Capítulo II



 AVISO: Eu reformulei a fic, ou seja, o antigo ‘capítulo único’ virou o capítulo I e II. Os capítulos III e o IV são novos e com isso fica faltando só o V que vai ser o último e que eu ainda estou escrevendo.


 Tive que perguntar detalhadamente onde ele ficava e se tinha algum lugar perto que ficasse longe da vista das pessoas em que poderíamos aparatar. No final das contas, voltamos um pouco mais para dentro tentando encontrar espaço suficiente para o que iríamos fazer, sem falar em, por mais que a porta estivesse fechada, os vizinhos poderiam acabar vendo alguma coisa.


 Tiago, Lílian, Alvo e dois sacos iriam comigo enquanto Rosa, Hugo e mais quatro sacos iriam com Hermione. Fechei os olhos e tentei focalizar o endereço e lugar onde iríamos aparecer o máximo possível. Assim que consegui, a horrível sensação de aparatar veio até mim e meus filhos que se agarraram com mais força no meu braço. Do jeito que veio, ela foi embora e quando abri os olhos percebi, com alívio, que fomos parar no lugar certo segundo uma placa pendurada na parede do beco onde nós estávamos. Logo ouvi o “crack” característico da aparatação e os outros apareceram do nosso lado.


 -- Nossa, por um momento pensei que eu não fosse conseguir – disse Mione.


 -- Eu também. Não é fácil aparatar em um lugar que você não conhece. – disse olhando ao meu redor. – Então, para que lado fica? – perguntei às crianças.


 -- É bem ali. – disse Al apontando para uma antiga construção logo a nossa frente do outro lado da rua.


 -- Bom, é melhor nós irmos andando. – eu disse indo na direção da casa.


 -- É um orfanato trouxa, certo? – perguntou Hermione.


 -- Claro, mãe. Se não fosse, daríamos nossos outros brinquedos também. – respondeu Rosa.


 -- É, eu não tinha pensado nisso. – todas as crianças olharam para ela com caras de espanto assim que ela disse. – Que foi?


 -- Tia… Você não pensou em uma possibilidade? – perguntou Lily totalmente surpresa.


 -- Ah! Foi isso. – disse Mione meio envergonhada. – Nem sempre absolutamente TUDO passa pela minha cabeça.


 -- Mas que eu tomei um susto, isso eu tomei. – a essa altura eu já estava segurando o riso por ver aquela cara de perdida que a minha amiga estava fazendo. Ao perceber isso, ela me olhou tão feio que toda a graça da situação, não sei por que, de repente desapareceu e eu fiquei séria novamente.


 -- Chegamos. – anunciou Al tocando a velha campainha que ficava ao lado da porta. O som que ela fez me deu arrepios, combinava com o lugar afinal.


 -- Bem-vindos. – disse uma senhora rechonchuda ao abrir a porta para nós. Ela parecia ser muito simpática, ISSO não combinava com o lugar.


 -- Ah! Oi… Hãmm… -- gaguejou Lily. – Nós viemos para doar nossos antigos brinquedos.


 -- Que ótimo! Venham, podem entrar. Desculpe-nos pelo estado das nossas instalações. nossa verdadeira sede está sendo reformada, então tivemos que nos mudar temporariamente.


 -- Eu bem que achei decadente demais essa casa… Para um orfanato, quero dizer – comentou Tiago com Alvo olhando ao seu redor.


 -- Tiago! – exclamei. Ele ainda me olhou com aquela cara de: “não é verdade?”, eu revirei os olhos com isso.


 -- Tudo bem, ele está certo. – disse a senhora com uma repentina cara de tristeza como se aquele pensamento lhe fizesse mal. – Aliás, meu nome é Jean Brawen, mas pode me chamar de Jean. É melhor nós irmos até a minha sala para vocês descarregarem todos esses sacos.


 Ela nos conduziu por um corredor bem longo, depois por uma sala de jantar vazia e, por fim, por uma escada enorme que levava ao segundo andar da casa. Lá em cima, havia mais um longo corredor, só que este tinha várias portas por toda a sua extensão. Ela abriu e entrou pela primeira porta à esquerda deixando-a aberta para nós podermos passar depois.


 -- Por favor, você poderia fechar a porta? – disse Jean se referindo ao Hugo que foi o último a entrar e se sentando na cadeira que tinha atrás de uma mesa de madeira quase encostada do lado oposto da sala. – Bom, e o que trouxeram para as crianças?


 -- Trouxemos alguns brinquedos nossos que não usamos mais. – respondeu Rosa abrindo um dos sacos e mostrando alguns deles.


 -- Que bom. Eles vão adorar, tenho certeza. – disse Jean.


 -- Em falar nas crianças, onde elas estão? – perguntou Hermione se pronunciando pela primeira vez desde que chegamos lá.


 -- Elas vão dar uma volta no parque que tem aqui perto toda tarde. Vocês devem ter passado por lá enquanto vinham.


 -- Claro. – respondeu Mione sem pensar duas vezes antes de responder.


 -- Pra falar a verdade, elas devem voltar a qualquer momento. – disse a senhora olhando um relógio que tinha em cima de sua mesa. Assim que ela falou, chegou aos nossos ouvidos um barulho forte de várias vozes alteradas. – Como eu disse, chegaram. Querem conhecê-los?


 -- Sim, por que não? – eu disse.


 -- Vamos, então.


 Nós descemos toda aquela escadaria de novo carregando os sacos, mas ao invés de seguirmos para a sala de jantar, entramos por uma porta que dava, ao que parecia ser, à uma sala de brinquedos realmente escassos. Ela estava cheia de crianças de no máximo dez anos e alguns funcionários.


 -- Pessoal! Temos visita, vejam. – anunciou Jean. Todas as crianças e adultos pararam o que estavam fazendo e passaram a nos encarar.


 -- Mas, senhora Brawen… -- começou uma mocinha loira que acreditei ser uma dos funcionários dali. – A senhora não disse que tinha uma entrevista marcada para hoje. – disse ela olhando estranhamente para meus filhos e os da Mione provavelmente achando que já tínhamos crianças demais para querer mais.


 -- Não é o que você está achando, Lauren. – disse a Sra. Brawen. Acho que eu estava mesmo certa sobre os pensamentos da tal de Lauren. – Eles só vieram doar alguns dos brinquedos velhos deles. – Nesse momento todas as crianças daquele lugar tiveram um repentino brilho de felicidade no olhar. Eu resolvi me pronunciar abrindo um sorriso como um gesto de carinho.


 -- É verdade, olhem. – me afastei o suficiente para eles verem os seis sacos que estavam às minhas costas, alguns grandes e outros pequenos. Os menores já foram se aproximando em dúvida se deveriam fazê-lo ou não. – Podem ver, se quiserem. – disse começando a puxar os sacos para dentro da sala sendo ajudada pelos outros.


 Depois disso, o que veio foi muita confusão por parte daquelas pessoinhas, querendo ver o conteúdo deles. Quando vi, todas as coisas já estavam completamente espalhadas pela sala. Senti alguém puxando a minha saia e olhei para baixo avistando uma garotinha de uns cinco anos me olhando. Decidi me abaixar para ficar do seu tamanho.


 -- Obrigado pelos brinquedos, tia. – disse.


 -- De nada. – eu disse sorrindo. Ela me deu um beijinho na bochecha e foi se juntar novamente com seus amigos.


 -- Parece que eles realmente gostaram dos presentes. – comentou Mione sendo acompanhada pela concordância de nossos filhos. Ficamos ali um tempo vendo as crianças brincarem, inclusive as nossas depois que foram convidadas por alguns garotos dos mais velhos de lá.


 -- O que está acontecendo? – gritou Lílian em um momento. Ao olhar para onde ela estava, vi aquela antiga bola que eles estavam tentando encher mais cedo flutuando a vários centímetros do chão e enchendo como uma bexiga sem parar. Depois de um tempo olhando para a cena sem nenhuma reação, reparei que havia um garoto montado nela. Aquilo era com certeza um sinal de magia.


 Olhei preocupada pra Mione e ela parecia ter chegado à mesma conclusão que eu e dirigimos nossos olhares para todos os funcionários que, para a nossa surpresa, estavam na maioria com varinhas em punho mirando as nossas cabeças e dos nossos filhos.


 -- Peter, feche as portas. Ninguém vai sair ou entrar aqui. – disse a senhora Brawen nos olhando em suspeita enquanto um rapaz fechava e lacrava com feitiços todas as nossas possíveis saídas. – Laren, apague a memória de todos eles.


 -- Vocês não podem. – disse Rosa totalmente exaltada.


 -- Podemos sim. – disse Laren já erguendo sua varinha.


 -- Não, não podem não. – teimou ela – O Ministério da Magia proibiu o uso de feitiços para apagar memórias por pessoal não autorizado desde a guerra. Está na lei. – todas as pessoas dali que estavam nos apontando com as varinhas, levaram um susto enorme quase as deixando cair.


 -- C-como você pode saber disso? – perguntou Jean totalmente paralisada.


 -- Eu trabalho no Departamento de Execução das Leis da Magia. – disse Mione – E ela está certa. Vocês deveriam ter chamado o pessoal autorizado nisso.


 -- Pra falar a verdade, eu sou. – Laren se pronunciou. – Depois de tantos incidentes com isso, a sra. Brawen me contratou para apagar a memória dos trouxas que descobriam sem querer.


 -- Bom… então tudo bem.


 -- Desculpem-nos por isso.


 -- Sem problemas, sra. Brawen. Entendemos perfeitamente o porquê de isso tudo ter acontecido. – disse tranquilamente – Mas está mesmo na hora de irmos, está ficando muito tarde.


 Jean foi nos levar até a porta para abri-la e pedir perdão mais uma vez, o que nós aceitamos prontamente. Atravessamos a rua rapidamente indo em direção ao beco para podermos desaparatar sem ser vistos. Assim que chegamos à casa da Mione, sentei em um dos sofás sendo acompanhada por todos os outros.


 -- Que dia maluco, não é mesmo? – perguntei à eles.


 -- E como! – responderam as crianças e começaram a rir junto comigo e a Mione.


 -- Sabe… – disse minha amiga que eu ainda considerava cunhada. – Aquela bola me fez lembrar a tia Guida, lembra? – ela me perguntou recebendo com resposta uma sonora gargalhada minha que ela acabou por acompanhar. As crianças ficaram nos olhando como se fôssemos malucas não entendendo nada, é claro.


 -- Eu tinha esquecido completamente essa história, Hermione. – eu disse entre os meus risos. Ficamos só mais alguns minutos assim, antes de começar a faltar ar e precisarmos parar para poder recuperar o fôlego.


 -- Afinal de contas, que história é essa, mãe? – perguntou Alvo.


 -- Nada de realmente importante. Só o seu pai que transformou a tia dele num balão em uma de suas férias de Hogwarts.


 -- Você se lembra do Rony falando que tinha achado brilhante o que tinha acontecido enquanto eu brigava com ele? Foi um horror. O Harry tinha surtado achando que iriam expulsá-lo por ter feito magia, aí fugiu de casa e foi parar no Caldeirão Furado com o PEQUENO detalhe que Fudge, o ministro da magia na época, estava esperando por ele. – disse ela a última parte para as crianças que prestavam atenção, mas não agüentando e começando a rir novamente.


 -- Você não tinha nos contado essa história, mãe. – disse Lily ofendida.


 -- Mas eu não disse que tinha esquecido? – eu disse dando a ela um sorriso de desculpa.


 -- Então tá. – a partir daí, eles começaram a pedir para contarmos todos os detalhes do que aconteceu.


 Eu, a Lily, o Tiago e o Alvo ficamos por lá mais um tempinho antes de eu anunciara que já estava na hora de voltarmos para casa. Como sempre, eles ficaram chateados por irem embora tão “cedo” porque queriam ficar mais tempo.


 Quando chegamos a nossa casa, eu fui direto à cozinha preparar o jantar. Infelizmente o Monstro havia morrido de velhice, então eu resolvi contratar um elfo que vinha três vezes por semana arrumar e limpar a casa, seu nome era Billy. Assim que tudo ficou pronto, chamei as crianças para me ajudar a pôr a mesa.


 Ficamos todo o tempo do jantar conversando sobre a tia Guida do Harry, eles não iam esquecer aquilo tão cedo. Assim que nós acabamos de comer eu os mandei irem tomar banho para dormir, o que provocou a discutição de sempre para ver quem ia primeiro e etc. Depois de decidirem a ordem, eu achei melhor arrumar a mesa com um feitiço já que eu estava sem muita paciência para fazer aquilo manualmente.


 Logo depois de acabar o que eu estava precisando fazer, eu subi para tomar banho, dar “boa-noite” aos meus filhos e ir dormir. Foi só chegar no segundo andar para encontrar a Lily gritando por o Alvo estar muito tempo no banheiro, ela havia ficado por último na ordem.


 -- Alvo, sai daí! Você está demorando demais! – gritou ela mais uma vez e começou a bater na porta.


 -- Já tô saindo! – respondeu a voz abafada do Al lá de dentro.


 -- Lílian, não bata na porta. – eu disse.


 -- Desculpa mãe. – assim que ela me respondeu, ele saiu do banheiro mal dando espaço para a Lily entrar correndo. Al se virou e ficou encarando a porta que ela havia acabado de bater às suas costas.


 -- Maluca. – disse ele balançando a cabeça.


 -- Eu ouvi isso. – eu disse indo para trás dele fazendo-o pular de susto.


 -- Mãe! Eu nem tinha te visto aí.


 -- É, deu pra perceber. – não aguentei e ri um pouco da cara que ele estava fazendo e apoiei a minha mão na cabeça dele para fazer um cafuné. – Boa-noite, querido. Vá dormir OK?


 -- Tá bom, mãe. Boa-noite. – disse ele me dando um beijo na bochecha e indo para o seu quarto enquanto eu ia para o do Tiago.


 -- Boa-noite, filho. – eu disse assim que entrei em seu quarto e encontrando-o já deitado na cama com a colcha até a altura do peito.


 --Boa-noite, mãe. – ele disse observando eu me aproximar e sentar em sua cama para dar-lhe um beijo e esperando para retribuir o gesto. Eu sorri para ele, me levantei saindo de seu quarto e fechei a porta seguindo para o banheiro da minha suíte a fim de tomar o meu, tão esperado, banho.


 Liguei a torneira para a água ir esquentando, pois o dia estava meio frio, enquanto ia tirando a roupa. Assim que entrei de baixo da água, um repentino alívio se abateu sobre mim. Eu não tinha conseguido tirar a conversa que tive com a Hermione da cabeça desde que cheguei em casa e, agora com a água escorrendo por todo o meu corpo, eu me senti mais leve, como se ela estivesse lavando todas as minhas dúvidas e levando-as pelo ralo abaixo. Queria poder ficar ali para sempre, mas infelizmente, tudo que é bom dura pouco e eu tive que sair para poder me arrumar e ir até o quarto da Lily desejar-lhe uma boa noite antes de ela dormir. Enrolei-me numa toalha, voltei ao quarto e comecei a procurar pela minha camisola que surpreendentemente eu havia esquecido onde a coloquei, de novo. Assim que consegui localizá-la, vesti-a e fui para o quarto da minha filha.


 Quando cheguei peto da porta do quarto dela, percebi que dava para ouvir pequenos soluços soando do outro lado. Imediatamente pensei que um dos meninos havia implicado com ela, mas aí lembrei que não poderia ser isso já que eles estavam em seus respectivos quartos. Decidi, então, entrar e ver o porquê daquilo.


 Assim que abri a porta, ela me olhou e eu pude ver os seus olhos inchados de tanto chorar. Percebi também que ela segurava um porta-retrato e ele estava empoçado com suas lágrimas. Com um pouco mais de atenção percebi qual era a foto nele: uma em que eu pedi ao Monstro para tirar enquanto eu e Harry entrávamos na casa vindos do hospital, a Lily havia acabado de nascer e estava no colo do pai.


 -- Porque o papai teve que morrer, mamãe? – ela perguntou com a voz embargada e entrecortada pelos soluços. Eu fui sentar-me ao lado dela na cama abraçando-a logo em seguida.


 -- Ele não tinha, querida. Só... aconteceu.


 -- Então porque isso teve que acontecer?


 -- Eu não sei, querida. Eu não sei – eu disse mais pra mim do que pra ela e acabei acompanhando-a no choro.


 Isso costumava acontecer com as crianças, não só com as minhas, mas com as da Mione também, umas mais constantemente do que outras. Sempre que a falta, a saudade, deles ficava insuportável acontecia isso.


 Fiquei com a Lily por mais algum tempo até ela ter parado de chorar e depois de ter dormido. Quando consegui ir para o meu quarto já era mais de 1h da manhã. Assim que deitei, esperei pela maré de lembranças vir me assolar como todas as noites desde que o Harry morreu. Como sempre, elas passaram igual a um filme diante dos meus olhos, cenas que eu nunca irei esquecer, como a primeira vez que nos beijamos, nosso casamento, a cara feita por ele ao saber que eu estava grávida do Ti...


 Dormi embalada pela brisa da noite que entrava pela minha janela aberta e pelas maravilhosas lembranças mostradas tão vividamente na minha cabeça.


 


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 As únicas coisas de que consigo lembrar é de ter saído do Ministério para ir em uma missão, de ter chegado ao local da denúncia, de não ter encontrado absolutamente nada de anormal, de ver vários encapuzados surgindo a minha volta, de ter acordado depois do que pareceu horas preso no que parecia ser uma prisão, de ter me dado conta de que estava gravemente ferido e de, depois de passar alguns minutos em pânico, ter visto o meu melhor amigo desacordado ao meu lado.


 Tentei acordá-lo de várias maneiras antes de me dar por vencido e desistir. Comecei a reparar em tudo que estava ao alcance da minha vista e percebi que o lugar era uma masmorra do que deveria ser algum tipo de mansão.


 O Rony acordou dois dias depois de mim e, assim como eu, não reconheceu nada da pequena visão que tínhamos de uma minúscula janela cruzada com barras de ferro. Costumava vir alguma comida e água para nós flutuando um pouco acima dos degraus da escada que havia no final do corredor de celas no qual em uma delas estávamos presos, lógico que demorei para conseguir notar ela lá devido a pouca luz que se infiltrava no lugar.


 Nós tivemos que esperar impacientemente uns dias até vir alguém nos explicar o que estava acontecendo. Para nossa, diga-se de passagem péssima, surpresa, a pessoa era Mcnair (N/A ele não morreu, morreu?), um dos poucos ex-comensais sortudos a conseguir se livrar da enorme busca que fizemos depois da queda de Voldemort.


 -- E então, Potter? Gostou das nossas acomodações? – disse ele com um sorriso enviesado que me causou repulsão na hora.


 -- O que você quer com a gente? – perguntei


 -- Nada de mais, Potter. Nós só queremos dar o troco por ter matado o nosso Lorde.


 -- Eu não matei ele. De certa forma ele mesmo se matou.


 -- Não interessa, você é culpado de qualquer jeito.


 -- O que você quis dizer com “nós”? Existem quantas pessoas nisso? – disse Rony se pronunciando pela 1ª vez na conversa.


 -- Ora, Weasley, não seja idiota. – disse Mcnair – Todos que conseguiram fugir da busca. – com toda a certeza estávamos totalmente ferrados.


 -- Vocês não vão sair impunes disso – gritou Rony com puro asco na voz. O outro começou a rir histericamente.


 -- E o que te leva a achar isso?


 -- Porque ninguém vai descansar antes de conseguir nos achar! E quando isso acontecer, eu vou fazer questão de colocar vários dementadores em frente a sua cela de Askaban.


 -- E. Você. Acha. Que. Íamos. Fazer. Tudo sem pensar? – perguntou o ex-comensal com um brilho de severa malícia no olhar. – É claro que não! – gritou ele sem esperar resposta. – Para sua informação, Weasley, eu mesmo me encarreguei de roubar dois corpos de um cemitério trouxa e de transfigurá-los permanentemente para ficarem iguais a vocês. Todos acham que vocês realmente morreram. – disse ele pegando algo de dentro do bolso. – Vê? Tem até uma foto dos corpos – o que ele estava pegando era um Profeta Diário com uma aparência meio velha. – Um aliado meu na Inglaterra me enviou. O quê? – ele perguntou ao ver nossas caras aturdidas – Vocês não acharam mesmo que iríamos continuar na Inglaterra não é? – mais um acesso de risos – Otários! – e saiu da frente da cela, onde ele havia ficado o tempo todo, seguindo na direção da escada e subindo-a logo em seguida.


 


 -- E agora? O que nós vamos fazer? – perguntou Rony aflito – Não podemos ter esperança já que todo o mundo acha que morremos...


 -- Acho que a única coisa que podemos fazer é esperar uma oportunidade de escapar, mas tendo tudo planejado antes – eu disse pensando no assunto – Isso pode demorar.


 -- É  a melhor coisa que temos a fazer agora, não é? – eu apenas acenei concordando.


 


5 ANOS DEPOIS


 


 -- Quando é que vamos pôr o plano em prática? – perguntou Rony sombriamente, permanecendo desinteressado.


 -- Daqui a dois dias. É o suficiente para fazer tudo o que é necessário. – eu respondi. O tempo parecia ter passado assustadoramente rápido depois do primeiro ano, ficamos a maior parte do tempo arranjando um meio de escapar, mas infelizmente os comensais pareciam ter pensado em tudo antes de nos capturar. Foram dias terríveis, provavelmente os piores de toda a minha vida, principalmente quando eles decidiam passar horas e horas nos torturando. Segundo o que diziam era para nós pagarmos o que fizemos com o mestre deles.


 Tudo o que eu mais queria era sair de lá o mais rápido possível, rever a minha família. Embora tentássemos não falar sobre isso, e às vezes era simplesmente impossível, eu sabia que o Rony também alimentava esse desejo. Penso que faço tudo o que estou fazendo por eles, para poder ver, nem que fosse por alguns poucos minutos, o quanto meus filhos cresceram e mudaram.


 Passamos muito tempo pensando em nosso plano de fuga, pois era melhor não ficar errando e continuando a tentar, já que assim eles ficariam sempre atentos para uma possível tentativa de escapar nossa. Isso sem falar que em todos que arquitetamos tínhamos que esperar uma brecha na guarda deles, o que quase nunca acontecia, e quando nós a víamos, alguma coisa para tudo dar errado acontecia. A nossa sorte era que há alguns dias, eu estava com insônia no meio da madrugada e acabei ouvindo uma conversa feita aos cochichos de que eles iriam sair pra fazer sei-lá-o-que, mas isso não importava. Assim que o Rony acordou eu contei a ele sobre a conversa e começamos ali mesmo, naquela hora a elaborar o plano.


 -- E se não der certo? – perguntou Rony com um repentino brilho de insegurança no olhar e me tirando bruscamente de meus devaneios.


 -- Se não der certo não deu. Mas de uma coisa pode ter certeza: até o fim, nós iremos prosseguir. – eu disse recebendo em troca um aceno de concordância e uma coragem reconstituída no olhar do meu amigo que acabou passando pra mim, me dando mais coragem para o que viria a seguir.

Continua... 

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