DE VOLTA A HOGWARTS
Os dias seguintes pareceram se arrastar, mesmo que os amigos fizessem planos para voltar à escola, Harry passava a maior parte do tempo pensando no sonho com os Comensais da Morte, deixando todos preocupados.
- Foi apenas um sonho, Harry - disse Hermione, como sempre fazia, embora soubesse que aquilo não ia acalmá-lo.
O dia primeiro de setembro amanheceu chuvoso, as nuvens cobrindo o céu, como sempre, e o vento frio fustigando as folhas das árvores. Harry não estava muito disposto a levantar, embora soubesse que a Profa. McGonagall já estava dando-lhe uma chance de recuperar o tempo que gastara tentando destruir as Horcruxes, por isso o fez, mesmo sem vontade.
Diferentemente dos outros anos, as pessoas não estavam naquela comum agitação, arrumando as coisas às pressas e comendo o café da manhã enquanto se vestiam. Talvez fosse a chuva, mas todos pareciam demasiado
sonolentos para correr pela casa à procura de seus pertences perdidos. O próprio Harry mantinha a calma enquanto procurava uma meia que combinasse, mesmo que só tivesse quinze minutos para fechar o malão, se vestir e comer alguma coisa.
- Rony, venha depressa, estamos atrasados! - o Sr. Weasley gritou para Rony, que pegava os sanduíches que a mãe fizera para ele comer na viagem.
Os cinco aparataram juntos, carregando os malões de Hogwarts, Píchi e Bichento. Não foi confortável, porém ninguém reclamou - tampouco Píchi, que costumava fazer um estardalhaço ao aparatar.
Apareceram na Estação de King's Cross, já na Plataforma Nove e Meia, quando faltavam apenas dois minutos para o trem partir. Passando entre a multidão, Harry, Rony, Gina e Hermione entraram no trem finalmente, se despedindo do Sr. Weasley.
- Se cuidem! - foi o que ele disse, quando o trem começava a andar.
- Nunca pensei que fosse voltar a esse lugar - disse Harry, olhando cada centímetro do corredor do expresso.
Harry seguiu na frente, parando à porta de cada cabine, onde era cumprimentado por todos, exceto os Sonserinos. Finalmente encontrou onde Luna Lovegood estava sentada, lendo a habitual revista d'O Pasquim, de qual seu pai era editor.
- Ah, olá Harry - ela disse, assim que o viu por cima da revista, usando seus espectrocs coloridos. - Rony, Hermione, Gina, olá.
- Oi Luna - disse Harry, entrando na cabine. - Podemos sentar aqui?
Ela assentiu com a cabeça, fazendo seus brincos de rabanetes balançarem para frente e para trás. Harry e Rony sentaram-se no banco defronte à ela e Hermione e Gina ocuparam os lugares vazios ao lado de Luna.
- Ah, meu pai mandou edições d'O Pasquim para vocês - disse ela com sua voz sonhadora, entregando uma revista a cada um. - Há uma matéria sobre a derrota do Você-Sabe-Quem, Harry, ele achou que ia se interessar.
- Ah, certo - disse Harry, olhando a manchete principal: ARTEFATOS MÁGICOS, NÃO SEJA ENGANADO.
Harry abriu a revista na primeira página e viu uma imensa lista de artefatos mágicos, propriedades, características, a maioria parecia ser apenas mais uma esquisitice do pai de Luna, enquanto outros pareciam extremamente reais. A notícia que Luna lhe falara estava na última página, a única não ocupada pela lista de objetos, espremida ao lado dos Classificados.
- O que são essas coisas? - perguntou Rony, olhando a lista de artefatos.
- Artefatos mágicos muito preciosos - disse Luna, por trás dos espectrocs. - Alguns podem ser achados em lojas, alguns nunca foram vistos. Eles fazem as mais variadas coisas, sabe... Podem matar, amaldiçoar, ressucitar..
Ele folheou as páginas, fingindo estar curioso, apenas para não deixar Luna sem graça, já que Hermione nem se dera ao trabalho de ler e guardara o seu exemplar. Mirou a notícia que falava sobre Voldemort, que relatava passo à passo daquela terrível noite, com um toque extremamente sensacionalista.
O MAL É DERROTADO - SAIBA COMO
Parecia apenas mais uma noite para os alunos de Hogwarts, porém não era. Harry Potter voltou à escola, procurando um meio de destruir Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, assim como seus amigos Rony Weasley e Hermione Granger. Não foi oficialmente divulgado o que ele procurava no castelo, mas há boatos de que fosse o Diadema de Ravenclaw, só se sabe que ele encontrou o tal objeto.
Mas não foi só isso: deu-se início uma luta extremamente sangrenta entre os Comensais da Morte, os alunos da escola e professores. Alguns juram que houve a participação de Heliopatas, que formam o exército do Ministério da Magia, mas nada foi confirmado. Várias pessoas morreram e quase todos os presentes ficaram feridos.
No final da noite, Potter e Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado se enfrentaram pessoalmente e, felizmente, o Lorde das Trevas foi derrotado diante dos olhos de todos. Segundo alguns, o feitiço de Harry colidiu com a Maldição da Morte lançada pelo Lorde e a fez voltar contra si próprio.
"Foi o Diadema de Ravenclaw" confirmou uma aluna que preferiu não se identificar. "Aposto que Potter usou o Diadema para descobrir como derrotar o Você-Sabe-Quem, mas no final, o Diadema era tão forte que deixou o Potter imortal! Agora, ele vai poder viver como ninguém jamais viveu!"
Tomara que seja verdade, e tomara que nenhum outro Bruxo das Trevas tão terrível quando Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado apareça, para Potter precisar se livrar dele também.
A viagem continuou silenciosa todo o tempo, exceto quando a mulher que vendia doces passou por ali, fazendo todos se levantarem para escolher os sapos de chocolate e bolos de caldeirão. A chuva caía constantemente pela
janela, onde Harry estava encostado, ainda pensando no sonho que tivera e na invasão do Ministério. Grampo já o prevenira de que iria mandar instalarem segurança máxima no banco, mas toda a segurança pode falhar, às vezes.
Assim que a tradicional voz ecoou pelo trem ("Deixem seus pertences no trem, eles serão levados ao castelo"), os cinco amigos deixaram a cabine, enquanto a locomotiva começava a diminuir a velocidade. Esperaram as portas serem abertas e saltaram para a Estação de Hogsmeade. Uma voz conhecida dizia, por cima das cabeças dos alunos:
- Primeiro ano, por aqui! Alunos do primeiro ano, venham por aqui! Olá Harry!
- Oi Hagrid - disse Harry, enquanto andava o mais rápido possível, fugindo da chuva.
- Vamos logo para uma carruagem - disse Gina, assim que Harry parou para os alunos do primeiro ano passarem. - Nós vamos ficar encharcados, aqui.
Os cinco correram até onde as carruagens estavam paradas e apertaram-se em uma, não estranhando a presença dos Testrálios, como já acontecera antes. Assim que todos os alunos já estavam acomodados, elas partiram em conjunto, passando pelos portões ladeados pelos javalis alados.
- Provavelmente toda a escola vê Testrálios agora, não é mesmo? - falou Hermione. - Depois da derrota do Você-Sabe... depois da derrota do Voldemort.
Desceram diante das portas de carvalho, adentrando o Saguão de Entrada, que estava cheio de enorme poças de água. Foi uma sorte Pirraça não estar ali, atirando água em todos, como gostava de fazer nos dias de chuva, ou teriam ficado mais molhados do que já estavam.
Mal entraram no Salão Principal, Harry levou um susto ao ver quem estava sentado à mesa dos professores, junto com os demais membros do corpo docente.
- É o Fudge!
Harry olhou mais uma vez para a mesa, para ter certeza de que seus olhos viram direito. O que Cornélio Fudge, ex-Ministro da Magia, estaria fazendo ali? Hermione e Rony se entreolharam, aparentemente também estranhando a presença do homem ali. Os demais não pareceram perceber, passando normalmente pela porta do Salão.
- Eu imaginava que o Fudge nunca mais teria coragem de exercer um cargo tão... - Hermione fez uma pausa, talvez à procura da palavra certa. - Depois daquele tempo que ele duvidava a volta do Você-Sabe-Quem. Devia estar se sentindo culpado, afinal, se ele tivesse alertado a população bruxa antes, muitas mortes teriam sido evitadas.
- Só vamos saber assim que a cerimônia começar - disse Harry, agora dirigindo-se à mesa da Grifinória. - Vamos.
Os três atravessaram o Salão Principal até a mesa e ocuparam três lugares vagos próximos de Gina. A garota também parecia admirada com a presença do homem ali e, embora não comentasse nada, mantinha os olhos fixos nele e em seu chapéu-coco.
- Sejam bem-vindos, alunos - a Profa. McGonagall disse, levantando-se da cadeira que pertencera a Dumbledore, onde ela estava sentada. - Sejam bem-vindos a Hogwarts! Mais um ano letivo irá começar e, mais do que nunca, eu gostaria de pedir a colaboração de todos vocês. Com os incidentes de alguns meses atrás, nosso Corpo Docente foi alterado, não só pelo assassinato de nosso antigo diretor, Severo Snape, mas também pela prisão de alguns de nossos antigos professores.
Harry lembrou-se dos irmãos Carrow, que tinham lecionado na escola no ano anterior e que eram Comensais da Morte.
- Primeiramente, gostaria de me apresentar - a professora continuou, interrompendo os murmúrios dos alunos. - Eu me chamo Minerva McGonagall e fui Professora de Transfiguração dessa escola durante um longo período de tempo. Agora, gostaria de informar-lhes que o Professor Binns resolveu não lecionar mais História da Magia, embora continue habitando o castelo de Hogwarts com os demais fantasmas, ele cedeu seu lugar a ninguém menos que Cornélio Fudge.
Ouviu-se um burburinho percorrer o lugar, enquanto Fudge se levantava e cumprimentava os alunos. Algumas pessoas não sabiam se aplaudiam ou não, outras chegaram a assobiar e algumas nem se manifestaram. Cornélio já parecia esperar tal reação, pois se dirigiu aos alunos:
- Espero que não hajam ressentimentos. Eu sei que fui tolo, fiz muitos de vocês desacreditarem quem estava com a razão - seus olhos fixaram Harry. - Mas eu não quero que me vejam mais como o ex-Ministro da Magia. A partir de agora, sou seu novo Professor de História da Magia.
- Que as mágoas do passado sejam deixadas onde devem ficar: no passado - completou a Profa. Minerva, enquanto Fudge sentava-se. - E agora, os outros membros do Corpo Docente. O novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dédalo Diggle.
Diggle levantou-se, exibindo sua cartola roxa, cumprimentando os alunos que aplaudiam. Harry lembrava-se de quando o conhecera, no Caldeirão Furado, que ele exclamara "Nossa, ele se lembra de mim!", assim que o garoto perguntou se nunca tinha o visto antes.
- Parece que as coisas vão mudar bastante, esse ano - disse Hermione, olhando para Fudge, que parecia levemente desconcertado.
- A nova professora de Estudo dos Trouxas, Arabella Figg - falava a Profa. McGonagall. Harry virou-se para a professora, levando um susto.
- A Sra. Figg! - disse, assim que a viu.
- Quem? - perguntou Hermione.
- Sra. Figg, ela é vizinha dos Dursley! - exclamou ele, olhando para a face visivelmente intimidada da mulher.
- Tem certeza de que é ela? - indagou Rony.
- Sim, a Profa. McGonagall acabou de apresentá-la - confirmou Harry. - Que estranho, eu não sabia que bruxos abortados podiam dar aulas de magia. Mas ela é professora de Estudo dos Trouxas, não vai precisar usar magia, não é verdade?
- Atenção, por favor! - a Professora Minerva McGonagall agora levantara-se, fazendo todo o Salão Principal aquietar-se. - Eu...
Mas um estrondo vindo do lado de fora do salão chamou a atenção de todos, fazendo as cabeças virarem-se para a porta e a professora parar de falar. Ouviram-se as portas de carvalho abrirem-se e várias criaturas deslizarem para o meio dos alunos.
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