Inexistente chance de melhorar
Todos os raios de sol ao redor da professora ao amanhecer pareceram congelar, transmitindo uma sensação estranha que lhe arrepiou, assim como seus orgãos que congelaram dentro de si e pareciam de despedaçar em mil pedaços. Seu sangue parecia ter parado de correr por suas longas veias sanguíneas, enquanto o canto dos pássaros parava de repente, deixando-a surdo a qualquer ruído mais. De olhos arregalados, algo que não costumavam ficar, McGonagall permaneceu com seu olhar congelado na direção das duas amigas a sua frente, que mantinham profundos olhares sombrios, o rosto gorducho de Sprout ainda contorcido pela raiva que sentira a pouco ao ver a subdiretora parecendo pouco ligar para o que elas diziam antes de receber a notícia que a fizer paralisar, a qual fora dada por Madame Pomfrey que mantinha um olhar sombrio.
Minutos se passaram em silêncio, enquanto aparentavam ser uma eternidade, até que a professora chocada conseguiu encontrar novamente a voz entolada na garganta.
- Eu fiquei... o quê? - indagou descrente, com a voz firme agora falhando.
Um suspiro profundo, talvez impaciente, talvez para tomar coragem à continuar, e Madame Pomfrey continuou o que começara, agora com a voz estranhamente suave, porém um tanto, poderia jurar, fria.
- Você... - de repente pareceu que uma bola de golfe fora parar na garganta da copeira - ... entrou em coma por mais de dois meses.
Em coma? Foi o que ela disse?!
O coração da professora pareceu dar uma cambalhota dentro de seu peito, mas não uma cambalhota animada que sentimos em momentos de grande excitação, e sim aquela terrívelmente dolorosa, de parecer contrair e torcer as veias.
Vendo que esta em pauta não comentaria tão cedo, a professora de herbologia resolveu continuar.
- Exatamente, Minerva, em coma - disse como se tivesse lido seus pensamentos - Pelo que... que Papoula disse enquanto a analisava no decorrer dos dias, seu coração permaneceu fraco durante muito tempo. A energia gasta de repente naquele Baile, acabou dando-lhe fraqueza excessiva por falta de preparação do corpo, com certeza não esperava por isso...
"Depois, para recuperar-se, vi você tomando aquela taça de água de gilly, mas aquilo só piorou as coisas! Certamente não sabia que aquela bebida não deve ser ingerida em situações como aquela, na qual o corpo está mais cansado que o normal e..."
- E aquilo causou efeito contrário ao que você queria - Papoula interrompeu-a de repente, encarando os próprios pés - Ao invés de ajudar, deu apenas um breve bem estar, na qual você se sentiu melhor durante, apenas, uma parcela de tempo. Deixou seu corpo debilitado... as substâncias contidas na bebida foram parar com rapidez espantosa em seu coração, causando uma subta parada cardíaca. Por momentos terríveis pensamos que não conseguiríamos reanimá-la, mas graças aos Céus obtivemos sucesso.
"Durante o restante de dezembro e a primeira quinzena de janeiro, o que ocorrera esteve na boca do corpo docente e dos alunos que sentiram sua ausência nas aulas, porém com o passar dos dias, a esperança pareceu passar junto com as horas e semanas tensas, e quase todos começaram a julgá-la por morta... - de um momento para o outro, em um pequeno piscar de olhos, os olhos de Madame Pomfrey começaram a brilhar mais intensificadamente com as lágrimas que começavam a marejá-los e seu nariz começava a corar levemente. Com Sprout não era diferente. - Mas nós não... Eu, Pomona, Filio, Hagrid, nós ainda tinhamos esperança de vê-la caminhando por esses corredores ou repreendendo algum aluno mal educado como sempre fez - abafou uma risadinha triste. Minerva sentia a ausência de um nome no diálogo, o que a entristecia ainda mais até então.
"Comecei a trabalhar durante todo o restante dos dias na sua recuperação, tentando todas as poções e feitiços que conhecia para coisas desse tipo, e comecei a estranhar nada ter dado certo.
"Pedi para os elfos domésticos trazerem um pouco da água de gilly que vieram a preparar na noite de 24 de dezembro para analisar e descobri a razão de você... bem... permanecer desacordada por tanto tempo... Noz-moscada."
- Como? - a professora McGonagall não conseguiu conter a surpresa e liberou-a em uma voz meio rouca.
- Exatamente - confirmou com firmeza e desgosto - Noz-moscada... eis a razão para tanto estrago.
"Analisei o ingrediente que eles acrescentaram para dar um toque especial na receita e descobri analisando-a que eres completamente alérgica a noz-moscada. Toque-a em um centímetro de sua pele, qualquer um, e terá uma reação realmente desastrosa. Agora parei para pensar, se só de tocar sua pele traz uma incrível reação alérgica, imagine quando ingerida. Verifiquei seu coração ainda mais detalhadamente e descobri-o muito infeccionado. Ter-a-ia levado imediatamente para o St. Mungus, mas ele está fechado por causa de uma chamada Gripe H1N1 que fez despençar todos os funcionários e pacientes. Pelo que sei não tinha nenhum em estado realmente grave, e agradeço por isso, mas devo admitir que fiquei nervosa, muito nervosa, mas tinha que me controlar, afinal era a vida de uma das minhas melhoras amigas que estava em jogo.
"Mas devo admitir que foi bem mais fácil trabalhar com Albus acompanhando tudo."
Aha! Finalmente! O coração da professora saltou dentro do corpo e por muito pouco não fora parar na garganta. De repente uma excitação muito estranha e curiosa nasceu dentro dela, e esta foi crescendo cada vez mais e mais, o suficiente para perguntar:
- Albus esteve aqui?
- Claro que esteve! - falou Pomona abismada por uma pergunta dessas, afinal parecera muito óbvio. - Foi quem mais se preocupou com você. Passou horas seguidas sentado nessa cadeira aí, ó - e indicou, num gesto com a cabeça, a cadeira onde Papoula se encontrava e estranhamente, uma rabugice incontrolável apareceu em McGonagall que teve imediatamente vontade de dispensar a copeira dali - além de ajudar ao máximo Papoula em tudo que teve chance, sem contar que dormiu ao seu lado, quase ficou sem comer durante todos os dias que se passaram, e só não o fez porque Papoula convence a qualquer um quando está determinada.
"E, é claro, ele era um daqueles que mais acreditavam na sua recuperação. Melhor dizendo, ele era O que mais acreditava na sua recuperação, todos tínhamos e demonstrávamos, certas horas, desesperança ao seu caso, mas ele não. Ah, sim... ele sempre estava conosco, com todos nós, contudo muito mais com você... sempre. Me lembro bem, todas as vezes que vinha aqui visitá-la, cá estava ele segurando a sua mão, ou murmurando palavras que, infelizmente, você não conseguia ouvir... - McGonagall detestou-se nesse momento.
"E ao sair, isso quando saía, ficava menos de cinco minutos fora e voltava para o seu lugar, de novo, de novo e de novo... - Sprout soltou uma pequenina risada pensativa - Já estou imaginando a felicidade dele ao saber que está acordada..."
- E... onde ele está? - a professora Minerva questionou em um tom diferente, de certa forma, bem mais humano que o normal, pouco antes de refletir sobre as palavras certas a serem ditas para essa pergunta. Não queria que corresse histórias irreais ao seu respeito nem sobre Albus.
- Ele? Bem... certamente que estaria aqui, mas é dia da segunda tarefa do Torneio Tribruxo, neh? Naturalmente foi obrigado a comparecer -- respondeu Madame Pomfrey, já encarando no rosto da amiga que antes de falar, estava virada para a professora Sprout.
- Mas isso não significa que deixará de ser informado, não é mesmo? - disse esta, pulando da ponta da cama bem mais animada do que a alguns minutos atrás.
- Pomona, o que você vai fazer? - perguntou a copeira levemente impaciente e com receio da resposta que iria receber.
- Ora, ora, nada significativo demais para se preocupar... - e soltou uma risadinha debochada - Afinal de contas, não pode ficar por isso mesmo, hm? Até mais - e saiu despedindo-se alegremente, e sumindo além das altas portas da enfermaria e do longo e esguio corredor.
Madame Pomfrey bufou pouco convencida depois dela ter partido.
- Nada significativo demais para se preocupar... pois sim... Pensa que não a conheço? Irá aprontar alguma... Bem, chega disso. Vamos ver como você está agora. Vejamos...
Poucos minutos depois da enfermeira começar a analisar a professora e encontrando algum medicamento para a recuperação que iria durar uma semana exatamente, praticamente o corpo docente inteiro foi visitá-la da ala. Mas não aparecia um da cada vez, ah não, apareciam aos grupos quatro ou cinco. Os primeiros a chegarem foram Filio, Hagrid, Madame Hooch e Sinistra, logo depois foi a vez de Binns e a Vector, além, deveria ter imaginado, os fantasmas Nick-Quase-Sem-Cabeça, Mulher Cinzenta e Frei Gorducho e em seguida muitos mais.
Os ombros das vestes da professora estavam praticamente encharcados quando as visitas finalmente terminaram.
~*~
As horas se passaram muito rápido a partir daí. Desde o término das cursas, a professora McGonagall permanecera sentada encostada ao travesseiro, ainda coberta por vários edredons, completamente envolvida em um bom livro de Transfiguração de páginas completamente limpas por uma Papoula que não queria arriscar nada, por mais que lhe disse-se que tantos cuidados chegavam a irritar. Com os cabelos ainda insistentemente presos no mesmo coque forte de sempre, ela nem notara que faltava pouco para o glorioso pôr-do-sol que se realizaria no tão bom momento em que a copeira finalmente a deixara sozinha.
Ao seu lado, bem em cima da mesinha que antes estavam seus óculos, agora pousados sobre o nariz, estava um vaso com flores selvagens e de todos os tipos, um exemplar do dia do Profeta Diário, e um segundo livro, bem mais arrebentado, que apesar de tudo, havia sido proibida terminantemente de sequer tocá-lo. Sorte que sua obediência e a vontade de sempre dar um bom exemplo eram maiores do que a sua teimosia interior, por maior que fosse.
Quanto os alunos, bem, logo que chegaram receberam a notícia. Não diretamente para a dizer a verdade. Cada estudante que passava por algum grupo de professores ou fantasmas espalhados pelo castelo depois da prova recém-feita, os que eram muitos, eles escutavam-os em altas vozes de felicidade sobre a recuperação da subdiretora, e até quem não gostada tanto dela ou passar despercebido pela mesma, saiam correndo para junto os colegas para contar-lhes o ocorrido, e assim, de boca em boca, a história se espalhou com rapidez pelo lugar, trazendo, pouco tempo depois, uma verdadeira manada de alunos à porta da ala hospitalar.
Em meio a leitura, McGonagall abafou um raro risinho. Lembrava-se claramente como haviam deixado Papoula louca com toda aquela bagunça.
Suspirou em seguida.
Durante todo o entra-e-sai de estudantes querendo vê-la com os próprios olhos, os únicos que não a haviam visto foram Alastor Moody, Bartô Crouch, Albus Dumbledore e Severus Snape, apesar de jurar ter visto uma ponta de capa preta sumir à esquerda dos altos portões.
Repentinamente, pairou certo pensamento em sua mente, que a fez balançar a cabeça muito rápido, como se isso fosse despi-lo de dentro de seus pensamentos.
"Absurdo", pensou aborrecida consigo mesma, franzido a testa e deixando a falta dentro da lixeira, concentrando-se novamente no livro em suas mãos, tomando novamente, a tão repetitiva expressão severa.
Porém, nesse exato momento, passos rápidos começaram a soar no corredor para a ala, sendo que ficando cada vez mais e mais fortes, McGonagall baixou a obra interessada agora, mui diferente de quando os ruídos haviam começado. Tinha a impressão de conhecê-los... Ah, sim! Ela os conhecia! De tão fácil reconhecimento, os ouvia todas as vezes que ia, por uma razão qualquer ou talvez não, para a habitual sala da diretoria.
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