BOAS E MÁS NOTÍCIAS

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Assim que Harry despertou, na manhã seguinte, imediatamente lembrou-se do sonho que tivera durante a noite. Precisava avisar os Weasley, mas como? Não tinha coruja para entregar a carta, não sabia onde era a nova casa dos Weasley e não tinha Pó de Flu para enviá-la a qualquer lugar que fosse. Esse era um dos momentos que Edwiges fazia muita falta. Mas ele não podia simplesmente esquecer o sonho ou todos estariam em grave perigo.


"O Ministério da Magia!" pensou Harry, lembrando-se de que, à essa hora, o Sr. Weasley devesse estar trabalhando. Se ele pudesse aparatar até lá, sem dúvida conseguiria avisá-lo à tempo, antes que alguém resolvesse dar uma olhada n'A Toca.


Trocou de roupa o mais rápido que pôde e avisou aos tios que ia sair, indo porta afora antes que pudessem perguntar aonde ia. Mas não havia tempo para explicações, uma vez que os Weasley sofriam risco de vida.


Harry correu para trás do carro de Tio Válter, que estava estacionado na vaga da garagem do número quatro, onde nenhum trouxa o veria aparatando. Olhou para os lados, tendo certeza de que todas as janelas estavam fechadas e de que nenhum ser, até mesmo um gato, estivesse presente o observando.


Em menos de dois segundos, ele já conseguia sentir como se estivesse sendo puxado por um cano invisível, a mesma horrível sensação de sempre. "Ministério da Magia de Londres, Ministério da Magia de Londres..." ele continuava a repetir em sua mente, enquanto via vários borrões coloridos começarem a entrar em foco.


Ele sentiu que tudo começava a voltar ao normal, embora já não estivesse mais na Rua dos Alfeneiros. Agora encontrava-se no Átrio do Ministério da Magia, que apresentava uma aparência completamente diferente desde a


última vez que Harry o vira. As paredes pareciam feitas de um puro mármore branco, a Fonte dos Irmãos Mágicos tinha sido reconstruída em um material dourado e mais duas figuras adcionadas à ela, provavelmente um casal de trouxas, que seguravam telefones celulares. Sob ela, havia escrito a frase "NOSSAS DIFERENÇAS PERTENCEM AO MESMO MUNDO".


Sem tempo para apreciar a fonte, ele correu pelo meio das pessoas, à procura de Arthur. Enquanto observava por cima da cabeça das pessoas, tentando visualizar os cabelos vermelhos do homem, andava na direção do elevador mais próximo, onde entrou rapidamente. Ele sacolejou e começou a subir, parando de andar em andar.


- Nivel sete, Departamento de Jogos e Esportes Mágicos... Nível seis, Departamento de Transportes Mágicos... Nível cinco, Departamento de Cooperação Internacional em Magia... Nível quatro, Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas... - uma voz feminina anunciava, a cada parada.


Harry já estava aflito quando a voz disse "Nível três, Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, que inclui o Esquadrão de Reversão de Mágicas Acidentais, a Central de Obliviação e a Seção de Ligação com os Trouxas".


Ele abriu espaço entre as pessoas e saiu, encontrando um corredor longo e vazio. Não havia ninguém ali, embora um burburinho pudesse ser ouvido através das portas douradas. Ele caminhou, lendo as placas.


"Seção de Ligação com os Trouxas, Chefe: Arthur Weasley" podia-se ler em uma placa, ao lado da última porta. Ele abriu-a quase instantaneamente, levando um susto ao encontrar o próprio Sr. Weasley do outro lado, como se


também pretendesse abrir a porta.


- Ah, olá Harry - ele disse, sorrindo. - Na verdade, eu pretendia dar uma passada no Gabinete do Ministro, mas isto pode esperar. Em que posso ajudá-lo?


- Sr. Weasley - Harry disse, ajeitando os óculos. - Eu preciso falar com o senhor. É urgente.


- Claro, venha até a minha mesa - ele disse, parecendo orgulhoso de si mesmo ao lhe dizer isso.


Harry seguiu-o, passando pelas organizadas mesas que dispunham-se em uma longa sala. Ele sentou-se na cadeira que Arthur lhe indicou, de frente para a maior mesa de todas, onde o Sr. Weasley se sentou. O garoto pôde notar que ele passava a mão em um telefone dourado sobre sua mesa.


- Hm - ele resmungou, sem saber por onde começar. - Sr. Weasley, você sabe que eu... eu sempre tinha sonhos com o Voldemort, enquanto ele ainda estava vivo. Mas não eram só sonhos, eram coisas que aconteciam de verdade.


Eu podia sentir o que ele sentia, ver o que ele via... As nossas mentes estavam ligadas.


- Sei - foi o que ele disse, agora parecendo sério.


- Então, essa noite, eu tive um desses sonhos - Harry explicou o mais claramente que podia. - Mas não era um sonho com o Voldemort, era um sonho com os Comensais da Morte. Eu não sei como consegui fazer isso, afinal eu só conseguia ler a mente dele, não de seus fiéis. Só que a questão é: eles se reuniram n'A Toca e pretendem montar uma guarda lá, para caso algum de vocês vá até lá.


- O que está me dizendo é...


- Não volte para a sua casa antiga - ele finalizou, fixando os olhos castanhos do bruxo.


- Você tem certeza Harry? - ele perguntou, preocupado. Assim que Harry assentiu, ele continuou: - Bom, então acho que o mais seguro é enviar um grupo de aurores até lá, para verificarem como estão as coisas. E você pode ir para a nossa nova casa, Rony estava pensando em convidá-lo hoje mesmo... É, faça isso. Vou levá-lo até a casa e pedir para que alguém pegue as suas coisas na casa dos seus tios. Vamos.


Harry o seguiu, fazendo o mesmo caminho de volta. Pegaram o elevador, alcançando rapidamente o Átrio. Arthur logo pediu que Harry segurasse seu braço e, no tempo de uma pulsação, os dois já tinham desaparecido.


Ele não teria identificado a casa, se o Sr. Weasley não tivesse o levado até lá. Tinha dois andares, com paredes pintadas de amarelo e janelas brancas. Era facilmente confundida com uma casa trouxa, tanto que não precisava de feitiços para escondê-la. Era realmente boa, considerando que a casa antiga dos Weasley tinha a aparência de um chiqueiro, onde foram empilhando cômodos e mais cômodos.


- É aqui - ele disse, orgulhoso. - Para entrar, bata na porta com a varinha e diga 'Caramelos Incha-Língua' claramente. A porta vai abrir sozinha.


Isso lhe fez lembrar do Gabinete de Dumbledore, que era preciso dizer a senha para poder entrar. O garoto se aproximou, tocando na maçaneta com a varinha. 'Caramelos Incha-Língua' disse, tentando não atrair a atenção das demais pessoas ao redor. Foi como se ele tivesse sido sugado por um canudo invisível e ele sentiu que estava entrando pelo buraco da fechadura. Literalmente.


- Harry! - ouviu-se um grito, antes mesmo que ele pudesse perceber onde estava, e alguém logo correu até ele.


Era Gina, ele podia reconhecer seu doce perfume floral, enquanto ela dava-lhe um longo abraço. Olhou por cima de seu ombro, vendo que a Sra. Weasley, Rony e Hermione também estavam ali, sentados nos sofás da sala de estar.


- Gina, deixe-o respirar! - a Sra. Weasley exclamou, dando um abraço em Harry assim que a filha o soltou. - Nossa, Harry, você está muito magro!


Rony não conseguiu abafar uma risada, sentado ao lado de Hermione, que como costume lia um grosso livro. A Sra. Weasley o soltou, permitindo que ele observasse a casa.


A sala de estar era confortável e ampla, com uma lareira de mármore, piso de madeira envernizado e vários sofás brancos, com algo que parecia uma televisão. No cômodo ao lado, podia-se enxergar uma limpa e agradável cozinha, com geladeira e fogão elétrico, provavelmente instalados pelo Sr. Weasley. Uma escada levava ao andar superior, que provavelmente era tão fantástico quanto o outro.


- Então, o que acha? - Rony perguntou, enquanto o levava para conhecer seu quarto. - Papai instalou eletricidade na casa, como os trouxas normalmente fazem. Só acho que aquela gelaneira não serve para nada, para que eu vou querer um monte de gelo?


- Geladeira, Rony - Hermione corrigiu, enquanto os seguia pelo corredor do segundo andar.


Eles entraram na segunda porta à esquerda, dentre muitas outras, chegando em um local menor do que os outros aposentos. A cama de Rony estava coberta, agora, por uma colcha nova dos Chudley Cannons, sem furo algum, enquanto uma das paredes estava coberta por pôsteres de jogadores que se mexiam. Em um canto, estava a gaiola de Píchi, sobre uma cômoda de madeira, ao lado de uma mesinha com um abajur.


- Então? - Rony perguntou, assim como quando Harry visitara A Toca pela primeira vez. - O que achou?


- Brilhante!


Assim que Harry se instalara no quarto de Rony, chegou a notícia de que os aurores não tinham encontrado nenhum Comensal da Morte n'A Toca. Ninguém ali sabia do sonho que Harry tivera, por isso ficaram espantados com o repentino patrono falante que entrou na casa. Os amigos logo pediram uma explicação e, assim, Harry narrou como fora o sonho da noite anterior.


- Os Comensais devem ter fugido, assim que notaram a presença dos aurores - sugeriu Hermione, quando Harry terminou de falar.


- Provavelmente desaparataram - Rony disse, enquanto colocava petiscos de coruja na gaiola de Píchi. - Os feitiços anti-aparatação da casa tinham sido quebrados pelos gigantes.


- É, provavelmente - concordou Harry, sem prestar muita atenção, que ainda pensava


Os dias que se seguiram estavam, por incrível que pareça, extremamente monótonos. Não podiam mais jogar Quadribol no pomar, explodir Fogos de Artifício Dr. Filisbuteiro ou sair para as ruas de Londres sozinhos, já que era realmente perigoso, com os desaparecimentos e ataques dos gigantes. Harry passava horas a fio tentando lembrar de mais detalhes do sonho, embora não obtivesse muito sucesso, enquanto Hermione ocupava-se em ler os gigantescos livros de que gostava e Rony jogava xadrez de bruxo com Gina.


- Vou levar vocês ao Beco Diagonal - o Sr. Weasley informou-lhes, no sábado que antecedia o embarque para Hogwarts. - Vou deixá-los na porta do Gringotes, enquanto resolvo uns negócios. Só apanhem o ouro dos cofres e


sejam rápidos, não conversem com nenhuma pessoa suspeita.


Eles aparataram à porta do banco e Arthur se dirigiu à uma loja desconhecida, enquanto Harry, Rony, Hermione e Gina entraram no edifício de pedra branca.


Os duendes pareciam muito mais rigorosos com relação à segurança e revistaram cada um pelo menos três vezes, confiscando suas varinhas ao entrarem. Não havia quase ninguém no Átrio, onde os duendes trabalhavam em


seus livros-caixa, pesavam pedras preciosas e observavam moedas do tamanho de calotas de automóvel.


- Grampo - disse Harry, assim que reconheceu o duende. - Nós queremos tirar um pouco de dinheiro de nossos cofres.


- Certo, Potter - o duende disse, conduzindo-os até uma espécie de sala subterrânea, onde uma fila de pessoas aguardava um vagonete desocupado. - Os tempos têm sido difíceis, muito difíceis, ultimamente. Houve uma invasão


no Departamento de Mistérios, vocês ficaram sabendo?


- Na verdade não.


- As salas ficaram completamente destruídas, embora nada tenha sido roubado - Grampo continuou a dizer, enquanto a fila avançava um pouco. - Foram uns cinco bruxos, creio eu, mas nenhum foi capturado. Quando os


funcionários do Ministério chegaram, não havia mais ninguém. Estantes derrubadas, profecias quebradas, vira-tempos partidos... deixou os Inomináveis loucos! E não levaram nada, absolutamente nada! Deviam estar


procurando alguma coisa, ah deviam!


Os quatro permaneceram em silêncio, enquanto a fila diminuía, até um vagonete vazio chegar e todos entrarem, acompanhados de Grampo. Harry continuava pensando sobre a invasão do Departamento de Mistérios,


provavelmente realizada pelos Comensais da Morte. Mas o que eles queriam lá?


- Sr. Potter, preciso de sua chave - Grampo disse, assim que chegaram no cofre de Harry. Ele nem percebera que o vagonete parara nos cofres dos amigos e que estes já estavam com as bolsas cheias de ouro.


Harry entregou a minúscula chave dourada e colocou em sua bolsa de pele de briba, que agora ele carregava em todo lugar, todo o dinheiro que ia precisar para comprar os livros e equipamentos. Sem dizer nada, ele voltou ao


vagonete, ainda pensativo.


- Harry - disse Hermione, que estava sentada ao seu lado. - Aquele seu sonho com os Comensais da Morte que você nos contou, lembra? Eles falavam alguma coisa sobre invadir o Ministério?


Foi como se a memória do sonho voltasse instantaneamente em sua cabeça e ele pôde ouvir a voz de Narcisa Malfoy em sua mente: "Arrombem o Gringotes, invadam o Ministério se for preciso!". Era óbvio, eles estavam


procurando alguma coisa que fizesse Voldemort voltar à vida! Como pudera esquecer?


- Grampo - ele disse instantaneamente, sem pensar no que estava fazendo. - Os Comensais da Morte vão tentar invadir o Gringotes. Assim como fizeram com o Ministério! Eles estão procurando algum objeto que sirva para fazer


o Lorde voltar ao poder! É isso!


- Mas o Departamento de Mistérios? O Gringotes? - Gina perguntou. - Não faz sentido.


- Faz sim - insistiu Harry, agora relacionando as coisas. - O Departamento de Mistérios é cheio de objetos estranhos, não é? Eles devem ter achado que um desses objetos ia poder trazer o Voldemort de volta, mas não


encontraram nada útil. E agora, eles provavelmente vão invadir os Cofres de Segurança Máxima do Gringotes, procurando algum objeto raro que faça isso!


- Vou ordenar que segurança máxima seja usada, Sr. Potter - Grampo disse, enquanto os levava de volta para o Átrio. - Dessa vez, nós vamos pegá-los!


Quando retornaram à casa, carregando as sacolas cheias de livros e objetos variados, Harry encontrou um exemplar do Profeta Diário sobre a mesa, com a manchete DESTRUIÇÃO NO DEPARTAMENTO DE MISTÉRIOS. Narrava


como fora a descoberta dos Inomináveis de que as salas tinham sido arrombadas e quebradas por Comensais.


- Isso confirma tudo - Hermione falou, enquanto lia a reportagem. - Diz que não há pista que possa levar à identificação dos culpados, mas que houve a colaboração de alguém do próprio Ministério. A questão é: quem?


- É uma boa pergunta - o Sr. Weasley falou, entreouvindo a conversa. - Talvez alguém do próprio departamento, enfeitiçado pela Maldição Imperius. Amanhã, eu irei observar se há algum funcionário agindo de modo estranho. E se houver, irei reportá-lo imediatamente.

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