O MAL CONTINUA À SOLTA

O MAL CONTINUA À SOLTA



Mesmo após a derrota de Voldemort, uma estranha névoa acinzentada ainda pairava sobre as casas e árvores, que não pareciam apresentar vida. Os dementadores continuavam à solta, reproduzindo-se descontroladamente e instaurando o pânico por onde passavam. O sol permanecia escondido atrás das grossas nuvens cinzentas, que faziam chover quase constantemente. A natureza parecia morta, onde quer que fosse, um pouco murcha e meio sem cor, deixando tudo com o mesmo tom cinzento. Nada estava diferente de quando Voldemort ainda estava vivo, o que impressionava Harry. Este sempre imaginara que tudo fosse ficar bem com a derrota do inimigo. Mas não ficou.


No momento, o garoto se encontrava adormecido em sua cama, rodeado de vários exemplares antigos do Profeta Diário e livros diversos, que tinham sido usados em Hogwarts. Tinteiros, rolos de pergaminhos e penas jaziam sobre a escrivaninha, junto com a gaiola que pertencera à Edwiges, atualmente vazia. Nada ali parecia indicar que, em exatos dois minutos, Harry faria seu décimo oitavo aniversário, segundo mostrava o despertador sobre a mesa de cabeceira.


Um dos jornais estava nas mãos de Harry, que ele estava lendo antes de cair no sono. Segurava também uma pena, que usava para fazer anotações nas beiradas da página atual. Na primeira página, dizia:



O PÂNICO CONTINUA, DESSA VEZ MAIOR


Após a aparente derrota do Lorde das Trevas por Harry Potter (ver pág. 3), na Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts, algumas pessoas andam se perguntando se o Lorde realmente morreu. Desaparecimentos e mortes agora são mais frequentes, os dementadores continuam fora de controle do Ministério e os gigantes começaram a se revoltar. Nessa semana, já ocorreram três assassinatos de bruxos, sete de trouxas (acreditam-se que tenham sido feitos com a maldição Avada Kedavra) e várias casas foram destruídas no povoado de Ottery St. Catchpole, resultado de uma revolta de gigantes que ocorreu por ali.


"Eles estão fora de controle" afirma Kingsley Shacklebolt, Ministro da Magia nomeado há duas semanas. "Nós já enviamos mensageiros à eles e estamos esperando uma resposta, para que possamos assinar um acordo não só entre bruxos e gigantes, mas também entre as outras criaturas e seres mágicos."


Arthur Weasley, atual chefe da Seção de Ligação com os Trouxas, que teve sua casa destruída por dois gigantes, afirma: "O Ministério tomará medidas drásticas para que não aconteça com outros, o que aconteceu comigo." Ele também garante que os trouxas não serão afetados e continuarão vivendo normalmente.


NOVAS RECOMENDAÇÕES DO MINISTÉRIO DA MAGIA PARA SUA MAIOR SEGURANÇA


1. Lançe feitiços de proteção (Salvio Hexia, Repello Trouxatum, Cave Inimicum, Protego Máxima) nas janelas e portas de sua casa, utilizando senhas para confirmar a identidade das pessoas e não ser enganado por Poções Polissuco.


2. Em caso de qualquer barulho estranho ou tremores de terra, contate imediatamente o Ministério, pois podem ser gigantes se aproximando para mais uma revolta.


3. Não saia sozinho de casa, afinal os Bruxos das Trevas podem estar na esquina mais próxima de sua casa. Para isso, sempre mantenha a companhia de um bruxo adulto responsável.


4. Não deixe crianças ou menores de idade em casa sem a presença de um bruxo adulto que saiba aparatar ou usar um Feitiço da Desilusão. Para mais informações sobre aparatação, veja a pág. 7.


5. Não utilize vassouras para viagens, prefira meios de transportes mais rápidos e seguros, como aparatação e Pó de Flu, já que a rede de lareiras é completamente monitorada pelo Ministério.


OBS: O Ministério da Magia agora possui um telefone em cada setor, para auxiliar na comunicação com todos. Para aprender a usar um telefone, veja a pág. 5.



Um ruído chamou a atenção de Harry, assim que seu relógio marcou meia-noite, fazendo-o abrir os olhos repentinamente. Uma coruja-das-torres estava parada diante da janela, segurando no bico uma carta estranhamente familiar, escrita com tinta verde-brilhante. Reconheceu imediatamente a carta de Hogwarts, que dessa vez era escrita com uma caligrafia mais grossa e menos inclinada do que antes. Talvez isso acontecesse porque a caligrafia fina e inclinada era característica de Dumbledore, e depois que o professor se fora..


Ele levantou-se de um salto, apanhando os óculos e enfiando-os no rosto rapidamente, enquanto abria a janela para a ave entrar. Pegou o envelope de seu bico e sentou-se na cama, enquanto retirava o selo e puxava o primeiro dos papéis ali contidos. Dizia:



Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts
Diretora: Minerva McGonagall


Prezado Sr. Potter,
Gostaríamos de observar que, mesmo o Sr. já tendo completado dezoito anos, não compareceu à escola no ano anterior, assim como não prestou seus N.I.E.M.s. Está sendo convidado a permanecer na escola por mais um ano e, nesse período de tempo, poderá realizar seus exames normalmente. Contamos com sua presença no dia primeiro de setembro, na Estação de King's Cross, Plataforma Nove e Meia. A lista de materiais está anexada à seguir.


Atenciosamente,
Minerva McGonagall



Ele releu a carta várias vezes, para acreditar no que estava diante de seus olhos. Voltar à Hogwarts e prestar seus N.I.E.M.s era uma oportunidade única, afinal ele optara por não ir à escola e tentar derrotar o Voldemort, o que fizera com muito êxito. E havia outras coisa: ele poderia passar o ano na companhia de Gina, já que ela também estaria preparando-se para os N.I.E.M.s, além de Rony e Hermione, que provavelmente também tinham recebido uma carta como essa.


Após guardar a carta de Hogwarts, foi se deitar, embora não estivesse com sono suficiente para dormir. A agitação Pré-Hogwarts estava de volta, mesmo que ele não desejasse tanto deixar a Rua dos Alfeneiros como antes, já que tinha agora uma relação muito melhor com os Dursleys. Assim mesmo, ele dormiu, embalado pela felicidade que agora pairava sobre ele.


No dia seguinte, Harry acordou com as narinas invadidas por um delicioso cheiro de chocolate, que agora espalhava-se por toda a casa. Ele não tardou a descer para a cozinha e encontrou Tia Petúnia fazendo um bolo de chocolate quadrado que, embora não fosse muito grande, já era uma prova que eles tinham mudado. Os aniversários de Harry sempre tinham passado em branco.


- Parabéns, Harry! - foi o que Tio Válter, Tia Petúnia e Duda disseram em coro, o último um pouco de má vontade, já que ainda estava de dieta e não podia comer bolo.


- Obrigado! - sua voz pareceu tão espantada que a tia ergueu uma das sobrancelhas, provavelmente se esquecendo de como Harry fora desprezado nos dezoito outros anos que passara ali.


- E aqui o nosso presente - a tia falou, entregando-lhe uma caixa que cerca de um palmo, diferente dos presentes enormes que Duda ganhava. Mas ele sabia que todos estavam se esforçando para agradá-lo, mesmo que fosse apenas por um dia.


Ele abriu a caixa curioso, encontrando apenas um chaveiro de metal, onde estava escrito Eu não sou bruxo. O garoto não pôde deixar de dar uma risada, agradecendo aos tios mais uma vez, enquanto olhava o formato de caldeirão que o chaveiro tinha.


Assim que comeu um pedaço de bolo, voltou para seu quarto, segurando o caldeirão de metal diante dos olhos, ainda não entendendo o tamanho desproporcional da caixa, que devia caber uns sete chaveiros. A almofadinha azul ocupava mais espaço do que o próprio presente e Harry imaginou que aquela caixa não devia pertencer originalmente ao presente.


Por volta de meio-dia, corujas de Rony, Hermione, Hagrid, Luna, Neville e Gina chegaram, deixando o quarto lotado de penas de corujas e embrulhos. Nunca ganhara tantos presentes, era o melhor aniversário de sua vida, sem dúvidas. Ele logo apanhou as cartas e começou a abri-las sobre a cama, enquanto desembrulhava os bolos e doces.


Assim que lera todos os bilhetes, empilhara os doces e mandara as respostas, o quarto já não estava tão arrumado quanto antes. Seis bolos de aniversário estavam postos sobre a cama, barras de chocolate e bombons enchiam a escrivaninha, papéis e penas voavam pelo aposento e o bebedouro da gaiola de Edwiges já estava vazio. Harry nunca se sentira tão feliz em um aniversário seu, afinal todos tinham sido como dias normais, para ele, mesmo com as cartas habituais de Rony e Hermione.


Havia uma extensa materiais necessários para o novo ano em Hogwarts, que incluiam doze novos livros, um caldeirão de aço e mais dezessete ingredientes para o estojo de Poções. O ano dos N.I.E.M.s seria diferente de todos os outros, em todos os sentidos, afinal Voldemort também não poderia mais interferir em suas vidas. Bom, provavelmente não.


Passou o resto da tarde em seu quarto, como sempre costumara fazer, pois mesmo que os Dursleys estivessem mais amigáveis, a paciência dos tios não devia ser testada com frequencia. Harry sabia que estes continuavam a detestá-lo, embora tivessem feito um imenso esforço para não deixar isso transparecer no último mês, obviamente pelas medidas que os bruxos tomaram para a segurança de Válter, Petúnia e Duda, enquanto Voldemort continuava à solta.


Harry estava em seu quarto, observando seu próprio reflexo no espelho de dentro do ármario, quando percebeu algo diferente em sua aparência: sua cicatriz. Ela praticamente desaparecera, tornando-se de uma cor idêntica à da pele ao seu redor, o que a deixava quase invisível. Só podia ser um bom sinal e provavelmente desapareceria completamente, o que seria um alívio para o garoto.


No jantar, os tios o deixaram comer o resto do bolo de chocolate e assistir o programa de televisão que Duda também via, surpreendendo-o. Sinceramente, ele não tinha mais aquela vontade irreprimível de deixar a Rua dos Alfeneiros, pelo contrário, ele começava a sentir um certo conforto, como as pessoas normalmente sentem quando estão em casa.


Naquela noite, Harry deitou-se pouco depois do jantar, após comer o resto do bolo de chocolate que Tia Petúnia fizera e uns bombons de frutas que Rony lhe mandara. Era, sem dúvida, a primeira vez que ele recebia generosas quantidades de comida dos tios, que sempre o alimentaram com pequenas porções. Mas aquele dia pareceu compensar todos os outros que ele passara comendo grapefruit e palitos de cenoura crua.


Dessa vez, ele não demorou a cair no sono, demasiadamente cansado e farto, sem mesmo trocar as roupas por pijamas ou entrar debaixo do edredom, desabando imediatamente sobre a cama. Suas noites eram sempre cheias de sonhos estranhos, que normalmente eram confusos e costumavam envolver Lord Voldemort. Mas nessa noite, não foi com Voldemort que ele sonhou - e o sonho tampouco era abstrato, muito pelo contrário, era tão nítido que Harry parecia mesmo estar observando a cena.


Em meio à colinas e morros cobertos de grama, havia o que parecia ser destroços de uma antiga construção. O cômodo do primeiro andar parecia uma mistura de sala e cozinha velha, com partes das paredes e do teto faltando, o chão esburacado e os móveis destroçados. A porta estava interditada por uma pilha de paus quebrados e velhos, as janelas tinham sido quebradas e os cacos de vidro jaziam espalhados pelo chão. No segundo andar, metade de um cômodo pequeno continuava inteiro, com pedaços do teto faltando e as paredes quebradas. Harry reconheceu imediatamente o lugar: o quarto de Gina, com a mobília quebrada e os pertences da garota espalhados pelo chão. Os outros andares d'A Toca tinham sido derrubados sobre a grama, molhados pela chuva constante.


Um vulto apareceu instantaneamente na sala da casa, acendendo um feixe de luz da ponta da varinha. Usava uma longa capa roxa, com um capuz que cobria sua cabeça, mas deixava à mostra as feições femininas. Respirava rapidamente e tremia enquanto andava pelo local, seus passos ecoando no silêncio absoluto, quebrado apenas pela chuva que caía. Observava o lugar destruído e sujo, dando uma risadinha debochada.


- Finalmente receberam o que mereciam, seus traidores do sangue! - sua voz feminina disse com desdém, mostrando sua aparente superioridade. Harry identificou a voz de Narcisa Malfoy, mãe de Draco, uma Comensal da Morte.


Outros seis vultos surgiram no local, todos encapuzados, assim como a mulher. Ergueram as varinhas e as acenderam, assim como Narcisa fizera, depois observaram a casa destruída com um certo nojo, comentando em voz baixa a sujeira e destruição excessiva.


- Bem-vindos, meus companheiros - disse Narcisa, erguendo a varinha iluminada, que chegou a roçar no teto relativamente baixo, esmagado pelos destroços do andar superior que caíra. - Estamos aqui, em nome do Lorde das Trevas, para honrar sua memória e decidir como será o futuro de nós todos, bruxos, e daqueles que nada sabem, trouxas.


- O nosso futuro, quer dizer - disse o mais baixo dos vultos, com uma voz muito parecida com a de Draco Malfoy. - Não incluímos os vermes, ou incluímos?


- Draco - ouviu-se a voz repreendedora de Lúcio Malfoy à esquerda do filho. - Não fale a não ser que seja convidado a fazer tal coisa.


- Alguma ideia? - perguntou Narcisa.


- Podemos continuar com os massacres gigantes - um bruxo sugeriu e Harry logo reconheceu a voz de Yaxley. - Eles já mataram uns duzentos trouxas, até agora.


- É claro que podemos - Narcisa afirmou, enquanto passava a mão de unhas compridas em um balcão de cozinha quebrado. - Mas eu acho que devemos dar prioridade ao retorno de nosso Lorde e não à destruição dos trouxas. Não é verdade?


Ouviram-se murmúrios de concordância entre os Comensais da Morte e vários começaram a sugerir coisas. "Vamos usar a Pedra Filosofal!" exclamou um, sobrepondo-se à falação. "Não, a Pedra já foi destruída, seu idiota! Vamos usar Sangue de Unicórnio!" berrou outro. "Sangue de Unicórnio impede a pessoa de morrer, não a ressuscita! Podemos fazer a mesma poção que Rabicho fez há quatro anos!" sugeriu um terceiro.


- Calem a boca! - Narcisa gritou, fazendo todos os ali presentes se calarem. - Todos nós nos comprometeremos a procurar um meio do Lorde voltar à vida, na próxima semana. Examinem tudo: bibliotecas, livros, enciclopédias... Façam tudo que for necessário, mas descubram uma maneira de fazê-lo voltar! Arrombem o Gringotes, invadam o Ministério se for preciso!


Os outros Comensais se entreolharam, como se uma bomba tivesse acabado de explodir. Narcisa ergueu as sobrancelhas, devido à falta de reação dos colegas, por isso continuou seu discurso:


- Mas nós temos outra prioridade, também. Se nós derrotarmos Harry Potter e fizermos o nosso Lorde voltar à vida, vamos ser eternamente consagrados por nossos descendentes - várias pessoas concordaram. - Por isso, sempre deve haver um de nós nessa casa, já que os traidores de sangue podem voltar aqui a qualquer momento. Yaxley, será o primeiro. Depois Lúcio, eu, Greyback, assim por diante. Se conseguirem alguém, levem direto para nossa casa - ela indicou Lúcio e Draco.


- E se o próprio Potter aparecer aqui? - perguntou Draco.


- Mate-o! - Narcisa falou, com ferocidade. - Mate-o, antes que ele escape novamente! Antes que ele escape, como sempre faz!


- Não podemos simplesmente matá-lo! - disse Greyback, que ainda não falara nada, destacando-se dos demais. - Veja como o próprio Lorde sempre fez!


- O Lorde nunca teve muita sorte, não é mesmo? - disse Narcisa. - Se o Potter aparecer aqui, mate-o imediatamente! Ou quem vai ser morto será você!


Greyback calou-se, voltando para o meio dos outros Comensais. Narcisa dirigiu-se à todos:


- Caso apanhem um dos amiguinhos do Potter, leve-o diretamente para a nossa casa, como eu dizia. Não faça perguntas, apenas estupore e o leve para a casa. Vamos reunir todos, assim que conseguirmos alguém, para decidir o que fazer.


- Certo - Greyback disse, parecendo ceder.


- Mais alguém tem alguma objeção a fazer? - perguntou Narcisa, sua cabeça mirando a face de cada um. - Draco? Lúcio? Yaxley?


- Nenhuma - Yaxley negou com a cabeça.


- Então, podemos considerar essa reunião terminada - a mulher disse finalmente, apagando a luz da varinha e desaparecendo com um estalo.


Os Comensais entregaram-se a um silêncio total, quebrado apenas pelas grossas gotas de chuva que caíam sobre a casa. Draco olhou nervosamente para o pai, desejando que ele dissesse algo sobre o que tinha acabado de escutar.


- Não há mais nada a fazer aqui - disse Lúcio, segurando o braço de Draco e desaparatando.


A visão d'A Toca começou a se tornar menos nítida para Harry, as vozes começaram a virar apenas ruídos e ele não conseguiu registrar mais nada.


Ele abriu os olhos assustado, como se tivesse levado um soco repentino. Sentou-se na cama e percebeu que estava suado, com o coração acelerado, como nas outras vezes que tinha sonhos com Voldemort. Mas este não fora exatamente com Voldemort, mas com os Comensais da Morte. As memórias iam e vinham em sua mente e ele ainda podia enxergar o rosto de Narcisa Malfoy claramente, embora não conseguisse lembrar o que pretendiam. Harry tinha certeza que sua mente estivera ligada com a de Voldemort, mas então por que ele enxergara apenas seus seguidores?


O sonho perdia-se no meio de suas demais memórias, ele não conseguia lembrar de tudo o que ouvira. Os Comensais estavam em algum lugar familiar, ele só não lembrava qual... ele vira o quarto de Gina... o quarto de Gina! Os Comensais da Morte estavam n'A Toca, que fora destruída pelos gigantes, esperando algum dos Weasley aparecer. Precisava avisá-los imediatamente.


Harry apanhou o primeiro rolo de pergaminho que encontrou e escreveu uma rápida carta para o amigo, contando tudo o que lembrava. Mas não havia como enviá-la, afinal Edwiges não estava mais ali. Tentando acalmar-se, pensando que fora apenas um sonho, ele voltou para a cama, decidido a enviar a carta quando acordasse no dia seguinte.

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