CAPÍTULO SEIS



CAPÍTULO SEIS


 


Harry encostou-se na porta fechada com aquele sorriso brilhante, parecendo irresistível e perigoso.


- Estou louco para ficar sozinho com você. - disse. Hermione esfregou as mãos ao longo dos braços nus, embora ainda não estivesse gelada.


- Dentro de um refrigerador?


- Ficarei quente dentro de um refrigerador se você estiver comigo. - Ele a fitou de cima a baixo e Hermione tremeu. Não de frio. - Você está deslumbrante. Tive de usar toda a minha força de vontade para manter as mãos longe de você esta noite.


Igualmente, pensou ela. Harry se aproximou.


- Eu adoraria esquentá-la. Posso?


Por favor, sim! Hermione mordiscou o lábio.


- As crianças...


- Não sentirão nossa falta pelos próximos vinte minutos, pelo menos. Mas ficaremos com muito frio se não nos aquecermos logo.


- Podemos sair daqui. - A voz soou sem convicção até para os próprios ouvidos de Hermione.


Harry meneou a cabeça.


- Nem pensar, Srta. Granger. Você tem se esquivado de mim desde o dia em que me conheceu e quero saber por quê. No princípio, pensei que fosse porque estivesse zangada comigo. Mas agora acho que é porque não confia em mim. Estou certo?


Ela arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços contra o peito.


- E devo confiar em alguém que monta uma armadilha e me prende num refrigerador?


- Pode sair quando quiser. Basta apertar o botão na porta. - Mas ele não se afastou. - Por que não confia em mim?


- Porque você é namorador e cativa pessoas sem se dar conta disso.


- Você está errada, Hermione. E verdadeiramente quero ajudar Danny e Jennifer, se é o que a preocupa. Não os estou usando. Não estou usando você.


- O que me preocupa é que você flerta comigo desde o momento em que me conheceu e vem tentando levar-me para cama desde então. É o que faz com todas as mulheres, pelo que ouvi falar.


Ele assentiu.


- Ah, então é da minha imagem pública que você não gosta. Bem, isso faz sentido. Mas não deveria acreditar em tudo que lê nos jornais.


- Nega que tem uma mulher diferente na sua cama todas as semanas?


- Conheço muitas mulheres e, eventualmente, tenho encontros. Mas não. Geralmente não durmo com elas. E nenhuma das mulheres que conheço me faz sentir do jeito que você faz.


Hermione começava a sentir frio, mas a proximidade de Harry era quase quente demais para suportar.


- E como eu o faço sentir-se?


- Vivo. Intrigado. Sedento. Excitado.


- Igualmente. - A palavra ecoou da boca de Hermione antes que pudesse deter-se.


Ele sorriu, e então disse:


- Não a tocarei a menos que você queira. Você quer?


- Sim.


Ele a encarou por um momento, como se não pudesse acreditar no que ouvira. Então o sorriso desapareceu e a expressão tornou-se séria. As mãos ainda não a tocavam. Harry mordiscou o lábio, como se estivesse se concentrando. Uma linha apareceu entre as sobrancelhas.


Ofegante, pousou as mãos sobre os ombros delicados.


Ambos prenderam a respiração. Hermione fechou os olhos para saborear o toque daquelas mãos sobre a sua pele e depois os abriu porque não queria perder um único instante da imagem dele.


Vagarosamente, Harry deslizou as palmas ao longo dos braços nus. Hermione estremeceu. As mãos grandes encontraram as suas e os dedos se entrelaçaram. Estavam ali, acariciando-se dentro de uma câmera refrigerada, onde alguém poderia entrar a qualquer minuto para buscar alguns tomates.


Apesar dos saltos, Hermione colocou-se na ponta dos pés para encontrar a boca sensual quando Harry aproximou o rosto.


Os lábios eram mais quentes do que ela havia imaginado. Gentis, doces. O tempo passou, os dois ali de mãos dadas, lábios pressionados. Sem se explorar, sem se mover... apenas tocando-se pela primeira vez.


Quando se apartaram, Hermione sentiu os olhos brilharem.


O beijo fora inocente e romântico. Como o beijo que acordou a Bela Adormecida. Mas ela sentia-se acordada e consciente das possibilidades daquele momento.


Harry engoliu em seco.


- Queria beijá-la há muito tempo, mas não esperava...


- Pensei que seria mais... - Ela pensou na palavra. Não mais sexy, porque aquele beijo fora a coisa mais sexy que já experimentara. - Mais carnal. - E então desvencilhou as mãos e as enterrou nos cabelos de Harry. Quando ele a puxou para si, Hermione soube que aquele beijo não havia sido nada inocente, porque, pressionada contra o corpo másculo, podia sentir a rigidez da ereção através da roupa.


Um desejo feroz a percorreu e ela o beijou avidamente.


Harry gemeu e a ergueu até que seus pés mal tocassem o chão. E então as mãos másculas estavam percorrendo suas costas, enlouquecendo-a de desejo.


Tocar-lhe os cabelos não era suficiente. Hermione deslizou as mãos pelos ombros fortes, pelos braços rígidos, até atingir os quadris estreitos. Harry tinha uma boca maravilhosa. O beijo era feroz e desesperado. E, naquele abraço, Hermione podia sentir-lhe o corpo inteiro contra o seu, pressionando-a. Mas queria mais. Deixou a mão passear por suas costas largas e enterrou os dedos na carne firme. Harry emitiu um som rouco e puxou-lhe a perna em volta de seu quadril. Ela o sentiu investir com força. Com a perna ao redor dele, o vestido levantado até a cintura, o sexo intimamente contra a ereção de Harry, seu corpo estava em chamas.


Quando finalmente se separaram, a respiração de ambos era ofegante.


- Agora isso foi carnal. - comentou ela.


- Eu me transformei em romântico, também. - Ele a beijou antes de afastar-se para olhá-la.


- Notei.


Harry passou a mão por baixo da saia e a pousou entre as coxas.


- Confia em mim agora?


- Não. - Hermione não resistiu a mordiscar-lhe o lábio inferior, fazendo-o rir.


- Devemos sair daqui antes que as crianças terminem a visita na cozinha.


Oh. Esquecera-se de Danny e Jennifer.


Colocando-a de volta no chão, Harry beijou-a de leve na testa.


- Falta apenas a sobremesa para terminarmos o jantar. A que horas sua amiga virá buscá-los?


Ela consultou o relógio.


- Em quinze minutos.


- Ótimo. Você voltará para casa comigo. - Era uma afirmação, não uma pergunta. Pontuada por mais beijos. Era como se ele estivesse acostumado a ter uma mulher num estalar de dedos. - Você voltará comigo, certo, Hermione? Confia em mim um pouco, não confia?


- Por uma noite? - perguntou ela. - Não é ter confiança demais?


Ele pegou-lhe as mãos novamente.


- Fique por uma noite. Fique por uma semana. Quero conhecer você, de todas as formas que puder.


Aquelas palavras prometiam prazer. Ele ofegou longamente e beijou-a nos lábios.


- Você vai na frente e encontro vocês na mesa. Acho que é melhor ficar aqui por um minuto, para me acalmar.


Ela olhou para baixo e notou a ereção claramente visível sob a calça.


Outra onda de desejo a dominou, mas engoliu em seco, detestando deixá-lo, mesmo por um momento.


- Vá. E, Hermione...


- Hum? - Ela limpou um traço de batom do lábio inferior dele.


- Tente confiar em mim. Por esta noite, pelo menos.


Ele parecia tão sério quanto durante a primeira aula, quando mostrara as mãos cheias de cicatrizes.


Hermione assentiu e saiu da câmera refrigerada.


Harry suspirou.


Ela havia concordado. Tentaria tentar confiar nele.


E a razão de não estar conseguindo se manter sobre as pernas era em parte porque estava mais abalado do que nunca, só por tê-la beijado e lhe tocado a pele nua.


Mas isso era apenas parte do que sentia. A outra parte era um espantoso sentimento de alívio. Havia planejado que a noite seria uma sutil sedução. Não evidente demais, apenas pequenos toques e olhares rápidos, algo que não fosse captado pelos alunos. E então um convite para um café no fim da noite, uma chance de conversar com Hermione e passar mais tempo a seu lado.


Mas ela apareceu naquele vestido e os planos sutis tinham ido por água abaixo.


Naquele vestido curto Hermione Granger representava mais tentação do que qualquer homem podia suportar.


A respiração gradualmente suavizou-se e Harry arrumou o colarinho da camisa. O que estava lhe acontecendo? Desde quando implorara alguma coisa a uma mulher? Muito menos confiança!


Já havia conquistado a admiração de Hermione e seu desejo. Ela seguia sua liderança na cozinha e trabalhava bem com ele e com os adolescentes. Depois de um começo turbulento, estava tranqüilo agora, e certo da amizade dela. Havia trabalhado duro para conquistar tudo aquilo. E isso, normalmente, seria o suficiente. Mas não dessa vez. Queria que Hermione conhecesse seus sentimentos. Que confiasse nele de corpo e alma. Nem que fosse por uma única noite.


 


Olhou para o seu reflexo na porta de aço para checar qualquer possível marca de batom, e sorriu para si mesma. Hermione não sabia o que estava acontecendo e não sabia o que iria acontecer. Mas estava ansiosa para descobrir.


Na cozinha barulhenta, sentiu-se como se estivesse pisando num mundo diferente.


Mas não era o mundo que havia mudado. Era ela.


Localizando Jennifer, Danny e Damien, caminhou até eles. Os adolescentes estavam tão absorvidos no que Damien contava que nem a olharam quando se aproximou. Bom sinal. Significava que dificilmente haviam percebido sua ausência e a de Harry. Damien também não fez nenhum comentário.


Hermione imaginou se Harry tinha posto Damien a par da armadilha de levá-la para o refrigerador. Mas afastou aquele pensamento. Havia prometido confiar em Harry, lembrou-se.


Ademais, gostava da idéia de que Harry tivesse elaborado o plano de tocá-la na privacidade. Como primeiro beijo, aquele fora romântico. E, até então, ela só encontrara romance nos livros.


O salão de jantar era outro mundo também. Tranqüilo, silencioso, aconchegante. As velas e as paredes cor de laranja faziam-na sentir-se como Cinderela na carruagem, rumo a uma noite mágica.


Danny estava tão silencioso quanto Jennifer, mas, assim que o chef deixou-os na porta do salão de jantar, o menino exclamou:


- Oh, que sensacional! Você viu aquele sujeito derramando conhaque na panela e ateando fogo? Quero fazer isso no concurso.


- Você não se impressionou com nada mais que a explosão, companheiro? – Harry sentou-se ao lado deles, a voz divertida e a aparência serena. Hermione, que pensava ter se acalmado, sentiu o coração palpitar e os seios latejarem. O joelho dele tocou o seu por baixo da mesa.


O garçom chegou com pratos brancos que continham cinco tipos de sobremesa.


- Damien preparou esta porque sou fanático por sorvete. - disse Harry, apontando uma delas. - Mas vocês devem experimentar todas.


Hermione não se moveu. As mãos ainda estavam trêmulas para lidar com a colher de modo gracioso. Então apenas observou os três. As crianças, concentradas, ficavam tentando adivinhar os sabores. Harry tinha uma expressão de puro prazer enquanto comia e explicava.


Era quase a mesma expressão de quando a beijara pela primeira vez.


- Você deveria experimentar esta. Restam-nos apenas dez minutos. - Ele piscou-lhe quase imperceptivelmente.


O homem era convencido demais, e a primeira resposta na mente de Hermione fora de autodefesa. Ainda não concordei em ir para a sua casa.


Mas não era verdade. Já havia decidido confiar em Harry e ter uma noite de prazer.


Pegando a colher, experimentou as sobremesas, e notou que havia um sabor que não estava no seu prato, o sabor dos lábios dele.


Harry estendeu a mão por baixo da mesa e acariciou-lhe a coxa rapidamente.


Nunca dez minutos custaram tanto a passar. Se havia estado consciente durante o jantar, estava vinte vezes mais agora. Cada minuto era pleno de sensações e saturado por um pensamento: vou passar a noite com Harry.


Ele checou o relógio de ouro e a surpresa pelo horário foi tão exagerada que Hermione abafou uma risada.


- Já é tarde assim? Garotos, a Srta. Graham está esperando por vocês lá fora. Vamos, eu os acompanho até lá. - Colocando-se de pé, fingiu inspecionar o prato de Hermione. - Por que não termina sua sobremesa, Hermione, e pegarei um táxi para você depois?


Ela se despediu das crianças. Jennifer estava sorrindo e o garoto já havia corrido para fora do restaurante.


E então estava sozinha na mesa com três cadeiras vazias, cinco tipos de sobremesa e os próprios pensamentos.


Meu Deus, o que estava fazendo? Aquilo não era um encontro. Não eram como um casal saindo junto a fim de se conhecer antes de começar um relacionamento.


Aquilo era ir para casa com um homem que mal conhecia para fazer sexo com ele.


Hermione levantou-se e empurrou a cadeira.


- Não pense em fugir. - O braço de Harry estava em volta de seus ombros, a voz em seu ouvido.


- Não acho que seja uma boa idéia... - começou ela.


- Que tal pegarmos um táxi de volta para a minha casa e discutir sobre isso no caminho?


- Não precisamos discutir.


- Excelente. Vamos para casa, então. - disse ele, beijando-a atrás da orelha, e Hermione, pela milésima vez naquela noite, excitou-se. - Ou está tentando dizer-me que se acovardou?


A palavra a irritou, e ela desvencilhou-se dos braços dele, virando-se para encará-lo. Harry soltou uma gargalhada.


- Adoro essas suas atitudes de professora rígida. Soam terrivelmente sexy.


Rindo, Harry era terrivelmente sexy, também.


- Não é uma atitude, e você está tentando me tapear para que eu vá para sua casa.


- Este é precisamente a idéia, Srta. Granger. - O rosto dele era irrepreensível. - Vamos, Hermione. - murmurou, tomando-lhe a mão. - Venha para a minha casa e brinque comigo.


Brincar! A palavra certa. Era uma brincadeira, um jogo, algo divertido. Como não tinha há anos. Algo tão saboroso quanto uma sobremesa.


E, se aquilo era brincadeira, não havia por que se preocupar. Poderia manter o controle. Poderia confiar em Harry pela extensão de um jogo. Jogos não requerem que você entregue seu coração.


- Certo, - concordou ela - vamos antes que eu mude de idéia. Mas ainda discutiremos sobre isso no táxi. Se, quando o táxi chegar à sua casa, eu tiver ganhado, sigo para a minha. - Levantando-se, dirigiu-se para a porta, sentindo-o segui-la. Podia interpretar o papel de professora sexy, agora que tudo era um jogo.


- Meu Deus, você sabe como me deixar excitado. - disse ele, chamando um táxi.


Depois de dar o endereço ao motorista, sentou-se mais próximo, roçando-lhe a coxa.


- Eu era o orador nos debates da escola. – contou Harry.


- Bom, então sabe como seguir as regras. Você estabelece seu ponto, eu estabeleço o meu. Até que um de nós capitule.


- Eu a quero desde o primeiro momento em que a vi.


A vez baixa e profunda a fez tremer de excitação.


- Este é seu primeiro ponto?


- Oh, sim.


- O meu é que querer uma mulher não é critério suficiente para tê-la. Você tem de apresentar um argumento melhor, Potter.


- E que tal: você também me quis desde o primeiro instante em que me viu? - Harry meneou a cabeça, sorrindo, e passou o braço ao redor dos ombros dela.


- Potter, este é um jogo intelectual, não físico. Mas se é assim que quer jogar... - Ela girou no assento e pousou as pernas no colo de Harry, que ficou maravilhado com o quanto Hermione estava gostando daquela doce intimidade. Decididamente, a Srta. Granger era imprevisível. - Então, este é seu ponto?


- Não. Estou fazendo o possível para distraí-la de uma réplica.


- Boa tática.


Ele tocou-lhe o joelho com a mão livre e acariciou parte da perna descoberta pelo vestido.


- Você está me deixando louco, Srta. Granger. Acho que mudamos o tópico deste debate. Acredito que, quando fizermos amor, será a mais espantosa experiência do universo.


- Negado. Você ainda não venceu o primeiro debate.


- Não venci? - Ele passou a mão pela perna dela, agora por baixo do vestido. O polegar roçava o alto da coxa, torturando-a.


Hermione não sabia o que seria mais sexy... brincar com Harry um pouco mais, ou render-se às carícias.


Uma vez que estavam ainda num táxi, era mais acertado conter-se.


- Ainda não apresentei o meu ponto. - disse ela.


Harry inclinou-se para frente, a mão tocando a renda da calcinha agora, os lábios junto aos dela.


- E qual é o seu ponto?


Ela havia esquecido. Mas jamais admitiria isso.


- Meu ponto é que você é imoral, grosseiro, paquerador e tão sensual que uma mulher não pode estar segura em sua presença.


- Protesto. Não sou imoral. - A voz dele tinha um sotaque inglês ainda mais forte do que o normal. - Porém, suspeito que você goste quando sou imoral.


Ele passou a ponta dos dedos sobre a renda que lhe cobria o sexo, e Hermione gemeu.


O táxi parou.


Num instante, Harry afastou-se, pagou a corrida ao motorista, desceu e estendeu a mão para ajudá-la a sair do táxi. Hermione a tomou, sentindo-se levemente tonta de excitação.


- Onde estamos? - perguntou, notando as casas brancas em estilo georgiano.


- Notting Hill. E agora vamos para a minha casa, pois não houve vencedores no debate. Você ganhou a parte intelectual e a física, certo?


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Mah.Potter: Eu não sou mal... Bom, talvez um pouco. Acho que o capitulo inteiro fala por si próprio, mas no próximo vai ter uma coisa realmente engraçada quando eles estiverem na cama, digamos que a Mione não... Bem, você vai descobrir no próximo capitulo... Beijos.


 


Lúh. C. P.: que bom que gostou do capitulo... Eu não diria presos, mas serve, e que amasso esse não é mesmo. Beijos.


 


 

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