Como assim ALA HOSPITALAR?



Em um amanhecer do início de uma fria manhã de inverno, grandes e amarelados raios de sol atravessavam as enormes janelas da Ala Hospitalar da explendorosa Hogwarts, os quais acabam, acidentalmente, clareando um rosto pálido de um ser solitário, deitado em uma cama em sono pesado, os cabelos negros e longos esparramados no travesseiro, um pano úmido sob sua testa levemente enrugada, enquanto o corpo magro com vestes hospitalares, encontrava-se coberto por inúmeros edredons que aparentavam terem sido, todos, feitos a agulhadas delicadas.


Enquanto um par de pequenos óculos de aros quadrados descansava e reluzia na mesinha de cabeceira ao lado, a figura que aparentava já ser de idade, começa a mexer-se levemente embaixo da grande camada de cobertores. Pouco depois, um pequeno par de olhos azuis- escuro despertam em seu rosto levemente sonolento.


Com a vista embaçada, Minerva McGonagall ergueu-se vagarosamente na cama, sentando-se encostada ao travesseiro macio que ela havia arrumado a pouco. Quando esticou um dos braços até o criado-mudo ao lado e pegou seus óculos, colocando-os sobre o nariz ossudo, ergueu as sombrancelhas ao ver melhor o ambiente em que estava e como estava. Ao notar seus cabelos negros levemente ondulados caíndo por suas costas eretas, apressou-se a procurar, com urgência, o grampo que usara na noite anterior, o qual encontrou quase imediatamente na mesma mesinha e correu as mãos para colocá-lo.


Assim que o fez, parou um pouco para analisar-se. Nunca em toda a sua vida vestira roupas hospitalares, pelo menos não como paciente. Refletiu por um instante... Por que, raios, ela estava ali? O que havia acontecido para parar deitada, com um pano úmido que havia caído de sua testa, umidecendo seu solo, e com uma espessa camada de cobertores sobre seu corpo? Não sabia. Não lembrava de nada. Mas seja lá o que fosse, não sentia nada mais. Estava aparentemente bem, e contando o fato de não haver nunguém por lá, começou a tirar as cobertas para levantar-se porém, quando estava quase colocando um dos pés ao chão, uma voz bradou na entrada distante da enfermaria:


 - Ah, mas não vai, não, Minerva!


No mesmo instante, a professora sentiu como se a tivessem empurrado com força para de volta ao travesseiro, obrigando-a a se deitar incapaz de se mover, no mesmo momento em que as cobertas tornavam, sozinhas, a cobrir seu corpo. Quando novamente conseguiu se mexer livremente (algo que demorou pouco tempo), ela viu com aborrecimento, Madame Pomfrey a pouca distância de sua cama, vindo correndo, ainda com a varinha firme em uma das mãos e com um olhar ancioso para a amiga, que permanecia deitada com a cara amarrada.


 - Papoula, posso saber o que significa isso?


 - Desculpe, Min - apressou-se a dizer enquanto colocava a varinha de volta no bolso das vestes -, mas não podia deixar você se levantar e...  ah, mas graças a Deus você acordou, não imagina como estávamos preocupados... Quer fazer o favor de se sentar para poder te dar um abraço?


Apesar de não estar entendendo absolutamente nada, McGonagall fez como pedira a amiga: sentou-se novamente sobre a cama e deixou a amiga abraçá-la, parecendo muito a beira das... lágrimas?


Quando finalmente se viu solta dos braços da copeira, que agora enxugava leves lágrimas dos olhos com os dedos, encarou-a completamente incrédula.


 - Por Deus, o quê...? - perguntava, mas foi incapaz de continuar, pois na mesma hora a copeira saiu correndo animadamente de uma forma que a professora nunca vira, com a mesma rapidez de um raio, gritando sem parar pelo corredor:


 - Pomona! Pomona! Pomona, ela acordou!


McGonagall achou na hora que era a enfermeira que deveria estar deitada naquela cama. Por que diabos saíra aos berros? Por que ficara daquela forma ao vê-la despertada? Arr, mas como ela detestava ficar sem entender o que estava acontecendo ao seu redor!


Minutos depois, que mais aparentavam serem segundos, ouviu-se o som de duas pessoas praticamente correndo pelo corredor para a ala hospitalar. Inicialmente Minerva achou que fosse dois alunos querendo aproveitar a manhã de Natal, porém mudou completamente de opinião ao ver Madame Pomfrey entrando ligeira junto a figura da pequena professora Sprout, que ao vê-la acabara ficando tão anciosa quanto a mulher que corria ao seu lado, um enorme sorriso aliviado sendo desperto em seu rosto redondo.


 - Minerva! - exclamou ao vê-la, logo abrançando-a quase estrangularamente - Minerva, finalmente! Não imagina o susto imenso que nos deu! Pensávamos que não iria mais acordar! Não pode imaginar a felicidade que estou sentindo agora - e soltou-a de repente para enxugar algumas lágrimas que haviam nos seus olhos de contas.


 - O que quer dizer com isso, Pomona? - perguntou a professora McGonagall, agora tão confusa quanto surpresa - O que houve para pensarem...


 - Não está lembrada, Minerva? - perguntou Madame Pomfrey pega de surpresa - Do Baile de Inverno?


 - Do Bai... Ah! - e uma leve compreensão clareou seu rosto, porém não por completo - Sinceramente Papoula, estou lembrada de pouquíssimas coisas sobre aquela noite, e mesmo assim, elas estão, atualmente, embaralhadas demais para se ter uma compreensão clara do que...


 - Sim, sim, já entendemos... - e suspirou - Ah, bem, já esperava por isso... - e puxou a cadeira de ferro mais próxima para perto da cama onde se encontrava a subdiretora em recuperação, sentando-se logo, enquanto Sprout sentava-se na outra ponta da cama.


 - Escute, Minerva, no Baile de Inverno do Torneio Tribruxo, você era a encarregada de arrumar os campeões do lado de fora do Salão Principal junto aos seus pares. Logo depois disso, segundo o que Pomona, que estava presente, me disse, você chegou apressadamente ao lado de Dumbledore, pouco antes dos portões se abrirem e o Baile ter início... Está se lembrando?


A razão para a pergunta fora simples: a cada uma das breves palavras que já havia dito, a testa da professora se franzia mais e seu olhar penetrante se perdia pelo ar.


 - O quê? - falou de repente, fazendo o máximo para disfarçar a seguir - Ah, sim, sim, estou... me lembrando um pouco sim, continue, continue - pediu apressadamente, fazendo sinal para a copeira prosseguir, porém foi Pomona quem continuou.


 - Então, poucos momentos depois dos campeões Harry, Cedrico, Krum e Delacour iniciarem a primeira dança, Dumbledore lhe trouxe para a pista afim de dançarem um pouco - por alguma razão, em meio as suas palavras, seu sorriso aumentou e as maçãs de seu rosto pareceram corar levemente. McGonagall estranhou, no entanto as deixou prosseguir, um flashback passando em sua mente enquanto elas falavam.


 - Você e o diretor passaram um bom tempo dançando a primeira música, foi bem duradoura - continuou ela.


 - Mas depois dessa,  - Papoula prosseguiu - Filio foi aumentando o ritmo e a rapidez da música consequentemente.


 - Depois vi você, após mais de uma hora de dança...


 - Nem me lembre disso.


 - ... sentada junto a uma água de gilly com a mão no peito e um pouco curvada. Fiquei preocupada quando a vi daquele jeito, queria ter ido ao seu encontro, mas fui puxada para uma conversa e não consegui mais me livrar dela!


 - Foi logo depois disso que o bendito Flitwick fez tocar uma música especialmente para os diretores das escolas participantes do Torneio Tribruxo e seus pares, e como você era o de Albus, acabou indo...


 - Junto a ele, sim, sim, lembro-me dessa parte - completou com pressa e anciedade, ao mesmo tempo que com uma disfarçada urgência. Não queria deixar a descrição dos fatos seguintes nas mãos delas, por mais que fossem amigas. - Então dancei com Dumbledore...


 - Muito bem, cá entre nós. Fez todos ficarem maravilhados - Sprout não resistiu ao comentário, que foi ignorado por uma McGonagall que estava se segurando para não dar-lhe umas bastonadas.


 - ... e ao término da música, me retirei e...


 - Você não se retirou. Saiu quase correndo em marcha!


 - Pomona, poderia parar de colocar palavras na minha boca? - falou a professora muito aborrecida com a atitude da amiga.


 - Certo, desculpe-me... Mas faço questão de falar a partir!


"Quando você estava se retirando, preocupada, segui todos os seus passos com meus olhos, por conta da forma que estavas saindo do centro da pista de dança. Acontece que foi justamente no meio do caminho que você parou de repente e desmaiou de repetente. Assustada, fiz menção de ir até você, mas fui barrada por uma enxurrada de alunos alvoroçados pela banda As Esquisitonas que tinha acabado de aparecer.


"Graças a Deus, Albus já tinha saído do meio da multidão atrás de você e a pegou nos braços para te trazer para cá. Era óbvio que Filio havia exagerado na música, afinal nada te deixaria daquele jeito. Ah, mas como ele ouviu quando consegui encontrá-lo... Ah, mas como ouviu!


 - Calma, Pomona... Calma... Calma... - já foi falando Madame Pomfrey um tanto receosa pelo fato do rosto da amiga estar-se tornando vermelho-tomate. - Não quero ter que lhe dar uma décima doze de poção calmante, além do mais, ele já sabe que agiu errado e nós duas conseguimos dar umas bastonadas nele, portanto trate de se acalmar!


 - Deveria ir até ele - McGonagall falou com calma e firmeza.


As duas pararam de repente, encarando-a sem compreender.


 - Até ele quem, Minerva? - perguntou a professora Sprout reprimindo um sorrisinho que fez a subdiretora se apressar.


 - Com Filio. Para dizer-te que já estou bem e que não há mais razão para preocupar-se. É, é o que irei fazer - e fez novamente, uma forte menção de sair da cama, porém Papoula a impediu com a voz firme.


 - Ah, mas não vai, não - falou puxando a varinha num piscar de olhos, fazendo Minerva ser empurrada com força, desta vez para a parede. - A senhora irá permanecer aqui até eu lhe dar alta, nada mais, nada menos.


 - E quanto tempo, aproximadamente, falta para isso? - perguntou sentindo a cabeça doer com a batida na pedra, ao mesmo tempo que controlando-se e lançando o mais forte olhar que poderia dar contra a copeira.


 - Oras, isso depende do seu estado ao despertar, mas segundo os dados mais recentes, eu diria que... - refletiu por um curto momento - uma semana.


Muito bem, agora aquela era a gota d'água.


 - Como assim, Papoula? - indignou-se em uma voz ainda mas alta, a sua testa franzida e o olhar gélico - O que queres dizer com uma semana?


 - Você ainda não está em condições de sair dessa cama! - retrucou a outra.


 - Ah, é mesmo? - indagou em tom desafiador - Escutem, eu estou bem agora, muito melhor do que ontem a noite, muito obrigada, e...


 - Escute você, Minerva McGonagall. - cortou-a Pomona equiparando seu aborrecimento com o dela - Por mais que você afirme, não, você não está bem. Papoula matou-se todas as horas de todos os dias acompanhando-a, desde seu pulsamento até sua temperatura. Precisara de um tempo para se recuperar, terá sim de ficar em observação. Sabemos que não gosta de ficar aqui, muito menos como paciente, mas este é o único jeito de evitar que o que ocorreu na noite do Baile de Inverno torne a se repetir!


A professora, após as palavras da amiga tornou-se muitíssima e visivelmente confusa; o que elas estavam querendo lhe dizer?


 - Todas as horas de todos os dias? - questionou - Posso saber o que estão...


 - Minerva, já estamos em 24 de fevereiro. Você permaneceu desacordada durante dois meses!

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