ver seu rosto. Ele está de óculos escuros.


Então ele se virou e olhou diretamente para a câmera. Gina viu de relance um pouco de pele branca, muito branca, e a lateral da curva do maxilar. Nesse momento ele pegou uma vareta, apontou-a na direção da câmera e a imagem ficou borrada, cheia de cores berrantes.


- Que sacanagem, ele criou uma interferência no sinal! Que diabo era aquilo que ele tinha na mão? Volte a gravação.


- Nunca vi um misturador de sinais desse tipo. - afirmou Ronald, balançando a cabeça com admiração e pasmo, enquanto a seqüência tornava a passar e em seguida congelava. - Tem uns vinte centímetros de comprimento, pouco mais grossa que um bastão de esqui. Você devia pedir para Harry vir dar uma olhada nisso.


- Depois. - disse Gina, descartando a sugestão. - Já sabemos a cor da sua pele, temos sua altura e compleição. Temos a marca e o modelo do veículo. Vamos ver o que conseguimos com isso.


Gina continuou a olhar as imagens, passando-as repetidas vezes, como se tentasse ver através das sombras e do chapéu que encobria o rosto do criminoso e os seus olhos.


- Hermione, rastreie a marca e o modelo da van. Quero uma lista de todo mundo que possui um veículo como esse. Ronald, descubra em que lugar o táxi perdeu a placa. E atentem para um detalhe: Ele entrou na garagem às seis e vinte e três; isso é menos de uma hora depois de o noticiário ter ido ao ar. Talvez já estivesse com a bomba pronta, mas precisou de tempo para arrumar transporte, bolar um plano e descobrir onde eu estava. E eu aposto que ele ainda gastou um tempinho tendo um chilique. Agora vejamos... quanto tempo gastou em locomoção?


Recostando-se novamente na cadeira, Gina sorriu e ela mesma respondeu:


- Acho que ele estava no centro, a um raio de dez quarteirões da central de polícia. Sendo assim, vamos começar a procurar em nosso próprio quintal.


Mantendo o sorriso, ordenou ao computador que continuasse a passar a gravação. Queria ver quanto tempo o filho-da-mãe levara para instalar o explosivo no carro.


 


 


 


gilmara: o Rony vai aparecer em outras histórias sim, pode esperar mais conversas entre ele e o Harry. Você pode ter certeza que o Harry não vai deixar o cara vivo, espere até para ver o que acontecera. Beijos.


 


Bianca: ele não queimou o carro dela não, ele explodiu mesmo! O que eu acho? Acredito que você deva estar bem próxima de descobrir tudo... Voce acertou o nome do assassino, é mesmo o Liam, agora resta saber qual pseudônimo ele esta usando agora...


 


Ana Eulina: a Gina voou pelo ares, literalmente falando... o Moody não vai facilitar para a Gina não, mas no ultimo capitulo da fic vai acontecer algo que vai provocar alguma mudança no relacionamento entre os dois... Não, não se preocupe, que o Harry não tem nada a ver com o carro e ninguém iria suspeitar dele. Beijos.


 


Luisa Lima: Que bom que você gosta da fic, fico muito contente. A Luna é uma verdadeira figura mesmo principalmente nessa fic. Beijos.


 

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