A Chegada
O dia de partida chegou de repente. A manhã de primeiro de Setembro estava fresca e dourada como uma maçã, enquanto a pequena família cruzava a barulhenta estrada em direção à grande estação, as chaminés das locomotivas fumegavam e a respiração dos pedestres condensava no ar frio, como uma teia de aranha. Duas gaiolas estavam empilhadas sobre dois malões nos carrinhos, que eram empurrados pelos pais. As corujas dentro delas piavam zangadas; uma garota de cabelos vermelhos passou chorosa por seus irmãos e se segurou no braço do pai. – Onde eles estão? - quis saber Alvo, ansioso, observando as pessoas entre a fumaça enquanto eles cruzavam à plataforma. – Nosso Teddy! Teddy Lupin! Beijando a nossa Victoire! Nossa prima! E eu perguntei o que ele estava fazendo... Alvo, Rose, Hugo e Lílian riram. O trem começou a se mover e Harry se pôs a andar ao seu lado, vendo o rosto do filho, cheio de excitação. Harry continuou sorrindo e acenando, mesmo que não fosse realmente uma despedida, vendo seu filho se distanciar dele... Uma bússola girava em sua mente, assim como na mente de Rosa, e uma serpente lhe atormentava desde a última semana de férias. Ele se sentou e Rosa ao seu lado. Os dois se olharam. - Agora não dá pra voltar atrás – Rosa falou. – Agora pegue logo esse negócio, vamos ver o que ele tem de tão especial. - Alvo! Isso se mexeu! Escórpio tinha cabelos louros que lhe caíam na testa, olhos cinzentos e ao mesmo tempo quentes, pele pálida, queixo fino e ar superior. Os três se cumprimentaram e sentaram-se. Era o menino que Rony havia indicado na plataforma do trem, logo antes do embarque. - Meu pai me contou histórias sobre o pai de vocês – Escórpio disse. – Só se metiam em confusão, e eu aposto que vocês dois estão se metendo em outra. - Contar o que? Como conseguimos? – Rosa olhava para Alvo com um olhar de Ele-Não-Merece-Confiança. - Minha família inteira é da Sonserina – ele disse. – Bom, acho que é bom colocarmos os uniformes. Alvo e Escórpio deixaram Rosa se trocando na cabine e foram para o banheiro nos fundos do trem, onde colocaram as vestes de Hogwarts. Borboletas infestavam o estômago de Alvo, estava cada vez mais próximo do castelo, e naquela noite ele saberia qual seria sua casa. Até que o trem parou. A escuridão era total do lado de fora do trem, só se via pequenas luzes em uma estação à alguns metros de distância. Ouviu-se o arrastar de malões pesados e bater de asas de corujas. Alvo pegou a gaiola de Virginia, sorriu para a coruja, arrastou o malão para fora da cabine, seguido de Rosa e seu amigo, Escórpio. Muitos alunos passavam no corredor, seguindo todos em uma mesma direção. Os três fizeram a mesma coisa e em poucos instantes estavam desembarcando na estação suja e encardida de Hogsmead, o vilarejo bruxo perto de Hogwarts. - Hagrid! – Alvo falou para os amigos e eles o seguiram até o gigante. Hagrid fez sinal para os alunos embarcarem em barquinhos de madeira escura e úmida, amarrados em um cais velho e com cheiro de peixe. Cada barco tinha uma lanterna à óleo pendurada em um tipo de mastro, na proa do barco. Os alunos obedeceram e todos se arrumaram em grupos de três nos barquinhos. A flotilha parou e cordas amarraram-se nelas. Os alunos pularam para fora, deslumbrados. Hagrid os guiou até uma ladeira de terra. Eles subiram em silêncio, olhando para todos os lados. Hagrid abriu um portão de ferro com um guarda-chuva rosa e os alunos entraram. Viram-se em um jardim e um bruxinho baixinho e de voz fina se aproximou.
– Não vai demorar muito para você embarcar também. - Harry disse a ela.
– Dois anos, - choramingou Lílian – eu quero ir agora!
As pessoas olhavam curiosamente para as corujas enquanto a família se dirigia para a barreira entre as plataformas nove e dez. A voz de Alvo chamou a atenção de Harry para uma discussão que seus filhos haviam começado ainda no carro.
– Não vou! Não serei da Sonserina! – Alvo exclamou, já estava irritado com o irmão e com toda aquela conversa de Sonserina.
– Tiago, dá um tempo! - disse Gina.
– Eu só disse que ele poderia ser! - disse Tiago, sorrindo para seu irmão mais novo. – Não tem nada de errado nisso. Ele pode ser da Sonse...
Mas os olhos de Tiago encontraram os da mãe e ele ficou quieto. Os cinco Potters se aproximaram da barreira. Sorrindo convencidamente para seu irmão, por sobre o ombro, Tiago pegou o carrinho das mãos da mãe e se pôs a correr. Segundos depois, ele havia desaparecido.
– Vocês vão me escrever, certo? - Alvo perguntou para seus pais, aproveitando a ausência de seu irmão.
– Todo dia, se quiser. - disse Gina.
– Não todo dia. - respondeu rapidamente Alvo – Tiago disse que a maioria só recebe uma carta por mês da família.
– No ano passado escrevíamos para ele três vezes por semana. - disse Gina.
– E não queira acreditar em tudo o que ele diz sobre Hogwarts. - complementou Harry. – Ele gosta de umas travessuras, o seu irmão.
Lado a lado, eles empurraram o segundo carrinho, ganhando impulso e, quando chegaram à barreira, Alvo fechou os olhos, esperando por uma colisão que não veio. Ao invés disso, a família emergiu na plataforma Nove e Meia que estava coberta pelo vapor lançado pela locomotiva vermelha do Expresso de Hogwarts. Figuras indistintas se moviam através da névoa, na qual Tiago já havia desaparecido.
– Nós vamos achá-los. - disse Gina, tranqüilizando-o.
Mas o vapor era denso, tornando difícil distinguir o rosto de alguém. Separada de seus donos, as vozes pareciam anormalmente altas, Harry pensou ter ouvido Percy discursar sobre a Regulamentação de Vassouras e ficou agradecido por ter uma desculpa para não ter que parar e cumprimentá-lo...
– Eu acho que são eles ali, Al. - disse Gina de repente.
Um grupo de quatro pessoas saiu da neblina, próximos ao último vagão. Seus rostos só se tornaram nítidos quando Harry, Gina, Alvo e Lílian se aproximaram deles.
– Olá. - disse Alvo, imensamente aliviado.
Rosa, que já estava usando os trajes novos de Hogwarts, sorriu para o garoto.
– Então, estacionou bem? - Rony perguntou a Harry – Eu estacionei. Hermione não acreditou que eu pudesse passar no exame de direção dos Trouxas, não é? Ela achava que eu teria que Confundir o examinador.
– Não, não achei. - disse Hermione - Depositei minha fé em você!
– De fato, eu o Confundi um pouco. - Rony sussurrou para Harry, enquanto ambos colocavam o malão e a coruja de Alvo no trem. – Eu só me esqueci de usar o espelho retrovisor, mas na real, eu posso usar um Feitiço Supersensorial para isso.
De volta à plataforma, eles encontraram Lílian e Hugo tendo uma conversa animada sobre em qual Casa ficariam quando finalmente fossem para Hogwarts.
– Eu o deserdo se você não for da Grifinória, - disse Rony - mas nada de pressão!
– Rony!
Lílian e Hugo riram, mas Alvo e Rosa permaneceram sérios.
– Ele não quis dizer isso! - disseram Gina e Hermione, mas Rony não estava mais prestando atenção. Olhando para Harry ele indicava com a cabeça um local a alguns metros dali. A névoa parecia ter diminuído um pouco, tornando possível ver três pessoas paradas, aliviadas pela neblina que se movia. Alvo olhou interessado.
– Olha quem é.
Draco Malfoy estava em pé, com sua mulher e filho, um casaco abotoado até o pescoço. Seu cabelo estava com uma entrada, de tal modo que acentuava seu queixo fino. O filho lembrava tanto Draco assim como Alvo lembrava Harry. Draco percebeu que Hermione, Harry, Rony e Gina olhavam para ele, acenou brevemente, e deu as costas ao grupo.
– Então aquele é pequeno Escórpio. - disse Rony entre os dentes - Arrase-o em todos os testes, Rosa. Graças a Deus que você tem o cérebro de sua mãe.
– Pelo amor de Deus, Rony. - disse Hermione, um pouco nervosa, um pouco sorridente. – Não os tente colocar um contra o outro antes mesmo de as aulas começarem!
– Você está certa, desculpe. - disse Rony, mas incapaz de se segurar, completou, – Mas não fique muito amiga dele, Rosa, vovô Weasley nunca a perdoaria se você se casasse com um puro-sangue!
– Ei!
Tiago havia retornado. Tinha se livrado do carrinho, do malão e da coruja e agora parecia explodir com novidades.
– Teddy está lá atrás. - disse sem fôlego, apontando por sobre os ombros, para uma cortina de fumaça. – Acabei de vê-lo! E adivinha o que ele estava fazendo? Beijando a Victoire!
Ele olhou para os adultos, evidentemente desapontado pela falta de reação.
– Você os interrompeu? - quis saber Gina - Você é tão parecido com o Rony...!
– ... e ele disse que estava aqui para vê-la partir! E daí ele me mandou embora. Ele a estava beijando! - completou Tiago, achando que não havia sido claro o bastante.
– Não seria lindo se eles se casassem. - murmurou Lílian, extasiada - Daí sim o Teddy realmente faria parte da família.
– Ele já janta em casa umas quatro vezes na semana. - disse Harry – Por que não o convidamos para morar conosco e acabamos logo com isso?
– Boa! - disse Tiago, entusiasmado – Eu não me importo em dividir o quarto com o Al....Teddy poderia ficar com o meu!
– Não. - disse Harry firmemente - Você só irá dividir um quanto com o Al quando eu decidir demolir a casa.
Alvo agradeceu, em hipótese alguma dividiria o quarto com Tiago. Harry olhou para o relógio gasto que antes pertencera a Fabiano Prewett.
– Já são quase onze, é bom subirem a bordo.
– Não se esqueça de dar um abraço em Neville! - disse Gina ao filho mais velho enquanto o abraçava.
– Mãe! Eu não posso dar um abraço a um professor!
– Mas você conhece o Neville...
Tiago girou os olhos.
– Fora de escola sim, mas lá, ele é o Professor Longbotton, né? Eu não posso entrar na aula de Herbologia e lhe oferecer carinho...!
Balançando a cabeça para as bobagens da mãe, ele aliviou seu aborrecimento dando um chute no irmão.
– Te vejo mais tarde, Al. E cuidado com os testrálios!
– Pensei que eles fossem invisíveis? Você me disse que eles eram invisíveis!
Mas Tiago simplesmente sorriu e deixou que a mãe o beijasse, deu um abraço rápido no pai e entrou no trem. Ele acenou e depois atravessou o corredor, em busca de seus amigos.
– Não se preocupe com os testrálios. - disse Harry – Eles são bem dóceis, não precisa ter medo deles. Além disso, você não vai para a escola em carruagens esse ano, você vai de barco.
Gina deu um beijo de despedia em Alvo.
– Te vejo no Natal.
– Até mais, Al. - sussurrou Harry enquanto seu filho o abraçava – Não se esqueça que o Hagrid convidou você para tomar chá na sexta. Não se meta com o Pirraça. Não duele com ninguém até você ter aprendido como, e não deixe o Tiago te incomodar.
– Mas se eu for para a Sonserina?
Sussurrou somente para o pai, que percebeu que só o momento da partida revelou o verdadeiro e sincero medo que Alvo estava sentindo. Alvo não queria ir para a Sonserina, era a casa dos bruxos das trevas, deveria ir para Corvinal, Lufa-Lufa ou Grifinória, qualquer uma, menos a Sonserina.
Harry agachou-se, seu rosto um pouco abaixo ao rosto de Alvo. O único entre os seus três filhos que herdou os olhos de avó.
– Alvo Severo. - disse Harry tão baixo que somente eles e Gina puderam ouvir, embora ela fingisse, discretamente, que acenava para Rosa, que já havia embarcado.
– Você tem o nome de dois diretores de Hogwarts. Um deles era da Sonserina e provavelmente o homem mais corajoso que já conheci.
– Mas e se...
– A Casa de Sonserina ganhará um excelente aluno, não é? Isso não é importante para nós, Al. Mas se é importante para você, você pode escolher a Grifinória ao invés da Sonserina. O Chapéu Seletor considera a sua escolha.
– Sério?
– Ele considerou a minha. - disse Harry.
Ele nunca havia contado isso a nenhum de seus filhos, e ele foi capaz de ver a surpresa no rosto de Alvo quando o fez. Mas como as portas estavam se fechando pelos vagões e os pais davam os últimos beijos de despedida, Alvo correu para seu vagão e Gina fechou a porta atrás dele. Os estudantes estavam debruçados na janela, olhando para deles. Um grande número de rostos, dentro ou fora do trem, parecia estar voltado para Harry.
– O que eles estão olhando? - quis saber Alvo, enquanto ele e Rose olhavam em volta, para os outros estudantes.
– Não se preocupe. - disse Rony - É que eu sou muito famoso.
Alvo via o braço de seu pai erguido no meio de uma densa névoa branca. Ele sentia que deveria pular do trem, dar um ultimo abraço em seu pai, se sentiu sozinho e desolado, em uma mundo que ele não conhecia direito, em um trem com centenas de estudantes rumando para um castelo na Escócia.
O Expresso de Hogwarts fez uma curva e tudo desapareceu. Alvo ainda ficou olhando para o ponto em que o trem fizera a curva, na esperança de que seu pai aparecesse com as últimas recomendações. Alvo tinha dúvidas, muitas dúvidas. Principalmente sobre as quatro casas
- Vai ser um longo ano, não Alvo? – Rosa perguntou.
- Vai sim – O menino respondeu com o pensamento longe.
- Al, vamos ver a bússola? – Rosa perguntou tirando o primo de seus devaneios solitários.
- Não quero ver aquela coisa – Alvo falou. – Estou arrependido de pegar aquele negócio. Sinto que há algo a mais nele.
- Tudo bem – Alvo se deu por vencido.
Ele puxou seu malão de baixo dos bancos da cabine. Um símbolo de Hogwarts estava desenhado na superfície e havia seu nome gravado sobre o símbolo. Destrancou-o e observou a bagunça de roupas, livros, balanças, ingredientes de poções e telescópios. Rosa resmungou algo como "o velho disse" e "guardar com cuidado", mas Alvo estava com a cabeça cheia.
Ele pegou o pequeno objeto dourado. As iniciais RH ainda estavam lá, o único ponteiro ainda estava parado apontando para uma direção qualquer, não havia pontos cardeais, não havia sequer outra coisa. Rosa o tomou de sua mão e o examinou com a perícia de um detetive na cena do crime.
- Não me parece que tenha nada de estranho, mas deve ter algum feitiço ou encantamento sobre isso.
- Rosa, estamos com algo grande sobre nossas mãos.
Nesse momento o ponteiro se moveu vacilante para uma direção e depois parou. Os dois meninos olharam deslumbrados.
- Eu vi! E agora?
De repente um menino entrou de costas na cabine puxando um malão esmeralda. Ele tropeçou no malão de Alvo, que ainda jazia aberto e caiu de costas sobre os pés de Rosa. Seu malão esmeralda bateu dos joelhos de Alvo, que gritou de dor.
- Você está louco? – Rosa olhava para o menino em seus pés com os braços cruzados.
- Me desculpem, eu não queria entrar assim – O menino se desculpou e os três se recomporam.
- Desculpas aceitas – Alvo falou esticando a mão para o menino. – Sou Alvo Severo e esta é minha prima, Rosa Weasley.
- Sou Escórpio Malfoy.
- O que é isso na sua mão? – Escórpio perguntou. Alvo ainda segurava a bússola misteriosa.
- Nada! – O menino escondeu o objeto nas vestes.
- Não estamos não! – Rosa defendeu-se. – Você é que é muito intrometido.
- Não sou! Faz favor de me mostrar esse troço!
- Posso mostrar, Rosa? – Alvo perguntou com a mão no bolso, percebeu que não havia outro jeito, a não ser andar com aquilo nas vestes durante o resto da longa viagem.
- Pode – a menina bufou e olhou para a janela.
Alvo entregou a bússola para Escórpio. Ele a olhou com firmeza, girou-a em suas mãos pálidas, colocou-a perto dos olhos, contra a luz, virou-a de novo e depois a entregou novamente para o dono.
- Nada de mais, só uma bússola velha – ele concluiu e recebeu olhares incrédulos de Rosa e Alvo.
- Como assim? – Rosa exclamou.
- Isso não é nada – Escórpio repetiu.
- Se você soubesse como conseguimos isso, acharia um objeto muito estranho – Alvo disse.
- Me conte, então.
- Entramos em uma loja de relíquias – Alvo começou. – Tinha um velho lá. Ele nos deu isso, parecia que não queria que o filho pegasse coisa estúpida. Aí ele levou o filho para os fundos e nós saímos escondidos.
- Sinistro.
- Viu! – Rosa disse. – Acho que é alguma coisa das trevas!
O carrinho de doces parou à porta da cabine à essa altura. Uma menina com o rosto cheio de espinhas ofereceu as guloseimas. Os três meninos compraram tudo o que cabia em seus braços e comeram. Passaram a viagem falando de Hogwarts, assim como todo calouro ansioso, e o assunto "casa" não fugiu.
- Em que casa quer ir? – Escórpio perguntou com uma figurinha de Rony nas mãos.
- Qualquer uma serve para nós – Rosa disse privando Alvo de responder e olhando significativamente para o louro.
A noite caiu. O trem cortava velozmente os campos, rumando para o norte. Ele diminuía a velocidade e cada vez mais os calouros sentiam chamas quentes subindo dos tornozelos para a testa e o número de pessoas nos corredores aumentava gradativamente.
A maioria dos alunos subiam em carruagens puxadas por animais invisíveis, que Alvo sabia que eram testrálios. Tiago lhe falara deles as férias todas, de como devoravam ferozmente os calouros e de como, quando não os matavam, faziam-os de escravos.
- PRIMEIRO ANO AQUI COMIGO! VENHAM TODOS OS CALOUROS AQUI! DEIXEM OS MALÕES POR AÍ! – uma voz chamava em meio à escuridão.
Os três amigos perceberam uma grande silhueta recortada contra a lua. Um grupo de cabeças à sua cintura e ele acenando com os braços.
- Abram caminho crianças, meu afilhado está chegando – Hagrid dizia abrindo os braços e abraçando Alvo e Rosa (Escórpio fez menção de se manter afastado três passos. – Venha você também, loirinho!
Hagrid puxou Escórpio para a quebra de costelas. Assim que os três foram soltos esfregaram o corpo, felizes por ainda o terem.
- Tomara que você não tenha a personalidade de sue pai, hein! Tomara que seja só a aparência – Hagrid completou fazendo festa nos cabelos louros de Escórpio. – Andem, vamos nos atrasar para a cerimônia, animados?
- Muito, Padrinho – Alvo respondeu. – Vamos logo.
Os primeiranistas seguiram o meio-gigante por uma trilha no meio da mata úmida, escura e tortuosa, sem ver a luz da lua. O som dos alunos embarcando nas carruagens diminuía cada vez mais, à medida que se aproximavam do desconhecido. Os alunos fungavam por causa da umidade e do cansaço. Fizeram uma curva e se depararam com o que vieram sonhando há anos.
Encontravam-se na margem de um grande lago negro. Do outro lado do lago havia um penhasco e sobre o penhasco um grande castelo de pedra, com milhares de janelas e dezenas de torres. As luzes bruxuleantes que saíam das janelas da construção soavam assustadoras para os calouros.
Hagrid, devido ao seu tamanho, subiu em uma embarcação maior que a dos restantes, acompanhado por dois meninos com caras assustadas. Assim, a flotilha se desprendeu magicamente do cais e rumou vagarosa e tediosamente para o grande penhasco que se erguia monstruosamente à frente de todos.
Só se ouvia o barulho dos barquinhos passando pela água e o vento nos ouvidos. Era como se navegassem sobre um céu noturno. A luz da lua se fazia majestosamente bruxuleante na superfície d’água e as poucas estrelas quase não se refletiam, tamanha a negritude do lago.
Os alunos então viram outro cais, era o destino final dos calouros. Hogwarts.
- Obrigado, Hagrid – ele disse. – Pode ir. Até a amanhã. Olá alunos, sou Filio Flitwick, vice-diretor, professor aposentado e membro do Conselho dos Bruxos. Não me encontrarão muito na escola, mas podem conversar com a diretora se precisarem. Vamos entrando.
Ele guiou os alunos até uma portinhola e lá eles entraram, junto com o professor. Era uma sala abafada e apertada.
- Esperem aqui, a seleção já vai começar – e Filio saiu por outra porta. Os alunos conseguiram visualizar, por um instante, um salão cheio de estudantes de chapéu, indo se sentar.
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